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Eu achei que Edward fosse voar no meu pescoço e no de Emmett naquele momento, mas ele apenas abriu espaço para que nós pudéssemos entrar, com uma expressão séria no rosto. E claro que o silêncio dele era muito mais reconfortante.

Os primeiros rostos que vi foram os de Carlisle e Esme, sorrindo para nós, caindo como uma tonelada em minha consciência. Eles não tinham nem idéia do que havia acontecido nas últimas quarenta e oito horas. Só depois que Emmett me empurrou para frente é que eu percebi que ainda estava parada. Atravessei a porta aos tropeços e passos curtos, a tensão se espelhando com velocidade pelas minhas veias.

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Então, de alguma forma, tudo começou a se mover lentamente. Rosalie surgiu de um dos quartos com um vestido vermelho que delineava suas curvas perfeitas e meus músculos congelaram. Ela abriu um sorriso arrasador para Emmett e o agarrou em um abraço apertado. Ele a abraçou em resposta e eu engoli seco. Aquilo era inexplicável e imensamente mais difícil do que eu imaginava. Mas eu sabia que ainda ficaria pior.

-Alice? – eu ouvi a voz familiar chamar pelas minhas costas. Meu estômago deu um looping e eu olhei para Emmett, em súplica. Ele assentiu com a cabeça, me encorajando. Aquele era o fim da linha, eu teria de encarar Jasper. Então respirei fundo e me virei.

Jasper abriu um sorriso enorme quando nossos olhos se encontraram. Mas seu sorriso era diferente. Ele não era infantil como o de Emmett, não havia covinhas em suas bochechas brancas. Seus olhos dourados não borbulhavam ao encontrar meu rosto, os braços estendidos não eram grandes como os em que eu havia acostumado a me aconchegar.

Eu sorri sem graça para tentar retribuir e caminhei mecanicamente até seus braços abertos, fechando-o em um abraço desconfortável.

-Achei que vocês tivessem fugido. – ele falou em tom de brincadeira quando nos separamos. Eu gelei.

-Como se eu conseguisse agüentar a Alice tempo o suficiente para querer fugir com ela. – Emmett respondeu indo para o sofá e ligando a tevê.

Eu abri a boca, indignada. Tudo bem que nós deveríamos fingir que nada havia acontecido, mas ele estava sendo convincente demais. Jasper riu com o comentário e beijou meus lábios brevemente. Mais uma vez, aquilo era diferente. Apesar de duros e frios como os de Emmett, eles não tinham a mesma intensidade. Não tinham o mesmo sabor proibido, a mesma vontade, a mesma urgência ardente de quem sabe que tem pouco tempo.

Emmett engoliu seco no sofá e respirou fundo, tentando disfarçar o incômodo. Eu sorri por dentro. Pelo menos não era só eu que estava achando tudo aquilo incômodo demais.

-Por que vocês não colocam as malas nos quartos? – Carlisle falou apontando para o corredor.

Emmett se levantou em um salto, provavelmente decidido a não ficar muito tempo no mesmo cômodo que Jasper, Rosalie e eu. Edward cruzou os braços e o acompanhou com os olhos estreitos, desconfiado. Então repentinamente ele se virou para mim, me fazendo quase ter um AVC.

-Posso conversar com você, Alice? – ele falou em tom de ordem. Eu engoli seco, com a coordenação comprometida demais para fazer qualquer movimento sem causar algum acidente.

-Agora? – eu perguntei em defesa, de uma vez. Edward assentiu pacientemente com a cabeça.

-Aconteceu alguma coisa, Edward? – Jasper perguntou, confuso.

-Não, Jaz. – ele respondeu sem tirar os olhos de mim. – Eu só quero dar uma volta com a Alice. – ele moveu seu olhar para Jasper. – Você se importa?

-Não, claro que não. Só não se percam. – ele acrescentou.

-Pode deixar, meu senso de direção é bem melhor que o do Emmett. – ele voltou os olhos a mim. – Vamos?

