The Chosen One

Pingos nos is?


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Eu não sabia se Justin gritava de raiva ou de alegria.

Minha cabeça começou a latejar com força quando caí.

O rapaz que nos deu boas-vindas me ajudou a levantar.

- Eu sou Leon Chevalier, filho de Atena. – Ele disse com um sorriso torto. Sua voz era doce e melodiosa, grave e muito mais forte do que eu sequer imaginaria poder ser. Alto... Pouca coisa maior que Justin, os cabelos cor de mel dançando com a brisa, os olhos cinza bem claro que me olhavam no fundo dos olhos, quase não se destacavam com sua pele alva. Ele usava uma armadura completa, tal como as que eu vira Percy e Annabeth usando em algumas fotos; uma espada de bronze celestial firme em seus dedos, cujos nós já estavam vermelhos, refletia a luz da lua.

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Em algum lugar uma coruja piou e me tirou do meu transe.

- Alethia... Eu-não-sei-meu-sobrenome... Filha de Poseidon... É.

Leon sorriu. Justin avaliava a colina de onde tínhamos vindo.

- Engraçado você não saber seu sobrenome. – Leon disse.

- Achei que você ficaria surpreso de saber que sou filha de Poseidon.

- Eu estava esperando vocês. – Leon começou a descer pelo outro lado da colina. Eu o segui.

- Legal. – Eu disse sarcástica – Já somos a novidade.

- Na verdade não. Só eu sabia da chegada de vocês e – Hey, filho de Hades, vamos!

- Como você sabe que eu sou filho de Hades? – Justin disse me alcançando.

Leon o ignorou.

- E foi por isso que eu pedi para fazer patrulha hoje. – Ele continuou olhando pra mim. - Quíron me contou. – Ele disse antes que eu pudesse abrir a boca.

- Samantha ainda está aqui? – Justin perguntou distraído.

- A filha de Afrodite?

- Sim!

- Não. Ela morreu ano passado. Um Mantícore eu acho.

- Pena. – Eu disse mais sarcástica que nunca.

- Ela era legal. – Leon disse.

- Muito. – Justin concordou ainda distraído.

- Hey! Não se esquece que eu ainda estou aqui.

- Desculpe.

- Seu namorado? – Leon perguntou.

- Acho que sim.

Leon riu enquanto Justin me lançou um olhar cortante.

- Isso é estranho. Quer dizer... Um filho de Hades e uma filha de Poseidon... Vocês são primos de 1º grau afinal. Para os humanos normais isso não é bom. E vocês já se conhecerem antes do Acampamento... Quais são as chances disso acontecer?

Eu ergui uma sobrancelha e Justin encarava Leon com o cenho franzido.

Quando terminamos a descida da colina, eu pude avistar com clareza a Casa Grande, a quadra de vôlei bem à frente, os chalés atrás, bem ao fundo e os campos de morangos à minha esquerda e ao longe. Não pude evitar sorrir.

- Cadê todo mundo? – Justin perguntou.

- No Anfiteatro cantando. – Leon disse, nos conduzindo à Casa Grande onde todas as luzes estavam acesas.

Mas ele não foi muito longe. Estancou poucos passos depois e começou a sorrir bobamente para o escuro.

- Qu... - Eu comecei, mas então eu a vi.

- Wow! – Justin fez olhando para o mesmo lugar que eu.

Uma garota caminhava em nossa direção e mesmo de longe era totalmente óbvio que ela era pra lá de linda.

Seus cabelos castanho-avermelhados caíam em grandes cachos até a cintura, seus olhos tão escuros refletiam a luz da lua, ela era pálida, mas tinha a pele bronzeada de Sol. Ela usava um short jeans preto que realçava bem suas pernas bem torneadas e grossas, um all stars cano alto que parava abaixo dos joelhos, também preto. Decidi que nunca usaria um short enquanto ela estivesse por perto. “Minhas pernas são tão finas!” Pensei em desespero. A garota usava a camiseta laranja do Acampamento e o colar em seu pescoço tinha oito contas.

Quando eu olhei para Justin, ele tinha a boca aberta. Leon ainda sorria para a garota.

