Ela sentiu as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e as secou surpresa. Nem ao menos tinha percebia que estava chorando. Parecia que seu corpo tinha reagido a situação antes mesmo dela conseguir digeri-lá.

Niah encarou a irmã por um tempo, com a expressão mais próxima da de preocupação que conseguiu fazer, depois se virou para Jim.

– Nós vamos precisar de um plano - disse ela - Tenho certeza que esse convide não foi um convite geral e que não deveríamos ir em grupo, mas é claro que vamos porque eu não sou a idiota que elas pensam.

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– E o quê vamos fazer?

– Exatamente por isso que convoquei a reunião - informou ela - Temos que descobrir isso. Quando eu interroguei Melinda, ela me disse que, geralmente, os bailes no castelo encantado ou seja lá como elas chamam aquele lugar horroroso que elas ficam, são na verdade bailes de máscara. Podemos usar isso.

– É - concordou Wes - Mas não vai ser um pouco estranho um monte de garotos chegando juntos e rondeando vocês duas?

– Pensei nisso também - Niah disse se ajeitando em sua cadeira - Nós podemos entrar em pares. Mas é claro que vocês teriam que encontrar algum integrante das sombras para irem com vocês porque, infelizmente, eu e Katherine não temos o dom de Reed de nos auto-multiplicar e só poderemos ir com um de vocês.

– E se as coisas ficarem...feias? - perguntou Blake.

– É claro que levaremos algumas armas - declarou Niah - Só por precaução, você sabe.

– Não acha que seremos revistados? - perguntou Jim - Por sermos filhos do diabo e tudo mais?

– Se qualquer caçador tentar encostar um dedo em mim... - ela sorriu - Bom, você sabe o que acontece.

– Lane provavelmente vai querer ver vocês sozinhas - Blake falou - Você acha que dão conta?

– Você sabe que eu dou - ela respondeu - Já Katherine terá uma semana para se preparar melhor, e depois de sobreviver a veneno sem cura e ao ar do poço, eu tenho quase certeza de que ela consegue se virar sozinha.

Katherine, que tinha afundado em sua cadeira, levantou o olhar ao ouvir seu nome. Ela praticamente não tinha ouvido nada da conversa, o tempo todo estava pensando em Ivy e como tudo aquilo era culpa dela. Ela tinha certeza que Ivy havia sido sequestrada pouco tempo depois que eles partiram de sua casa, e ela também tinha certeza que a razão dela ter sido sequestrada era porquê Ivy tinha cuidado dela e porquê deixou filhos do diabo entrarem na sua casa.

– Então está decidido - a fala de Niah acordou Katherine completamente de seus devaneios - Nós vamos ao estúpido baile.

– Ela não vai - Finn disse, Katherine percebeu que tinha sido a primeira coisa que ele tinha falado na conversa.

– O quê? - perguntou ela, se virando para ele.

– Ela não vai - repetiu.

– Do que você está falando?

– Eu estou dizendo que ela não vai a lugar nenhum.

– Você percebe que "ela" na verdade sou eu, não percebe?

– Sim - disse ele se virando para encará-la - Então você não vai.

– O que te faz pensar que isso vai acontecer?

– Porque eu estou dizendo - disse ele - E você vai morrer se você for.

– Ótimo - ela cruzou os braços - Então que eu morra.

– Não, você não vai, porque eu não vou deixar isso acontecer.

É claro que eu vou– gritou ela - Eu tenho que estar lá!

– Para quê?

– Porque é sobre minha única amiga no mundo que estamos falando - disse ela - E se aquela maldita bruxa quer que nós duas estejamos lá, nós estaremos. Niah não pode ir sem mim.

– Ela está certa - Niah se intrometeu - Eu não posso ir sem ela, e aliás, qual o problema dela ir?

– Ela é sua irmã! - protestou ele.

– Eu sei - concordou Niah - Mas se nem eu me importo, por que você se importaria?

– Porque... - começou ele, mas então ele fechou a boca e levantou os braços - Tudo bem, deixe ela morrer, eu não me importo.

Então se levantou de sua cadeira e saiu do quarto, deixando milhares de olhares atrás de si.

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– Bom - disse Niah com um sorriso - A situação acorreu melhor do que pensei.

Katherine lançou um olhar de raiva para a irmã e saiu correndo do quarto, tentando encontrar Finn. Ela o viu virando no corredor em direção as escadas, e saiu correndo, o alcançando antes que ele chegasse na ponta.

– O quê? - perguntou ele com raiva, se virando para ela quando ela segurou seu braço.

– Finn, eu preciso ir - ela tentou controlar sua voz. Tentou não transparecer sua raiva, ou toda sua mágoa - Eu quero ir.

– Tudo bem! - gritou ele, sua voz ecoando pelas paredes - Quando você morrer, não diga que eu não avisei.

– Eu não me importo se eu morrer!

– Mas eu me importo.

Eles se encararam por um bom tempo, até que Finn bufou e saiu do castelo balançando os braços, enfurecido. Katherine saiu correndo atrás dele e o alcançou quando já estavam muito além na floresta.

– Primeiro você me beija, depois me pede para esquecer tudo, e agora está tentando salvar minha vida?

– Então isso é sobre eu ter te pedido para esquecer o que aconteceu na caverna? - perguntou ele se virando para ela.

– Não - ela gritou - Isso é sobre você ficar com essa mania irritante de mudar seu humor a cada segundo - ela sabia que sua respiração estava descontrolada, mas não parou de gritar - Isso é sobre você ficar me beijando o tempo todo sem ter motivo para isso!

– Eu tenho que ter um motivo para te beijar?

– Se você tiver um pingo de sentimentalismo, sim.

– Eu não sinto nada - declarou ele.

