Sword Art Online - Hunter

Capítulo 7 - Ira


31 de Outubro de 2023 – 44° Andar – Green Stone – 6:49 am.

“Rápido! Vamos ao teleporte. Sem perda de tempo!” Eu disse ao ver Toshio e Nalius diminuindo o ritmo devido ao cansaço.

Estranhamente em SAO parecia que correr e lutar usavam dois tipos de energia diferentes, pois eu era capaz de ficar horas correndo, enquanto uma luta de vinte minutos já me deixava exausto. Cheguei à conclusão disso quando percebi que outras pessoas tinham o mesmo problema, só que ao contrário, lutava por muito tempo e não suportavam alguns minutos de corrida.

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“Hikaru-san... Nalius-san...” Disse Toshio, enquanto juntava seu folego “Sou grato a tudo o que vocês fizeram a mim hoje... Mas peço desculpas, não irei continuar a acompanhá-los daqui...” antes que continuasse, interrompi sua fala.

“Não se preocupe Toshio-san. Entendo em sua parte, e não poderíamos pedir que viesse conosco depois de ter quase morrido no último confronto.” Toshio era uma boa pessoa, mas depois de tudo o que passou, não queria arriscar vê-lo sendo morto. Não por ser fraco, mas ele tinha acabado de sofrer um trauma e isso talvez o distraísse dentro de outra luta.

“Boa sorte a vocês.” Desejou Toshio.

Agrademos e nos despedimos. Em seguida, eu e Nalius fomos ao teleporte e viajamos para o 17° Andar.

31 de Outubro de 2023 – 17° Andar – River Wood – 7:32 am.

“Vamos direto para a casa de Samanta-san?” perguntou Nalius enquanto corríamos adentrando o pequeno vilarejo de River Wood.

“Não sei, acho que ela deve estar por aqui. Ela sempre vem na feira para comprar materiais de manhã.” Respondi, procurando-a.

Sem sucesso, me lembrei que poderia localizá-la através da lista de amigos. Sem muito esforço achei o nome de Samanta em minha pequena lista. Após alguns segundos Analisando o mapa eu fui capaz de determinar onde o ponto amarelo, que representava Samanta, estava localizado.

“Ela está... na floresta?” me perguntei tentando entender, Samanta não saia mais de zona segura para nada. “Espere, Any e Dariu estão perto, também dentro da floresta.” Nesse momento um enorme calafrio começou a tomar conta de minha alma, Nalius não estava entendendo nada. “Vamos para onde eles estão. Estou com um mau pressentimento.”

31 de Outubro de 2023 – 17° Andar – Floresta dos Carvalhos Gigantes – 8:05 am.

“Estamos perto dela. Mais rápido!” Disse para Nalius. Segundos depois escutamos vozes alteradas e alguns gritos.

Quando finalmente avistei a cena, Samanta estava apontando uma espada para um PK, enquanto Dariu estava perto sem ações e um outro PK mais atrás, que estava segurando Any como refém. Sem explicações, eu havia entendido o que se passava. Porém fiquei aflito quando percebi que mais três PK’s estavam nas árvores cercando Samanta.

“Espere! São muitos, temos que fazer uma estratégia antes. Se não eles podem machucá-los.” Interrompeu Nalius, assim que percebeu que eu iria agir.

“Senão ajudarmos antes, eles vão matá-la!”

“Eles precisam dela, então não vão matá-la! Tenho uma ideia, mas antes...”

Fiquei observando a luta de Samanta contra o grande PK enquanto Nalius explicava o plano. Quando vi Samanta ser nocauteada, quase sai em direção a ele, mas novamente fui detido por Nalius.

