Capitulo 83
“Não sai daí”. É claro que eu não ia sair daqui, pra onde mais eu iria? Respirei fundo várias vezes, até a vontade de chorar ir embora completamente. Me levantei e segui para o banheiro e lavei meu rosto, tentando dissipar qualquer rastro de lágrimas que houvesse por ali. Dez minutos depois, eu ouço a campainha tocar. Meu corpo congela, mas meu coração dispara. Ouço minha mãe bater na porta e dizer que a menina que veio aqui outro dia estava me esperando na porta.
- Pede pra ela subir por favor, mãe? – pedi sem sair do banheiro e controlando minha voz. Alguns segundos depois, a voz dela ecoa pelo quarto.
- Bernardo? – respirei mais uma vez e saí do banheiro, dando de cara com aqueles olhos azuis claramente preocupados.

Clara POV ON
Encontrei um Bernardo abatido, com os olhos vermelhos e rosto inchado.
- Bernardo você tava... – não consegui terminar. Fui tomada por uma onda de culpa muito maior do que antes. Ele tinha chorado, e tinha chorado por minha causa.
- O que você quer, Clara? – ele disse num tom baixo e sério.
- Antes de tudo eu quero me desculpar. – eu disse abaixando a cabeça e brincando com a barra da minha blusa.
- Mas você não sabia, não teve culpa de nada, não é? – ele disse num tom irônico.
- Por favor Bernardo, eu vim pra conversar direito, sem ironias. – eu revirei os olhos.
- Uau, olha quem tá falando... – ele sorriu de lado.
- Olha Bernardo eu vim aqui pra conversar sério, se você não quer, tudo bem. Eu não devia nem ter vindo... – me virei para ir em direção a porta mas senti sua mão em meu braço, me puxando de volta, parei a poucos centímetros de seu corpo, e não pude deixar de olhar fundo em seus olhos. Imagens da primeira vez em que eu estive aqui inundaram minha cabeça, é nessa parte em que o irmão dele entra no quarto, não é?
- Pode falar, to te escutando. – ele sussurrou soltando meu braço, me afastei até ficar na minha linha de conforto.
- Como eu já disse, eu queria pedir desculpas por toda essa confusão que eu causei. Não era minha intenção machucar vocês dois, nunca foi. Você sabe disso. – ele me olhou e assentiu, esperando que eu continuasse. – Mas é que eu pensei que a gente nunca ia conseguir viver em paz, a gente viva brigando. Eu não era obrigada a aguentar todas as suas provocações. E não, antes que você pense que eu fiquei com o Renato pra te fazer ciúmes, não foi isso que aconteceu. Aconteceu que o Renato me fez bem, me entendeu. Eu via uma chance nele, chance que eu nunca vi em você. – observei ele abaixar a cabeça, e respirei fundo pra continuar. – Mas aí, você teve coragem pra ir na minha casa e pedir desculpas, se redimir.
O mínimo que eu podia fazer era vir aqui e me desculpar também.
- Eu te desculpo. – ele disse levantando a cabeça e olhando pra mim novamente. – Eu fui um babaca, nada mais inteligente da sua parte tentar seguir em frente. – ele disse.
- Obrigada. – suspirei. Depois de uma pausa, voltei a falar – Mas eu não vim aqui apenas para pedir desculpas. – dei um passo para frente, ficando mais próxima a ele. – Eu vim aqui pra confessar uma coisa, mas eu não faço a mínima ideia de como te contar isso. Você pode me chamar de louca, falar que eu sou uma bipolar que não merece atenção, e tudo mais, mas Bernardo, eu... – fui interrompida pelos seus lábios nos meus. Foi vez dele me interromper, foi a vez dele de me beijar e de paralisar cada músculo do meu corpo. Ele abraçou minha cintura, aprofundando o beijo e me apertando contra ele. Passei minhas mãos por seu pescoço aproveitando cada sensação que aquilo me proporcionava. Ele me girou e me jogou na cama, ficando por cima e continuando o beijo, seus beijos desceram pelo meu pescoço e voltaram para minha boca. Terminamos com vários selinhos e então ele se aproximou do meu ouvido, eu poderia jurar que vi um sorriso malicioso em seus lábios, e cochichou:
- O que é que você queria me dizer mesmo?

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