No dia seguinte depois de um café da manhã generoso e uma palestra sobre relacionamentos os casais foram convidados a fazer uma atividade de casal, eles foram colocados em um micro-ônibus e andaram por cerca de uma hora por uma estrada no meio de uma mata, quando pararam o casal palestrante e dono do hotel explicou que cada casal seriam deixados em vários pontos diferentes da mata e que estavam do lado oposto do hotel e que a brincadeira era que cada casal sozinho deveriam voltar ao hotel em segurança, e haveria três modos de voltarem, pela estrada de onde vieram o caminho mais longo e difícil, pela mata o caminho mais curto e prazeroso ou se desistissem da brincadeira apertassem o número nove do celular que estava dentro da mochila que foi entregue a cada casal e uma equipe de resgate os pegariam pois os mesmo possuíam um GPS ligado a central do hotel, a decisão era de cada casal.

Callie e Arizona foram o terceiro casal a ser deixado no meio da mata, com uma mochila que continha água, lanches, um celular, uma bússola e uma faca, e com a instrução que deveriam sempre seguir ao sul para chegarem ao seu destino.

– Então Senhora não gosto de acampar, o que vamos fazer?

– Você está me odiando?

– Não só me sentindo naquele filme terapia de casais espero que não tenha algum bicho aqui querendo nos comer, já que estamos muito longe do mar e tubarões é impossível.

– Talvez devêssemos voltar pela estrada pode ser mais demorada, mas também mais seguro, ou apertar o nove e pedir para nos resgatarmos.

– Ou talvez essa seja uma analogia tipo, voltar pela estrada e cometermos os mesmo erros, usar o celular e desistir ou entrar nessa mata e seguir em frente sem saber os perigos e obstáculos que vamos achar pela frente.

– Então você acha que se voltarmos pela estrada não estamos preparadas para continuar nosso casamento de forma madura e olhar para frente que toda vez que as coisa ficarem difíceis nós cometeremos os mesmo erros e se chamarmos para nos tirar dessa aventura idiota significa que devemos terminar tudo e seguir em frente sozinhas, mas se entrarmos nessa mata significa que estamos prontas para seguir em frente e enfrentar toda e qualquer situação?

– É eu acho e você?

– Isso é ridículo e propaganda enganosa daquele site, tá que a palestra foi boa eles tocaram em pontos que realmente estamos vacilando a muito tempo e as acomodações e a comida são de primeira, mas essa atividade é ridícula e tenho uma prótese na perna como acha que vou conseguir andar no meio dessa mata, eu não gosto de matas elas me trazem más recordações?

– Acho que essa é a questão se estamos aqui com o objetivo comum de nos reconectarmos, acho que devemos entrar na mata e enfrentarmos juntas os desafios, e quanto a sua prótese você aguenta ficar oito horas em pé sobre ela com pequenos intervalos de descanso, acho que podemos ir devagar e caminhar e descansar, eles disseram que o objetivo é voltar para o hotel não disse que temos que chegar primeiro, o que você quer fazer?

– Não quero me divorciar Calliope, e não quero cometer os mesmo erros, quero que a gente volte a ser um casal de novo mas melhor que antes, que sejamos mais fortes do que nunca fomos, é como a palestrante disse hoje de manhã um fio sozinho é fácil de arrebentar, mas quando nós o dobramos fica bem mais forte e capaz de suportar maior peso, acho que já fizemos muitas coisas sozinhas está na hora de voltarmos a fazer juntas de sermos uma só de novo e muito melhores e mais forte.

– Eu também, então é bom que você saiba como usar a bússola, vamos precisar dela, para encontrarmos o caminho até o hotel.

– Eu nasci em uma família de marinheiros Dra. Torres, nós aprendemos a usar uma bússola ainda no berço.

– Marinheira Robbins consulta ai a nossa bússola e nosso mapa, vê que lado fica o sul quero chegar ao hotel antes do jantar e coloca esse boné e passa protetor solar, que seu nariz e suas bochechas já estão vermelhas, não quero dormir com a mulher pimentão.