Edward abriu a porta e deu espaço para que eu passasse. Eu caminhei incerta por ele, até que a porta se fechou atrás de mim. Ele passou sem falar nada e caminhou direto até o elevador, sem nem olhar para trás. Eu andei em seu encalço.

-Edward, desculpa... – eu falei me aproximando dele e colocando a mão em seu ombro. Edward não respondeu, ele apenas olhou para mim com desprezo e abriu a porta do elevador.

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-Quer, por favor, falar alguma coisa? – eu supliquei, entrando na frente dele e fechando a passagem com os braços.

Ele revirou os olhos e bufou. Era claro que ele também era mais forte que eu, então simplesmente afastou meu corpo sem dificuldades do caminho e entrou no elevador.

-Como você é criança... – eu falei com os olhos estreitos, entrando atrás dele. Ele não olhou para mim. Edward apertou o botão do térreo e cruzou os braços, uma expressão indecifrável do rosto.

Quando finalmente alcançamos a rua debaixo da noite encoberta, eu tentei quebrar o silêncio mais uma vez.

-Edward, você quer me deixar pior do que eu já estou? Diga alguma coisa! – eu falei entre os dentes.

-Acho que quem tem de começar a falar é você, Alice. – ele finalmente respondeu enquanto caminhávamos pela calçada.

-Pelo amor de Deus, o que você quer que eu diga? – eu estava começando a ficar histérica.

-O que foi que você fez, Alice? – ele perguntou sério. Que pergunta estúpida.

-Tenho certeza que você sabe o que eu fiz, Edward. Eu vi o jeito que você olhou para o Emmett.

Ele suspirou fundo.

-É, mas eu tinha esperanças de que fosse só coisa da cabeça dele.

-O que você quer conversar? – eu insisti.

-Eu quero entender, Alice. Por que você fez isso com o Jasper? – ele falou com pesar.

-Não fale como se você tivesse pena de mim.

-E eu não tenho! – ele retrucou. – Eu tenho pena do Jasper e da Rosalie que não sabem de nada! Vocês não percebem como são egoístas? Você, Alice! O Emmett nunca foi muito certinho, e ainda assim eu achei que ele amasse a Rosalie...

-Ele ama a Rosalie, Edward! – eu interrompi.

-Mas você, Alice... – ele continuou ignorando minha interrupção, balançando a cabeça e me olhando com repulsa. – Você era a última pessoa de quem em esperava algo assim.

-Pára, Edward! – eu gritei. Eu não queria ouvir mais nada, eu queria que ele fosse embora.

-Não! Eu quero entender, Alice! – ele colocou as mãos em meus ombros. – Por que você fez isso?

Ele me encarava furiosamente, mas eu preferi ficar fitando o chão.

-Eu... Eu não sei... – eu falei com a voz fraca.

-Não minta para mim! Como você não previu isso?

Eu levantei os olhos, a resposta fácil como o sorriso de Emmett, na ponta da língua.

-O coração tem o péssimo hábito de ser imprevisível, Edward. E você ainda vai descobrir isso um dia.

Edward revirou os olhos e me soltou.

-Imprevisível? Não venha com essa para cima de mim, Alice.

-Edward, o que eu disser não vai mudar o que aconteceu.

-E você fala disso como se tivesse orgulho? – ele perguntou indignado.

-Eu não tenho orgulho. Só não me arrependo do que eu fiz.

-O quê?! E o Jasper, Alice? O que você vai dizer a ele? – ele perguntou, incrédulo.

-Eu não sei! – eu gritei. Edward estava me irritando. – Eu estou confusa, Edward! E você só está piorando as coisas! Será que você não percebe?

-Pensando bem, acho que eu também tenho pena de você.

Eu parei. Eu queria socar Edward com todas as minhas forças e gritar pra quem quisesse ouvir o quão idiota ela era. Por que nós estávamos tendo aquela conversa? Qual era o problema dele?

-Bom, se você já acabou, pode ir embora. – eu falei cruzando os braços.

Edward estreitou os olhos e balançou a cabeça.

-Me dê um bom motivo para que eu não conte o que aconteceu ao Jasper, Alice.