“Espera... Só mais um pouco” insistiu Nalius. “Aqui, pegue. Talvez precise.” Ofereceu-me um pequeno cinto que se prendia a perna, perto do joelho. Nele continha algumas pequenas adagas “As quatro de cima são venenos paralisantes, para arremessar. Enquanto as quatro de baixo são antídotos. As duas da esquerda são anti-paralisia e as outras são desintoxicante e ante enfraquecimento respectivamente. Não esqueça! Paralisia demora 2 segundos para fazer efeito, você só terá esse tempo para se auto aplicar o antidoto. E não erre! Se errar as consequências serão bem piores!” explicou Nalius. “Vou para a minha posição.”

Eu também fui para a minha posição do plano e esperei pelo sinal, porém quando vi um PK muito estranho se aproximando de Samanta com certas intenções, me enfureci.

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“Não vou deixá-lo tocar nela!” resmunguei comigo mesmo. Logo em seguida peguei uma das adagas com veneno paralisante, carreguei a skill de arremesso e esperei que o PK ficasse parado. Minha habilidade de arremesso não era tão alta quanto as outras, eu só a upava para certas ocasiões, mas nunca pensei em utilizá-la como agora. Quando ele se inclinou mirei bem em sua cabeça e arremessei. A adaga cortou o ar e acertou bem em sua costela esquerda. “Errei...” me chateei pois não acertei o local onde queria, mas meu alvo acabou sendo paralisado.

Após isso comecei a caminhar em direção a eles, que rapidamente me localizaram. O plano de Nalius era eu distraí-los por alguns segundos para que ele pudesse passar desapercebido e usar um veneno paralisante no PK que estava segurando Any. Dessa forma seriam apenas três PK’s para enfrentarmos.

Any gritou pelo meu nome e os PK’s hesitaram por um momento. Porém depois de discutirem algo entre si, dois deles começaram a correr até mim. O da frente era um PK grande e alto usando uma espada de duas mãos, fora este que batera em Samanta. O segundo ainda estava de capuz, porém ele não usava nenhuma armadura como eu, apenas uma calça engraçada e sua cimitarra eram possíveis ser vistas.

Um pequeno grito de agonia ecoou quando Nalius acertou uma adaga nas costa do PK que segurava Any. Isso acabou distraindo os dois que vinham ao meu encontro. Ambos pararam no meio do caminho para verificar o que havia acontecido.

“Essa é a minha chance!” pensei comigo e comecei a correr com toda a minha velocidade para cima dos dois PK’s distraídos.

Um pouco antes de eu chegar até o grandão, o outro encapuzado começou a correr em direção a Nalius. Não puder fazer nada para impedi-lo, porém o PK grandão percebeu minha investida e bloqueou com sua enorme espada. No choque de nossas lâminas puder medir a força do meu oponente, apesar de seu tamanho e sua aparência eu pude sentir ele se esforçando para segurar o impacto. Ele provavelmente era muitos níveis abaixo que eu, o que me dava uma grande vantagem.

Com mais confiança comecei a retaliar com uma habilidade que dava diversos ataques rápidos com média força. Porém meu inimigo desviou do primeiro, bloqueou o segundo e começou a recuar. Não tive alternativa a não ser esperar o sistema completar o combo¹ da minha skill no ar.

Enquanto isso, olhei em volta e não consegui localizar o líder dos PK’s. De algum modo ele havia desaparecido. Por outro lado, Nalius tinha iniciado a luta contra o PK que carregava uma cimitarra.

“Para onde ele foi?” Me perguntei. Quando minha skill foi completada, o primeiro PK que eu havia acertado a paralisia estava se levantando com alguns efeitos verdes em volta de seu corpo. “Como ele...? Ele usou um cristal?” Não era possível usar qualquer tipo de cristal enquanto estivesse paralisado, a não ser se o cristal já estivesse na mão. Porém o PK estranho não possuía nada em suas mãos quando o atingi. O tempo do veneno de Nalius varia de acordo com a resistência do alvo, porém deveria durar no mínimo dez minutos. Mas o inimigo já estava de pé com menos de dois minutos.

O estranho PK sacou uma adaga e veio para cima de mim. O outro que recuou se uniu a ele e ambos começaram a me atacar ao mesmo tempo.

