O caminho para a região do Central Park de carro leva no máximo 40 minutos. Porém, juntando o fator garoa e trânsito levou uma hora para chegar. Quando se é hiperativo ficar naquele trânsito lento é muito chato. Nada que um rádio não ajudasse e conversas.

— Sabe Annie, tô gostando muito dessa paz depois da Guerra. Tenho enfrentando poucos monstros e nunca são fortes. Acho que eles aparecem no meu caminho sem querer, não percebem a minha áurea.

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Sobre a minha áurea, ela está bem mais forte e poderosa. Senti isso depois da Guerra, como se eu tivesse sofrido um upgrade. Reflexos, pensamento e força sincronizados entre sim. Era assim que eu me sentia.

— Também me sinto assim Percy. Os poucos monstros que apareceram olham assustados quando me veem, até tentam sair do caminho. Mas parece que meu lado meio-sangue diz “vai lá, acabe com ele!”.

— Exatamente isso! E outra, tenho que confessar que gosto da adrenalina de atacar, por mais que sejam alguns segundos. Como se meu corpo sentisse falta, ainda mais que não tenho treinado frequentemente como lá no Acampamento.

Eu estava meio receoso de dizer “eu quero estar em uma missão por mais leve que ela seja.” Sabem aquela história de que as palavras tem poder, pois é imagina se eu disser isso e do nada me surge mais uma missão para salvar o mundo. Pelos deuses, não mesmo!

— Preciso confessar que estou com saudade de lutar. De fazer aquela embolação quando algum inimigo quer nos matar. E do nosso beijo da sorte quando íamos enfrentar um ser qualquer.

Annie ri sem jeito, como senão acreditasse no que estava falando.

Olhei para ela e puxei-a para um beijo rápido. Também sentia falta disso.

O assunto sobre isso ficou no ar e tratei de muda-lo:

— Já estamos na região do Park, podemos deixar o carro nesse estacionamento e caminhar até algum restaurante. Esse trânsito não tá com jeito que vai melhorar.

— É, vamos caminhando mesmo. Aproveitar esse frio maravilhoso.

— Eu gosto do frio. Ele me dá mais um motivo para te abraçar.

A Sabidinha me olhou com certo rubor, mas logo sorriu lindamente.

Levei o carro para o estacionamento e peguei uma touca que estava no banco traseiro, o vento lá fora não parecia nada gentil. Annie tirou um par de luvas da bolsa. Tirei alguns dracmas do porta-treco para pagar o passeio de hoje. E nos encaminhamos para a rua de mãos dadas e colados um no outro.

Andamos até a Angelo’s Pizza, ficava a uma quadra do lado Sul do Central. Entramos esfregando as mãos, o vento realmente não estava ajudando nada. Uma hostess nos recepcionou e perguntou se éramos apenas nós e falei que sim. Ela nos levou para uma mesa mais no canto da pizzaria, era agradável e quente. Tocava uma música suave, mas não era entediante. Gostava muito de ir lá, a comida, o lugar e os funcionários eram muito bons. Acredito que Annie também sentia o mesmo. Essa hostess devia ser funcionária nova, a antiga já nos conhecia. Então o nosso, sim já éramos fregueses, garçom chegou. O nome dele é Mark e perguntou:

— Percy e Annabeth meu casal de clientes. Como vão?

Annie respondeu por nós.

— Estamos bem Mark, e você?

— Você sabe, servindo essas mesas, dormindo, essas coisas de sempre.

Terminou com um sorriso leve.

Rimos da sua expressão então ele pergunta:

— Pedido de sempre? Pizza de ricotta com queijo extra, tamanho médio?

Eu balancei a cabeça já imaginando aquela pizza quentinha chegando.

Annabeth fez um acréscimo.

— Mark, me traz uma salada também. A mista, e um suco de limão, por favor.

— Você quem manda!

— Eu quero uma soda, Mark.

Feito os pedidos, estendi minha mão para pegar a de Annie e fiz um carinho suave. Ela me olhou e esticou para me beijar quando parou no meio do ato. Olhou fixamente para algo atrás de mim. E ficou muito vermelha. Quando eu me virei, vi ela, a Annabeth, com a mesma roupa quando fomos para uma casa de praia no fim do verão. Ela usava um vestido florido, seu cabelo estava solto, e vinha descalço com o sorriso e o olhar mais radiante que já tinha visto. Estávamos na praia, eu tinha vindo na frente então quando ela veio me chamou. Vi aquele espetáculo de mulher e ainda por cima minha, o mais incrível de tudo.

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Fiquei me perguntando o que ela estava vendo e também o que estava acontecendo. Isso com certeza não é normal. Quando a “Annabeth” se aproximou sorriu, mas aquele não era seu sorriso. Esticou a mão e uma cadeira surgiu. Pensei, é algum deus, só pode. Foi então que Afrodite se revelou. Aquele perfume francês tomou conta do ar e meu olhar ficou vidrado nela. Foi ai que senti um aperto na minha mão, era a Annabeth. Consegui tirar meus olhos de Afrodite e vi uma sobrancelha arqueada me desafiando a continuar olhando. Abaixei o rosto sem graça.

O suave tom de voz da deusa começou:

—Percy Jackson e Annabeth Chase, já perceberam como até o nome de vocês junto soa bonito?

Ela disse dando uma risada leve e continuou.

— Estão em um encontro, de mãos dadas, trocando olhares apaixonados. Graças aos deuses e a mim é claro, estão podendo finalmente expressar seus sentimentos sem alguém os atacando. Gostam disso não é?

