Na segunda feira teve aula, óbvio, mas acho que estava mais animada do que o normal pra poder chegar na sala de aula. Estanho.

Chegando lá, Percy já estava sentado em seu lugar.

– Bom dia.

– Bom dia, Annie. Fez algo de bom ontem?

– Não. Você?

– Se ficar jogando vídeo game contar ...

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– Acho que sim. Então, nós vamos sair de novo esse final de semana?

Ele me olhou com aquela cara de sono que estava e murmurou alguma coisa inaudível. Pedi para ele repetir.

– Mas é claro. Não vou perder a chance de ficar com você de novo.

– Obrigada, Percy – falei ironicamente.

Ele levantou a cabeça, que a propósito tinha deitado em cima da bolsa, e sorriu.

– De nada.

E voltou a deitar na bolsa. Sorri e fiz carinho em sua cabeça. O motivo? Pense em um filhotinho de pelo curto. Era a mesma sensação: passar a mão no cabelo dele (na parte mais curta) e em um cachorrinho.

Faltavam quinze minutos para bater o sinal, então fui ao banheiro ver como estava a confusão que chamo de cabelo. Como ele estava? Até que legal, mas eu prendi ele em uma trança mesmo assim.

Quando estava saindo do banheiro, esbarrei em alguém. Para minha “sorte”, essa pessoa era Sarafine. Por que sorte? Porque podia ter sido pior. Podia ter esbarrado em Bella, que estava ao seu lado.

– Ei, olha por onde anda. Você esbarrou na minha amiga – disse Bella.

– Me desculpe, Sarafine. Não estava prestando atenção.

– Tudo bem.

Ela era amigável? Então por que na sala de aula era uma chata arrogante?

– Bom, com licença. Vou voltar para a sala – disse já saindo.

– Espera um pouquinho, Anabell. Quero falar com você – disse Bella segurando meu braço e me puxando para dentro do banheiro.

– É, mas – puxei meu braço – em primeiro lugar, meu nome é Annabeth e, a menos que você o pronuncie corretamente, não irei nem te dar ao luxo da minha atenção. E em segundo lugar, não quero gastar meus últimos dez minutos antes das aulas conversando com você – e eu já ia saindo de novo, quando ela segurou meu braço novamente.

– Annabeth – ela enfatizou ironicamente – eu poderia ter o prazer de possuir sua atenção por alguns minutos?

– Claro, Isabella.

– Obrigada. A questão é a seguinte: você vai ter que terminar com o Perseu.

– Mesmo que nós estivéssemos namorando, por que eu faria isso?

– Ah, porque eu quero ficar com ele e você é meu único obstáculo na frente.

Respirei fundo.

– Em primeiro lugar, não, eu e o Percy não estamos namorando nem nada – queria ver onde isso ia dar – e em segundo lugar, mesmo que eu estivesse, não terminaria com ele por sua causa.

– Sério? Duvido muito, eu ia ...

– O que? Tornar minha vida insuportável? Ia contar para os meus pais? Ou se eles já soubessem, ia ficar me seguindo para todos os lados?

– Como você ...?

– Tenho minhas fontes. Agora, preste bem atenção, Bella. Se você quiser ter sua chance com o Percy, vai em frente, não sou eu quem vai te impedir. Mas não chore depois que quebrar a cara novamente, porque, sabe, ela já te deu um fora antes. Vai acontecer a mesma coisa que aconteceu com o Tobias. Se eu fosse você, mudava minha estratégia. Como filha da deusa da sabedoria e estratégia em batalha, sei que se usar sempre a mesma tática, seus inimigos vão aprende-la e usa-la contra você. Agora com licença, que eu tenho cinco minutos para conversar com meu melhor amigo.

E sai. Eu não sabia qual havia sido a reação dela, porque sai antes de conferir. Mas ela veio direto atrás de mim, com Sarafine, como se nada tivesse acontecido.

Quando cheguei na sala, Hermione e Tris já estavam lá conversando e Percy continuava deitado em sua bolsa.

– Bom dia, Annie.

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– Bom dia, meninas.

– Que cara é essa? – perguntou Tris.

– Não é nada.

– Ah, isso não é resposta – disse Hermione. – Conta pra gente.

– Pra resumir a história toda, eu fui ao banheiro e lá a Bella tentou comigo o mesmo que fez com a Tris.

– Sério?

– Seríssimo. Mas eu disse pra ela que não havia nada entre o Percy e eu e que o caminho estava livre pra ela.

– Mas você e o Percy ficaram. Ela não viu vocês?

– Pela reação dela, não. A expressão corporal dela dizia que ela só estava querendo se certificar de que teria o caminho livre.

– E você já avisou o Percy sobre isso?

Nós três olhamos pra ele e começamos a rir. Ela já estava dormindo profundamente. Provavelmente passou a noite toda jogando.

