The Key

Capítulo 29


-Te peguei! – ouvi a voz suave e grave atrás de mim e uma mão me segurando pelo braço e me puxando para cima.

Pude ver a fênix gigantesca ficar com as penas cinza e cair nas mãos e braços que a puxaram para dentro, como se fosse uma areia movediça.

Fui puxada para longe daquilo tudo, onde comecei a escutar novamente. Era como se eu estivesse descendo uma serra e meu ouvido estivesse “desentupindo”.

-Onde estava com a cabeça?! – gritou Zack ao me por sentada em sua fênix.

Mas, eu estava abobalhada, eu não conseguia falar. As palavras ficavam presas na minha garganta e por mais que eu tentasse falar, nenhum som eu conseguia omitir, a não ser por alguns gemidos ridículos.

Encostei minha cabeça nas costas de Zack que não parava de reclamar do quanto eu fui idiota de não sair dali e usar meus poderes para isso.

Senti minha vista iluminar e tive que fechar os olhos para que não ofuscasse a minha vista por completo.

-Finalmente chegamos! – riu Lira para Stela, sem ao menos olhar para a construção de pedra, no alto de uma montanha, com uma floresta imensa atrás e dos lados um precipício.

Todos estavam agindo como se nada tivesse acontecido, o que me fez estranhar.

-O que houve com ela? – ouvi Jessie sussurrar para Zack, mas mesmo assim eu ouvi.

-Não sei. Eu a peguei quando sua fênix desmaiou e elas estavam caindo. – sussurrou Zack de volta para Jessie, encarando-me. – Ela não parece estar bem. – falou ele.

Todos concordaram.

-Então... Prontos para entrar no Castelo? – perguntou Zack para nós, entrelaçando seus dedos nos meus, o que me fez estranhar e recuar rapidamente quando olhei para Cristoff e ele estava olhando diretamente para nossas mãos.

-Se prontos quer dizer nervosos... Sim, estamos. – riu Pietra, mas o sorriso não era alegre e sim de ironia.

-Por que temos que entrar ali mesmo? – perguntou Jessie. – Não me lembro de ter explicado o motivo. – falou ela estreitando os olhos.

-Porque os Líderes não podem entrar ali, não é Jessie?! – falou Ketlyn revirando os olhos, sentindo o vento em seu rosto.

Estávamos cada vez mais próximos do Castelo e já dava para ver os vários animais na frente da construção de pedra, mas eram animais diferentes e parecia que só eu havia visto.

-E por quê? – falou Jessie, com certa dúvida na expressão.

-Ora! – reclamou Ketlyn mexendo em seu cabelo. – Porque lá é um lugar impuro!

-Ah bem... – riu Jessie corando.

Eu não tirava os olhos do gramado alto que havia na frente da grande construção. Os arbustos se moviam de uma madeira estranhíssima, o que me fez recuar um pouco, mas mesmo assim estreitei os olhos para dentro daquela mata.

Todos estavam conversando, como se nada estivesse acontecendo, mas eu estava com um pressentimento horrível, até que uma coisa me chamou a atenção.

Havia uma escadaria macabra do caminho curto entre a mata fechada, um jardim pequeno dos lados e um caminho de terra batida, no alto da escadaria dormia algum animal. Parecia-me um cachorro, mas não tinha pelos e também era muito grande para ser um. Ele estava preso por uma corrente enorme de ferro e não parecia nem um pouco amigável. O que me tranqüilizou era que haviam várias janelas quebradas e que nós não iríamos entrar pela porta principal, ainda mais com aquele animal estranho na entrada.

Dei algumas batidas nas costas de Zack.

Aquela criatura estava mais próxima de nós e pude perceber o quanto horrível ela era. Tinha dois olhos pequenos no alto de sua cabeça cumprida, bracinhos pequenos, como os de dinossauros instintos a bilhões de anos, garras afiadas, uma grande boca que eu sabia ter vários dentes afiadíssimos dentro, parecia ter asas e tinha uma coloração estranha de cinza.

Eu batia nas costas de Zack, mas ele não parecia perceber. Quanto mais eu batia, mais próximos estávamos da criatura.

-Zack! – consegui gritar, com os olhos arregalados.

O vento das asas das fênix já estava batendo contra a pele lisa e estranha da criatura, o que a fez despertar com quatro olhos amarelados e assustadores e dar um enorme grito, se levantando e voando contra nós.

