Coisa de Irmão

Continuava a chover muito forte naquela noite e Derek e eu ainda estávamos presos dentro da caverna. Eu continuava a tentar ligar pra alguém, mas não adiantava o meu celular não tinha sinal nesse lugar. Sem carro, sem celular e estando tão longe de qualquer um pra conseguir ajuda, a única coisa que podíamos fazer era sentar ali em frente a fogueira e conversar.
– Já faz umas quatro horas que nós estamos aqui, como pode ainda estar chovendo?
– Parece que essa chuva não vai parar tão cedo e então Stiles, você conseguiu ligar pra alguém?
– Não, não consegui nada até agora.
– Porque você não tenta ligar do meu celular?
– Há, eu ia te contar. É que eu acabei deixando o seu celular cair dentro da lama a alguns minutos atrás.
– O que? Primeiro o meu carro, agora meu celular. Essa noite com você tá me saindo muito caro!
– Porque você tá falando como se fosse culpa minha? Foi você que insistiu pra me dar uma carona, lembra?
– É,mas se você tivesse ficado no carro como eu mandei, o meu celular ainda estaria aqui. Você é muito imaturo e cabeça oca.
– Eu sou cabeça oca? Foi você quem pegou o desvio que nós trouxe pro meio do nada.
– Eu estava apenas tentando te ajudar.
– Dá próxima vez você podia tentar não me ajudar. Séria uma boa ideia.
– Devia guardar o seu sarcasmo pra uma hora em que a gente não estivesse tão na merda como agora.
– Há meu Deus, eu não acredito que isso tá acontecendo comigo. Com tantas pessoas por ai, eu tinha mesmo que ficar preso aqui, justo com você.
– Olha só, ficar aqui com você, também não está sendo até agora a melhor parte do meu dia.
– Você é um lobo muito ranzinza às vezes, sabia disso? Você devia ir a praia e pegar um pouco de sol, pra relaxar. Lobisomens gostam sol, não gostam?
– Quer ver como eu posso te socar?
– Viu só, era exatamente sobre isso que eu estava falando.
– Você não para nunca de falar.
– Foi mal, mas eu vou acabar surtando aqui. Vem cá, já que você tá tão afim de conversar, só me responde duas coisas. Porque você foi embora há uns meses atrás e por que você voltou justo agora.
– Eu já te disse o porque.
– Não você tava mentindo pra não me dizer a verdade. Agora me fala. Porque você voltou?
– Eu voltei porque...eu cansei de ficar sozinho.
– O que?
– Pensa bem Stiles, quando você não está comigo, você está com quem? Com o seu pai, com o Scott e os outros. Mas quando eu não estou com você, estou sozinho. Eu não tenho ninguém mais além da Cora e o Peter. Depois que fui embora, acabei percebendo que eu estava me afastando de você. E isso não iria consertar as coisas. Você tem sido muito legal comigo desde o começo e mesmo assim eu vacilei com você inúmeras vezes. Mas eu queria que você soubesse, que eu sempre quis proteger você, desde o início.
Agora eu havia entendido o que estava se passando pela cabeça dele.
– Derek você nunca vai estar sozinho. Eu sempre vou estar aqui com você. Sabe porque? Porque é isso que os irmãos fazem, tomam conta um do outro. É meio que coisa de irmão.
– Eu acabei estragando tudo de novo, não é?
– Não, a culpa não é sua. Mas agora isso não importa.
– Então...tá tudo bem entre a gente.
– É, eu acho que sim.
Enquanto nós conversávamos um conjunto de luzes no pé da montanha chamou a minha atenção.
– Olha só Derek, luzes. Deve ter alguém passando por ali, agente pode ir até lá e pedir ajuda.
– Tem certeza que eles podem ajudar?
– Bom, não custa tentar.
– Eu não sei Stiles, olha parece que eles estão vindo pra cá. É melhor a gente se esconder
– O que?
– Faz o que eu digo! Confie em mim! Se esconde atrás daquelas rochas.
Ele jogou um pouco de terra com o pé em cima da fogueira para que ela apagasse sem fazer fumaça e veio se esconder atrás das pedras.
Minutos depois, algumas pessoas começaram a entrar dentro da caverna. Estavam todas encapuzadas com máscaras pretas que cobriam os seus rostos, alguns deles também carregavam tochas. Eles seguiram um atrás do outro, andando em direção ao interior da caverna.
Por muita sorte, nós não fomos vistos e assim que todos passaram por nós, Derek e eu fomos atrás deles nos escondendo sem fazer o menor barulho possível.
Eram umas vinte pessoas ali. Eles todos se reuniram em volta de uma espécie de altar. Parecia algum tipo de ritual pagão ou coisa do tipo. Até que então um deles retirou o capuz e tomou a frente do estranho ritual. A máscara que cobria o rosto dele era uma pouco diferente das outras. Essa além de ser preta, tinha traços brancos saindo dos olhos. Ao que parecia, aquele era o líder.
Ele se posicionou em frente ao altar e começou a falar com os outros. Derek e eu tentamos chegar mais perto pra conseguir ouvir alguma coisa, mas nós não podíamos chegar perto o bastante e correr o risco de sermos vistos. Até escutarmos ele dizer "Eu te prometo meu pai. Eu vou terminar o que você começou".
Nessa hora eu acabei encostando na parede da caverna e derrubando sem querer alguns cascalhos, fazendo barulho o que chamou a atenção deles. Derek e eu saímos correndo dali o mais rápido possível antes que eles viessem atrás da gente. Descendo a montanha correndo no meio da floresta, escorreguei na lama e acabei caindo no chão. Derek voltou pra me ajudar a me levantar, segurou a minha mão e me puxou. Continuamos a correr e pouco mais a frente nós chegámos na estrada. Por sorte havia um caminhão passando por ali no momento e eu fiz sinal pra ele parar.
– Caramba essa foi por muito pouco.
– Mas que maluquice foi aquela afinal?
– Eu não sei, mas tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui.
– Como assim?
– Eu não tenho certeza, mas eu acho que todos eles eram lobisomens.

Contínua.