O sinal bateu e Percy se levantou.

– Perdi alguma coisa?

– Sim, Cabeça de Alga. Preciso conversar com você.

– Dá pra ser agora?

– Não. Durante a aula de história, enquanto o George faz chamada, eu conto pra você.

– Beleza.

Esperamos até a aula do professor George, para ele fazer a chamada. Demos sorte, porque ele disse que ia passar trabalhos em dupla e isso nos daria mais tempo para eu contar a história. No final, Percy estava com a expressão meio incrédula, meio confusa.

– Então ela acha que eu vou tentar ficar com ela?

– Exatamente. E eu disse que nós não estávamos ficando nem nada, por isso, semana que vem, nós temos que bolar um plano melhor do que o anterior – olhei para o lado. – E agora seria uma boa hora pra você começar a fingir que não gosta de mim.

– Eu? – ele falou mais alto, mas não tão alto, para o professor não ouvir. – Ficar com você? De onde ela tirou isso?

– Estranho, não? Foi o que eu disse a ela – disse no mesmo tom. – Mas não tente mentir, Perseu. Você quer ficar comigo desde que eu “cresci”.

– Isso é verdade, não dá pra negar – ele disse baixinho e eu chutei sua perna. – Mas eu nunca ficaria com uma Sabidinha igual a você.

Tive que me segurar para não rir.

– E eu nunca que ficaria com Cabeça de Alga lerdo como você.

E me virei para a frente. O professor terminou de fazer a chamada.

– Bom, alunos, agora eu quero que escolham um parceiro do sexo oposto ao seu e que, por favor, more por perto para facilitar o trabalho.

Eu e Hermione nos entreolhamos e depois olhamos para Tris.

– Tris, você gostaria de fazer comigo?

– Claro Tobias.

Eles sorriram um pro outro. Ah, o amor.

– Hermione, você pode fazer comigo? – perguntou, surpreendentemente, Charles.

– Claro, Charles. Onde você mora?

E todos foram formando seus pares. Vi Bella se levantando e cochichando alguma coisa para suas amigas. Ah, não. Não mesmo.

– Percy, devido as circunstâncias impostas pelo nosso professor, você pode ser meu parceiro?

– Claro, Sabidinha. Quando vamos fazer?

– Professor, pra quando vai ser o trabalho?

– Para essa sexta, senhorita Levesque. O trabalho vai consistir em pegar uma matéria do ano passado, que eu vou passar na lousa pra ajudar, e fazer um mapa conceitual sobre isso.

– Quando você vai querer fazer o trabalho?

– Não sei, Percy. Quarta?

– Pode ser. Minha casa ou sua?

– Sua casa. Na minha temos duas crianças pequenas e barulhentas. Na sua só tem uma.

– Faz sentido. Mas a minha irmã adora quando você vai lá em casa e não vai deixar você fazer nada.

– Tudo bem. A gente põe ela pra ver desenho no quarto dela e vai fazer trabalho no seu. Ou pede pra sua mãe dar uma enrolada nela. Simples.

– Ah, e por que a gente teria que ir no meu quarto, Sabidinha?

– Porque lá a gente teria mais privacidade ...

– E posso saber por que você gostaria de privacidade comigo?

– Nem queira saber – estreitei meus olhos.

Ele estava com o rosto muito perto.

– Sua amiguinha Bella está vindo na nossa direção. Melhor disfarçar.

– Disfarçar o que? – perguntei cinicamente e me virei para frente. Devo acrescentar que foi bem na hora em que Bella chegou na mesa de Percy.

– Olá, Percy.

– Oi.

– Bom, eu gostaria de saber se você já está fazendo par com alguém?

– Estou sim, Bella. Me desculpe. É que eu moro praticamente do lado da minha parceira.

Ele estava sendo educado com ela, como se ela não estivesse nos caçando no outro dia.

– Ah, eu entendo. E quem seria sua parceira?

– É a Hermione. Né, Mione?

Ela estava conversando com Tris e só se virou quando ele disse seu nome.

– Claro. Com certeza.

– Ah, nesse caso, tudo bem.

Ela sorriu e se retirou.

– Obrigado, Mi.

– De nada. Obrigado pelo que?

Rimos. Então o professor começou a aula.

***********************************

Eu vou simplesmente pular a terça feira. Por que? Não aconteceu nada de interessante. A não ser que você considere uma palestra sobre as regras novas e velhas da escola interessantes. Se considera, me desculpe, mas eu não conseguiria escrever mesmo que tentasse.

Chegando a quarta feira depois do almoço, estava ajudando minha mãe a achar uns desenhos que ela tinha feito, mas estavam misturados em pilhas. A campainha soou depois que achei o primeiro.

– Eu atendo – gritou Finn.

