Surviving the love.

Capítulo 18: Queimando o passado.


Pov. - Emma.

Acho que ver meu avô naquele estado me fez ficar um pouco melhor talvez caiu a ficha das coisas. Ele não tinha mais volta assim como todos. Foi um alivio ver ele no chão ou qualquer coisa do tipo. Carl um pouco antes de irmos dormir me perguntou se aquilo me abalou, mas não. Não abalou, foi até bom.

– Não acha muito cedo para estar acordada ?. - Daryl apareceu igual a um fantasma no pé da cama.

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– Está achando que sou uma criança ?. - perguntei.

– Não. - Ele sorriu meio torto. Daryl não é de sorrir.

Daryl sentou comigo junto a mesa branca. Acho que somente eu, Daryl e Rick estávamos acordados naquela manhã normal. Não fazia Sol e nem chuva, ela estava meio-termo. Daryl pegou duas uvas que estavam ao nosso lado e suspirou alto.

– Emma, você sabe o que é amor ?. - Ele indagou ainda com as uvas na boca. Assenti um pouco recuante com a cabeça, eu não sei se ele chegaria a algum assunto como Carl Grimes. - O amor Emma... o amor é como estar no inferno e no céu ao mesmo tempo.

– É isso o que você acha do amor ?.

– Então, o que você acha ?.

– Que o amor te leva ate a montanha mais alto, com a vista mais bonita e depois te joga de lá.

Daryl riu. A conversa deveria ser constrangedora, mas não foi. Foi tão engraçado ver Daryl falar de amor e eu finalmente falar o que eu acho. O amor é uma coisa tão complicada que as vezes é difícil você se render a ele. Minha mãe diria que deveríamos pensar três vezes antes de ficarmos com alguém, mas hoje em dia eu decidi que quero ter os meus primeiros tombos, momentos de raivas, as minhas primeiras vezes.

– Vou estar lá fora. - Ele falou por fim.

– Tudo bem. - sorri para ele.

Daryl ficou parado ainda na porta me observando, ele olhou para mim e finalmente sorriu, virou a costa e foi há caminho da porta. Homens são estranhos, mas não tem como não gostar deles. Mesmo Daryl ou ate mesmo Carl com as manias dele, eu seria uma infeliz na vida se tivesse que ficar sem eles. Depois de um tempo Carl foi quem desceu, olhou bem para todos os cantos e me beijou.

– Contou para Daryl ?. - Ele pegou um pacote de cereal no armário.

– Não. - respondi. Peguei duas colheres espalhadas pela mesa. - Acho que contarei há qualquer dia desses.

– Um dia desses ?. - Carl repetiu um pouco assustado.

– É, não quero que ele mate você. Mas eu irei contar.

Carl balançou a cabeça e começamos a comer. Michonne e Beth agora desceram e juntaram-se a nós. Dividimos o resto de cereal para todos e Michonne pegou algumas garrafas d'águas. Eu lembro como minha mãe odiava cereal e sempre discutia comigo quando eu pedia para comprar um. Minha mãe insistia em falar que isso era nojento e que eu podia escolher outra coisa, mas não. Eu queria cereal.

– Deveríamos ter um pouco de leite de soja. - Michonne comentou.

– É horrível. - Carl rebateu rindo e eu tinha que concordar. Leite de soja era uma coisa completamente nojenta. - Meu olhar amigo na terceira série era alérgico a lactose e tomava. Eu ate tentei experimentar e quase vomitei. Foi tipo... - Carl agora imitava alguém vomitando. - É muito nojento.

– Não é tão ruim assim. - Beth comentou ainda rindo. - Eu ate tomava.

Carl continuou uma conversa com ele, mas eu não prestava muito atenção. Havia várias coisas na minha cabeça de nova adolescente. Na noite de ontem eu decidi mudar minha cabeça, não para uma pessoa mais fria ou uma pessoa igual a Daryl, mas para uma pessoa adolescente. Minha vida não é nenhum mar de rosas igual eu ando pensando e eu preciso encara-la como ela é. Se para sobreviver eu tenha que largar meu mundo, o largarei então.

– Precisamos de enlatados. - Falei ainda pensativa.

– Eu posso buscar com vocês. - Michonne sugeriu.

– Podemos fazer alguns grupos. Eu vou com você e Emma com Daryl. - Carl falou.

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Beth não quis ir por ''problemas de garotas''. Ela cuidaria das coisas por nós, enquanto íamos ate lá. Quando cheguei para chamar Daryl ele discutia alto com Rick sobre uma tau de Carol. Não quis me intrometer no assunto e chamei Daryl de canto. Expliquei para ele tudo que tínhamos que fazer.

– Está preparada ? desta vez é você quem seguirá os rastros. - Daryl apareceu depois de alguns minutos com sua besta na mão.

– Mas eu falei que iríamos pegar enlatados. - Não foi nada de rastros ou qualquer outra coisa que falei para ele.

– Michonne e Carl cuidaram disto. Você aprenderá a sobreviver nos piores momentos, quando não se tem mais enlatados ou água. Está pronta ?.

– Estou.

Entramos novamente na floresta que como sempre estava calma. Eu guiei Daryl por alguns lugares enquanto ele ia falando se estava certo ou não. Alguns erros, algumas risadas e eu tinha feito uma trilha ate quatro zumbis. Eu e Daryl atiramos nas cabeças deles e recebi um ''ótimo, você saiu muito bem''.