Com uma sequência de golpe onde um revezava com o outro, eles foram me superando tanto em velocidade quanto força.

“Droga...” eu estava sendo pressionado, só que dessa vez por dois oponentes. Nesse momento percebi um ícone diferente embaixo da minha barra de HP. Era o ícone da segunda Skill da árvore da habilidade única, ela era marcada como passiva² e por causa disso nunca consegui testa-la. “Balance Justice... em combate com dois ou mais inimigos, os status de velocidade e dano crítical serão aumentados em 25% e 50% respectivamente para cada inimigo focado.” Finalmente havia compreendido o que fazia. Mesmo estando em desvantagem numérica em um combate, ela era capaz de aumentar meus status para balancear a luta. Meus movimentos e minha percepção, também tinham aumentado.

Enquanto isso, Nalius Lutava contra o PK que carregava a cimitarra, tentando proteger a área onde Any se agachava. Dariu se uniu a ele, tentando passar pelo campo onde os dois lutavam. Porém o outro PK que estava com Any no início se recuperou da paralisia do mesmo modo misterioso e foi novamente tentar faze-la como refém. Por causa disso Dariu se enfureceu e com seu machado de lenhador, se lançou bravamente no meio da luta de Nalius e o outro PK. Por muita sorte ele passou ileso pelos dois e jogou seu corpo contra o PK que tentava agarrar Any.

“VOÇÊ! Não ouse pôr a mão nela!” Esbravejou Dariu enquanto ele e o PK rolavam no chão. Quando se separaram, ambos voltaram a ficar de pé e começaram trocar golpes entre si. Apesar de tudo o que havia passado, Dariu não deixou de treinar e ganhar alguns níveis. Mas seu inimigo era alguém experiente e por isso eu tentava me livrar dos meus oponentes o mais rápido possível para ajudá-lo.

Minha pressa acabou sendo minha inimiga, comecei a errar alguns movimentos e meus adversários começaram a dar os golpes em sincronia e em diferentes lados para que eu não pudesse bloquear. “Mesmo que seja um simples raspão, não posso deixá-los encostar mim.” Meu maior medo era que suas lâminas estivessem envenenadas como as dos PK’s do 44° andar.

Em um ataque vertical, o grande PK jogou todo o peso para sua grande espada, que não tive outra alternativa a não ser bloqueá-la com a minha. Com muito esforço parei sua lâmina a alguns centímetros do meu ombro direito. Desse modo meu lado esquerdo ficou totalmente aberto. Aproveitando essa brecha o estranho PK, que usava uma adaga, tentou esfaquear meu corpo, enquanto o outro fazia pressão mantendo minha espada presa naquela posição.

Por extinto soltei minha mão esquerda da empunhadura da espada e a joguei em direção a adaga, fazendo um movimento para tentar pegá-la no ar. Minha manopla especial que a protegia, possuía um aparato que a diferenciava das que eram compradas em NPC. Uma pequena lâmina oculta se escondia abaixo do pulso, tendo um dedo e meio de largura, meio centímetro de espessura e meio palmo de comprimento. Não era forte, mas ainda sim, era uma arma traiçoeira, que possuía corte e era perfeita para perfurar inimigos que se aproximam.

Com um movimento do pulso a lâmina oculta foi sacada, e sutilmente, desviei a adaga do meu corpo, jogando sua direção para o nada. Com o impulso, o portador da adaga também seguiu para a mesma direção. Eu puxei novamente minha espada para livrar-me do ataque que a prendia e acertei a empunhadura bem na face do PK que passava por mim com a adaga, fazendo ele se retrair por conta da intensa dor. Por reflexo me joguei para trás tentando recuar, e a larga espada do grande PK rasgou o ar no local onde eu estava, passando a poucos centímetros do seu companheiro.