- E aí vem a Rainha do Acampamento! – Leon disse mais para ela do que para nós, quando ela se aproximou o suficiente.

- Já disse pra você não me apresentar assim. Eu fico constrangida. – Ela disse se jogando nos braços de Leon e o beijando.

Justin fechou a boca no mesmo segundo.

O beijo não demorou e logo os dois nos olhavam com sorrisos lindos nos rostos e o braço envolvendo a cintura do outro. A menina era quase uma cabeça mais baixa que Leon.

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- Gente, essa é minha namorada Jean Dewit.

Justin logo ofereceu a mão, eu apenas sorri.

Ciúmes. Óbvio. Bem ou mal, primos de 1º grau ou não, ele ainda era meu namorado.

- E aí campistas, já conhecem seus pais ou eu terei de acomodá-los em meu querido Chalé 11?

- Filha de Hermes. – Justin disse admirando a garota. Leon viu, mas apenas sorriu. Talvez estivesse acostumado com outros caras babando por sua namorada.

Automaticamente pensei na escola e em como eu e Justin nunca teríamos conseguido o título de Rei e Rainha do Baile por cinco anos consecutivos se eles estudassem conosco. Eles eram absurdamente lindos. Tanto Leon quanto Jean.

Eu, que sempre me achei bonita, estava me sentindo meio humilhada de ficar na presença dela pro tanto tempo.

“Se a filha de Hermes já era tão linda, imagine as de Afrodite?” Disse uma voz em minha cabeça. Eu só via duas opções para elas. Ou eram duas ou três vezes mais bonitas do que Jean, - meu estômago revirou só de pensar – ou elas sentiam vontade de se suicidar quando Jean estava perto. Tal como eu agora.

Senti pena das filhas de Ares.

- Bem, vocês têm que entrar, Quíron está esperando vocês. – Leon disse. – Nos vemos pela manhã. Boa noite.

- Boa noite. – Jean disse.

E eles saíram abraçados, noite adentro.

- Isso é ridículo. – Eu disse enquanto subíamos os degraus.

- O que? – Justin perguntou.

- Ninguém pode ser tão bonito daquele jeito. É crime! E se eu pegar você baban...

- Você é.

- Sou o que?

- Tão linda quanto ela.

- Awn Justin! – Eu disse me derretendo totalmente.

- E você acha que não é crime o que você faz comigo?

- Que eu faço com você?

- Não é certo o jeito que você faz parecer que todos os meus ossos viraram gelatina quando você sorri.

- Justin...

- E também não é certo você me deixar totalmente besta quando você pergunta se está bonita... Faz-me um favor e nunca mais me pergunte se você está bonita... Você é bonita e você sabe! E eu não quero você com essa carinha de triste por achar que a Jean é mais bonita que você. Pode até ser, mas só pro resto do mundo. Você é a Miss Universo do meu Universo, ok?

Eu fiquei sem palavras por um longo minuto. Justin esboçou um sorriso.

- Às vezes eu acho que você se esquece que eu te amo. – Ele disse em voz baixa.

- Às vezes eu também. – Eu disse por fim.

Justin deu um passo em minha direção, mas nem chegou a me alcançar porque a porta da Casa Grande foi escancarada revelando um homem de camisa havaiana estampada, a barriga volumosa comprimindo os botões, a expressão era de puro tédio.

- Olá Senhor D. – Justin disse sorrindo.

- Olá José. – Ele disse em um tom mais tedioso que seu rosto.

- Justin.

- Tanto faz. Quíron está esperando você e Amélia lá dentro.

- Alethia.

- Tanto faz. – Ele disse nos dando as costas.

- José e Amélia. – Justin disse. – Merece?

Dei os ombros.

- Vamos entrar logo.

Logo que entrei na sala, comecei a olhar todos os detalhes, desde a cor azul das paredes, os sofás antigos de couro, a decoração feita basicamente de armas de semideuses e pintura dos deuses até a televisão de tela plana, o aparelho de som super moderno e o computador.

- Olá, meus novos heróis. – Quíron disse com um sorriso amplo.