Meu corpo congelou. Ele não teria coragem de contar aquilo ao Jasper, teria? Tentei procurar um motivo para suplicar misericórdia, mas todas as vias de acesso ao meu cérebro estavam bloqueadas por tempo indeterminado.

-Eu não tenho, Edward... – eu falei derrotada. – Você pode fazer o que quiser.

Ele respirou fundo e colocou as mãos em meus ombros novamente.

-Então me prometa que isso não vai acontecer de novo. Que foi só um deslize, que vocês vão esquecer esse absurdo todo. Que você vai esquecer o Emmett.

Eu levantei meu rosto para encarar seus olhos dourados.

-Eu não posso...

Minha voz saiu fraca, quase inaudível. Mais um sussurro para mim mesma do que uma resposta a Edward. Ele tirou as mãos de mim, depois se virou e retomou o caminho para o hotel. Eu sabia que ele não me perdoaria.

Eu levei as mãos à cabeça e desmoronei na calçada, sentando sobre o concreto e me escorando contra o muro atrás de mim. Eu havia desapontado Edward, eu havia desapontado Jasper. Eu havia desapontado a todos.

-Alice! – eu ouvi a voz infantil e familiar chamar ao longe. Eu me virei, incrédula. Emmett vinha correndo a passos pesados na minha direção.

Sem pensar, eu me pus de pé com um impulso e me atirei em seus braços, em pedaços. Emmett me apertou contra ele e beijou meus cabelos, afagado minhas costas com as mãos grandes que eu havia aprendido a gostar tanto. Por algum tempo eu fiquei calada, apenas sentindo seu cheiro doce e o toque dele na minha pele.

-O Edward não vai me perdoar nunca, Emm... – eu sussurrei com a voz fraca, a cabeça colada contra seu peito.

-Desculpa não ter vindo antes... – ele começou. – Talvez eu tivesse evitado tudo isso.

-Foi horrível... – eu murmurei apertando os olhos, a expressão de desprezo nos olhos de Edward pulsando viva em minha mente.

-E você teve de agüentar sozinha... Como o Edward é idiota! – ele falou entre os dentes. – Por que ele não veio falar comigo? Eu sou no mínimo tão culpado quanto você!

-Emm, pára... – eu falei me desencostando dele. – Está tudo bem, já passou.

Ele levou as mãos ao meu rosto e abaixou o olhar até o meu, a expressão de urgência cortando seu semblante.

-O que foi que ele disse, Alice?

Eu respirei fundo.

-Ele queria entender porquê nós havíamos feito... – eu hesitei. – bom, você sabe o quê... Depois ele ameaçou contar ao Jasper o que havia acontecido entre nós e... E por último ele pediu que eu prometesse que eu ia esquecer tudo isso.

Emmett engoliu seco.

-E o que você respondeu?

-Posso resumir a resposta à parte que eu disse que não podia esquecer você?

Ele sorriu de leve, aliviado.

-Acho que eu não me importo com o resto. – ele respondeu com as covinhas, passando as mãos em meus cabelos e se curvando para alcançar meus lábios.

Aqueles sim eram os lábios confortáveis, a boca que me fazia sentir segura, protegida. A boca que inesperadamente combinava perfeitamente com a minha.

-E não é que eu sempre apareço para atrapalhar vocês?

Minha boca parou contra a de Emmett, meus músculos petrificaram. A voz fria penetrou em meus ouvidos como uma navalha e eu me virei para encontrar o dono dela mais uma vez.

James estava parado com um sorriso presunçoso no rosto, os braços cruzados e os olhos vermelhos sobre nós. Emmett rosnou alto e me apertou contra ele em proteção.

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-Você não cansa, James? – Emmett falou com os olhos estreitos. – O que você está fazendo aqui?

-Digamos que eu vim atrás de um pouco de sangue europeu... – James respondeu com um sorrisinho no rosto sujo. – E olha que surpresa, encontrei vocês de novo!

-É, depois de sair correndo do Alasca, não é? – Emmett provocou.

-Calma, grandão. – James levantou as mãos, sarcástico. – Você levou um chute e tanto na cabeça, vá devagar.