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“Minha última carta na manga...” pensei me referindo a minha lâmina oculta. Seu dispositivo era simples, quando eu retraia o meu pulso a lâmina saia 1,5 segundos depois, e quando voltava o meu pulso na posição normal ela se escondia novamente na hora. Entretanto ela possuía outra função, que dentro deste tempo de 1,5 segundos, se eu retraísse o pulso duas vezes seguidas, a lâmina era sacada e ficava fixa, podendo mover meu pulso livremente e para ela se esconder era apenas retrair o pulso duas vezes novamente. Eu só havia usado isso duas vezes enquanto lutava contra monstros da linha de frente, mas eu já tinha treinado outras horas sozinho, pensando em utilizá-la apenas quando fosse extremamente necessário e assim mantê-la em segredo.

“Ei! Toma cuidado com isso!” reclamou o PK estranho, se referindo ao golpe que quase o atingiu. Sua voz era estranha, um pouco enjoada, combinava com seu jeito.

“É só não entrar na minha frente!” retrucou o grande PK, com um tom sério que fez o outro se acuar. Eu esperava que se distraíssem, assim eu poderia atacar de surpresa, porém a discussão cessou e ambos se concentraram em mim.

“Ahhgh...” um gemido estranho chamou a minha atenção. Quando me virei para identificar o som, vi Dariu caindo. A cor vermelha riscava sua garganta. Ela havia sido cortada por um cutelo de aparência sombria. O portador desta arma macabra era o PK que tinha desaparecido da minha visão quando o confronto começou. Sua posição perante a Dariu, indicava que ele o havia atacado pelas costas, num ato covarde enquanto Dariu enfrentava o outro PK que usava um machado de uma mão. Enquanto Dariu caia no chão, eu pude ver sua barra de HP descer drasticamente, do verde para o amarelo que depois virou vermelho e desapareceu. Quando ele atingiu o chão seus olhos se cruzaram com os meus. Diferente de Saigo, os deles adotaram um jeito de conformidade, como se confiasse a mim tudo aquilo que era precioso para ele.

“NÃO!” Foi o que eu queria gritar. Pelos próximos poucos segundos, todos, inclusive os PK’s, ficaram em silêncio observando a cena, até finalmente o corpo de Dariu ser envolvido por um brilho fraco e se despedaçar em diversos polígonos luminosos.

“NÃÃÃÃOOOO! NI-SAANN!” Gritou Any chorando, enquanto Nalius a segurava para ela não correr até onde o corpo de Dariu tinha desaparecido.

Os PK’s, com exceção do que o matou, deram uma gargalhada como se estivesse comemorando o feito do líder deles.

“Se ele não puder servir a nós... ele também não servirá a ninguém.” Disse o PK líder, enquanto guardava sua arma sombria. “Matem o resto... eles não são úteis para nós.”

Quando ele concluiu com essas palavras, um frio percorreu meu corpo, não por medo de morrer, mas sim por imaginar isso acontecendo com Any e Samanta. Apertei a empunhadura da minha espada com toda a minha força, tentando descarregar a intensidade de meus sentimentos.

“Por quê?...” Eu disse, ainda olhando o local onde Dariu estava. “Porque ele?” O Líder deles virou-se a mim. Finalmente pude enxergar seus olhos, eram tão fundos como um poço, sua face era obscura, não possuía nem uma expressão. Era quase como se estivesse congelada.

“Ele era o que mais representava perigo para nossos planos... por isso ele era a minha prioridade” respondeu ele, ainda com nem uma expressão.

Sua resposta me atingiu como uma faca fria “Perigoso... Dariu? Ele nem percebeu que nós somos caçadores?” Um ódio começou a me queimar por dentro. Ele havia escolhido matar alguém que tinha pessoas que o amava, que sentiriam sua falta. Isso era imperdoável, não só pelo fato de matá-lo, mas sua morte causaria também, muita tristeza para Any e Samanta.

“Maldito... Eu jamais irei te perdoar!” Minhas palavras queimavam, e a única resposta que tive em troca foi um pequeno sorriso dele, o que me enfureceu mais ainda.