Callie colocou o boné na cabeça da sua esposa e passou o dedo pelo seu nariz. Arizona aceitou o conselho da esposa ajeitou o boné e passou protetor solar no seu rosto e nos braços em seguido passou no rosto e braços da sua esposa.

– Não é porque você é morena que não esteja sujeita ação do sol meu amor.

Callie sorriu e deixou ser cuidada pela esposa que em seguida guardou o frasco na mochila e consultou a bússola e o mapa, identificou a direção, colocou a mochila nas costas e se pôs a caminhar.

– Espera!

– O que foi Calliope o sul fica para aquele lado.

Callie caminhou até Arizona e pegou a mochila das suas costas e segurou sua mão.

– Eu levo a mochila na primeira hora depois você leva e vamos revezando.

– Certo.

Arizona Sorriu e segurou firme na mão da esposa e ambas caminharam em silêncio, um silêncio bom onde só ouvia o barulho do vento balançando as folhagens das arvores e os pássaros cantando.

– Será que essa mata tem cobras?

– Você não deveria ter medo de cobras Calliope, você é uma mulher bissexual.

– O que isso tem haver com as cobras?

– Cobras, pênis é quase igual.

– Não vejo com dessa forma, e esse negócio vagina x pênis, o que preferir vaginas ou pênis, eu não tenho uma preferência, apenas tenho a preferência de estar com a pessoa que amo independente de se ela tem uma vagina ou um pênis no meio das pernas e como ela vai fazer sexo comigo, a muito tempo eu descobri que amor vai muito além de sexo.

– Você amava Mark, por isso dormiu com ele?

– Eu amava Mark, mas de uma forma diferente, Mark era meu melhor amigo, sexo com ele era fácil e confortável não precisávamos de jogos de sedução e outras coisas para transar era só querer e rolava, na verdade sexo com Mark era apenas uma válvula de escape que nós dois usávamos para não pensar sobre nossas vidas.

– Foi assim quando ficou grávida de Sofia.

– Sofia foi concebida depois de uma bebedeira, aquela noite perguntei a Teddy se você perguntava de mim e ela disse que você estava muito ocupada praticando medicina para isso, Mark sugeriu que eu fizesse um limpeza de paladar e ficasse com outra pessoas eu tentei uma ruiva que conheci no bar mas não deu certo ela só queria o telefone do meu cabelereiro e Mark estava lá disponível, dormi com ele porque queria esquecer você, a bebedeira foi a desculpa para não usarmos proteção, mas o maior motivo é que pensei que se eu transasse com outra pessoa as suas lembranças, o toque, o cheiro iriam desaparecer da minha memória, mas tudo o que tive foi um grande e frio vazio. Eu disse ao Mark que sexo com ele me deixava triste, porque depois me lembrava de você.

– Você disse a Mark Sloan que sexo com ele te deixava triste e ele?

– Isso soou rude ele não encarou muito bem e disse que pensava em Lexis quando estava transando comigo.

– Vocês dois eram duas criaturas sem noção mesmo.

– Ei está me chamando de sem noção na minha cara.

Callie sorriu e deu um puxão na esposa parando e encarando-a.

– Foi por isso que não se envolveu com ninguém quando nos separamos.

– Quando nos separamos eu estava arruinada e já tinha tido essa experiência no passado a única coisa boa dela foi Sofia, então achei que deveria tomar uma outra atitude de concentrar em mim, depois do acidente de carro, o nascimento de Sofia e nosso casamento tudo parecia perfeito eu estava no céu tinha tudo o que sempre sonhei, tinha meu amor, minha filha, minha carreira estava deslanchando e ai veio o acidente de avião e as coisas ficaram muito difíceis de repente me vi no inferno e nem sabia como cheguei até lá, perdi meu melhor amigo e minha esposa me odiava.

– Eu não te odiava.