Emmett rosnou mais alto. Eu apertei seus braços em resposta, tentando evitar que ele voasse em James de novo.

-Onde está a ruiva, James? – eu provoquei. – Largou você no meio do caminho?

James riu e colocou as mãos na cintura.

-Não, Alice. Ela só está matando a sede agora. Sabe, sangue italiano tem um toque de vinho... Você devia experimentar.

Eu revirei os olhos, enojada. James era simplesmente repulsivo. Se não fosse por sua beleza fora do padrão e as íris vermelhas, ele poderia ser confundido com um mendigo de rua qualquer.

-James, ao menos que você queira descobrir como é ter os ossos quebrados na seqüência de Fibonacci, eu sugiro que você vá embora agora. – Emmett ameaçou entre os dentes.

-Eu vou... – ele respondeu com indiferença. – Mas é porque eu preciso encontrar a Victoria. – James apontou para nós, andando de costas. – Só que eu volto, pombinhos. Não vou desistir assim tão fácil de você, Alice.

Ele sorriu desdenhosamente e se virou, desaparecendo em uma viela escura daquela rua. Eu respirei fundo, aliviada.

-Ainda bem que você está aqui, Emm... – eu murmurei me agarrando em sua cintura. Ele afagou minhas costas e beijou meus cabelos com doçura.

-Ele não vai fazer nada com você. – Emmett sussurrou com o queixo apoiado em minha cabeça. – Eu não vou deixar.

-Posso fazer uma pergunta? – eu falei ainda com o rosto no peito de Emmett, franzindo as sobrancelhas.

-Uhum.

-Você não sabe o que é a seqüência de Fibonacci, sabe?

Emmett me desencostou de seu peito e me olhou com os olhos estreitos.

-Claro que sei. Aliás, - ele contorceu os lábios naquele sorriso torto arrasador. – eu sei muitas coisas que você nem faz idéia.

-É... – eu ponderei. O italiano havia sido uma boa prova disso. – Pensando bem, acho que eu não vou duvidar de você.

Emmett sorriu satisfeito, mas depois juntou as sobrancelhas em uma expressão confusa.

-Você não previu o James vindo pra cá, Alice?

Eu balancei a cabeça negativamente.

-Não. Ele não planejava vir pra cá, foi uma decisão repentina. Esse tipo de coisa eu não consigo prever.

-Hum... – Emmett murmurou pensativo. – Do mesmo jeito que eu não planejava me apaixonar por você? – ele terminou sorrindo com as covinhas.

Eu fui obrigada a sorrir de volta. Ele realmente sabia como me fazer esquecer de tudo. O brilho do seu sorriso e de seus olhos dourados ofuscava qualquer preocupação que ousasse cruzar minha mente enquanto eu o tinha comigo.

-Acho que você devia contar ao Jasper sobre o James, Ali. – ele continuou.

-Eu tenho medo... e se o James contar que nos viu juntos?

-Não tem porquê ele contar. – Emmett falou com convicção. – Ele não sabe que você e o Jaz são parceiros. Ele deve achar que nós somos.

Eu parei por um segundo, me perguntando como seria se eu e Emmett pudéssemos ficar juntos sem precisar esconder o que estava acontecendo. O que nós sentíamos. O que nós queríamos.

-Sabe que não seria uma má idéia? – eu falei com o sorriso no canto da boca. Emmett passou o polegar pela minha bochecha e depois entrelaçou seus dedos nos meus.

-Vamos, é melhor voltarmos pra o hotel. Ou vão começar a achar que estamos escondendo alguma coisa.

-E nós não estamos? – eu perguntei levantando as sobrancelhas.

-É, mas eu não acho que seria saudável se eles descobrissem isso agora.

Eu ri de ele e deixei que Emmett me guiasse pela rua. A julgar pelas poucas luzes acesas e a movimentação quase inexistente, já devia ser tarde. Emmett levantou meu braço e beijou as costas da minha mão, como se aquele fosse um movimento natural, tão óbvio como caminhar. Eu levantei o rosto para olhá-lo.