– Diga uma coisa que você nunca fez. - Daryl falou após passarmos pelos mortos no chão.

Pensei. O que eu nunca fiz ou alguma coisa que nunca fiz a altura de espantar Daryl ?.

– Eu nunca bebi. - respondi sem pensar.

– Você nunca bebeu ? Que tipo de Dixon você é ?. Venha, me siga.

Daryl não falou aquilo como maldade e aquilo também não me ofendeu. Meu avô - pai de Daryl - falava assim para ele quando estava bravo ou desapontado com alguém. Eu lembro pouco dos dois, mas sei que meu avô era um carasco e minha vó uma santa. Daryl nunca gostou de falar deles.

Depois de passarmos por duas pequenas cabanas chegamos numa maior. Era uma cabana um pouco maior, preta com duas cadeiras na varanda. Estava vazia e tinha cheiro horrível. Olhei para Daryl e entramos na casa. Daryl pediu para que eu o esperasse ali mesmo na sala. Fiquei pensando em qual coisa eu levaria na minha mochila.

– Aqui está!. - Daryl voltou com algumas garrafas na mão. - Você irá beber.

– São ilegais. O antigo médico da minha mãe falou que podem cegar.

– Há alguma coisa naquele mundo que vale a pena ser vista ?. - Neguei com a cabeça. - Beba!, você irá gostar.

Ok, Daryl Dixon era um pai desnaturado. Minha mãe tinha toda razão nisso e eu não posso negar que aquilo me espantou muito. No mundo de antes eu tinha certeza que ele nunca me ofereceria isso. Talvez eu iria me aproveitar da bondade ou irresponsabilidade de Daryl ou não.

Sentamos numa mesa completamente acabada. Um copo estava parado a minha frente com alguma bebida. Naquele momento veio as várias recomendações que recebia na escola sobre bebidas, sexo ou drogas e pensei como aquilo serviu para nada. Daryl falou que a bebida não era água e tínhamos que tomar com cuidado.

O líquido desceu rasgando na minha garganta. Os primeiros goles foram iguais aos primeiro. Depois aquilo virou água na minha boca ate conseguia brincar imitando os velhos que eu via no bar perto da antiga casa. Daryl também bebia alguma coisa diferente da minha.

– Emma... eu tenho que falar: você tem que deixar todo seu passado para trás. - Daryl falava um pouco bêbado. - Não estamos no tempo de trazer o passada há tona. - Eu ri. - Você me perdoa ?.

– Pelo quê ?.

– Você me perdoa ?.

– Claro que sim.

Daryl girou novamente o copo. Eu não entendi o motivo do tau perdão. As coisas que Daryl falou me fez pensar nas coisas que vinham comigo na minha mochila, as fotos, o urso, os livros. Eu não precisava daquilo e nem sei porquê pegava aquilo. Daryl estava certo, totalmente certo.

Daryl ficou calado e algumas lagrimas caiam dos seus olhos. Eu não sabia o porquê do choro e o desconhecido era motivo de choro, desculpa para um abraço ou um consolo. Abrace mais, às vezes as pessoas não precisam da sua palavra e sim da sua compreensão.

[...]

Começava a ficar tarde. Eu passei a adorar o gosto ardente de bebida. Eu nunca pensei que só conheceria esse gosto após o fim do mundo ou que teria uma conversa com meu pai ''desaparecido''.

– Deveríamos deixar a casa. - Daryl falou.

– Deveríamos queima-la.

Daryl levantou e jogou a garrafa que tinha em mãos no chão. Eu joguei a que estava na minha mão e continuamos assim jogando em vários lugares. Jogamos nos moveis, parede e em tudo que víamos.

– Faça as honras. - Daryl me deu o esqueiro.

– Claro. - Pensei um pouco e nas coisas que eu trazia na mochila. - Espere!. - Segurei a câmera e joguei todo o restante no chão. - Agora sim.

Coloquei fogo no papel e jogamos na casa. O fogo começou a se alastrar e assim foi comendo toda a casa. Ver meu passado sendo queimando era divertido, as fotos, o urso, o livro e todo o restante. Daryl levantou o dedo do meio e pediu para que eu fizesse o mesmo.

– Foda-se!! - Exclamamos rindo juntos.

Agora eu só tinha a foto de Carl que sempre estava no meu bolso e a câmera. Talvez eu iria tirar fotos novas ou talvez não. Eu não queria saber. Voltamos completamente maravilhado com tudo que aconteceu. Quando chegamos na rua encontramos Rick e todo o resto correndo. Começamos a correr junto à eles sem ter a menor noção do porquê corríamos.

– O que você fez ? Por quê está sorrindo deste jeito ?. - Carl perguntou após alguns minutos de corrida. Já estava tudo bem e nós podíamos andar.

– Eu queimei meu passado. - respondi um pouco misteriosa com o sorriso ainda nos lábios.

Beijei a bochecha de Carl e continuei a caminhar. Agora seguíamos um trilho de trem que mantinha um aviso sobre um tau santuário. Rick achou melhor seguimos e mesmo com protesto de Daryl ou Beth nós acabamos por seguir aquilo. Eu gostei de queimar o passado.