The Immortal

Finalmente as apresentações...


Assim que cheguei ao Acampamento, desabei sobre minha cama e fiquei apagado por um bom tempo. O bom de não ter muitos amigos é que ninguém vem te perturbar nessas horas. Viajar nas sombras não é fácil, por isso eu precisava de bastante tempo pra descansar. Fui acordar só no dia seguinte, quase na hora do almoço.

Eu me levantei, tomei um banho pra espantar o sono e me vesti normalmente. Minha espada tinha voltado para mim, o que já me deixava mais tranquilo e eu poderia treinar para a caça a bandeira que teríamos contra as Caçadoras. Aquelas garotas nojentas que eu odeio estavam vindo para o Acampamento infernizar a vida dos semideuses. E nós estávamos fazendo de TUDO para fazer as coisas diferentes dessa vez. Nós iríamos ganhar daquelas cobras seguidoras de Artemis.

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Saio do meu Chalé e vou direto para o Refeitório almoçar. Faço minha oferenda e me sento solitário na mesa de Hades. Meus pensamentos voaram para o dia anterior. Olhei para a mesa de Hefesto e vi Ethan conversando com seus irmãos, depois olhei para de Apolo e encontrei Isabela seria me olhando. Ela deu um sorrisinho de agradecimento e eu apenas assenti. Durante nossa missão, quando nos descobriram na entrada lateral do Palácio, fiz os dois fugirem, mas para mim já era tarde demais e antes que eu pudesse viajar nas sombras, os guardas me pegaram. E então…

E então aquela garota apareceu. A Guardiã. Eu sabia que existiam milhares de Guardiãs por aí… Elas nunca eram uma surpresa para mim, eu já até tinha namorado uma no Mundo Infe… Esquece. Voltando ao assunto, aquela Guardiã salvou minha vida. E eu sabia que aquilo tinha custado a dela. Mas será que ela estava viva? Será que ela estava bem ou estava sendo torturada pelos Primordiais? Talvez isso fosse um pouco improvável, porque Guardiãs sempre tem uma certa conectividade com seus superiores… Mas… Os superiores dela eram os Primordiais. Eles eram duas vezes piores que os deuses; e embora eu quisesse esquecer essa garota, ela tinha criado raízes em mim. Ela se sacrificou por mim de alguma forma e aquilo era o suficiente para eu me sentir como se tivesse quebrado uma promessa. Eu devia muita coisa à ela. E não ia aguentar ficar muito tempo com aquilo guardado.

Terminei de comer e sai do Refeitório.

- Nico! – ouvi a voz doce de Isabela. Me virei para encará-la.

Eu e Isabela nos conhecemos há pouco tempo, foi mais por causa da missão. Ela era uma garota legal embora filha de Apolo. Tinha cabelos meio dourados, olhos verdes e pele bronzeada, como de costume. Era ótima com arco e flecha e no Palácio dos Primordiais tinha conseguido matar quase vinte guardas com de dezesseis flechas. Não me pergunte como.

- Oi, Isa. – Falei indiferente.

- Sei que não gosta de mim. Só vim te agradecer por ontem… E perguntar como escapou. – Ela disse jogando o peso do corpo em uma perna.

- A Guardiã deles me ajudou. – Respondi rapidamente. – E eu vou ver se encontro um jeito de ajuda-la.

- Do que?

- Acha que vão deixar barato a fuga de um semideus? – Perguntei como se fosse obvio.

No momento em que ela ia me dar algum de seus foras que até me fazem baixar a cabeça, a movimentação começou. Semideuses começaram a apontar, virar o rosto, murmurar e alguns até assoviavam. Saí de perto do Refeitório e fui andando até o lado direito do Anfiteatro, onde eu podia ver a Colina Meio Sangue. E caminhando logo abaixo dela estavam as Caçadoras. No começo não reparei nada demais e já estava até virando as costas pra não ter que aguentar Thalia quando novos murmúrios começaram.

“Ela não é uma Caçadora”; “O que ela faz de perto no meio delas?”; “Cara, por que Afrodite ainda não a matou por causa da inveja?” ou também: “Quero uma dessa”. Curioso como um gato, andei despercebidamente até a porta do anfiteatro de onde podia ver de mais perto. E se não tivesse uma parede logo atrás de mim eu teria caído.