Balançamos a cabeça. Sem entender onde essa conversa ia chegar.

— Venho acompanhando vocês desde o fim da Guerra. O sentimento de vocês está cada vez mais forte e seguro. O que é muito bom para um relacionamento. Logo vão para Nova Roma não é? Querem começar a se estruturar. Interessante. E aquela ideia Percy? Vai colocar em prática quando?

Meu rosto com certeza estava vermelho. Se a ideia que ela está se referindo, era para ser um segredo. E de forma alguma para ser mencionado assim.

— Relaxe herói, se tudo der certo, você vai conseguir e será aceito. Terá minha benção para isso. Vocês são tão lindos juntos, assim como Jason e minha querida filha Piper.

Seus olhos brilharam como as belas joias daquelas joalherias caras de Mahattam. Eu não estava com um bom pressentimento.

— Vamos ao que interessa. Ouvi a conversa de vocês hoje e sei o que estão sentido também. Querem missão não é? Os heróis do Olimpo sentem falta de ação. Não sei o que tanto veem nessas lutas, no perigo. Não é mais agradável ficar aqui juntos, se curtindo? Heróis são tão difíceis de entender. Mas eu sou a Deusa disso mesmo, entendo tudo. E por isso...

Ela foi interrompida por Mark que trazia nossos pedidos que agora não pareciam tão saborosos quando os fizemos. Nosso garçom ficou parado olhando para Afrodite como se estivesse esquecido até o que é respirar. Afrodite estalou os dedos para trazê-lo para a realidade. Começou a nos servir e perguntou se ela queria algo.

— Traga-me um vinho francês, o melhor que tiver. Estou com saudade daquela cidade, tinha uma viagem marcada para lá, mas vou ter que adia-la.

Fez um semblante triste que logo foi trocado para um olhar de urgência.

— Agora como eu ia dizendo. Vocês sentem falta de missões, pois o pedido de vocês foi atendido.

Disse ela batendo palma. Tirei o copo de soda da boca com um engasgo. Annabeth deixou a salada de lado e olhou assustada para a Deusa. E tratei de parar ela.

— Não quero ofender nem nada, mas não pedimos. Foi só um comentário bobo, estamos muito bem aqui com essa pizza, até a salada tá boa não é Annie? Olha tá tudo ótimo aqui. Daqui a pouco vamos para o Park andar no gelo, como bons namorados. Você sabe como é Afrodite.

— Percy você é um fofo! Se eu pudesse deixava vocês com esse maravilhoso programa. Porém não posso. Preciso da ajuda de vocês. Há um filho de Ares em Las Vegas. Mas o garoto não encarou muito bem a história sobre nós sermos reais. Ele já bateu em três sátiros que foram designados para busca-lo. Ares teria vindo pedir isso, mas eu quis ver como vocês estão e o que sentiriam com esse pedido. Além de que você e ele iriam brigar não é? O que acham dessa viagem de casal? Será ótimo, concordam?

Ela falou tão animada, como se estivesse nos dando uma viagem perfeitamente normal que não nos ofereceria riscos, monstros e o que mais envolver missões de busca.

Annabeth respondeu de imediato.

— Afrodite, mas por que nós? Há tantos semideuses no Acampamento. Conversamos sobre a saudade de enfrentar monstros, mas não queremos nada disso agora.

— Querida, vocês são um dos melhores meio-sangue que já tivemos. O que estou pedindo é algo muito simples, concorda? E será bom para vocês essa viagem, vou continuar observando e testando-os. Lembra-se que eu disse que nunca facilitaria para vocês?

Ela disse a última frase tão bondosamente como se fosse normal ter um relacionamento complicado.

— De fato é uma missão muito simples. Por que não testa com alguém do Acampamento então!? Lembro sim. E estamos muito bem como você pode ver. Não há nada para atrapalhar agora.

— Acalme-se filha de Atena. Vão e verá que será bom. Apesar de tudo são meus protegidos. O problema é que nem tudo são flores. Vocês devem procurar pelo semideus em uma luta de MMA que vai acontecer em Las Vegas antes do Natal. Boa viagem aos pombinhos.

Disse ela bebendo terminando seu cálice de vinho francês e sumindo em uma nuvem com aroma de flores recém-colhidas.

Minha mão ainda estava junto da de Annabeth, apertei ela e fui ao seu encontro. Dei-lhe um beijo forte, como se dissesse “vamos ficar bem.”. Foi correspondido da mesma forma. Então deixei algumas dracmas e fomos embora.

— Ainda quer dar um volta de patins meu amor?

Annie me olhou com um olhar cansado. E eu entendia o que era. Os deuses não paravam de nos usar.

— Vamos sim. Podemos viajar amanhã. Nada melhor que aproveitar agora já que vamos voltar a uma missão. Agora me diz que ideia é essa que Afrodite disse?

Que bobo eu de pensar que Annie ia esquecer esse comentário infeliz da deusa.

—Algo que pensei depois do nosso final de semana na praia no final do verão. Não é nada demais, uma coisa boba. Não se preocupe. Vamos logo.

Ela me olhou tentando tirar algo mais dessa resposta sem rumo que dei. Mas logo olhei para rua atento se tinha algum carro vindo. E a puxei para atravessarmos a rua e ir dar algumas voltas de patins no gelo.

— Algumas quedas nos aguardam. Vamos ver como anda seu equilíbrio Sabidinha.

E dei um beijo na ponta do seu nariz. A caminho da pista de gelo.