The High School

Pior Escolha - Parte 2


Estava quase pegando no sono na cadeira da sala de espera do hospital. Minha mãe estava comigo esperando por notícias.

Levanto-me e vou até a porta do quarto número 134 do corredor. Encosto meu ouvido no pedaço branco e áspero de madeira. Escuto murmúrios de Carter e seu pai. Ele gritava com o filho.

— A onde estava com a cabeça? Invadir a casa de alguém assim sem mais nem menos... Quer acabar com minha imagem de prefeito? - seu tom era assustador.

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— Mas Chloe que nos convidou pai. - ele estava quase chorando.

— É por causa dessa garota não é mesmo? Ela fica te influenciando e você é retardado demais para recusar. Olhe aqui, é isso que ganha, um tiro na perna, sorte que foi de raspão. Por acaso escutou o médico dizendo que poderia ficar sem andar? - continua esculachando o filho.

— Não foi por ela pai...

— Tenho minhas dúvidas, você é um grande idiota.

— JÁ DISSE QUE NÃO FOI POR ELA PAI... SAI DE CASA PORQUÊ QUERIA VER O ADAN TA LEGAL..... - ele se exalta e o silêncio toma conta do lugar.

Ouço passos nervosos vindo até a porta. Afasto-me rápido e encolho-me entre a parede em frente ao quarto.

O Sr. Axel sai do quarto, ele não tem mais aquele sorriso no rosto de quando ajudou minha mãe com o carro tempos atrás, mas tinha um olhar frio de ódio em sua face.

— Você garoto... Quero que se afaste do meu filho. - diz apenas isso, mais nada. Vai em direção a minha mãe.

Eles conversam, minha mãe me olha decepcionada. Depois de algum tempo ela me chama para voltar para casa.

No caminho, dirigindo bem devagar, ela suspira e sorri para mim.

— O que foi mãe? - pergunto confuso.

— Filho, Carter está bem.

— Isso é muito bom mãe.

— Mas o pai dele veio falar comigo, acho que você deve ter visto.

— Sim eu vi, o que ele disse?

— Ele não quer mais que seja amigo de seu filho.

— E por quê? - minhas mãos tremem. Será que Carter tinha falado de nosso beijo?

— Ele me disse que não foi apenas de Chloe a ideia de sair e beber, falou que foi sua também.

— Mas mãe, não foi... Aliás foi a segunda vez em toda minha vida em que eu bebi.

— Eu sei filho. Quando o pai de Chloe foi pedir desculpas ao Sr. Axel, ela veio falar comigo, me disse tudo, contou que quando ninguém mais queria sequer olhar para ela, você foi até la e a ajudou em tudo que pode, foi a sua primeira amizade verdadeira, e que a ideia de tudo isso foi dela. Estou orgulhoso por você ser assim meu filho.

— Mas então por que mãe? Por que ele faria isso? - fico confuso.

— Sinceramente não sei meu querido. As vezes ele só está estressado com as campanhas políticas, afinal vida de prefeito não deve ser nada fácil.

Fico muito mal. Justo agora que estávamos bem... Tudo que queria era vê-lo e saber como estava se sentindo.

Já em casa só consigo deitar-me em minha cama e chorar. Eu gritava de dor, não uma dor física, mas uma emocional. Não fecho a porta como de costume. Elizabeth entra em meu quarto e senta ao meu lado, ela começa a alisar meus cabelos enquanto me abraça, tentando me acalmar...

— Calme filho... Seja lá o que estiver passando, tudo vai melhorar. Se quiser compartilhar com sua mãe, estou aqui. Saiba que além de sua mãe sou sua amiga, e nada vai mudar isso...

— Mãe... Eu não aguento mais. - não conseguia parar de chorar, não eram poucas lágrimas e nem silenciosas.

— Pode falar meu filho, eu te amo e sempre vou amar...

— É ele mãe... é o Carter...

— O que tem ele Adan? Acalme-se. - ela continua me abraçando fortemente.

— Eu gosto dele... Eu gosto dele mãe... Você vai me odiar, mas eu realmente não consigo controlar... Eu o amo... - as lágrimas não cessavam, a dor só aumentava.

— Calma querido... Só se acalme.

— Me perdoe mãe, eu sinto muito te decepcionar assim...