“Eliminem-nos!” Ordenou o PK líder e depois se virou ignorando a cena e caminhando como se fosse embora.

Eu comecei a correr para atacá-lo. Não pensava em mais nada, a ira já havia tomado conta do meu corpo. Eu só sentia o desejo de destruí-lo, de fazê-lo sofrer como Any estava agora.

Mas a alguns metros antes de chegar nele o PK com Machado entrou em meu caminho tentando desferir um golpe diagonal com sua arma que já estava levantada. Meu corpo começou a se mover sozinho. Minha espada estava abaixada e eu não poderia bloquear, porém a velocidade de seu ataque era muito baixa, quase como se estivesse em câmera lenta. Então deixei fluir meus sentimentos de ódio e me concentrei.

Quando o Machado estava prestes a me atingir, eu me abaixei e avancei. Ainda agachado passei pelo PK e levantei minha espada com um movimento de corte de cima para baixo. O golpe fez um corte em sua perna direta. Aproveitando o impulso do ataque me virei com força e saquei minha lâmina oculta. Tentei usá-la para fazer um corte em sua garganta, aproveitando minha velocidade incomum. Porém o PK havia dado um golpe no ar e ainda estava com o impulso, e acabei fazendo um pequeno corte em suas costas.

Quando afirmei meus pés no chão, senti algo se aproximando em minhas costas. Não sabia explicar que sentimento era, mas parecia simplesmente extinto. Me virei rapidamente em sentido horário e encontrei o grande PK correndo em minha direção com sua enorme espada em posição para perfurar meu corpo. Ele já estava praticamente em cima de mim. Mas sutilmente e com um olhar fixo em seu rosto, eu desviei e guiei seu ataque, usando a minha espada, para o local onde estava o outro PK que recuperava o equilíbrio. Por causa de seu tamanho, o grande PK não foi capaz de parar quando percebeu minha intenção. A sua espada perfurou as costas do outro PK que estava usando o machado. Sem piedade, eu olhei para o rosto surpreso do grande PK e finquei a minha lâmina oculta embaixo de seu queixo que atravessou a cabeça toda até sair do outro lado, mantive ela assim enquanto via a sua barra começando a cair drasticamente.

Novamente senti a sensação estranha em minhas costas. Sem hesitar, carreguei uma skill de força em minha espada e desferi um golpe em diagonal de baixo para cima enquanto me virava. Pude ver o PK estranho carregando uma skill de adaga, com ela levantada em uma posição que lembrava a de um ritual de sacrifício. Mas o meu ataque acertou a adaga antes mesmo dele poder iniciar o golpe. Com o choque, eu arremessei sua adaga para longe. Usei minha espada, que ainda estava levantada, parar carregar uma skill rápida de corte, e o golpeei na direção contraria do meu primeiro ataque. Em desespero o estranho PK tentou se proteger colocando o braço na frente, mas a lâmina da minha espada passou direto cortando-o e depois atingindo o seu ombro esquerdo. Ainda furioso, eu fiz mais força e comecei a cortar o corpo do PK. Quando a espada chegou em seu peito o PK caiu de Joelhos se entregando a dor. Sua barra de HP tinha sofrido uma queda drástica e estava em 35% e continuava caindo.

Impaciente, retirei a lâmina oculta que ainda estava cravada na cabeça do outro PK e mirei bem no centro da face estranha do PK. Ele estava de joelhos, não pode fazer nada para me impedir. Olhei friamente para seu rosto que estava com uma expressão assustada e apreensiva. Só que desta vez, eu não senti nem uma compaixão e o perfurei fazendo com que a lâmina oculta entrasse abaixo do olho direito e saísse do outro lado da sua cabeça.

Sua barra de HP caiu diretamente para zero e desapareceu. Fiquei observando, inexpressivamente, seu corpo ser envolvido por uma luz branca e se explodir. Outras duas explosões aconteceram quase que simultaneamente atrás de mim, criando numerosos polígonos coloridos que se espalharam pelo ar e sumiram.

