— Ai Telma, peguei um caso complicado…

Telma tirou os olhos da planilha que estava completando, e virou-se para Renata. Sentia um certo enfado de que as colegas de estágio viessem tantas vezes interrompê-la para pedir auxílio, mas isso era um sinal de que a sua reputação de boa profissional vinha sendo reconhecida naquele escritório.

— A dona Marli pediu para eu conversar com um garoto que fugiu da casa da mãe e foi para a casa do pai. Eu quero dar o parecer a favor do pai, mas quem tem a guarda é a mãe. Eu fico com pena dela, mas ao mesmo tempo acho que o pai é mais legal com o garoto. Nossa, a gente pega cada rabuda aqui, esse nosso trabalho mexe com a vida de uma porção de pessoas! Um conselho errado que a gente dá, pode ferrar com a vida de muita gente, e aí eu não vou nem conseguir dormir direito...

Telma largou a planilha por um instante, e pensou longamente antes de responder.

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— Acho que eu sei de quem você está falando. O garoto se chama Gilberto, é?

- É esse mesmo.

— Eu soube que o pai dele traiu a mãe, e foi por isso que eles se separaram. Você pode colocar assim: se o seu pai traiu sua mãe, como é que você pode confiar nele?

Renata ficou pensativa. No dia seguinte ela chegou animada, e mais uma vez interrompeu o preenchimento das planilhas de Telma.

— Descobri que o pai do garoto é o maior safado! Ele está armando para tirar a guarda da mãe e não dar mais pensão, e comprou o garoto com uma porção de promessa. Eu conversei com o Gilbertinho e coloquei bem como você falou: o seu pai já traiu sua mãe, e pode trair você também. Aí eu mostrei como as promessas do pai eram tudo armação, e ele entendeu.

— Está vendo como a gente não deve julgar pela primeira impressão? Para o caso ficar bem resolvido, a gente tem que ter intuição! – Respondeu Telma, bastante inchada de orgulho.

— Pois é, você desconfia de quem trai porque já sentiu isso na pele, né?

Telma franziu o cenho. Um instante antes orgulhosa, agora já se sentia por baixo.

— Mas teve gente que viu esses dias a Soninha sem ele, sabia?

— Isso é fofoca! Não quero saber!

Aborrecida por não ter sido capaz de esconder o quanto ainda se sentia magoada com Ronaldo, Telma caminhou de volta para casa tentando pensar em outra coisa. Na porta, Vitinho surgiu com ar de novidade.

— A Carla largou o serviço hoje e foi para a rua com o Caio! Só voltou às duas horas!

Telma sentiu-se até agradecida por aquela notícia. Agora ia resolver um problema caseiro, e parar de cozinhar o mau humor. Fez o sinal de positivo com o polegar para Vitinho, e informou-se de mais detalhes antes de ir ter com Carla, que parecia muito tranqüila enquanto terminava de pendurar roupas no varal.

— Vamos conferir os serviços. Hoje de meio-dia às duas o que foi que você fez?

— Eu arrumei os quartos, de acordo com o que a tia deixou escrito na geladeira.

— Não foi isso o que o Vitinho viu!

Carla pareceu genuinamente surpresa, o que não espantou Telma, que tinha certeza de que ela confiava ter o priminho como seu comparsa. Mas logo em seguida recuperou a expressão debochada que Telma tão bem conhecia.

— Ah Telma, e fui só conversar um pouco na rua com o Caio, por que? Está achando que nós fomos para um motel?

— Onde vocês foram não interessa – Respondeu Telma, fazendo a expressão mais fria possível – O que importa é que você desobedeceu a tia. Você sabe que enquanto você não aprender a obediência, a tia não vai facilitar as coisas para o seu lado!

— Ah Telma...

— Nem a nem bê. Que idade você tem? 15 anos! Você mão se manda, e está sob a guarda da tia! Agora vai lavar as vidraças, que ainda não lavou, enquanto a tia não chega!

Carla sacudiu os ombros, e fingiu pouco caso. Telma ficou satisfeita com sua própria segurança. Aquilo se assemelhava a um filme que ela já houvesse visto, pois já passara por igual experiência, e sabia que o pouco caso de Carla era apenas teatro. De fato, ela já estava um pouco mais nervosa quando tia Vitória chegou do trabalho, e escutou a descompostura dela sem responder.

— Agora pode ir andando para o quarto, e pode ir tirando a roupa! Me espera lá!

Carla foi para o quarto, e tia Vitória ficou ocupada com alguns afazeres da casa, sem pressa. Telma sabia que era importante dar um tempo para Carla se acalmar e pensar. Quando tia Vitória pegou o cinto e dirigiu-se para o quarto, Telma acompanhou-a. Encontraram a adolescente sentada na cama, cabisbaixa e sem a marra de uma hora atrás.

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— Eu disse que era para tirar a roupa, moça!

— Ah tia, será que eu posso tirar só a calça? – Perguntou Carla, quase chorosa.

— Não, minha filha. Eu já te expliquei, se você mesma não respeita seu corpo, não tem sentido você querer que os outros respeitem!

Fazendo um esforço para recobrar o ar de pouco caso, Carla despiu-se e deitou-se de bruços na cama. Telma aproximou-se e observou o corpo da adolescente.

— Abre mais a perna! – Ordenou.

A esse gesto, Telma abriu a porta e fez sinal para Vitinho entrar, mandando que ele ficasse em uma posição apropriada. O cinto de tia Vitória começou a trabalhar. Telma observou as cintadas caindo metódicas e balançando as nádegas da adolescente, ainda sem efeito. Nada de novo, ela sabia que era assim mesmo. Carla estava resistindo, mas não demorou a se contorcer, tamborilar os pés e erguer os quadris, exibindo o que queria esconder. Telma conferiu que Vitinho estava tendo uma boa visão da anatomia da adolescente e ficou satisfeita, era uma recompensa justa e uma maneira de satisfazer a curiosidade natural do garoto fora de um contexto obsceno. Tia Vitória fazia pausas, observava o traseiro de Carla e continuava. Por fim a barreira se rompeu, e Carla começou a chorar e a pedir desculpas. Missão cumprida, a surra atingiu seu efeito, agora era deixar que as lágrimas lavassem os maus sentimentos.