“Desculpe-me por ser tão cego, eu não pretendia abandonar você e tudo aquilo que tínhamos... Desculpe-me por não acreditar que alguém realmente começa-se a se apaixonar por mim” - Sorry

Afonso estava sentando na sala do trono, sua cabeça fervilhava de pensamentos. Nunca se sentiu tão confuso como agora. Ele não se arrependia de ter sido o mandante da morte dos pais de Catarina, mas o seu sofrimento... Seus olhos sem brilho. Isso o incomodava. Devia está feliz, brindando por agora ser o rei mais poderosa da Cália, mas sempre que fechava os olhos, era os olhos sem brilho de Catarina que via.

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“Merda” Falou frustrado, jogando o copo de vinho na parede. Ele se recusava a acreditar nisso, ele Afonso de Monferrato não sentia nada por ninguém. Ele jurou desde a infância amar apenas duas coisas: O poder e ele mesmo. O poder sempre viria a frente de qualquer coisa. E estava mais do que disposto a provar para si mesmo que o que estava sentindo não passava de pena.

“Majestade” Virgílio falou entrando na sala do trono. “Chegou um convidado e solicita a sua presença.” Mas o rei não estava com cabeça para falar com ninguém no momento.

“Mande que volte outra hora.” Falou de forma rude, seu conselheiro ficou olhando para o rei sem saber o que fazer e tentou mais uma vez. “Mas majestade, é que é o...”

“NÃO ME IMPORTA QUEM SEJA VIRGÍLIO!” Afonso gritou, encarando seu conselheiro, quando uma voz muito conhecida falou entrando na sala.

“Não se preocupe Virgílio, sei que meu querido irmão vai me receber.” O rei olhou com incredulidade para a porta, por onde entrada seu irmão.

“Rodolfo?” Ele falou ainda sem acreditar, fazia anos que não via o irmão. “O que você faz aqui?” Virgílio sabiamente saiu da sala, sabia que seria um momento delicado e não queria estar perto para ver.

“Pensei que fosse estar mais feliz por ver-me depois desses anos.” Falou ironicamente, andando pela sala. “Vejo que enfim você conseguiu tudo o que queria. Reina sobre Montemor e Artena, e soube que agora é o protetor do Norte e do Sul, devo lhe parabenizar?” Afonso encarava seu irmão, sem nada dizer. Não esperava que pudesse vê-lo depois de seu último encontro. Há três anos Rodolfo apaixonou-se por Lucrécia, na época uma jovem rainha, ela tinha apenas 16 anos, enquanto Rodolfo tinha 18. Seu reino era consideravelmente grande: Alcaluz. Mas era um reino distante, não pertencente a Cália. Afonso nunca perdoou o irmão por largar tudo e casar-se por amor, afinal aquele reino em nada beneficiaria Montemor.

“Ainda não disse o que o traz de volta.” Falou.

“Peguei o primeiro navio quando soube da morte do rei Augusto e da rainha Cecília.” Justificou, Afonso soltou uma risada rancorosa.

“Acredito que tenha chegada tarde demais, se seu reino fosse mais perto...” Provocou o irmão, mas Rodolfo já esperava por isso.

“E como Catarina está? Não deve está sendo fácil para ela.” Falou, pensando na morte de seus próprios pais. Afonso fechou seus olhos, a ultima coisa que queria pensar agora era em Catarina e o turbilhão de sentimentos que ela causava.

“Ela está bem.” Falou de forma brusca. Dessa vez foi Rodolfo que riu, um riso carregando de sarcasmo.

“Claro que está bem irmão, ela acabou de perder os pais. Não que isso faça alguma diferença para você, afinal, se fechou tanto que só ama a você mesmo. Na realidade, nem tenho certeza se você sabe o que é isso. Amor.” Falou, escorrendo veneno em cada palavra.

“Não me venha com essa filosofia barata Rodolfo, olhe bem para mim. Sou o protetor do Norte e Sul. O rei mais poderoso de toda a Cália. Acha mesmo que eu preciso de um sentimento fraco e tolo como o amor?” Falou levantando da cadeira onde esteve todo o momento.

“E de que adianta tudo isso? Você vai terminar sua vida amargurado e sozinho. Todo esse poder, toda essa ganância, e você não passa de um pobre homem miserável.” Eles encavam friamente um ao outro, até que a porta foi aberta e por ela entrou Catarina, vestindo um vestido preto com detalhes dourados usando sua nova coroa. Atrás dela um soldado de Artena. Seus olhos varreram o local e encontrou ambos os irmãos, que pareciam em meio a calorosa discursão.

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“Rodolfo?” Ela perguntou reconhecendo o caçula dos Monferratos.

