The Baby Sitter
07. Aceitável
Havia uma agitação comum na mesa da Grifinória. O primeiro jogo do ano contra a Sonserina estava se aproximando e os nervos de todos, como de costume, estavam à flor da pele. James, Albus e Fred discutiam táticas de jogadas de ataque, enérgicos.
A ruiva soltou um bocejo, entediada. Ela praguejou mentalmente a falta de Lily ou Hugo naquele momento. Os quartanistas haviam acabado de partir as pressas para a biblioteca para finalizar uma das atividades de transfiguração.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Rose continuou a remexer a sua torta de frutas secas e nozes, sem interesse real em comê-la, até que a corrente que estava no seu pulso subitamente esquentou-se. O artilheiro de quem seus primos tanto falavam tinha chegado à mesa. Diferentemente dos outros jogadores, o garoto não parecia interessado em falar sobre quadribol.
Malfoy sentou-se ao seu lado.
— Bom dia, Weasley. – ele a cumprimentou.
A garota não respondeu. Há duas semanas ela resolvera ignora-lo o máximo possível. Para a sua sorte desde o dia que eles foram ao beco diagonal, Scorpius aceitara acompanha-la a todos os lugares sem criar confusões. Para o seu desgosto, agora os dois eram obrigados a se suportar por muito mais tempo que antes.
O loiro puxou a jarra de suco de abóbora que estava na frente de Rose e despejou parte do líquido no copo.
— Ainda irritada, ruiva? – ele indagou.
— Não é da sua conta. – Rose respondeu, seca.
Malfoy bebeu um gole de suco e balançou a cabeça em desagrado.
— Não sabia que você era tão rancorosa assim.
Rose ergueu uma sobrancelha. Ela pôs os cotovelos sobre a mesa e enlaçou os dedos das mãos. Sua cabeça, levemente inclinada para o lado, fitava Scorpius com certo interesse.
Os lábios da ruiva se abriram em um meio sorriso, totalmente desdenhoso.
— Tem certeza que eu que sou rancorosa, Malfoy?
Se o olhar de Rose transmitisse veneno, o loiro teria morrido em seguida. Porém, como o efeito das íris azuis era inócuo, Scorpius apenas riu abertamente.
— Ok, você me pegou. – ele assumiu. – Talvez não seja só você.
— Talvez?
— É, talvez. – o garoto confirmou. – Agora me passe essa tigela aí do seu lado, por favor.
Rose empurrou a tigela de ovos mexidos na direção de Scorpius.
— Espero que você morra engasgado. – ela desejou.
O loiro riu, achando graça na provocação.
— Hoje não, ruiva. – disse, calmo. – Hoje não.
...
Irritado, Albus passou a mão pelos cabelos negros, bagunçando-os mais ainda.
— Assim não dá, Scorpius! – ele ralhou. – Eu não posso ficar escondendo a sua situação para o James por muito mais tempo!
O garoto tivera que arrastar o amigo para um canto reservado, antes que os seus colegas vissem Scorpius prestes a desmaiar.
— Eu vou dar um jeito. – o loiro garantiu.
— Não, você não vai.
O moreno suspirou. Scorpius o fitou com um olhar de súplica.
— Al, eu só preciso de tempo até alguém descobrir a cura para essa merda de desmaios. – o loiro pediu.
— E o que eu faço enquanto a gente espera? – Albus replicou. – Deixo você cair da vassoura no meio do jogo? – sugeriu sarcástico. – É isso que você quer outra vez?
Scorpius abaixou a cabeça.
— Não. – respondeu.
— Você tem que contar a verdade ao James.
— Eu não posso.
— Scorp...
— Albus, o quadribol é minha vida! – Scorpius bradou. – Você sabe disso!
Albus assentiu com a cabeça.
— Eu também sei que você tem que estar bem para jogar. – o moreno encarou o amigo. – E não é isso que eu tenho visto ultimamente.
Scorpius desviou o olhar.
— A culpa não é minha. Eu estava bem até aquele dia detestável.