Ele tinha a aparência exata de que eu me lembrava quando o vi pela primeira e até então única vez, quando eu tinha 14 anos: o rosto enrugado, barba grisalha, cabelos emaranhados e também grisalhos caindo nos ombros, mas com tudo, um rosto extremamente bondoso.

- Wow! – Eu murmurei quando desci os olhos e vi sua parte cavalo.

“É sempre um contraste marcante ver Quíron fora da cadeira de rodas.” Annabeth me disse certa vez. Tive que concordar com ela.

Quando eu voltei meus olhos até Justin, sua expressão havia mudado, ele tinha o cenho franzido, os lábios entreabertos e encarava Quíron. Ele expressava apenas medo.

E ao encarar os olhos de Quíron, eu entendi o porquê.

Tudo passou pela minha cabeça... Todas as coisas estranhas que haviam acontecido até agora, e tinha alguma coisa nelas que agora me amedrontava mais do que nunca... Algumas coisas naquelas imagens me diziam qual seria o meu destino. A morte é claro. Mas antes dela havia algo que eu deveria fazer... Quíron sabia o que.

- Porque tudo isso, Quíron? – Perguntei sem me conter.

- Se acalme criança. – Ele disse colocando a mão em meu ombro.

- Eu não posso! Eu tenho algo a fazer, eu sei que tenho! Mas o que?

- Você ficará sabendo na hora certa...

- Eu preciso saber agora! – Eu gritei.

- Só irá lhe trazer dor se eu te contar agora... – Quíron começou naquele tom calmo, que agora começava a me irritar.

- Eu quero saber! Só um motivo! Um só!

- Sinceramente eu não...

Eu o interrompi outra vez.

- SABE SIM!

- Alethia, calma. – Justin disse.

- Não! Você sabe Quíron!

Quíron me olhava beirando a piedade. Eu imaginei como eu deveria parecer gritando em desespero por coisa alguma. Ele tinha toda razão em me olhar daquele jeito.

- Justin eu achei que você... – Quíron começou, mas de repente pareceu se dar conta de que eu ainda estava ali e parou de falar.

- Não... – Justin deixou a frase morrer. – Ela não aguentaria...

- Eu agüento sim, seja lá o que for! – Eu disse, mas fui ignorada por ambos.

- Melhor vocês irem...

- O Basilisco! – Eu disse de repente – Quem mandou aquele basilisco?

- A pessoa que fez isso com vocês. – Quíron respondeu simplesmente, ainda olhando Justin.

- Do que é que você sabe? – Perguntei a Justin.

- Eu não sei de muita coisa...

- Sabe o suficiente pra me fazer calar a boca.

- Então grite a noite inteira, eu não vou te contar.

- Porque não?!

- Porque se Poseidon não te contou é porque ele não quer que você saiba ainda.

- Ou ele quer que você me conte.

- Claro que não, Alethia.

- Justin!

- Não!

- Conta!

- Não.

- Quíron, por favor! – Implorei.

- Alethia eu continuo com o meu argumento de que não é necessário você saber de nada ainda.

- Eu não vou sair daqui enquanto obtiver algumas respostas.

Justin e Quíron trocaram um olhar de avaliação.

- Qual é, - eu disse – eu não preciso saber de tudo agora, só quero entender porque eu entrei nessa de semideusa!

Justin deu os ombros, Quíron suspirou e me indicou o sofá com a cabeça.

Eu me sentei logo, Justin ao meu lado, segurando minha mão.

- Você já deve ter ouvido da Profecia, não? – Ele começou, eu assenti. – Bem, ninguém sabe exatamente como isso aconteceu, mas vocês foram os escolhidos.

- Escolhidos pra quê?

- A pergunta seria por quem. – Justin murmurou.

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- Que seja.

- Não se sabe quem foi ainda. – Quíron disse.

- Nem os deuses?

- Não. Os deuses, no caso Hades, Poseidon e Atenas, foram apenas escolhidos da profecia também, quase abrigados.

- Obrigados a quê?

- A nos dar os genes de um semideus. – Justin respondeu.

- Você teve uma conversa longa com seu pai não? – Eu disse.

