Não tirei meus olhos daquela garota com o hábito irritante, mas ela não olhou para mim, nem pelo canto do olho. Ela apenas continuava mordendo a caneta e olhando para frente.

Passou dois anos desde o dia em que vi aquela garota pela primeira vez, e eu continuo a mesma coisa, meu ego nunca me deixou em paz, a incapacidade de manter-me longe dos holofotes é perturbadora. Esse deve ser meu lado de TPH ou Transtorno de Personalidade Histriônica se preferir.

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Tudo incomoda e causa indiferença ao mesmo tempo, e com o passar dos dias tudo só piora.

Prefiro manter-me longe dos outros que residem aqui, nessa prisão psiquiátrica, eles são completamente doentes, agem por impulso e não têm nenhum principio.

Tenho meus princípios, ás vezes distorcidos, mas ainda assim são meus princípios. Não tenho esse estigma da moral e bons costumes e dos tabus exaltados pela mídia e consecutivamente pela sociedade. Meros cidadãos que têm a necessidade de consumir ilusões e viver suas vidas tediosas fingindo que são felizes.

Sou um desses meros cidadãos. Nasci numa família rica, religiosa, cheia de preconceitos velados como veias jorrando sangue no belo tapete Hindu da sala de estar, que combinava com as relíquias de colecionadores.

Ás vezes pego-me pensando na quantidade de relíquias que eles poderiam pregar nas paredes, e na quantidade de peças falsas que já devem ter comprado só porque alguém alegou que era um objeto raro e contou uma história qualquer, historia essa que meus pais fariam questão de contar para visitas. Vendo por essa perspectiva, penso que talvez eles também tenham THP.

Mesmo sendo um desses meros cidadãos, não me apego a crenças e a toda essa guerra de poderes, de quem é mais rico, quem é mais influente, quem tem mais peças de arte ou relíquias de tribos desconhecidas. Tenho minha própria cultura que criei e aprimorei.

Mas ao contrário do que possam pensar, não inventei um novo modo de viver como quem vai morar numa caverna.

Foram anos de estudo e pesquisa até chegar em alguma coisa, em um esboço de uma realidade para mim. Alguns achariam isso doentio, mas é apenas cultural