– Então você pode me explicar - ela respirou um pouco antes de terminar: - Por que é tão importante salvar a minha vida, Finn Smith?

Ele arregalou os olhos e olhou para ela, como se estivesse surpreso. Depois fechou os olhos, aspirando o ar.

– Diga de novo - pediu ele.

– O quê?

– Meu nome - respondeu ele, abrindo os olhos e encarando-a - Eu gosto do som do meu nome na sua voz.

– O quê? - repetiu ela, recuando.

Mas ele não deixou que ela se afastasse dessa vez. Segurando o rosto dela com as duas mãos, ele apoiou a testa dele na dela, aspirando ainda com mais força, depois murmurou:

– Você quer saber o que eu sinto por você, Katherine Walker– ele disse o nome dela com um sorriso, fazendo que ela arfasse sem conseguir se controlar - Mas eu não sei. Eu não sinto nada a mais de cem anos, como você espera que eu saiba o que é amor?

– Amar é como andar de bicicleta - disse ela - Você nunca esquece.

– Eu não posso lembrar algo que nunca senti.

Ele se distanciou dela, fazendo uma rajada de vendo frio esfregar seu rosto. Katherine o fitou enquanto ele passava as mãos pela cabeça.

– Impossível você nunca ter amado ninguém...

– Pra você ver - disse ele, frio -, como nem ao menos me conhece.

– Eu quero conhecer - ela se surpreendeu ao dizer essas palavras, nunca pensou que as admitiria em voz alta, principalmente na frente dele.

– Mas não pode.

– Por que não?

– Porque se você me conhecer, você vai se aproximar de mim, e se você se aproximar demais...

Ele não terminou a frase, então ela deu um passo a frente.

– O quê?

– Eu vou me apaixonar por você - ele falou como se estivesse retratando uma doença - E eu vou querer você, Katherine. Mais e mais.

– Apenas me diga se você me odeia ou não - ele não respondeu, então ela se virou - Eu desisto.

Mas antes que ela pudesse ir embora, Finn a segurou, e sem dizer mais uma palavra, a beijou.

O formigamento que já tinha se tornado constante, explodiu dentro dela, e todos seus pensamentos ruins sobre ele foram embora. Ela enroscou seus braços em seu pescoço com tinha feito na primeira vez que ele a tinha beijado, ela sentia o mesmo que da primeira vez, só que dez vezes ainda mais intenso. Eles se separaram para respirar, mas ainda com a testa na dela, ele disse:

– Isso responde sua pergunta?

– Não tenho certeza - ela sorriu - Você quer fazer de novo?

Ele riu, e segurando-a pela cintura, a puxou mais para perto, se é que ainda tinha espaço entre os dois. Cada beijo parecia ser diferente, ela sentia uma coisa nova toda vez que ele chegava mais perto, ela sentia como se toda vez fosse a primeira vez, e seu corpo tremia, desejando mais.

Eles se separaram de novo, arfando, e ele sorriu, pegando na mão dela.

– Quero te mostrar um lugar - disse olhando para além dela, verificando que ninguém os via - Só não diga a ninguém que eu te levei lá. Niah me mataria.

Ela assentiu e eles andaram ainda mais fundo na floresta. Dessa vez, Katherine não escorregou nenhuma vez, e agradeceu a todos os deus possíveis por isso. Ela olhou para a vegetação ao seu redor. Tinha certeza que já havia passado por ali alguma vez.

Então ela ouviu, os pingos constantes de água que de repente pareceram mais intensos. Ela sabia que estava indo para a cachoeira muito antes de chegar até lá, mas quando Finn começou a escalar as pedras, ela hesitou.

– Tem certeza que é seguro?

– Não - disse ele - Mas vale a pena.

Ela deu de ombros e começou a escalar atrás dele. Ela escorregou uma vez, mas Finn segurou sua cintura bem a tempo, então eles começaram a subir novamente. Quando chegaram numa parte mais ou menos plana, Finn parou, e seu sentou na ponta, seus pés balançando no ar, ele indicou para que ela se sentasse ao seu lado. Ela o fez.

– Então - falou quando se sentou - O quê queria me mostrar?

– Isso - ele indicou o horizonte e ela se virou para olhar.

– Ai meu Deus - ela exclamou, atônita.

Katherine não podia acreditar que uma vista tão linda quanto aquela fazia parte do inferno, o lugar que todos diziam que deveria ser ruim. Ao longe, ela conseguia ver o telhado cheio de pirâmides do forte, suas pontas brilhando com a pouca iluminação do sol que tinha naquele lugar. A ponta das árvores cheias de neve pareciam mais como uma floresta de algodão, e vendo daquele jeito, o lugar era lindo. Finn sorriu para a paisagem.

– Quando os olhos vermelhos se fixou em mim - disse ele - Eu queria ficar desesperado, mas não conseguia, porque eu não sentia nada - ele olhou para ela - Você me perguntou porque não fugimos do inferno, mas quando não se sente nada, você não vê razão para ir.

Ela não disse nada, então ele continuou:

– Eu disse que nunca tinha amado ninguém. Mas eu estava errado - ele olhou para baixo - Seu eu me apaixonei por alguma coisa, tenho certeza que foi para essa vista. Quando eu me transformei num filho do diabo, essa vista foi o que me fez pensar que talvez, apenas talvez, eu sentiria algo novamente.

– E você conseguiu? - perguntou ela, também olhando para ele - Você sentiu alguma coisa?

Ele a fitou, estudando seu rosto.

– Acho que sim - respondeu - Acho que eu finalmente consegui sentir alguma coisa.

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Ela sorriu e olhou para a frente, entendendo o que ele dizia sobre aquele lugar. Se ela não sentisse nada e olhasse para aquela vista, ela também não iria embora.