The Big Four: High School

Capítulo 11 - O apelido


Naquela segunda-feira, depois das minhas aulas normais, eu e o Norman nos direcionamos até a sala “A113” para levar nosso castigo. Honestamente, mais um dia de detenção não iria significar absolutamente nada para mim. Acho até que posso começar a ser um “bad boy” se pegar essa mania de detenção. Mas pelo o que a Vanellope me contou, a Merida parece gostar de bad boys? Mesmo assim, o que me preocupava mesmo era o Norman. Ele parecia estar nervoso, e o corpo todo dele se sacudia.

— Ei, tudo bem, Norman? – perguntei, levantando a sobrancelha.

— Eh, sim! – o garoto levou um susto. – Eu... Eu só estou um pouco nervoso por ter que ficar na detenção, sabe?

— Heh, relaxa aí, irmãozinho. – Baguncei o cabelo dele, embora que continuou para cima. Ainda imagino a quantidade de gel que esse garoto deve passar na cabeça todos os dias. – Você se acostuma.

Abri a porta e como o normal nenhum professor estava na sala. Já tinha avistado um pessoal que era próximo a mim, então resolvi me sentar perto deles.

— Soluço! – A Punzie apareceu do meio do nada e me abraçou, bem forte.

— Oi, Punz. – Eu sorri desastradamente.

— Onde você se meteu durante todo esse tempo? – Mavis perguntou, sem tirar seu olhar do seu celular.

— Uh, se vocês quiserem saber... – olhei pela sala rapidamente para inventar alguma desculpa qualquer. – Eu fiquei ocupado, estudando.

— Mas Soluço, ainda faltam tipo... Mais de dois meses para nosso período de provas começarem, tolinho! – a loira riu.

— Eu sei, eu sei! Só quero ter certeza que vou ter um bom resultado.

— Além de ser emo, tem que ser nerd também, palito de dente? – Vanellope riu lá do fundo da sala. Ela estava jogando cartas junto com a Dory e Ralph. Para não me estressar, nem prestei atenção no comentário desnecessário da pequena.

— Soluço, como você veio parar aqui na detenção? A Mavis é até aceitável de estar aqui, mas... – Anna brincou, e Mavis deu a língua para a ruiva - Não é você que é todo certinho?

— Como eu ia prever que a professora iria se irritar por eu ter meio que gritar na aula? – levantei os ombros e ouvi um barulho saindo do meu celular.

Era uma mensagem do Lockwood.

— Janela...? – Resolvi ler a mensagem em voz alta e levantei uma sobrancelha. Meus amigos me encararam sem saber do que aquilo se tratava, até que olhei para a pequena janela que tinha na porta daquela sala de aula.

Flint estava abrindo um largo sorriso, embora que seu olhar estivesse preocupado. Levantei-me da mesa e caminhei até a saída. Abri a porta e coloquei minha cabeça para fora, verificando se não tinha mais ninguém no corredor. O inventor me puxou pelo ombro e levei um leve susto, com a sacudida que ele me deu.

— Soluçovocêtemquemeajudarpoxavocêmeprometeueatéagoranãovivocêfazernadanãoéqueeuvenhoteseguindoporaimaseuestoudesesperadocaratenhoqueusarminhabombinhadeasmamaisdetrêsvezesporhoratalvezeuestejaexagerandomaseuprecisodasuaajuda! – Ele praticamente gritou o mais rápido que podia, jogou sua cabeça no meu peito, choramingando.

— Wow, então, Flint... Amigão... Você pode, uh? – Eu ainda estava perdido nas palavras, mas, mesmo assim continuei a acariciar uma mecha do cabelo dele, tentando acalmá-lo. – Pode repetir o que aconteceu, mas dessa vez com calma? – Dei bastante ênfase na palavra calma, antes que ele soltasse outro trem de palavras seguidas.

— O que aconteceu? – ele tateou freneticamente os bolsos do antigo casaco de laboratório, procurando por algo. – Foi isso que aconteceu! – Um papel laranja amassado foi entregado para mim, pelo o macaco, que berrou o seu próprio nome.

Ali estava escrito que o Baile estava “chegando” e entre os outros detalhes, tinha num canto da folha um desenho que envolvia o cientista maluco batendo a cabeça contra a parede, enquanto uma bonequinha de palito com duas tranças dançava com outro rapaz de palito.

— Pelo o que eu entendi, o baile está chegando e eu como sou tão irresponsável ainda não te arranjei um jeito de falar com a Anna? – Cruzei meus braços e ri.

— Soluço! Não é engraçado, cara! Eu estou surtando! – Flint emitiu um som de irritação, e percebi que desta vez ele estava sério. – Você vai me ajudar não é? Por favor, por favor, por favor!

— Eu vou, eu vou! – Sacudi minhas mãos. – Só achei bastante estranho que nenhum coordenador nos avisou sobre esse baile, ou que eu não recebi esse papel daí também...