“Catarina.” Ele falou indo de encontro a sua cunhada, a recebendo com um forte abraço, sabia que palavras nenhuma mudaria a situação e que ela provavelmente já estava farta delas, então apenas a apertou em seus braços. “Você consegue ficar cada vez mais linda com o passar dos anos.” Rodolfo elogiou quando se afastaram.

“Muito obrigada, fico grata que tenha vindo. E Lucrécia, como está?” Falou lembrando o nome da rainha de Alcaluz.

Os olhos de Rodolfo brilharam, ele claramente amava a esposa. “Infelizmente ela não pode vim, mas manda suas condolências.” Falou por fim. Catarina mudou sua postura, e apenas acenou com a cabeça. Afonso voltou a se sentar no trono de Artena, pegando outra taça de vinho. Não aguentava encarar os olhos de Catarina antes tão cheios de vida agora tão opacos.

Catarina olhou para o marido e suspirou, subiu os degraus e sentou-se no trono ao seu lado, esperando que o soldado enfim falasse.

“Majestades, o assassino que foi capturado.”

“Quem ele é?” A rainha tomou a vez, Afonso poderia estar ao seu lado, mas esse era um assunto seu.

“Um rebelde protestante chamado Taron Hambletom. Quer que o mantenhamos na masmorra?”

“Podem extrair mais alguma informação?” Perguntou quando uma lágrima caiu de seus olhos, Afonso automaticamente segurou a mão da esposa, tentando passar algum consolo. Ato que não passou despercebido aos olhos de Rodolfo.

“Não majestade.” O guarda disse por fim.

“Então enforquem-no.” Ela disse firme. O soldado concordou com a cabeça.

“Mais uma coisa, essa carta acabou de chegar, endereçada a Vossa Alteza.” Ela mandou que ele se aproximasse e pegou a carta de suas mãos.

“É o selo de Lastrilha.” Ela falou com as mãos tremulas. Afonso fez um gesto para que o soldado saísse da sala.

“Deixe que eu leia querida.” Afonso falou gentilmente, enxugando as lágrimas que tinham caído de seus olhos. Ela entregou a carta ao marido, que se levantou para ler. Ao abrir a carta tinha apenas uma palavra no meio.

Preparem-se...

Afonso passou os olhos pela carta, Otávio tinha declaro guerra. E para que isso tivesse acontecido, ele enfim conseguiu o apoio do leste. A Cália estava literalmente divida nesse momento, o rei amassou o papel em suas mãos.

“O que dizia?” Catarina perguntou aflita.

“Preparem-se.” Ele rosnou andando de um lado para o outro. Rodolfo andou até o irmão, com a postura de um rei e deixando suas desavenças de lado, que era o que a situação exigia no momento, tomou o papel amassado de suas mãos.

“Ele declarou guerra. Depois de todos esses anos ele conseguiu o apoio necessário para essa guerra.” Rodolfo falou incrédulo.

“Ele está aproveitando do momento. Com a morte dos meus pais ele acredita que estamos vulneráveis. Mas certamente ele ainda não sabe que os reinos de Swyty e Ninho da Águia juraram lealdade.” A rainha falou passando as mãos por seu rosto. Não sabia o que fazer, eram tantas coisas ao mesmo tempo. Afonso percebendo seu olhar, aproximou-se dela com carinho. “Minha querida, não se preocupe com isso. Temos o apoio necessário para enfrentar aquele crápula, isso iria acontecer, era apenas questão de tempo. Mas não pense nisso agora. Pedirei para que Lucíola prepare um chá para você, preciso chamar Demétrio e Virgílio. Eles como conselheiros dos reinos de Artena e Montemor precisam saber disso agora. E logo em seguida irei até você.” Falou enfim encarando aqueles olhos negros, um pequeno brilho apareceu neles, e ele suspirou aliviado por isso. Levou seus lábios até o dela em um pequena caricia.

“Não Afonso, dessa vez eu quero ficar por dentro de cada detalhe dessa guerra.” Ela disse determinada.

“E você ficará, irei apenas comunica-los, para que mandem cartas a todos os reinos, pedindo que reforcem suas seguranças e se preparem.” Afonso falou encarando Catarina que mantinha um olhar feroz, mas que aos poucos foi se acalmando. “Descanse.” Ela concordou e retirou-se da sala.

“Você se importa.” Rodolfo falou analisando o irmão.

“Se importar e amar são coisas diferentes irmão. Mas agora temos um assunto mais urgente a tratar.”

Uma semanas depois.

Afonso observava da janela do castelo Catarina conversando alegremente com uma amiga de Montemor chamada Brice, e mesmo com a preocupação constante que era Otávio, ela parecia mais feliz esses dias e um pequeno sorriso escapou de seus lábios quando ouviu uma gargalhada que ela soltou por algo que a outra disse.