-Você é tão espontâneo... – eu falei com um sorriso nos lábios. Ele ergueu as sobrancelhas.

-Sou?

-Aham. E carinhoso também. – eu acrescentei. – Eu não imaginava que você fosse assim.

Ele riu.

-Faz parte do meu show. – ele falou piscando para mim.

-Sabe, você é tão diferente do Jaz... – eu falei refletindo internamente. – E de mim...

Emmett me olhou confuso.

-É. – eu continuei. – Sei lá, você é todo grandão e forte e destrambelhado. – eu sorri bobamente enquanto falava. – E é espontâneo. Eu nunca tenho a menor idéia do que você vai fazer.

-O Jasper é tão previsível assim? – ele perguntou com as sobrancelhas franzidas.

-Às vezes... – eu respondi voltando meu olhar para o chão. – Mas talvez seja porque eu já me acostumei com ele. Você é um universo totalmente novo pra mim.

Ele sorriu e soltou meus dedos. Eu olhei para frente e lá estava o hotel, trazendo à tona os problemas que Emmett havia conseguido me fazer esquecer.

Passamos direto pela recepção e entramos no elevador, em silêncio. Quando o elevador parou no nono andar, Emmett empurrou a porta e nós saímos, caminhando novamente até o número noventa e três. Tentei girar a maçaneta, mas a porta estava trancada, então dei três batidas na madeira e esperei que alguém atendesse. Jasper nos olhou assustado quando deu de cara conosco no corredor. Eu engoli seco.

-Onde está o Edward? – Jasper perguntou abrindo passagem para nós.

-Ele não voltou? – eu perguntei em choque.

-Não, eu achei que ele estivesse com você. Aconteceu alguma coisa?

-Não, Jaz... – eu menti quando ele fechou a porta atrás de nós. – Eu só quis ficar na rua mais um pouco. O Edward deve voltar logo.

Jasper assentiu com a cabeça.

-E você, Emm? – ele perguntou se virando para Emmett. – Resolveu seu problema na recepção?

-Aham. – Emmett mentiu sem emoção. – Daí eu encontrei a Alice quando ela estava voltando e nós subimos juntos.

-Onde está todo mundo? – eu perguntei de repente, percebendo que estávamos sozinhos no apartamento.

-O Carlisle e a Esme saíram para ver a cidade. – Jasper se virou para Emmett. – E a Rosalie está no quarto. Acho que você devia ir falar com ela, Emmett.

-Tem alguma coisa errada com ela? – Emmett perguntou apreensivo.

-Não, não. – Jasper esclareceu. – Mas eu acho que ela está com saudades de você, sabe? – ele terminou com um sorrisinho malicioso no rosto. Aquilo não era um bom sinal.

Emmett contorceu seus lábios em um sorriso que eu sabia que não alcançavam seus olhos e veio em nossa direção.

-Bom, então acho que vou lá. – ele falou meio sem jeito. – Boa noite, Jaz. Boa noite, Ali.

Emmett se abaixou e deu um beijo em minha bochecha, depois passou por nós, deu um tapinha no ombro de Jasper e entrou no primeiro quarto do corredor. Eu levei a mão à bochecha que ele havia beijado, sem me importar com o que Jasper poderia pensar daquilo. Senti um aperto no peito e um vazio imenso, como se alguém estivesse arrancando um pedaço de mim quando ele desapareceu atrás da porta, indo se encontrar com Rosalie. Eu não queria que ele tocasse mais ninguém, não queria que outra pessoa além de mim percorresse os dedos por seu corpo, por seus cabelos, por seu rosto perfeito.

-Alice? – Jasper chamou me acordando de meu transe temporário. – Você está bem?

-Uhum. – eu murmurei mecanicamente.

-Por que nós não vamos para o quarto também? – ele falou me abraçando por trás. Eu engoli seco, trêmula por dentro.

-Jaz, eu preciso falar com você. – eu disse rápido, tentando me esquivar daquela situação. Jasper me soltou no mesmo instante, me virando para ele.

-O que foi? – ele perguntou confuso.

