O ato parecia ter sido cumprido com sucesso. Robin estaria morto e, sem o líder, os titãs estariam aos seus pés. Que engano o dele! Na verdade, a única coisa que o vilão contemplava agora era visão de sua arma fincada no chão de pedra. O rapaz tinha simplesmente desaparecido.

“Surpreso?” A voz feminina pôde ser ouvida. O guerreiro olhou para o alto ainda sem retirar a pequena espada do chão e só então avistou a garota que carregava o que antes era sua vítima. Estelar devia estar um ou dois metros acima do chão e encarava o inimigo com raiva, de modo que seus olhos verdes faiscassem fortemente.

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Rapidamente ela deixou o herói ao lado para que este pudesse recuperar as forças e partiu para cima do soldado que se encontrava bem em frente. A fúria misturada à força e velocidade que conseguira enquanto voava na direção de seu alvo fizeram disso um ataque certeiro. O adversário foi golpeado no peito com um soco poderoso. Como conseqüência, a lâmina que estava fincada no chão e que antes o prendia foi quebrada.

“Robin!” Ciborgue corria na sua direção. Mutano o acompanhava com um pouco de dificuldade. “Você tá legal?”

“Eu... *argh* ... acho que sim...” Ele nunca admitiria que não estava em condições de prosseguir na luta. Mas sua respiração extremamente ofegante e as pequenas manchas de sangue localizadas no abdômen revelavam seu atual estado. Era difícil falar com os colegas naquele momento. Como seu corpo implorava pelo ar que fora perdido no combate qualquer palavra que tentasse pronunciar se reduzia a tosses ou gemidos de dor.

Mutano e Ciborgue trocaram olhares aborrecidos pela atitude do líder, mas nada disseram como resposta. Seria perda de tempo contraria-lo...

“Cadê a Rae?” Mutano perguntou após ajudar Robin a se levantar.

“Estou aqui.” Ela estava observando a luta que se estendia no céu. Não demorou para que os garotos copiassem a atitude dela e se posicionassem no parapeito da torre para assistirem ao conflito.

Nunca viram Estelar lutar tanto assim desde quando esta tivera que batalhar com a irmã pelo trono de Tamaran, logo após o fracasso daquele casamento arranjado.

Agora, a titã descontava tudo o que sentia na pessoa que dera início a seus problemas. Sua raiva, ódio, mágoa e, principalmente, dor. Nenhum movimento do soldado parecia fazer efeito nela. Nem mesmo sua força ajudava.

Mas, de repente, os dois tamaranianos se separaram como se dessem um pequeno intervalo de tempo para tomar fôlego.

“O que houve? Já parou??” Ele perguntava com ironia. Sua sorte era que a armadura era mesmo muito resistente. Os atos da garota foram simplesmente reduzidos a pequenos arranhões e marcas na superfície metálica daquela roupa enquanto ele continuava com quase todas as forças, ao contrário da titã, que gastara tudo o que tinha naquele confronto. “Ótimo. Isso tava ficando chato mesmo. Agora eu vou mostrar o que é lutar de verdade!”

Após dizer aquilo o guerreiro avançou com a mesma velocidade de Estelar quando começou a pequena batalha. Esta fez o mesmo. Parecia que, com tal velocidade e decisão, ambos iriam se chocar em meio ao céu em questão de segundos.

Quando estava a quase um metro de distância do opositor, Estelar deu o primeiro movimento, esticando o braço com o punho fechado para dar um soco nele. Mas tudo o que viu foi um segundo sorriso perverso se formar no rosto do mesmo e, com uma velocidade incrível, este desviar do ataque. Aquele sorriso acabou despertando um mal pressentimento na garota. Da última vez que agira assim, há poucos minutos, Robin acabou sendo derrotado de uma forma surpreendente e dolorosa...

E o pior era que esse pressentimento estava correto.

Se aproveitando da proximidade que se encontrava de Estelar, ele repousou a mão no braço dela num piscar de olhos e liberou uma forte descarga elétrica que se espalhou por todo o corpo rapidamente. O grito agudo da ruiva ecoou por toda a região. Só foi interrompido quando, devido à potência usada no choque, foi atirada contra algumas ruínas deixadas no solo daquele lugar.

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O sujeito de armadura se aproximou do local de queda da sua vítima, mas não pousou. Se manteve a alguns centímetros do chão para poder contemplar a visão que tinha agora.