- O que é uma coisa inédita em toda a história. – Quíron disse.

- Imaginei. – Comentei.

- O mais estranho dessa história foi exatamente vocês, que são primos... Namorados... Serem escolhidos.

Eu não sei por que, mas quando Quíron disse “primos... namorados”, meu rosto esquentou. Eu nunca tive vergonha de ouvir alguém me chamar de namorada do Justin, é um pouco estranho começar tão tarde e bem nesse momento...

- Escolhidos...? – Instiguei.

- Escolhidos para “cargos” tão diferentes. – Justin completou colocando “cargos” entre aspas nos dedos.

- Que cargos?

- Olha... – Justin disse se virando pra mim. – Eu juro que eu não sei qual de nós é o que, ok?

- Qual de nós é o que, o quê?

- Os “cargos” que ele mencionou são os mencionados na Profecia, O Herdeiro do Cálice da Vida e Morte e o Escolhido para proteger a melhor criação dos deuses. – Quíron explicou.

- Que criação? – Perguntei.

- Ninguém sabe o que é.

Eu senti uma pontada de decepção ao ouvir aquilo. A menção da frase “a melhor criação dos deuses” eu criei algum tipo de expectativa, desejo sobre o que quer que fosse.

- Bom, acho que essa parte do Cálice é um pouco óbvia, não é não? – Comentei.

- Talvez não. – Quíron disse – Só porque o nome do Cálice menciona “Morte” não significa que esteja diretamente ligado a Justin ou Hades.

- Que Cálice é esse?

- A existência do Cálice, bem como sua utilidade são segredos que os deuses guardam desde que o mundo é mundo. Uma história muito antiga diz que a tal criação tão maravilhosa dos deuses descobriu o segredo co Cálice, por isso também foi transformada em segredo.

- Ninguém, nem uma história, um livro... Sei lá... Tem alguma idéia, dica do que é essa criação?

- Não.

- Como algum de nós é designado a proteger o que sequer sabe o que é?

- Esse é mais um dos vários mistérios pro trás da Profecia.

- Quem fez essa Profecia?

- Apolo. – Justin disse. – Por isso que os deuses foram obrigados a “participar”. Inclui segredos deles e isso não pode ser confiado a qualquer semideus não?

- Eles podiam ter pegado filhos deles pra isso não podiam?

- Quem, por exemplo? Percy e Nico já não eram tão novos e dispostos, quanto na Profecia que cabia a Luke Castellan. – Justin disse.

- Eles tinham vinte e poucos anos quando morreram, estavam na idade de Hércules, não?

- Mesmo que eles se dispusessem a outra profecia, eles não eram mais tão Olimpianos quanto deviam ser.

- Como assim?

- Nico sumiu do Acampamento por sete anos em busca de Angelina, desligou-se de sua parte deus por causa de um sentimento tão humano e banal quanto o amor. – A voz de Justin transpassava ressentimento, quase raiva de Nico, Angie e do amor.

- Você fala como se você não amasse. – disse em voz baixa.

- Eu não era filho de Hades quando me apaixonei.

- Isso quer dizer que se fosse você não teria se apaixonado por mim?

- Talvez.

Eu bufei.

- Obrigada Quíron. Posso ir deitar agora?

- A Cabine Três é toda sua.

Eu me levantei um pouco rápido demais e saí a passadas fortes.

Bati a porta a tempo de ouvir Justin se levantar correr.

- Ale, espera.

- Que foi? Vai dizer que não queria ter se apaixonado por mim agora?

- Não é isso, caramba! Você sabe que eu não posso me controlar agora!

- Vai me dizer que Hades invade sua mente e diz o que você tem que falar e sentir?

- Não é isso, é que essas são características de um filho de Hades...

- Seu... Nico... era um filho de Hades e era perdidamente apaixonado por Angie.

- Eu sei! Você acha que eu não me lembro? Mas é que eu não nasci com isso, essas características foram implantadas dentro de mim, são coisas que Hades sente, eu não posso evitar!

- Quando aprender a se controlar, me procure.

- Ale, para com isso.

- Desculpa, eu não consigo evitar. – Eu disse – Boa noite Justin.