Eles já estavam naquela pensão a três dias. Aproveitaram um pouco da vida de duas pessoas anônimas e normais, sem fotógrafos, blogueiros, repórteres, fãs, nem terroristas. Como um homem e uma mulher casados a anos. Por que, vamos dizer, eles já eram praticamente casados desde muito tempo.
Dormir juntos era normal, se beijarem era normal, passar horas e horas conversando, aproveitando a presença um do outro, sem o assunto acabar e esquecendo do mundo inteiro a seu redor, era normal e constante.
O mundo podia explodir, que eles não desgrudaram, então, não importava.
Eles vivam um para o outro, e agora assumiam isso.
(...)
— Viu minha blusa Steve? - Ela sacudiu ele.
— Não me sacode. - ele gemeu. - Por que você tem que levantar?
— Por que estou com fome, lindão.
— Como está com fome depois dessa noite?
— Você me entendeu. - Ela cruzou os braços. - Achei.
— O que? Minha vontade de levantar?
— Minha blusa. Ah, é a sua. - Ela jogou pro loiro, que gemeu em resposta. - Vamos, Rogers!
— Socorro.
— O que?
— Nada. - A ruiva achou sua blusa azul xadres, seu short jeans e eestiu, junto com uma meia longa e um tênis azul. E por fim, prendeu o cabelo num rabo alto.
— Ste, eu vou descer e rezar para que não tenha uns terroristas pra me matar lá em baixo...
— Espera. Estou indo. - Ele pulou da cama, já se vestindo.
Depois, os dois desceram de mãos dadas até o encontro da senhorita Genelles.
— Olá, senhor e senhora Jonnes. - A mulher atrás do balcão comprimentou.
— Olá, senhora Genelles.
— O que tem pro café? - Natasha foi mais direta.
— Já mandei colocar o café de vocês na sua sala especial,senhor Jonnes.
— Sala especial? - Natasha pergunta, com um sorriso.
— Venha comigo. - Ele a arrastou pelos corredores, ignorando os pedidos contrários da ruiva.
— Onde vamos Steve?
— É uma surpresa, senhora Jonnes. - O loiro finalmente parou de frente para uma porta branca. - Feche os olhos.
— O que? Eu odeio surpresas.
— Odeia nada. - Ele tapou os olhos dela com a mão, e abriu a porta.
— Pode tirar as mãos?
— Ainda não.
— E agora?
— Não Nat, eu vou falar quando puder! Agora senta aí, e não abre. - Ela obedeceu, sentando em algo macio.
— Certo. Pode olhar. - ele sorriu com a cara dela.
— Uau! - A mesa redonda cheia de comidas variadas ficava no centro de uma sala com paredes vermelhas. Ela estava sentada uma cama redonda cheia de pétalas de rosa, que ficava de frente para o mar.
— Gostou?
— Se eu gostei? - Ela se levantou. - Steve isso é comida! É claro que eu amei! - A ruiva pulou em cima dele, o abraçando. - Já disse que eu te amo?
— Já, mas é legal ouvir de novo.
— É, eu te amo comida. - ela sorriu, e se sentou numa das cadeiras.
— Você ama só as comidas? Tá bom. - Ele se sentou de frente pra ela, fingindo frustramento.
— Mentira. Eu amo os dois. - Sorriu, antes de partir para a comida.
— Entende por que eu tinha que te fazer esperar lá em cima?
— Era pra isso?
— É. E você amou a surpresa.
— É, eu amei. As duas coisas que eu mais amo no mundo: Comida e você, em segundo lugar.
— Eu estou em segundo? Tirou o dia pra me magoar? - ele sorriu.
— Deve ser. Você me arranhou ontem. - Ela cruzou os braços, o fazendo rir.
— Pronta para um segundo round?
— Que? Steve eu quero comer minha panqueca!
— Af, então pedir essa cama foi um desperdício?
— É.
— Sorte a sua que tem outra surpresa. - Ela sorriu.
