Tequila Branca
Um Convite e um Vestido
Durante a tarde, Hermione reuniu alguns ingredientes estratégicos para combater o desespero e se trancou no seu apartamento. Ela tinha tudo do que precisava: sorvete, uma barra de chocolate e chantilly. Entupindo-se de glicose conseguiria esquecer as juras de morte engajadas por Mary e aproveitar um programa vespertino na tevê a cabo.
Seu celular vibrou muitas vezes sobre a mesinha de centro, na sala. Cinco vezes foi Padma, dez vezes foi Harry (a fofoqueira da Padma já fora correndo contar a novidade), uma vez foi Mary (certamente desejando mais pragas) e duas vezes foi Rony. Ela quase o atendeu, mas sentiu que sua voz a trairia de alguma forma. Hermione precisava era de um tempo sozinha.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!De repente, aquele nome se iluminou no visor do celular.
Dorah Vyrlant.
Hermione apostava certeira sobre o teor da conversa, e poderia escolher ignorar como os demais, porém acabou levando o aparelho ao ouvido e dizendo:
— Dorah... olá.
— Olá, Hermione Granger — a voz da mulher era inabalável — Fiquei sabendo da sua surpresa.
A morena correu os olhos pela sala, perdida, nenhuma desculpa vindo a luz da consciência.
— Eu estou decepcionada, estou sendo honesta. Esperava que você tivesse o êxito que tanto desejei nessa aposta. Fiz uma visão errada de você.
— Dorah... eu...
— Ele é um belo rapaz, sim. Na sua idade eu caía nesses truques feito um coelho cercado por armadilhas de ursos. É triste, é triste. Conversei com sua ex-chefe ainda há pouco e lamento duplamente pelas consequências.
— Estou bem — murmurou a morena.
— Desejo verdadeiramente que as suas escolhas não a destruam, embora já saiba, de longa data, como todas essas histórias terminam.
— Como você pode saber? — disse ela numa agressividade mal calculada.
— Uma mosquinha zumbiu no meu ouvido, Hermione. Ela se chama experiência. Nenhum deles presta e querer ser cega ao fato deixa sua inteligência em cheque. Enfim, boa sorte.
— Sou bem... — rebateu ela, entretanto foi interrompida pelo telefone mudo — CRETINA! — exclamou furiosa, tendo a certeza que não deveria mesmo ter atendido o chamado.
***
Rony ficava impaciente quando tentava ligar para Hermione e ela não atendia. No peito, vivia uma sensação esquisita de que a perderia por qualquer bobeira.
Ele tomou um táxi naquela noite e parou em frente ao edifício dela. Ainda ficava besta de ver como sua namorada conseguia manter um condomínio sofisticado com o salário de professora de escola primária. O apartamento era herança, uma informação fisgada no primeiro dia que se conheceram, mas mesmo assim a academia particular, a piscina aquecida, o elevador panorâmico e todas as câmeras de segurança não deveriam sair por uma reles bagatela mensal.
Sim, Hermione continuava sendo um mistério e ele amava desvendá-la.
Rony cumprimentou o porteiro e teve o acesso ao prédio autorizado de imediato. Estava por ali todos dias. No elevador, ajeitou a grande caixa que trazia nas mãos debaixo do braço, imaginando a reação de sua morena ao ver a surpresa.
— Eu fico chateado sempre que tenho minhas ligações ignoradas. — foi logo dizendo ao Hermione abrir a porta.
— E eu nunca posso fazer uma máscara de pepino na cara. Você gosta de aparecer do nada. — ela brincou, deu um passo para o lado e ele entrou no apartamento.
— Como vai? — Rony perguntou docemente. Chegou bem perto dela e beijou-a devagar nos lábios.
— Tudo certo.
— Por que essa carinha, então? — algo na tez dela o incomodou. Um pequeno vinco de preocupação... ou seria cansaço?
— Dia cheio. — Hermione suspirou, fechando a porta.
— Aqueles pirralhos não são fáceis, eu suponho. Mal aguentei meia hora naquela classe.
— Foi a reunião com a direção mesmo, me desgastou. O que é isso na sua mão?
— Isso? — o ruivo abriu um sorriso conspiratório — Isso é o remédio contra seu desânimo, meu amor. Vamos, abra.