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— Decepcionar? Jamais... Adan você é o garoto mais bondoso que eu conheço, acha mesmo que só porque gosta de seu amigo eu vou te odiar? Meu bem eu não sou assim... Fico até feliz, Carter é uma ótima pessoa também... Agora sim as coisas ficaram claras para mim, e fico feliz de ter falado isso. Guardar as coisas só para você é algo doloroso. Meu filho eu te amo, e nada, exatamente nada, vai mudar meu sentimento.

Eu ainda chorava, mas agora não era de tristeza, era de felicidade. Retribuo minha mãe com um abraço ainda mais forte. Eu não podia expressar o que sentia nesse momento, era algo muito bom.

— Mãe... Você é a melhor do mundo. - sorrio.

— E você é o melhor filho que alguém poderia sonhar em ter. Como já disse... eu te amo.

— Também te amo mãe. - eu não conseguia solta-lá.

— Mas então será que Carter contou ao pai isso também? - ela pegunta.

— Acho que não... Eu ouvi a conversa deles. Do jeito que ele é, prefiro que não saiba.

— É melhor então.

Me distraio em pensamentos. Eu nunca escolhi isso, e esse fato estava me causando tantos problemas. Será mesmo que minha mãe não ficou decepcionada mesmo? E meu irmão... Quando ele descobrir nunca mais vai me olhar do mesmo modo. Eu estava novamente entrando na escuridão.

— Filho! - Elizabeth me chama.

— Sim mãe.

— Escute... Tudo que acabei de dizer é verdade. Eu sempre te amei e sempre vou te amar. Gostando de garotas ou garotos... O que importa é a pessoa incrível que sempre foi, e que sei que nunca vai deixar de ser. Não tenha medo nem se culpe por isso. Você é meu filho, meu melhor companheiro e jamais vou deixar de te amar meu amor...

— Você não sabe como me deixou mais aliviado. Agora percebo que posso contar contigo para tudo.

— Para tudo e para sempre. - ela sorri.

Minha mãe me puxou para a luz antes da escuridão me tomar por completo novamente. Tudo que queria agora era dizer a Melissa e Carter o que vivenciei. Estava ansioso, até me lembrar de que o pai dele me proibiu de vê-lo.

Elizabeth já saia de meu quarto para me deixar descansar, quando a chamo repentinamente.

— Mãe!

— Diga filho.

— E agora? Sr. Axel não quer nem que eu fale com seu filho... Eu não vou suportar, apesar de tudo ele ainda é meu melhor amigo.

— Ouça querido, não deixe ninguém te impedir de nada... Siga seu coração. O que decidir fazer, saiba que estarei te apoiando. - sorri novamente. Foi dela que peguei essa mania.

Finalmente consigo deitar-me calmo. Estava sorrindo atoa, agora além de saber que realmente sentia algo por Carter, falei para minha mãe, e ao contrário do que achei que aconteceria, ela me acalmou e disse que estava tudo bem, o que me deixou completamente melhor e sem medo de cair novamente no mar das sombras do passado.

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Acordo renovado no dia seguinte. Me perguntava se Carter ia ao colégio, afinal mesmo que o tiro do pai de Chloe não tenha o atingido em cheio, sua perna não estava nada bem.

Ouço o pai de Melissa parar o carro em frente de casa, ela ia me dar carona até lá hoje, pois meu irmão tinha uma consulta no oftalmologista. Ele estava nervoso, tinha medo de ter que começar a usar óculos.

Estava atrasado, o Sr. Fabien toca pela segunda vez a buzina do carro, eu corro com o sanduíche de peito de peru preso pelos dentes, enquanto prendia o cinto na calça jeans rasgada.

Melissa ainda estava mal pelo acidente, minhas desconfianças de que ela sentia algo por Carter estavam voltando, mas ignorei.

— Bom dia pessoas! – brinco.

— Bom dia coisinha! – fazia tempo que ela não me chamava por esse apelido.

Rio junto a ela.

— Como vai Adan. – pergunta seu pai.

— Tudo bem senhor. Preparado para ir o caminho todo escutando músicas de jovens animados? – ele dizia isso a nós todo vez que montávamos em seu carro, dessa vez usei isso para puxar assunto.

— Com certeza garotão. – ele ri.