-Vamos para o quarto. – eu falei levando as mãos à cabeça, desconcertada com o que estava acontecendo. – Acho que é melhor conversarmos lá.

Jasper assentiu imediatamente com a cabeça, preocupado. Nós caminhamos até o quarto ao lado do que Emmett havia entrado, fechando a porta às nossas costas. Eu me sentei na cama e ele se sentou ao meu lado, passando o braço por meus ombros.

-Eu estou ficando preocupado, Alice. – ele falou sério, afagando meus braços.

-Jaz, lembra que eu te contei de um vampiro que queria me matar quando eu era humana? – eu perguntei olhando para meus próprios joelhos.

-Lembro, lembro... Mas por que esse assunto agora?

Eu respirei fundo.

-Ele voltou.

Jasper se levantou com um salto, se pondo de pé de frente para mim. Seu rosto pálido ainda perdeu ainda mais a cor, seus olhos explodiam em um ódio quase palpável.

-Ele fez alguma coisa com você? – Jasper perguntou com a voz trêmula.

-Não, Jaz, calma. – eu falei puxando-o para a cama novamente. – O Emmett... – eu hesitei – O Emmett estava comigo, o James não conseguiu fazer nada.

-Tem certeza? – ele perguntou ainda com uma expressão de dor no rosto. Eu assenti com a cabeça.

-Mas ele está aqui na Itália. – eu falei voltando meu olhar para a janela do quarto.

-Como... como assim aqui na Itália? – Jasper indagou, confuso.

-Eu o vi hoje... – murmurei com a voz fraca. Jasper se levantou mais uma vez. – Senta, Jaz! Eu já falei que não aconteceu nada.

Jasper se sentou ao meu lado novamente e engoliu seco, depois me envolveu em seus braços e começou a afagar meus cabelos. Agucei a audição para tentar captar algum som do quarto ao lado, mas não havia barulho algum. Meu coração se apertou em uma mistura inexplicável de alívio e agonia.

-Ele não vai fazer nado com você, Alice. – Jasper sussurrou com os lábios em meus ouvidos. – Eu vou te proteger.

Aquelas palavras na voz de Jasper tinham um som estranho. Era como se não combinassem com ele, como se eu esperasse ouvi-las em um outro timbre. Em um timbre mais grave, em um tom mais infantil.

Jasper se afastou de mim e passou o polegar em minha bochecha. Eu me levantei e caminhei até a janela, me debruçando no parapeito. Apoiei a cabeça nas mãos e deixei o vento bagunçar meus cabelos, respirando fundo. Jasper não se levantou para vir atrás de mim, ele tirou a camisa e se deitou na cama, pousando as mãos sobre o abdômen. Eu me virei para olhá-lo, as cicatrizes brancas reluzindo sob a luz, os cabelos louros desgrenhados.

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Fechei os olhos e suspirei alto, como se eu esperasse que, ao abri-los novamente, o corpo magro de Jasper não estivesse mais ali. Como se no lugar dele, a silhueta grande e musculosa de Emmett, com os cabelos negros em um corte rente, as sobrancelhas grossas e os olhos ardendo, fosse aparecer e rir torto para mim com as covinhas.

Mas ele não apareceu. Ele não apareceria.

Olhei para Jasper mais uma vez. Eu não queria machucá-lo, mas, ao mesmo tempo, eu não podia mais me enganar. Dei meia volta e tornei a me apoiar no parapeito da janela, contemplando o mar que batia contra as pedras de Nápoles.

O quarto ao lado continuava em silêncio.

***

NOTAS: Sim, o capítulo é meio tristinho... e admito que eu mesma fiquei com um pouquinho – mas só um pouquinho – de dó do Jasper. E com vontade de socar o Edward. Hehe

Mas calma, a coisa tende a piorar, oops. =P

Espero que tenham gostado!

Até o capítulo 8, “Troféu” e não esqueça de comentar e votar!!

Beijos gelados, sonhem com Emm *-*

JMcCartyC

PS: Adoro os comentários de vocês!!! ^^

Muuuuuuuuito obrigada! XD