– Quando autorizei Karev a cortar sua perna eu sabia o que estava fazendo e o que iria enfrentar pela frente, sou uma cirurgiã ortopédica já fiz muitas amputações nesses meus poucos anos de carreira, mais do que gostaria, então eu sabia do estava por vir só não imaginei que passaria por isso sozinha.

– Desculpe Callie eu como médica deveria ter entendido.

– Eu entendia você, entendia que naqueles momentos não eram a Dra, Robbins e sim apenas a Arizona que estava sofrendo eu entendia, por isso lutei, lutei para você se erguer, porque eu acreditava que em algum momento a mulher forte e destemida por quem me apaixonei iria surgir e tudo voltaria ao normal, você voltaria para mim e eu não estaria mais sozinha.

– Você nunca me disse isso.

– Você nunca me perguntou como me sentia.

– Desculpa por não estar lá quando Mark se foi.

– Eu sofri muito quando tive que enterrar Mark, enterrar meu melhor amigo foi uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer, mas ele quis morrer ele perdeu a vontade de viver, ele queria se encontrar com Lexis, mas você estava viva ali perto de mim e ao mesmo tempo que salvei a sua vida eu a matei e não sabia como ressucitá-la.

As lágrimas escorriam pelo rosto das duas mulheres, mas ambas estavam olhando nos olhos uma da outra e suas mãos estavam presas juntas, esse desabafo de Callie era algo que Arizona não imaginava, em todo o tempo da sua recuperação ela nunca parou para pensar em como sua esposa se sentia, ou até mesmo sua filha ela estava tão concentrada em si mesmo, em sentir pena de si mesmo e culpar sua esposa pela perda da perna que não parou para olhar para Callie, a mulher que não desistiu dela.

Elas se puseram a caminhar novamente sem perder o contato das mãos agora Arizona apertava mais a mão da morena, depois de mais um tempo em silêncio Arizona pediu para pararem e descansar em dois anos de uso de prótese ela aprendera a entender seus limites.

– Callie vamos parar e sentar um pouco na sombra daquela árvore.

As duas mulheres sentaram uma ao lado da outra se refrescaram com um pouco de água.

– Você acha que Mark está com Lexis.

– Não sei prefiro acreditar que sim.

– Eu tinha ciúmes de Mark, ainda tenho mesmo com ele morto, durante a gravidez de Sofia ele entendia mais você do que eu, ele entendia sobre seu lado hétero ele parecia conhecer mais você do que eu e ele estava em todo lugar, foi por causa desse ciúmes que não prestei atenção na estrada e quase matei você e Sofia.

– Você salvou a vida de Sofia, foi você que fez seu coração bater por que seu coração batia junto com o dela desde o começo, você pediu para eu sobreviver para você, então estou aqui, porque você me pediu.

Callie se inclinou e beijou os lábios da loira.

– Eu demorei muito tempo entender como Mark interfiria em nossa vida, o quanto ele era espaçoso.

– Eu sei até você expulsá-lo do nosso apartamento.

– Eu também demorei entender que não preciso de duas pernas para ser feliz só da mulher que amo e minha filha, eu fiz muitas besteiras Callie, até hoje eu não sei porque me deixei levar por Lauren, Leah eu sei, mas Lauren, não sei por que cometi um erro tão estúpido como esse, eu me senti tão vadia, quando você foi embora levando Sofia eu enlouqueci pensei que nunca mais as veria até Meredith me dizer onde estava.

– Você não estava feliz por isso dormiu com outra pessoa.

– Eu estava perdida e não conseguia encontrar o caminho de volta, eu queria voltar para você Calliope, mas não conseguia, mesmo que nossa vida parecia estar nos trilhos novamente eu me sentia sem direção, eu me via ainda naquela floresta, sugeri termos outro bebê porque achei que se tivéssemos algo novo para nos preocupar esqueceria tudo que se passou com minha perna e aquela floresta os choros, os animais querendo comer o corpo da Lexis, Mark no meu colo querendo morrer, Meredith chorando pela irmã a dor que senti, mas o bebê não vingou e senti que tinha perdido de novo, tinha fracassado novamente e me vi sem direção outra vez.