— Quando recebi isso estava no meu armário... – Lockwood falou.

— Mas tarde nós conversamos sobre isso. Agora tenho que voltar para essa sala. – Apontei para a porta, abrindo-a.

— Tá bom então!

— Tchau, cara! Fique fora de perigo! – Sorri e fechei a porta, vendo que ele ainda estava na frente da porta, com outro grande sorriso, acenando para mim. Suspirei e voltei para meu lugar.

— O que foi aquilo, palito de dente? – Vanellope debochou, tirando o pirulito de tutti-frutti da boca.

— Nada que te interesse... Pirralha dos doces! – Minha língua se enrolou ao falar e praticamente todo mundo da sala se calou.

— Você me chamou de que? - Vanellope deixou o pirulito dela cair na mesa e me olhou com o maior ódio do mundo, seguido por um grande “oh” surpreso da sala.

— Eu te chamei de... – Hesitei um pouco, e olhei ao redor da sala, vendo que nós tínhamos chamado atenção da sala toda. – Pirralha dos Doces.

A pequena se levantou da cadeira, tirando os braços do Ralph de sua frente, com um olhar raivoso. Ela começou a andar até a minha direção e eu olhei ao para a mesa ao lado.

— Anda para trás, e tenha confiança no que você está falando. – Mavis sussurrou para mim, de um modo inaudível para a garota.

— Soluço, eu confio em você. – Merida me olhou de um modo encorajador e eu assenti com a cabeça.

Eu comecei a andar para trás e Vanellope continuou a andar na minha direção, não deixando nada a parar. Embora que a turma emitia conversas baixas sobre o que iria acontecer não me desconcentrei. Cheguei até o final da sala e deslizei sobre a mesa do professor. Caí no chão e vi por debaixo da mesa que as botas da criança se aproximavam.

— Uh, uh. Fique para trás! Fique para trás! - Levantei-me o mais rápido que pude e peguei na mesa duas réguas, fazendo um crucifixo improvisado. - O poder de Cristo te comanda! O poder de Cristo te comanda!

Vanellope subiu na mesa, com um pouco de dificuldade, mas continuou a olhar para mim.

— Repete. – Ela afirmou

— Repetir o que? – Pisquei nervosamente.

— Do que você me chamou, Palito de Dente? – Ela me puxou pela minha blusa.

— Eu te chamei de... – Olhei para o restante dos alunos e Merida fez um sinal de sim com a cabeça. – Pirralha dos Doces.

Eu engoli seco. A turma esperava vários tipos de reações e Vanellope levantou sua mão para mim. Mavis e Ralph ameaçaram de se levantar, para impedir que a criança reagisse de forma extrema.

— Eu... – Ela me encarou – Adorei esse apelido! – Vanellope me abraçou fortemente e rapidamente arranjou um jeito de subir no meu cangote. – Galera! Um grito para meu grande amigo, Soluço! – Ela abriu um largo sorriso, enquanto a turma ria e gritava entre aplausos. Carreguei Vanny até uma mesa qualquer e a ela sentou-se sobre ela.

— É sério que você gostou? – Perguntei curiosamente.

— Mas é óbvio! – A pequena arrancou um doce qualquer do bolso do seu casaco. – Eu sempre criei apelidos para as pessoas que me importo, e você foi o primeiro que criou um legal para mim!

— Então ninguém nunca criou um apelido para você? – Levantei uma sobrancelha.

—Já criaram apelidos para mim, sim, duh! – Ela riu – Só que eram todos tão de “garotinha”, no diminutivo e “femininos”, tipo “princesinha”. Blergh!

— E você não gostou desses? – Argumentei

— Claro que não! Detesto coisas tão de garotinha, ou femininas! Em minha opinião, só porque sou uma “criança” e uma “garota”, eu não deveria ser tratada desse jeito!

— Então você não gosta muito de coisas de garotas? – Tentei chegar numa breve conclusão.

— Mais ou menos? Não é que eu as odeie, mas coisas cor de rosa não gosto tanto assim. Sempre gostei de um pouco de brinquedos de meninos. Acho que às vezes era pra eu ter nascido um garoto? Isso é estranho, Soluço? – ela me olhou, esperançosa.

— Não, não é não! Não importa o que você for, eu vou te aceitar. – respondi firmemente

— Obrigado por me entender, Soluço. - Vanny reclinou a sua cabeça no meu ombro e suspirou. – Espero não ter te assustado.

— De maneira alguma, Vanny. – Olhei para ela, sorrindo.

— Mas “Pirralha dos Doces” nunca vai ser tão bom quanto “Palito de Dente”. – Vanellope debochou.

— Vai sim! – Retruquei

— É, Soluço, vai sonhando! - ela fechou os olhos.

— Vou mesmo. Na maioria das vezes, sonhar é bom.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.