Atrás de duas dúzias de Caçadoras estava uma garota com uma capa preta. O capuz pendia atrás de suas costas deixando seu cabelo levemente cacheado cor de chocolate, voando. A pele dela chegava a ser mais transparente que a minha; mesmo de longe eu conseguia ver seus olhos, eram azuis, pareciam duros e frios, como se não aguentassem mais enxergar as coisas… Pareciam velhos, mas ainda sim penetravam qualquer um de uma forma que chegava a ser torturante; tinha altura mediana e um corpo cheio de curvas que ainda podiam ser vistas mesmo com a blusa meio larga. No caso das garotas do Acampamento, não foi o corpo estupendo e o rosto perfeito e delicado que chamou a atenção, como nos meninos. Mas sim as jóias. As centenas de jóias que ela usava. Um colar com a estrela de Davi e uma chave de Salomão; uma pulseira de berloques e outras dezenas simples, mas que juntas chamavam a atenção e os quase dez anéis. Alguns eram tão longos que ultrapassavam a metade do dedo, outros tinham pedras brilhantes minúsculas e havia dois cujas pedras estavam segurando fitas que estavam presas a capa.

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Seus olhos encontraram os meus por um segundo e ela sorriu. Não havia mais duvidas de que era ela. E então, para piorar a situação que estava razoavelmente boa, ela segue com as Caçadoras e entra no Chalé de Artemis.

Sinceramente, eu me esqueci de que tinha que ajuda-la. Ela tinha as Caçadoras. Ela que se vire, também! Uma onda de terror tomou conta de mim. Outra que ia morrer com aquelas…

Balancei a cabeça e tentei esquecer aquilo. Me sentia estranho e me perguntava porque me sentia daquele jeito. Mas resolvi esquecer. Passei o dia inteiro treinando, depois fui para meu Chalé, tomei um banho e fui jantar. Esse é um resumo perfeito daquele meu dia. Mas a noite… A noite estava apenas começando.

- Nico, será que pode vir até a Casa Grande? – Quíron me chamou após o jantar.

- Claro. – Respondi. Caminhei ao lado daquele centauro (e, sim, era estranho andar ao lado dele mesmo depois de tanto tempo), impaciente e curioso. – Por que quer que eu vá lá? Outra missão?

- Uma missão é a ultima coisa que você vai querer agora, meu filho. – Respondeu Quíron enquanto entrávamos na Casa Grande.

- O pirralho chegou! – Resmungou Dioniso.

Apenas dei de ombros.

- Bom te ver Sr. D. – Eu dei um sorriso falso. Ele continuou resmungando, mas eu me virei para o resto das pessoas na sala.

A garota estava lá. Vestida como uma Caçadora, o que era de se esperar. E também Artemis. Fiz uma reverencia a deusa e ela apenas assentiu. Olhei para a garota e ela sorriu de forma gentil.

- Como posso ajudar? – Perguntei.

- Hã… - Artemis olhou para a Guardiã. – Pode ir se deitar, querida, sei que esta cansada. Eu me encarrego de avisá-lo. – Ela sorriu.

A garota assentiu e sorriu para todos, se retirando em seguida. Me sentei no sofá e comecei a escutar a história de Artemis.


- Eles acham que meu pai vai ficar emotivo se me torturarem? Rárá! Isso é quase uma piada. Meu pai…

- É orgulhoso. – Quíron me interrompeu.

- E frio. Calculista. – Completei. – E talvez até queira essa coisa toda de reviravolta…

- Claro que não! – Assegurou-me Artemis. – Seu pai pode ser o que for, mas acho que não quer Caos na Terra.

Um momento de silencio se seguiu até que eu me levantasse e dissesse impaciente:

- Era só o aviso?

- Sim. Só queríamos que ficasse a par de tudo. Não saia do Acampamento, não é seguro lá fora. Mas com o resto, não se preocupe. Os deuses darão um jeito sem mexer com você ou com a Imortal. – Assegurou Artemis.

- Eles querem mais do que vingança com ela, não é? – Adivinhei.

- O sangue que desperta Caos é um sangue poderoso. – Quíron informou. – E precisa vir de um ser que tenha a imortalidade, já que é um sangue antigo e mais intenso, acho. Há uma grande possibilidade de os Primordiais apenas a criaram por causa disso.

Suspirei.

- Faz sentido. Embora odeie essa ideia de ficar aqui, eu vou tentar. Com licença.

Sai dali com a cabeça girando. Não imaginava que a história de Caos fosse real… Era meio que um mito. O que chega a ser engraçado, não é? Pois bem… Lá estavam os deuses sendo ameaçados de novo. Agora, tudo o que precisam vem do Mundo Inferior. Eu, o Cetro, a Espada… E tinha a garota também, mas ela esta segura na Caçada. Só de me lembrar disso já me arrepiava.

Não tinha andado nem vinte metros quando fui surpreendido por uma figura vestida de branco.