Ela pegou hesitante a caixa oferecida. Então rumou para a sala e abriu a embalagem lilás no sofá. Embrulhado carinhosamente em papel seda havia um vestido amarelo ouro, frente única e saia longa, nas exatas medidas do corpo dela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— O que vai acontecer aqui? — Hermione encarou-o, intrigada.
— Se você quiser vestir agora, na minha frente, não reclamarei nadinha, mas esse vestido é meu presente para amanhã. Quero te levar numa festa muito importante para a minha carreira, Mione. Dificilmente aceitarei não como resposta e tratei logo de comprar seu vestido para nem precisar ouvir a desculpa do “não tenho roupa”.
Hermione escorreu para o sofá, onde ele já estava confortavelmente esparramado.
— É lindo.
— Por que você tá assim, hein? Você parece triste.
— Deve ser a TPM — balançou a cabeça — Eu tenho de ir então?
— Por favor. Por mim — Rony barganhou pegando a mão dela e beijando — Você vai gostar, tenho certeza, e ainda pode levar alguma amiga sua. Ah, pra se animar mais: a festa em questão é o aniversário de Dorah Vyrlant, a autora premiada da saga Arthur Scott e os Feiticeiros do Oeste. Impossível não a conhecer, hã?!
Ele viu Hermione ponderar, morder os lábios indecisas, fitar um ponto vazio entre ele e a parede e anunciar:
— Tudo bem, eu vou, mas quero levar dois amigos.
— Leve dez!
***
— Desse jeito você coloca a Mary, a Dorah e meia festa de boca aberta. — opinou Harry Potter vendo a amiga arrumada para a festa daquela noite.
Hermione se olhou no espelho, avaliando se Harry estava sendo sincero ou se era somente seu típico exagero. O reflexo no vidro era esbelto. Um corpo pequeno ondulando o tecido dourado sem marcar com exagero, porém dando volume dos lugares certos. Os cabelos ela amarrou num coque frouxo, fios rebeldes caindo pela nuca, e a maquiagem Padma havia feito os últimos retoques.
Naquele visual ela encararia Dorah Vyrlant de frente e diria, sem palavras, como estava feliz ao lado de Ronald Weasley. Ele não era um meio de alcançar um prêmio. Era alguém especial nos anseios dela.
— Tá uma gata mesmo. — Padma concordou com Harry.
A morena observou os amigos, sentados na sua cama, pressurosos para acompanhá-la evento. Harry vestia um elegante smoking preto e Padma ficara simplesmente radiante num modelo tubinho marrom.
— Ele deve estar chegando então vamos repassar as coisas: Eu sou professora, estou empregada, um pouco desanimada porque meus hormônios oscilam bastante, e tenho de ser ocultada, melhor, emparedada, se a Mary olhar na minha direção.
— Eu ainda duvido que a Mary vá aparecer. A maluco tá se sentindo humilhada. — Padma retorquiu.
— Nunca duvide do poder de importunar da Srta. Shermman, Padma.
— Eu digo...
A campainha tocou, interrompendo-os. Hermione pegou a bolsinha no criado-mudo e disse:
— Deve ser o Ronald.
Os dois amigos apagaram as luzes do restante da casa enquanto Hermione ia atender ao namorado. Ele, tão elegante num social como da primeira vez que ela o vira, dedicou um olhar brilhante para a silhueta da morena:
— Quando eu comprei esse vestido eu sabia que o amarelo te deixaria mais irradiante ainda. — disse apaixonado, e rumou para beijá-la.
— Eu tô de maquiagem, espertinho. — Hermione riu.
— Só um beijo?
— Nem um.
— Que... — Rony ia barganhar, porém parou abruptamente ao ver duas sombras surgirem as costas da namorada — Olá.
— Esses são os meus acompanhantes. A Padma e o Harry.
— O substituto? — o ruivo franziu o cenho.
— É, o substituto! — exclamou Harry impaciente — Como vai? — jogou uma mão agressivo, para Rony apertar.
Rony olhou indeciso de Hermione para Harry e a morena fez um sinal de pouco caso. Então, trancou a porta do apartamento e, após as saudações, os quatro partiram para esperava festa.
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