“Lembra disso?” Perguntou, erguendo o mesmo objeto semelhante a uma chave de fenda que usara naquela fortaleza para tortura-la. Como resposta, Estelar deu um gemido e cerrou os olhos. Não conseguia fazer mais que isso no momento. A dor era ainda pior que quando passara pela mesma experiência anteriormente. “É... acho que lembra. É o mesmo aparelho de antes, eu só aumentei um pouquinho a potência pra ser mais divertido. Você sabe. Acabar com você desse jeito não teria muita graça...”

Ouvir as palavras dele fazia qualquer um sentir ânsia. Era horrível o modo como apreciava seus atos de barbaridade ou como se sentia bem ao assistir o sofrimento das pessoas.

Mas para sua surpresa, um raio azulado atingiu em cheio as suas costas e o jogou contra um rochedo. Ciborgue não estava mais agüentando o papo cínico daquele estranho. Na verdade, nem mesmo Ravena estava suportando aquilo. Era hora de agir!

Mutano foi auxiliar a amiga a se levantar e recuperar as forças enquanto os outros três agiam para enfraquecer o inimigo. Ravena atirava tudo o que encontrava para tentar intimida-lo. Desde simples pedras até árvores ou materiais de construção que se encontravam espalhados por todo o lugar, mas falhou novamente. Não provocou um arranhão sequer na armadura dele.

Ciborgue, com sua força, conseguia enfraquece-lo um pouco. Mas infelizmente esse pouco não era o suficiente. O soldado era ágil demais e foi uma questão de segundo para que o robô caísse no chão novamente, dessa vez com os circuitos do canhão sônico cortados pela arma afiada que o oponente usava. Ravena logo foi vencida também ao receber um chute que a atirou contra duas árvores.

Mutano até pensou em agir, mas se lembrou do que houve da última vez e recuou. Não queria perder o controle uma segunda vez, era muito perigoso. E se voltasse a se transformar naquela forma tão... selvagem? Talvez acabasse ferindo seus amigos ou praticamente se matar, a única coisa que evitou a tragédia no alto de torre foi a interrupção de Ravena.

Por isso, sua ação foi correr até os outros para ver se podia ajudar em algo como fez com Estelar, que logo se levantou e correu com discrição para trás de uma pedra.

“Ora, ora... vejo que o passarinho voltou...” O tamaraniano zombava do garoto à sua frente.

“Cale a boca!”

“Devia ter mais cuidado ao falar comigo, Robin. Acho que, depois de ver do que sou capaz, seria melhor se tivesse mais respeito.”

“Você me enoja com seu orgulho. Pessoas como você não merecem respeito algum!”

“Eu sei, mas é legal quando nos obedecem. Você se sente mais... poderoso.” Robin não acreditava no que estava ouvindo agora. Tinha vontade de dar um soco na cara dele. “Você. Que é líder, deveria saber disso. Ah! Esqueci. Como lidera um bando de idiotas, não deve se sentir lá essas coisas, principalmente com aquela ruiva. Ela é ridícula! Um verdadeiro fracasso! Não sei como recusou meu acordo de deixa-la aqui enquanto poderia ter sua liberdade...”

“Olha como fala dela!” Ameaçou. Mas o outro somente riu.

“Tá vendo? Essa história de ‘o amor é cego’ deve ser mesmo verdade! Você tá tão caidinho por ela que deixou a oportunidade de voltar pra casa simplesmente passar. Essa sua decisão foi um grande erro! Caso não tenha percebido, você acaba de cavar o próprio tumulo!”

“Humpf! Você vive dizendo que lidero um bando de fracassados como se você fosse grande coisa. Caso não tenha notado, você liderado um grupo de animais!...” O titã realmente conseguiu calar o guerreiro. Afinal, quantas vezes este chamara aquelas feras de inúteis, idiotas ou até mesmo de lixo?? “Agora, se acha mesmo que eu cavei meu próprio túmulo, me prove!!”

O tamaraniano abriu outro sorriso perverso ao ouvir aquilo.

“Era o que eu queria ouvir!”

Ele avançou com a mesma agilidade impressionante de antes e apontou a pequena espada que saía da luva esquerda para o herói. Este conseguiu se esquivar por pouco, mas ganhou um corte longo no braço direito. Ignorou-o. Não tinha tempo para sentir dor ou se preocupar com o sangue que agora tingia a luva que usava. Devia se defender ao máximo!

Robin deu um salto e retirou o bastão de seu cinto para atacar. Assim que avistou o vulto azul e dourado da armadura se aproximando para um segundo ataque, o herói levantou a arma e em seguida a desceu com toda a força que possuía.

Mas, em um piscar de olhos, se deparou com o soldado segurando bastão entre suas mãos.

“É só isso que tem?” Disse pouco antes de quebrar a vara metálica em pedaços. “Vai precisar se esforçar mais, idiota!”

