Langdon não evitou ficar desanimado quando chegou e viu o carro estacionado em frente à sua casa. Definitivamente, não queria ser desagradável, chato e ciumento, mas adoraria passar alguns instantes com a filha, afinal, ainda estavam no processo de se conhecer e levava tempo. Langdon ainda achava completamente estranho entrar na cozinha que vivia impecavelmente limpa e encontrar a pia cheia de louça, e o armário entupido de salgadinhos e biscoitos, latas de Coca-Cola e pizza dividindo espaço com o iogurte light na geladeira.

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Ter uma adolescente em casa era uma novidade grande demais para ser assimilada de uma hora para outra, assim como ser pai também era algo novo. Ficar preocupado quando ela não chegava em casa cedo, sentir ciúme do namorado, se irritar um pouco quando ela liga o som no volume alto para ouvir rock inglês.

Como estava ocupado com o curso de verão — e se sentia lisonjeado por ver a sala de aula lotada durante as férias — tinha as noites e os fins de semana livres, exatamente nos momentos em que Mary Kate estava ocupada com o namorado. Na verdade ela estava sempre com o namorado. Como se não bastasse que os dois andassem o tempo todo juntos, de mãos dadas pelos corredores de Harvard.

— Que belo retrogrado você está se saindo, Robert — disse para si mesmo enquanto abria a porta. A luz da sala estava apagada, e quando a acendeu não encontrou ninguém na sala; dois pares de tênis estavam no pé da escada, e a jaqueta dos Lakers caída no chão. — Mary Kate? Você está em casa? — Langdon chamou, mas não recebeu resposta; deixou a pasta em cima do sofá e subiu a escada. — Mary Kate? — Bateu na porta do quarto, e novamente nenhuma resposta empurrou a porta e encontrou o quarto vazio.

Robert se sentiu ridículo pelo pequeno alivio que o acompanhou enquanto descia de volta a escada. Foi até a cozinha, não estava surpreso em encontrar a mesa desarrumada, restos de pizza em cima da pia, e se perguntou o que tinha acontecido com a garota inglesa organizada que tinha conhecido.

Há dias não via a casa tão silenciosa, pretendia convidar Mary Kate para jantar fora, mas como ela não estava em casa, pensou em sentar tranquilo na poltrona e assistir o programa de Larry King na CNN. Quando entrou na sala entendeu que o motivo do silêncio não era a ausência de Mary Kate em casa. A TV de 42 polegadas estava ligada, mas o filme tinha acabado, só a cena final de E o vento levou estava lá. Mary Kate e Scott estavam deitados no tapete, dormindo profundamente.

Ele desligou a TV, sem fazer barulho, fechou a porta e foi para a biblioteca. Tinha uma boa poltrona, um livro, sua filha dormindo como anjo. Estava bem, se sentia feliz, mas Langdon não se atrevia a dizer que já tinha tudo, que já vivera todas as aventuras possíveis. Com ele, claro, isso nunca poderia ser levado ao pé da letra.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.