- O que ela te disse? – Perguntou com a mesma voz doce que estava gravada em minha mente.

- Que querem me usar. E você. E Caos esta prestes a ser acordado…

- Os deuses cuidaram disso tudo. Você esta protegido aqui, e eu também. E os Primordiais estão sob forte pressão olimpiana. – Ela põe calma.

- Tudo bem. Não me importo muito.

Ficamos em silencio nos encarando naquela escuridão. Eu olhei os olhos dela novamente: azuis, como o céu, mas cansados. Sessenta e três anos trancada em um palácio não é para qualquer um.

- Você ainda não me agradeceu. – Ela disse dura.

Eu solto um sorriso divertido.

- Na verdade, há uma questão maior que essa… Por que entrou pra Caçada?

Ela parou e me olhou bem. Depois deu de ombros, como se estivesse em discussão consigo mesma sobre a reposta que me daria.

- Não entrei. Artemis me ajudou e quer que eu entre para a Caçada. Ela disse que de alguma forma, se eu entrasse, poderia acalmar a guerra civil que provoquei no Olimpo por causa da minha fuga repentina. Não entendi essa parte. Mas como ela esta me ajudando, deixou que eu ficasse no seu Chalé e que daqui a duas semana devia dar a resposta pra ela. De alguma forma ela acha que nessas duas semanas tudo pode mudar. – Ela continuou andando. – Tem algum lugar legal aqui? Eu já vi que o Acampamento é muito movimentado, gostaria de algum lugar um pouco mais calmo, sabe?

- Acontece a mesma coisa comigo. – Eu sorrio. – Tem uma parte legal da praia…

- Ah, por Zeus! – Ela para repentinamente. – A praia! Onde é que é? – Ela segura meus ombros e começa a me sacudir.

- Ei, calma! Eu te mostro. – Falei rindo dela. – Você nunca viu o mar, não é? – Adivinhei.

Ela balançou a cabeça agitada.

- Já sim. Mas foi a muito tempo atrás. Acho que eu ainda crescia naquela época. Vamos rápido!

Ela começou a me empurrar enquanto eu ria e a levava no caminho da praia. Ainda a alguns quarenta metros, ela se emocionou com a visão.

- É lindo. – Ela disse correndo para a areia. A garota tirou os sapatos e deixou que a água tocasse seus pés. – Isso é tão bom!

- Nossa! Isso é tão bom assim? Acho que nunca vi alguém tão feliz em ver a praia.

- Liberdade, meu caro! – Ela falou seria, mas rindo divertidamente logo depois. – Que incrível os domínios de Poseidon! Preciso conhecer o filho dele. Dizem que é um cara legal.

- Percy? – Me aproximo dela. – Sim, ele é bem legal. Talvez eu te apresente a ele, mas ele tem namorada.

Ela me olhou com o cenho franzido.

- E daí? – Perguntou.

Por um momento eu quase fiquei chateado com aquela vulgaridade dela. Mas então, ela suspirou e riu.

- Está achando que eu quero… Como vocês dizem…?

- Ficar. – Eu lhe contei e ela assentiu.

- Sim. Você acha que eu quero ficar com ele? Ah, não, apenas quero conhecer o cara que salvo o mundo.

Ela riu e eu a acompanhei.

- Melhor assim. – Sussurrei.

Um breve silencio tomou conta de nós. Podia se ouvir apenas as ondas vindo de leve encontrar os pés da Guardiã.

- Sabe o que é mais estranho nisso? – Perguntei.

Ela sacudiu a cabeça em negatividade.

- O que?

- Eu ainda nem sei seu nome.

Ela riu. Sua risada parecia ficar presa em sua garganta como se ela tivesse medo de ser feliz. Então, ela ainda com um sorriso se virou para mim.

- Sou Eleanor. Ainda estão tentando arrumar um sobrenome para mim, embora eu ache isso um pouco desnecessário.

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Sorri.

- Sou Nico di Angelo.

- Então, Nico, essa é a hora em que você me agradece…

- Pois é… Mas ainda sou orgulhoso demais pra fazer isso.

- Vai lá… Nunca presenciei um filho de Hades dizendo qualquer uma das palavrinhas mágicas!

- Palavrinhas mágicas? – indaguei perplexo. – Ninguem usa isso hoje em dia…

Nós começamos a discutir sobre os anos cinquenta e a evolução do homem em que eu tinha que explicar todos os significados das gírias para ela. Foi cansativo, mas foi uma noite bem divertida. E diferente, como era de se esperar de uma conversa com uma garota com a inocencia dela.