Recuperei minha estabilidade, ainda naquele momento eu não havia entendido o que havia feito. A minha velocidade fora do normal era causada pela minha skill passiva que se ativou com a batalha. Mas a raiva, a ferocidade e a impiedade com que eu eliminei meus oponentes, eu jamais tinha sentido algo assim.

Me virei para identificar o local em que o líder deles estava porém ele já havia desaparecido. Nalius e o PK com quem ele lutava, o que carregava uma cimitarra, estavam parados me olhando.

“E-Eu m-me rendo!” exclamou o PK, quando percebeu que estava sozinho. Sua voz pouco rouca estava cheia de nervosismo e medo. Enquanto isso Any foi correndo até onde Dariu havia morrido e começou a chorar no local.

Me posicionei novamente e comecei a escanear em volta para ver se achava o líder deles. “É ele... eu tenho certeza... e de alguma forma ele possui um método para desaparecer...” Pensei. Enquanto isso Nalius foi até o PK que sobrou retirou sua capa. Um rapaz que tinha entre seus 15 anos se encolhia amedrontado. Trajava roupas surradas e listradas, e apenas um peitoral como armadura. Seu personagem lembrava um pirata.

“Eu te conheço...” suspeitou Nalius. Curioso ele começou a olha em seu inventário e retirou um cartaz de procura-se com a foto do PK. Confirmado sua identidade, Nalius o amarrou e usou um cristal para teleportá-lo até a prisão no primeiro andar.

Eu ainda estava vigiando o local com uma expressão séria, no fundo eu sabia que o inimigo que tanto procurávamos estava por perto. Nalius foi até Any para tentar conforta-la de alguma forma.

“Covarde! Apareça! ...” Gritei ao ar, mas depois desisti. “Assassino desgraçado...” resmunguei um pouco alto. A resposta veio logo em seguida, uma risada que se ecoava pelas árvores. Eu não pude identificar o local exato, mas era algum lugar próximo.

“... Você me chama de assassino, mas quantos você matou hoje?” sua voz fria e robusta ecoava de uma maneira medonha pela floresta.

“Eu... Eu os matei para proteger os inocentes” hesitei em responder, mas depois minha voz se afirmou “Inocentes que você mata por simples ganância e egoísmo!”

“Matar... não importa o motivo, no final você é igual a mim... só que eu não nego meu caráter... Nos encontraremos novamente... ‘Caçador’!”

“Maldito! Eu irei te caçar nem que seja até o inferno!” após ter gritado isso, não houve nem um retorno, e a presença que sentia dele havia sumido.

Samanta começava a acordar, um pouco tonta, ficou surpresa ao me ver. Porém eu a olhava com uma expressão triste, eu não sabia como contá-la sobre a morte de Dariu. Mas quando ela viu Any chorando sem parar, ela olhou em volta procurando por Dariu. Seu rosto ficou pálido, então me agachei a seu lado e lhe contei o que havia acontecido. Seus olhos se encheram de lágrimas que logo começaram a rolar pelo seu rosto. Então ela correu até onde estava Any e a abraçou, juntas começaram a gritar de angústia pela falta de Dariu.

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Aquela cena havia mexido muito comigo, meus sentimentos estavam embaralhados e uma forte dor no peito começou tirar meu folego. Dariu era um amigo, alguém que eu podia confiar naquele mundo, mas sua morte não era o motivo da dor. “Samanta... ela o amava...” Eu já tinha algumas suspeitas sobre isso e ao ver a reação de Samanta, pude confirmar. Os sentimentos que eu tinha por ela estavam confusos, e agora com a morte de Dariu eu não pude controlá-los. Por um lado eu não queria ver Samanta, nem mesmo Any sofrer, mas por outro Dariu havia morrido e deixado um lugar vago em suas vidas que poderia ser preenchido por mim. O sentimento de culpa e a dor desses pensamentos dilaceravam minha alma. Um grande aperto no meu coração fez com que eu segurasse a minha respiração. “Preferia ter sido eu em vez de Dariu...” Concluí, ainda com raiva misturada a “inveja”, por causa da escolha do PK em matar Dariu em vez de mim, julgando ele sendo o mais perigo entre nós.