— Outra? - A ruiva enfiou toda a comida na boca. - Tô pronta. - Disse, mastigando.
Ele a arrastou novamente, pra fora da pensão, de mãos dadas. Andando na areia fofa e branca, eles chegaram até um local afastado e sem ninguém, onde haviam duas espreguiçadeiras de frente para o mar.
— É tão calmo aqui. Precisamos de coisas calmas agora. Até parece que estamos vivendo um filme de ação. - Ele disse, se sentando.
— É. - A ruiva concordou, se sentando.
— Falta uma coisa. - Ele sorriu. - Vou buscar e já volto.
— Tudo bem. - Natasha assentiu, se sentando na cadeira.
Steve voltou andando rápido, na mesma direção que vieram. Assim que pisou dentro da construção, percebeu que alguma coisa estava errada.
As poucas pessoas que estavam hospedadas com eles, sumiram.
— Senhor Rogers. - A senhora recepcionista surgiu atrás do balcão.
— Oi. Para onde foram as outras pessoas?
— Algumas saíram pra praia, outras estão no quarto.
— Ah.
— Deve ter vindo pegar o vinho.
— É.
— Pode pegar para mim? Está na dispensa no fim do corredor. É que eu perdi a lista de hóspedes, e preciso achar.
— Claro. - O loiro deixou a velha sozinha, e partiu até a porta no fim do corredor.
Assim que abriu, homens armados pularam de todos os lados e miraram as armas nele. Ele levantou as mãos, se rendendo, num impulso com o coração disparado. Medrda, graças a Deus Natasha não estava com ele.
— Um movimento, e meus homens atiram. - O líder da organização terrorista, estava na frente dele, nesse momento. - Melhor não resistir. Só responder uma pergunta. Onde está Natasha Romanoff?
— O que te faz achar que eu vou falar?
— Talvez... A possibilidade de pegar leve com ela quando eu a achar?
— Eu nunca vou falar onde ela está. - ele mantinha a pose impassível.
— Por que você a ama, não é? - ele riu. - Por favor, isso é ridículo. Acha mesmo que ela te ama? Apenas te usa como diversão. E ser tão leal a ela vai acabar te matando.
— Eu acredito nela. Se isso me matar, vou ficar feliz em morrer. Mas sabia que eu serei diferente do que você foi para ela. Wolwen. - ele riu.
— Você é esperto. - Ele tirou o capacete. - Atire. - Um dos agentes obedeceu instantaneamente, atirando um tiro de choque na barriga do loiro, que se contorceu até apagar. - Levem-no pra van. Eu vou atrás dela.
(...)
Ela estava inquieta. Steve não voltava, e a inquetidão virava irritação. Vai ver ele tinha dormido sem querer, como sempre fazia. Ou estragou a surpresa e está tentando consertar.
Mas ela estava irritada e preocupada.
Que coisa, se ele não tivesse uma boa explicação, ela ficaria com raiva.
Levantou-se para voltar pra lá, quando ouviu barulho de folhas secas sendo esmagadas atrás dela. Ela olhou para trás, e no meio da floresta que ficava a atrás da pensão, vários homens armados andavam na direção dela.
Não pareciam ve-la, então se levantou e começou a correr pra longe.
Mas se sabiam onde ela estava, tinham pegado Steve. Ela não podia deixa-lo.
Se fosse capturada não poderia ajuda-lo de forma alguma. Mas se fosse em bora, o matariam antes de conseguir pedir ajuda. Para ela, o mais sensato foi ir atrás dele.
A pensão estava cercada de vans pretas, com vários homens armados cercando o local.
— Droga, Steve. Onde você está? - ela disse para si mesma. Achou que tudo estava perdido, quando lembrou que estava com o celular, para emergências. O ligou rapidamente, mas nem um sinal aparecia. Mesmo assim, a ruiva subiu numa pequena árvore, e ergueu o braço, conseguindo depois de um tempo, dois pausinhos de sinal. Discou o número restrito do FBI, e esperou alguém atender.