Ele estendeu o braço para perfurar-lo com sua lâmina, mas Robin se abaixou num baque e chutou seu estômago da mesma forma que o guerreiro fizera antes consigo, atirando-o para uma parede próxima. Esta desmoronou.

“Acho que te devia isso!” Robin exclamou, confiante.

Mas a confiança e felicidade logo desapareceram de sua face, pois seu oponente saiu voando da pilha de destroços e arrastou o garoto até uma pedra. Agora o segurava pelos braços. Com a força que usava parecia que seus dedos não demorariam a atravessar a pele de Robin. Estava mesmo imobilizado.

“Chega de brincadeiras!” Exclamou, pressionando ainda mais o braço do herói e fazendo-o soltar um gemido de dor. “Você já me irritou o suficiente!”

“Digo o mesmo de você!!” Robin conseguiu alcançar um disco explosivo em seu cinto com a ponta de dois de seus dedos e, rapidamente, o atirou nos pés do rapaz que o imobilizava. A explosão o distraiu por um momento, mas foi o suficiente para que o titã passasse por entre suas pernas e o empurrasse contra a rocha.

Em seguida, agarrou a vestimenta dele pela gola com menção de dar-lhe outro soco, dessa vez no rosto. Assim, além de desmascara-lo, poderia deixa-lo inconsciente.

“Acabou!” Exclamou ao fechar o punho direito.

Porém, o garoto estava errado.

Ao pronunciar aquilo, sentiu o peito queimar de forma árdua e rápida, sendo atirado no solo por esta mesma energia dolorosa. Não sabia o que tinha acontecido. Só sabia que tinha sido atingido por alguma coisa. A área afetada agora latejava com um ritmo lento, produzindo uma dor inimaginável que impedia qualquer outro movimento feito por Robin. O máximo que pôde fazer foi levantar a cabeça e encarar o guerreiro que aparentemente se divertia com seu sofrimento. Uma de suas mãos, inclusive, mantinha uma starbolt lilás acesa. Era mais que óbvio que foi isso que o queimou.

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“Caso não tenha reparado, sou um tamaraniano...” Ele aumentou a Starbolt de forma que a cor lilás quase desaparecesse em meio ao brilho intenso. “Mas agora que sabe, que tal acabarmos logo com isso?”

Ele direcionou a starbolt para sua vítima. Tinha potência o suficiente para ser letal e estava pronto para cumprir o trabalho.

Mas, assim que ia disparar no garoto, algo acertou seu capacete fortemente. A violência do impacto foi tão forte que o acessório acabou cedendo e permitiu que o punho fechado o atravessasse e atingisse o rosto do adversário. Quando este caiu imóvel no chão, Robin pôde ver a origem do soco.

Estelar encarou por um curto período de tempo o tamaraniano estirado no solo avermelhado, aparentando estar inconsciente. Depois se virou para o líder e para os demais que agora se aproximavam.

“A gente ganhou?” A pergunta de Mutano não foi respondida como um sinal de incerteza. Nenhum dos cinco sabiam se aquilo podia ser considerado uma vitória. Pelo menos não aparentava ser...

Ainda em silêncio, Estelar estendeu a mão para Robin e o ajudou a se levantar sem demonstrar sentimento algum. Estava séria. No começo, os titãs até estranharam a atitude. Mas logo entenderam que, quando se passa por uma experiência como a dela naquele planeta, não se podia esperar outra reação. Principalmente pelo fato de que, no momento, estava em frente ao culpado.

Assim, ela andou até o soldado e o segurou pela gola da armadura como o líder fizera antes, erguendo-o de uma só vez. Não demorou para que percebesse a farsa.

“Pare de fingir, sei que está desperto!” Disse. Como resposta, ele levantou sua cabeça e deu um gemido de raiva. Sua voz não estava mais camuflada já que o microfone tinha sido danificado com o golpe que recebera.

“Sua...” O soldado murmurou, rangendo os dentes. Estelar, ao ouvir aquilo, sentiu sua alma congelar e soltou uma exclamação. Tamanho o espanto que tivera. Conhecia o dono daquela voz!

Devido à surpresa que tivera, acabou largando-o e recuou alguns passos. Mutano, Ravena, Ciborgue e Robin, como estavam longe demais e não puderam ouvir a voz do guerreiro, não entenderam o que acontecia com a garota. Só entenderam quando este se levantou e deixou os pedaços do capacete despencarem do rosto pouco a pouco.

“Não acredito! É... é você!!” Estelar murmurou, ainda chocada com o que via...