31 de Outubro de 2023 – 17° Andar – Arredores de River Wood.

Horas depois eu já estava um pouco mais calmo, porém usei meu tempo para pensar e juntar todos os fatos. Eu estava na sala de estar da casa de Samanta, Nalius estava junto de mim, esperando uma mensagem de Koji informando sobre o interrogatório do PK que ele havia prendido.

“Não se preocupe Hikaru... Vamos alegar que foi legitima defesa e não irão te prender pelas mortes dos PK’s.” Disse Nalius ao perceber que aquilo me incomodava. Eu concordei fazendo um sinal com a cabeça e depois concentrei meu olhar em um vaso que ficava em cima de uma estante.

“Pode até ter sido isto que aconteceu. Porém, naquele momento eu queria realmente mata-los, eu queria destruí-los da forma mais dolorosa e impiedosa possível... em algum momento eu poderia ter parado e poupado suas vidas, mas eu queria vê-los desaparecer...” Nalius não respondeu nada. Logicamente eu não poderia dizer isso para os superiores, mas eu não podia mentir para mim mesmo.

“Chegou!” Exaltou Nalius quando um sinal sonoro de uma mensagem soou para ele. Rapidamente ele a abriu o menu e foi lendo com os olhos a mensagem. “Não pode ser...” olhei curioso para o rosto de Nalius que aparentava uma expressão séria, depois ele fechou a mensagem e me encarou. “Quando enviei a mensagem para Koji-san, ele foi checar a cela onde o PK foi preso... E ela estava vazia.”

“Como assim? Não é possível ele ter escapado!”

“Ele não escapou... Koji-san confirmou o nome dele na lista. Ele foi morto com envenenamento logo após ser preso.” Explicou Nalius.

“Droga... mas como isso?...” Disse eu. Quando Nalius iria dar continuidade a conversa Samanta saiu do quarto e veio até nós. Ela estava com o rosto vermelho de tanto chorar.

“E Any? Como ela está?” perguntei. Ela parou e se sentou numa cadeira próxima a mim.

“Ela finalmente dormiu... O choque da perda do irmão, assim, desse jeito...” Relatou Samanta enquanto tentava não chorar. Eu não sabia o que dizer a ela perante a tudo o que estava acontecendo, mas decidi ficar quieto e não dizer nada sobre os PK’s para tentar mantê-la em segurança.

“Vamos partir... Temos assuntos inacabados, que precisamos resolver.” Samanta me olhou com uma expressão vazia. Eu não deveria deixá-la nesta situação, mas eu não podia ficar. Meus sentimentos ainda estavam instáveis e tinha medo de acabar piorando tudo. “Por favor cuide da Any... Sem Dariu ela só tem a nós em Aincrad.” Samanta balançou a cabeça concordando. Despois disso me virei e sai pela porta junto de Nalius. Samanta nos acompanhou até o jardim.

“Você tem que ir mesmo?...” Disse Samanta com um olhar vazio.

“Desculpe... não posso ficar” Meu peito doía ao vê-la assim, mas eu não suportava mais aquela dor, e também não achava certo ficar.

“Volte logo então...” concluiu ela retornando para dentro da casa.

“Acho que você não percebeu o que disse antes. Não temos mais nada agora, teremos que recomeçar do zero” Relatou novamente Nalius. Eu o olhei diretamente com um expressão séria.

“Preciso perguntar algo antes a você” antes de continuar a conversa eu queria ter certeza de como Nalius chegou até onde estava, para saber se podia ou não confiar nele. Até o momento ele já havia me salvado duas vezes e me ajudado muito nas batalhas, por isso resolvi ser sincero com ele.