— Culpe a Rose o quanto você quiser, Scorpius, mas saiba que isso não minimiza o que já está feito.
— Não minimiza?! – o loiro perguntou, magoado. – O que você faria se não conseguisse passar uma manhã sequer sem cair pelos cantos por que a sua ex-namorada lançou uma azaração maldita em você?!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O garoto não respondeu. Ele não tinha palavras. Scorpius insistiu em plenos pulmões.
— Me responde, Al! – exclamou. – Você já tentou se colocar no meu lugar?!
Albus sentiu-se um pouco envergonhado por não enxergado antes o que realmente se passava com o amigo.
— Não. – ele respondeu. – Eu não tentei.
— Foi o que eu imaginei.
Scorpius se levantou e deu as costas a Albus.
— Você nunca a esqueceu, não é? – o moreno perguntou de maneira retórica.
O loiro deu de ombros.
— Ela me odeia. – ele disse. – Creio que isso seja o suficiente para mim.
Albus sabia muito bem que aquela não era a resposta verdadeira.
— As coisas não acontecem dessa forma, Scorp. – o garoto salientou. – Você sabe disso.
— O que eu sei é do agora. E, neste exato momento, eu estou fazendo o que você me pediu. – o loiro rebateu. – Não voltei a prejudicar a Weasley, ainda que eu continue impedido de ter a minha liberdade, de andar livremente por aí sem ter alguém as minhas costas me dizendo o que fazer, e com uma pulseira estúpida no meu braço, que muda de temperatura cada vez que eu resolvo desviar o caminho para chegar mais rápido à aula ou ao salão comunal.
Scorpius virou-se novamente na direção de Albus e encarou o encarou o amigo.
— Eu tô fingindo que nada aconteceu, Al, só que é difícil. É difícil esquecer que tem uma merda de feitiço estranho dentro do meu corpo. – disse, com amargura. – Por isso a única coisa que eu te imploro é que você não tire o quadribol de mim. – pediu. – Eu já perdi quase tudo que eu considerava importante dentro desse castelo, não posso abrir mão disso também.
Albus assentiu com a cabeça, pesaroso. Ele se levantou e pôs a mão no ombro do loiro.
— Me desculpe. – falou com sinceridade.
Scorpius sorriu de canto.
— Ok... – o loiro disse. – Só vamos voltar ao treino agora, por favor, antes que o seu irmão venha nos buscar pessoalmente.
Os grifinórios subiram em suas vassouras e partiram em direção ao centro do ginásio.
...
— Rosie, está me ouvindo?
A voz de Dominique Weasley despertou a atenção de Rose. A ruiva mais velha estava em pé e de testa franzida, ao lado da prima.
— Desculpe, Domi. Eu estava distraída. – Rose disse. – O que você estava a dizer?
— Eu te perguntei se você viu o James por aí.
— Ah, sim. O Jay estava aqui agora a pouco, mas partiu para o ginásio com os garotos. Você sabe, o quadribol.
— Ah, verdade. – Dominique rolou os olhos. – O jogo é esse sábado. – comentou desgostosa.
Rose sorriu e a prima sentou-se ao seu lado.
– E você? – a garota mais velha questionou. – Não vai para a aula?
— Eu tenho um tempo vago antes da aula de Runas.
— Por isso que você está com essa carinha de besouro-da-melancolia?
Os olhos azuis escuros da corvina deixavam claros que ela sabia que não era essa a resposta.
Dominique afagou a mão de Rose.
— O que aconteceu? – indagou, com certa preocupação.
Rose suspirou.
— Eu ainda não consigo acreditar que eu perdi a minha chance de conseguir uma vaga no concurso literário. – se lamentou. – E tudo por causa daquele idiota do Malfoy.
— Ei, não fique assim. – a corvina a consolou. – Ano que vem você pode tentar outra vez.
— É que é tão... frustrante. – Rose admitiu, entristecida. – Eu esperei tanto por essa chance, Domi.