— Alô?
— General Bambi?! Sou eu, Natasha! Os terroristas invadiram a pensão...
— Ela está aqui!
— Venham rápido! Pegaram Steve! Desligou o mais rápido possível, e pulou da árvore.
Os agentes vinham de todos os lados. Um deles surgiu de trás de uma árvore, e agarrou o braço dela. A ruiva gritou, se debatendo, e acabou conseguindo derruba-lo e voltou a correr. A mata era escura e ficava mais difícil enxergar o chão e pra onde ia. Apenas corria, sentindo as pernas doerem, assim como os pulmões. Mas Steve a fazia continuar a correr.
Natasha se sentou no pé de uma árvore, tentando estabilizar a respiração, mas falhou. Então, voltou a correr. Olhou para trás, vendo os agentes avançarem atrás dela. Acabou tombando com algo pesado à frente, o que a derrubou.
Ela tinha tombado em um homem. Mas não era só um homem, era o líder.
— Oi. - Ele sorriu por trás da máscara.
— O-O que você fez com Steve seu psicopata?! - Ela gritou, com raiva e medo.
— Ele vai ter o que merece. - Ela franziu o cenho, a ponto de explodir.
— Você vai ter o que merece também. Se acha muito espertinho pra um terrorista cheio de... - Ele fez sinal para os homens amarrarem um pano na boca dela. E foi o que fizeram. - Uhaumahaus! - Ela resmungou.
— O que? Desculpa, não entendi. - O homem zombou.
— Uhaumahaus. - Ela deu de ombros.
O homem a pegou bruscamente pelo braço, e foi puxando-a de volta para a pensão. Depois de alguns longos minutos caminhando e reclamando, eles chagaram.
O agente subiu as escadas a arrastando a ruiva pelo braço, que já se encontrava roxo, e a jogou pra dentro de um quarto pouco iluminado.
— Acho que podem se ver uma última vez. - Ele acendeu a luz, revelando Steve deitado no canto do quarto, semi cociente, com uma das mãos algemadas numa corrente na parede.
— Steve! - Ela gritou, após se livrar do pano em sua boca. Como suas mãos não estavam amarradas, ela correu até o loiro, que tinha um corte na boca. - Ste; eles te machucaram? - Ela perguntou, segurando a cabeça dele entre as mãos.
— Não, eu estou bem... E você?
— Também. - Ele tocou o roxo no braço dela, e olhou mortalmente para o líder. Ele pagaria por tocar nela. - Olha, eu vou voltar e...
— Não vai voltar. - O terrorista diz. - Só deixei se encontrarem para saberem o que o outro estará passando. Vou tortura-lo até eu dizer chega, e depois, vou mata-lo na sua frente.
— Seu...
— Nat... Ele é o... Wolwen...
— O que? - Ela olhou com os olhos arregalados para o homem encostado na porta.
— Surpresa, minha vadiazinha. - Sorriu.
— Seu... - A ruiva estava pronta para mata-lo ali mesmo, quando Steve segurou seu braço.
— Espera. Não importa. - Ele deu um pequeno sorriso. - Quando eu for te buscar, fique longe da porta. - ele sussurrou.
— 10 segundos...
— Eu te amo. E isso não é uma despedida certo? Vamos voltar pra casa e eu vou fazer o bolo que você ama. - Steve piscou pra ela, que sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
— Tudo bem. Eu também te amo. - Ela segurou o rosto dele, e o beijou.
— Cruzes. Acabou. - Ele puxou o braço de Natasha, que se afastou de Steve.
— Eu vou te buscar. - Ele disse por último, antes de sorrir. Ela assentiu, em quanto era arrastada bruscamente pra fora do quarto. A última visão do loiro, foi a lágrima que caiu do rosto da ruiva. Em seguida, o quarto voltou a ficar escuro, e ele ficou sozinho.