Ouvi alguns murmúrios e, logo de pois, Finn veio me chamar no escritório.

Annie, o Percy tá aqui.

– Ok. Avisa ele que eu só vou pegar minhas coisas e já vou.

– Vai aonde, posso saber?

– Na casa dele, mãe. Trabalho de história, do professor George.

– Ok. Volte antes do jantar, por favor.

– Pode deixar, mãe.

Sai, peguei minha coisas e fomos para a casa dele. Quando chegamos a mãe dele ainda estava lá.

– Oi, tia Zoe.

– Olá, Annie. O que vocês dois vão fazer hoje?

– Trabalho de história. Por que, mãe?

– Porque eu vou precisar dar uma saidinha e só ia voltar ás cinco. Ia pedir pra você cuidar da sua irmã.

– Eu tomo conta dela, mãe. Relaxa.

– É, e eu tomo conta do Percy, o que dá mais trabalho ainda.

Ela sorriu para nós.

– Obrigada, crianças. Vejo vocês ás cinco.

– Tchau.

E ela saiu pela porta. Dany estava na sala, vendo desenho. Entreguei minha bolsa a Percy e me sentei do lado dela.

– Dany, eu e o Percy precisamos fazer um trabalho importantíssimo de história agora. Você poderia ficar aqui quietinha por algum tempo?

– Tá bom.

– Obrigada. E qualquer coisa, é só ir chamar a gente.

– Tudo bem.

Me levantei. Percy me olhava incrédulo. Ninguém conseguia as coisas facilmente com sua irmã, mas o caso é que ela me adorava. Sempre que ela pedia, eu e Arya íamos ver desenho com ela e vice versa.

– Na boa, você tem que me ensinar esse truque.

– Ah, claro. É só pegar um pouquinho de gentileza e acrescentar fofura e bondade. E uma carinha linda como a minha também facilita o processo.

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– Nossa, muito obrigado.

Entramos no quarto dele e ele fechou a porta. Não, eu e Percy não íamos nos comer. Fala sério, tínhamos quinze anos. A mãe dele podia voltar a qualquer momento e a irmã dele estava no cômodo de baixo. Não que ia acontecer alguma coisa mesmo sem esses fatores.

– Qual é o nosso tema?

– 2ª Guerra Mundial.

– Fácil. O que que é pra fazer mesmo?

– Um mapa conceitual, Cabeça de Alga – falei pacientemente. Conversar com Percy, ás vezes, era como conversar com uma criança.

– Tudo bem. Por onde começamos?

E fizemos nosso mapa. Ficou até que bom, mesmo com alguém reclamando sobre como eu escrevia muito “formalmente”. A única coisa que faltava era passar a limpo.

– Você quer passar a limpo, Percy?

– Não, Sabidinha. E vê se termina logo - dei um tapa nele.

– Por que? Ainda são três e meia horas, tenho tempo até ter que voltar pra casa.

– Mas não é por causa disso ... – ele passou o braço por meu ombro. Nós estávamos sentados no chão, encostados na cama.

– Nem pensar, Percy – disse me levantando e tirando seu braço de cima de mim. Andei até sua escrivaninha e coloquei a folha em cima dela. – Sua mãe pode voltar do nada ou sua irmã pode subir precisando de alguma coisa.

– Mas a porta tá fechada – ele disse ficando de pé também. – Se minha mãe chegar, nós vamos ouvir o carro e Dany sempre bate na porta antes de entrar.

– Percy ...

– Por favor, Annie.

Cara de cachorro pidão. Cara de cachorro pidão. Cara de cachorro pidão. Deveria existir uma lei que proibisse ele de fazer isso. Não era justo, porque não se pode dizer não a um cachorrinho, ainda mais a um cachorrinho pidão todo vestido de preto e com olhos verdes viciantes.

– Ah, não faz isso – tapei meus olhos.

Ele pegou minhas mãos e tirou de meus olhos.

– Por favor ...

Respirei fundo.

– Ok! Ok. Só vamos lá em baixo conferir se sua irmã está bem. Depois eu passo isso a limpo.

– O que você quiser.

Empurrei ele em direção a porta. Descemos as escadas e fomos até a sala.

– Dany, você está bem?

– Aham.

– Ótimo. Vamos! – Percy praticamente teria me arrastado escada acima, se eu não tivesse segurado meu braço.

– Peraê, Cabeça de Alga. Dany, você não tá com fome?

– Sim. Faz leite pra mim, Annie?

– Claro. Espera só um pouquinho.

Fui para a cozinha, seguida por um Percy resmunguento.

– Annie, se você ficar demorando muito, minha mãe vai chegar e você vai embora e eu não vou poder ficar com você até sexta feira e ainda vamos correr o risco de a Bella nos ver e ...

Não deixei ele completar a frase.