As fênix voaram encantadoramente e sorrateiramente para os lados, o deixando confuso em quem seguir e para o meu extremo azar, nos seguiu.

A corrente era forte, mas longa, o que o fazia voar tranquilamente por certo perímetro.

-Por que não me avisou que ele estava ali?! – gritou Zack, olhando-me com olhos extremamente vermelhos e com veias negras saltando pelos seus olhos. Nunca o tinha visto daquela forme, o que me fez ficar ainda mais nervosa.

-Eu estava te batendo há muito tempo! – gritei, sentindo alívio em conseguir falar novamente.

-Gente! – ouvimos o grito de Lira e olhamos imediatamente, fazendo curvas e mergulhos no ar para tentar despistar a criatura, mas ela era muito rápida e veroz. – O distraia, nós vamos entrar e depois vocês vêm! – falou ela, dando meia volta com os outros e entrando no castelo por trás, pulando de suas fênix e as deixando livres para ir embora.

Eu fiquei completamente desesperada! Como iríamos distrair um animal como aquele?! Era grande, rápido, estranho e ensurdecedor.

-Zack! O que faremos?! – perguntei, coçando meu braço e eu já sabia o que isso significava.

-Saberá o que fazer. – gritou ele se levantando, em cima da fênix, enquanto ela ainda voava rapidamente.

-O que está fazendo?! – gritei, olhando para cima e tentando controlar a fênix, sem sucesso.

-Salvando a gente! – gritou ele, após contar até três e pular da fênix, me fazendo largar o controle e olhar para baixo.

Ele só poderia estar maluco ao se jogar daquela forma.

-Zack! – gritei, olhando para baixo, quando senti uma forte pressão que me fez cair da fênix.

Olhei para os lados, sentindo uma enorme adrenalina percorrendo o meu corpo e vendo a enorme criatura mordiscar o pescoço da fênix, me fazendo tapar os olhos imediatamente.

Eu ainda estava caindo e Zack não estava ali, foi quando senti que minha Nirhak estava saindo de meu braço sem eu ao menos convocá-la.

Senti meu corpo adormecer e fechei os olhos. Senti uma eletricidade percorrer cada centímetro de meu corpo, me deixando corajosa, poderosa e acreditando em mim mesma e em meus poderes.

Abri meus olhos e não estava mais sentindo o frio na barriga e o medo. Minha visão estava muito melhor. Parecia que havia dado zoom e definição de uma máquina fotográfica profissional. Olhei para os lados e vi que não estava mais caindo, estava parada no ar e por algum motivo desconhecido eu não estava com medo ou insegura, sabia exatamente o que fazer.

Procurei aquela criatura com os olhos e logo vi que Zack estava em cima dela. Estavam caindo, perdendo altitude rapidamente.

-Melany! – gritou Zack, com os braços entrelaçados no pescoço longo da criatura, não a deixando respirar e completamente ensangüentado.

Olhei para ele e rapidamente já estava ao seu lado, de cabeça para baixo e perdendo altitude com eles.

-Nirak nirk jilk traj fort nixx! – pronunciei levemente, como se eu já tivesse feito aquilo várias vezes na vida.

Minha serpente pareceu balançar a cabeça positivamente e foi de encontro a boca daquela criatura asquerosa.

Aos poucos eu parei de ver minha serpente e comecei a notar que a criatura não se debatia mais.

Zack a largou e seu corpo flutuou pesadamente até tocar o chão e antes disso, minha serpente já havia saído pelo olho esquerdo da criatura e já se encontrava em minha pele novamente.

Chegamos ao chão rapidamente, mas não caímos. Apenas chegamos ao chão com um leve impacto nos pés, nos fazendo curvar um pouco para frente. Uma chegada perfeita e de pé.

-Seus olhos estão... – falei, ofegante, olhando para Zack e sentindo uma forte queimação no braço.

-Eu sei. Os seus também. – falou ele fechando os olhos e se virando.

Meus olhos estavam com as veias saltadas?!

Ele caminhou devagar até a entrada principal do Castelo que era imenso.

-Hey! – gritei, correndo pela escada até chegar a ele.

Ele se virou com um rosto de cansado.

-O que foi? – disse ele, olhando para baixo.

-Obrigada. – disse com um sorriso bobo no rosto.

-Essa é a minha obrigação Melany Black. – falou ele seriamente adentrando a grande porta de madeira que estava aberta.