“Você a ama.” Rodolfo falou ao seu lado, não era uma pergunta, e sim uma afirmação. Afonso virou-se para o irmão e negou com a cabeça.

“Não irmão, eu não a amo. E sabe porque eu não a amo?” Falou, tentando convencer mais a si mesmo do que ao próprio irmão.

“Nossa amiguinha acaba de chegar ao castelo, direto de Montemor.” Falou apontando para o pátio, uma mulher descia com uma capuz vermelho sobre a cabeça. Rodolfo olhou incrédulo para aquilo.

“Aquela... aquela é a Amália?” Perguntou ainda sem acreditar no que seus olhos viam.

“Sim.” Afonso respondeu de forma rude. Olhou mais uma vez para o jardim, sentindo-se vacilar em seu objetivo. Mas logo em seguida começou a andar a passos rápidos e firmes pelo corretor. Ele não amava Catarina, não podia ama-la.

“Como você pode ser tão estupido? Aquela mulher deitava em sua cama ao mesmo tempo que se deitava na minha. É uma vagabunda, que estava apenas em busca dos presentes que recebia.” O mais novo dos irmãos falou revoltado, segurando Afonso antes de que ele continuasse.

“O que ela deseja não faz diferença irmãozinho. Apenas o que ela tem a oferecer. Você fala como se eu fosse o único a ter uma amante. Quantas reis tem amantes Rodolfo? Eu não sou o primeiro e nem serei o último. Eu não amo Catarina”

“Você a ama e insiste em fechar os olhos para isso, até que será tarde demais e a terá perdido. Eu observei você esses dias Afonso, porque está se privando desse sentimento?” Rodolfo falou olhando fundo nos olhos do irmão, viu quando ele vacilou por um momento.

“Estarei no corredor dos quartos de convidados, caso queira fazer uma visita e matar a saudade dela, tenho certeza que aquela vagabunda não irá se incomodar.” Falou por fim puxando bruscamente seu braço e seguindo seu caminho. Ele estava decidido e iria provar para si mesmo, que ele, Afonso de Monferrato não amava ninguém.

Encontrou Amália no local combinado, ela o encarou sorrindo de uma maneira que ela julgava ser sensual, mas para Afonso estava mais para vulgar, não era o sorriso doce de que ele tanto gostava, encarou seus olhos verdes, seus cabelos cor de fogo, mas sentia que tudo estava errado. Fechou os olhos, e em sua cabeça vieram aqueles olhos negros e aquele longo cabelo preto cheirando a morango que inundava seus sonhos durante a noite. Mesmo assim seguiu em direção daquela mulher a sua frente, mesmo não sendo a mulher que ele tanto desejava.

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XXX

Catarina observou aquela estranha com um capuz vermelho começar a subir as escadas do castelo, mas sua atenção foi desviada por Brice.

“Fico feliz que você esteja melhor, e realmente agradeço pela carruagem. Mas agora eu preciso ir, estou muito tempo longe do orfanato e você sabe que as crianças precisam de mim!” Sua amiga falou lhe abraçando. Catarina olhou mais uma vez para a mulher e quando um vento bateu revelando seus fios de cabelos ruivos, não pôde acreditar

“Não pode ser possível.” Catarina disse incrédula, não podia ser aquela mulher, não aqui em Artena, não aqui em seu castelo. Brice olhou para ela preocupada.

“Catarina, o que aconteceu?” Mas a amiga nada disse, sentou-se e tentou pensar com clareza.

“Uma mulher acabou de entrar no castelo, mas seus cabelos, só conheço uma pessoa que tenha o cabelo daquela cor. Mas não faz nenhum sentido ela estar em Artena.” Falou tentando encontrar uma explicação.

“Você sabe o nome dessa mulher?”

“Sim, o nome dela é Amália. Mas é tudo o que eu sei, encontrei com ela algumas vezes no castelo, mas nunca consegui descobrir o motivo de ela estar lá.

“Tem certeza de que era a Amália, Catarina?” Brice perguntou se sentando. Catarina levantou o olhar, vendo a expressão da amiga, ela a conhecia.

“Quem ela é?” Perguntou por fim.

“Catarina, a alguns anos atrás teve uma terrível confusão entre os irmãos monferratos, quando descobriram que estavam dormindo com a mesma mulher.” Brice falou devagar, temendo a reação da amiga, nunca imaginou que Afonso ainda tivesse algo com aquela sanguessuga.

“Como assim?” Catarina falou, processando cada palavra.

“Catarina, ela era a amante do Afonso.”