– Por que nunca conversamos sobre isso antes, na época?

– Por que você não me perguntou como eu me sentia, você queria tanto me ter de volta que não via que não estava conseguindo, eu pensei que não poderia perder mais nada, ai então eu perdi você.

– Arizona ...

– Espere, Leah foi apenas uma vítima que usei para não sentir tanta dor, não me orgulho disso, assim como no me orgulho de ter cometido o maior erro da minha vida e quase arruinado nossas vidas, eu usei uma menina inocente para fugir da solidão, do medo de ficar sozinha, do medo de não aguentar te ver seguindo em frente sem mim. Foi quando perdi você e de alguma forma perdi Sofia é que consegui ver que agora eu não tinha mais o que perder que o fundo do posso estava ali debaixo da minha bunda e não conseguia me levantar até o dia em que você apareceu na porta do meu quarto de hotel e me pediu para voltar.

Callie abraçou a esposa que se aconchegou em seu obro quente e as duas choraram juntas, por tudo aquilo que elas passaram e por tudo que elas se permitiram passar.

– Eu te amo Calliope e te prometo que não vou ficar um dia sem dizer que te amo e de te demonstrar o quanto eu te amo, você nunca vai se arrepender de ter me dado essa nova chance de começo.

– Eu também te amo Arizona e nunca o sol vai se por sem eu te dizer várias vezes ao dia que te amo, estou feliz por ter nos dado essa chance.

Callie empurrou delicadamente esposa a deitando na grama e beijando seus lábios, Arizona recebeu o beijo com entusiasmo, suas línguas se perderam na boca uma da outra, cada qual querendo explorar mais e mais a boca da outra as mãos já começavam a se perder no corpo e entrar por baixo do tecido fino da camiseta, elas tinham necessidade de sentir a pela nua e quente, quando algo caiu nos costas de Callie que imediatamente sentindo o bicho em contato com seu corpo levantou-se e saiu pulando tirando a camiseta e a jogando longe.

– Oh! Jesus! isso é uma cobra, ela me picou, eu vou morrer, tira isso de mim.

Arizona sem entender o que tinha acontecido se levantou o mais de pressa possível vendo a esposa arrancar a camiseta e jogá-la longe e se colocar apenas de sultien no meio do mato.

– Callie o que houve?

A loira tentava acalmar a morena que continuava pulando e apontando a camiseta jogada no chão.

– Uma cobra, tem uma cobra debaixo da minha camiseta acho que ela me picou.

– Fica calma deixa eu ver.

– Como posso ficar calma uma cobra acaba de me atacar, já estou sentindo o veneno tomar conta do meu corpo.

– Callie não tem nenhuma marca em seu corpo.

Arizona caminhou em direção a camiseta jogada no chão.

– Arizona pare, ela pode te atacar também e seremos as duas envenenadas.

– Callie nada te picou, vou usar esse graveto para levantar sua camiseta e se tiver mesmo uma cobra ali eu usarei minha perna biônica para matá-la, não tem como ela envenenar um plástico, pode ser assim.

– Tá bom.

Arizona caminhou lentamente até a camiseta jogada na grama e com um graveto a levantou e começou a rir sem parar, ela mal conseguia falar de tanto rir.

– Callie isso não é uma cobra é apenas um cipó verde que caiu da árvore.

Callie ficou indignada com os risos da esposa e tomou a camiseta da ponta do graveto a chocalhou e vestiu novamente.

– Vamos sair daqui.

Pegou a mochila e se pôs a andar seguido pela esposa, por um bom tempo Arizona não podia lembrar da cena de sua esposa pulando e arrancando a roupa pensando estar sendo atacada por uma cobra que o riso vinha fácil, mesmo com Callie não achando nenhuma graça naquilo.