Foi até estranho, mesmo com uma tragédia tendo acontecido no dia anterior, e com todos ainda abalados, a animação tomava conta do automóvel.

Fomos o caminho todo ouvindo pop dos anos 2000, muitas nostalgias. A melhor de todas foi ”Complicated da Avril Lavigne”.

Mais um dia e lá estávamos nós. Em frente a enorme porta de vidro do colégio Delarriva.

Minha primeira aula era junto com Melissa, aula de economia, com a professora Sharon. Era dia de prova, e finalmente uma matéria que conseguia ir bem. Mesmo tendo estudado apenas 20 minutos eu tinha certeza que havia ido mais que bem no teste, afinal quando vi as questões respondi todas mentalmente em menos de 5 minutos. Até mesmo eu me surpreendi. Fui o primeiro a acabar, entreguei o teste para Sharon e ia saindo da sala, quando ela me chamou em sua mesa.

— Adan, está tudo bem com você? – ela pergunta.

— Claro, estou sim, mas por que a pergunta?

— Soube do incidente, sei que não se machucou como Carter, mas queria ter certeza. – ela sorri.

— Entendo. – retribuo.

Sheron era incrível, uma das melhores professoras, desde o primeiro dia de aula ela puxava assunto comigo. Deve ser graças ao fato dela e Elizabeth terem sido melhores amigas na infância, o que me assustava um pouco, eram inseparáveis e hoje em dia nem se falam praticamente, só quando se cruzam nas ruas.

Essa pequena conversa fez com que desse tempo de Melissa acabar o teste também, a segunda a entregar, éramos os melhores nessa matéria, sem querer me gabar.

Finalmente me despeço da professora e conseguimos sair. Ficamos discutindo as questões, e as nossas estavam praticamente iguais, fora a número três, que para mim tinha dado alternativa C e a dela B, porém tinha a certeza de estar certo.

Esperamos o sinal de trocar de aulas tocar, nossa próxima aula era de cálculo, junto a Carter e Chloe.

O tempo passa bem devagar, mas fico colocando os assuntos em dia. Ela chora quando conto minha conversa com Elizabeth. Fica muito feliz por mim e emocionada com as palavras de minha mãe.

Quando menos percebemos os alunos já estavam trocando de salas, nós andamos bem devagar até a sala. Todos já estavam sentados, e lá estava ele. Carter. Sento-me ao seu lado.

— Você está bem? – pergunto olhando para o gesso cheio de assinaturas em sua perna.

— Ainda doí bastante, mas poderia ser pior né. Foi a pior escolha que fiz, ir até a casa de Chloe e beber. – sorri. Nesse momento até esqueço do que o seu pai havia me dito.

— Que bom. Soube o que o pai de Chloe foi até o hospital te pedir desculpas.

— Foi sim, achei legal da parte dele. E eu soube que meu pai foi falar com você, disse que não poderíamos mais ser amigos, não é? – olha para mim decepcionado.

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— Eu não ligo, esque...

— ELE DISSE OU NÃO? – ele grita e seus olhos enchem de lágrimas.

— Foi. – abaixo a cabeça suspirando.

— Odeio meu pai!

— Não se preocupe Carter. Não é como se realmente fosse obedece-lo.

— Diz isso só porque sabe que seria horrível para mim se jogasse tudo isso na minha cara.

— Não Carter, não é isso... Eu sou seu amigo, e nada nem ninguém vai me impedir de falar com você, nem mesmo que esse alguém seja seu pai, agora chega disso.

— Silêncio vocês dois aí atrás! – o professor grita.

— Nossa Adan, você é sem dúvida um grande amigo. Obrigado de verdade! – ele contém as lágrimas.

— E você o meu.

Melissa olha para trás nesse momento.

— Falso. – ela brinca.

Nós rimos. Carter para sorrindo para mim.

— O que foi? – questiono.

— Quer ir em casa hoje? – ele continua sorrindo.

— Mais e seu pai?

— Ele não vai estar lá, meus pais vão em uma conferência, não voltam até o amanhecer.

— E o que vamos fazer?

— Para com isso e vai logo. – interrompe Melissa.

— Você... Xiu! – brinco.

— Vamos? – insiste.

— Sim, eu vou... – sorrio.