— As oportunidades virão com o tempo, Rosie. O importante é não desistir.
— Isso eu não farei jamais!
— Essa é a Rose Weasley que eu conheço!
A ruiva mais velha cutucou o braço da prima, brincalhona, e arrancou mais risos da garota.
— Por falar nisso, quando você irá retornar com os livretos? – Dominique indagou, interessada. – Essa escola não é nada sem o Diário de Hogwarts!
— A McGonagall prometeu que se eu me comportar, posso voltar a escrevê-lo depois do natal. – Rose contou.
— Isso é maravilhoso, Rosie! Não vejo a hora de ver na ativa outra vez!
— Eu também.
Uma coruja negra apareceu no alto do salão. A ave planou sobre a mesa, de asas abertas, e baixou voo, parando graciosamente em frente a Rose e Dominique. A ruiva mais nova arregalou os olhos azuis, assustada.
Dominique estendeu a mão em direção à coruja e pegou a carta que ela trazia.
— É para você, Rosie. – a garota disse. – É do Profeta Diário!
A respiração da grifinória quase cessou. Dominique ergueu a carta em sua direção e trêmula, Rose a aceitou.
— Vai, abre! – Domi incentivou.
Rose assentiu e rompeu o lacre do envelope. Ela retirou o pergaminho de dentro e começou a lê-lo.
PROFETA DIÁRIO
VIIIª EDIÇÃO DO CONCURSO LITERÁRIO BRUXO ANUAL
Resultado da Iª fase
Notas de aprovação:
Ótimo (O)
Excede Expectativas (E)
Nota de reincidência:
Aceitável (A)
Notas de reprovação:
Péssimo (P)
Deplorável (D)
Resultados Obtidos por Rose Granger-Weasley
Domínio da norma (P)
Facilidade de compreensão textual (D)
Irreverência da temática (O)
Argumentação (O)
Compreensão da Proposta (A)
Média final
Aceitável (A)
Candidato (a) selecionado para a fase de reincidência.
Data da apuração: 10 de dezembro.
Boa sorte.
O corpo de Rose tremeluzia de emoção. Ela havia ganhado uma segunda chance. Dominique a encarava, a espera de uma reação da grifinória. Impaciente, a ruiva mais velha arrebatou o pergaminho da mão da prima.
Domi arregalou os olhos ao ler o que estava escrito.
— Você passou! – a corvina praticamente gritou. – Rosie, você está dentro!
— Eu estou! – a garota concordou.
— Sim!
As duas se abraçaram, empolgadas. A excitação inicial foi substituída por um pouco de receio. Rose sabia que não havia literalmente passado. Ela ainda teria que ser avaliada de alguma forma.
A possibilidade de um novo fracasso fez o estômago de Rose embrulhar.
— Quer dizer, eu fui selecionada para a fase de reincidência. Terei que fazer uma prova. – ela comentou, racional.
— Tenho certeza que dará tudo certo dessa vez. – Dominique a incentivou.
— É o que eu espero.
O pensamento de Rose voou para longe. O que Malfoy sentiria ao saber que o seu plano não dera certo? A garota não pode deixar de se deliciar com a possibilidade de pagar na mesma moeda, pelos dias de sofrimento.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Inclusive, ela estava cheia de ideias naquele momento.
— Ai, Domi... eu estou tão feliz! – exclamou. – Tão feliz que eu preciso comemorar!
— E o que você vai fazer?
Rose sorriu, mas não respondeu de imediato. Dominique franziu o cenho. Ela conhecia a prima e sabia que aquelas feições não significavam boa coisa.
A grifinória se levantou do banco, empolgada.
— Rosie, o que você vai fazer?! – a corvina perguntou outra vez, em plenos pulmões.
Já há alguns metros de distância, a garota parou de andar e olhou para trás.
— Nada, Domi. – gritou em resposta. – Nada...
A ruiva mais nova sorriu, maliciosa.
— Por enquanto. – sussurrou para si mesmo.
Saltitante, Rose Weasley deixou o grande salão.
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