“O quê?”

“Quero saber como você sabe que foram esses PK’s que mataram a sua ex-guilda?”

“Bom... na verdade eu soube pelo Koji-san. As descrições batem e o método de morte também, envenenamento. Todos da minha guilda foram mortos com veneno”

“Então, antes de ter contato com Koji-san, você não sabia nada sobre eles?”

“Exatamente.” Confirmou Nalius. Comecei a pensar por alguns segundos e finalmente montei o quebra cabeça.

“Nalius, o que vou falar agora a você, não pode ser dito a mais ninguém” curioso ele apenas concordou e ficou atento a minha explicação.

“Quando me separei de vocês no primeiro andar, antes de ir até a floresta do 44°, eu fui encontrar a Info-chan. Quando estive com ela, nós verificamos todas a informações que tínhamos sobre assassinos em Aincrad. No cartaz com recompensa diz que este PK que enfrentamos hoje está envolvido na morte de inúmeros jogadores, porém não existem muitas mortes com indicação de ‘assassinato’ na lista de mortes de jogadores do primeiro andar. Existem muitos poucos casos, porém a morte com a causa de envenenamento tem sempre estado alta desde o 19° andar, que foi onde nos encontramos pela primeira vez com monstros que usavam venenos. Agora o estranho disso, é que não tiveram mais criaturas que usavam venenos desde de que chegamos ao 40° andar, logicamente a morte por envenenamento mesmo entre os jogadores medianos iria diminuir, mas ela se mantém constante.” Nalius parecia estudar tudo o que havia dito.

“Certo mas o que isso tem haver?” perguntou ele ainda com uma cara duvidosa.

“É ai que tudo se encaixa, esses PK’s tem matado suas vítimas utilizando venenos para manter oculta a presença deles, e assim escapar de caçadores como nós.”

“Mas ainda assim, eles se descuidaram algumas vezes e acabaram sendo relatados para o Exército.” Completou Nalius.

“Não. Eles não foram relatados por ninguém, pois os únicos sobreviventes dos ataques daquela guilda de PK’s é você e o Toshio-san. E ele não relatou isso ao O Exército”

“Então isso significa que...”

“Sim, O Exército de alguma maneira sabe sobre essa guilda e são informações que não vieram dos informantes” Agora Nalius começava a entrar na mesma linha de raciocínio. “Mas o mais preocupante, foi a tentativa de nos eliminar, colocar os dois melhores caçadores em direção à uma armadilha para enfrentar dois assassinos profissionais.”

“Mas O Exército, o que eles ganhariam com isso?” questionou Nalius.

“O Exército é a maior guilda de Aincrad, ela é dividida em partes onde cada parte tem seu líder. E há rumores de que existe um entre eles que é tido como o ‘cruel’ e ‘sombrio’, é ele quem faz o trabalho sujo da guilda. Assassinatos, desaparecimentos, entre outra teorias estão relacionadas a ele. Há uns dias atrás, um pouco antes de te conhecer, eu estive investigando sozinho sobre a morte de três caçadores. Porém não encontrei nada. Mas agora com esses fatos, eu posso te afirmar, tem alguém dentro do O Exército querendo acabar com todos os caçadores e está usando essa guilda como isca e ferramenta para isso...” a Expressão de Nalius ficou séria ao perceber a situação.

“Mas... por quê?” perguntou Nalius incrédulo por tal afirmação.

“Isso é o que devemos descobrir. E esses PK’s são a chave disso, eles com certeza estão diretamente ligados a toda essa conspiração.”

“O Exército conspirando contra nós? Ainda é difícil de acreditar...”

“Entendo... Mas o fato é que esse mesmo alguém do O Exército, está ajudando esses PK’s a se fortalecerem.”

“Então... Isso tudo está longe de acabar...” concluiu Nalius, enquanto ambos olhávamos para o sol se escondendo no horizonte enquanto deixava o céu alaranjado.

“Sim... isso foi apenas o começo.”