Pov Felicity

Eu nem consigo acreditar que tive coragem de beijar o Oliver, foi um impulso do momento. Apesar de eu ser apaixonada por ele me falta coragem, sempre achei não estar a sua altura ou que ele prefere outros tipos de mulheres. Eu não sou da alta sociedade, não sou rica, não tenho corpo de modelo de revista e muito menos sou ligada as festas e as coisas da mídia. Na verdade eu repudio esse tipo de pessoa e essa vida vazia que eles tem. Apesar de Oliver ter tido essa criação elitizada muito diferente da minha eu sei que bem lá no fundo tem um homem independente do seu sobrenome. Uma pessoa que quer construir a sua história e está disposto a crescer com o próprio mérito, mesmo que não tenha muito incentivo de sua família. Eu acho que sua mãe limita seu potencial sempre o cercando tentando dizer o que é ou não melhor para sua vida. Até sua esposa ela quis escolher, não me espanta em nada esse passado rebelde de Oliver. Com uma mãe tão controladora não há jovem que aguente. Eu também já fui assim um dia, revoltada com o mundo e um tanto agressiva. Quem me vê hoje pensa que eu sou a pessoa mais serena e doce que existe, mas não é bem assim. O que eu sei é que mudei bastante e para melhor deixei um pouco o rancor da magoa do passado para traz. Na verdade está tudo adormecido, porque esquecer o que passei é uma tarefa um tanto difícil.

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Depois que tudo o que aconteceu decidimos que era melhor Oliver ir para casa. O clima ficou um pouco tenso entre nós, não sei se foi pela nossa conversa um pouco pesada ou pelo beijo. Estava tudo indo muito bem, até que nos pegávamos um olhando o outro de uma forma não muito amigável. Oliver não parava de fitar meus lábios e eu não me encontrava muito diferente. Estava tudo tentador demais e eu sabia que isso podia não acabar muito bem. O clima ficou um pouco pesado e tenso, estava visivelmente nervosa com sua presença. Eu precisava esfriar um pouco a cabeça refletir, depois de tanto tempo gostando de alguém que nunca me notou de outra forma além de amiga. Eu estou surpresa e ainda não consigo acreditar que isso seja verdade. Tudo está muito confuso. As vezes chego a pensar que tudo não passa de um sonho.

Falar sobre meu passado não é uma tarefa muito fácil e eu não queria demonstrar minhas fraquezas para Oliver. A vida me ensinou que quando baixamos a guarda sempre tem alguém à espreita só esperando para te derrubar. Eu não consegui me manter forte por muito tempo, por alguma razão relembrar o meu passado dói muito. Faz com que eu perca a racionalidade. Faz eu parecer a Felicity de cinco anos novamente. Ou eu fico extremamente agressiva e arredia como fiz no trabalho como forma de auto defesa ou me sinto muito mal e vulnerável. Quando a segunda opção ocorre eu tendo a ficar isolada como em um casulo e não deixo ninguém entrar. Não costumo deixar que nenhuma pessoa se aproxime de mim. Por algum motivo estar envolta nos braços de Oliver e ouvir sua história me deu um pouco de coragem para me abrir com ele. Eu não contei tudo, mas dei um grande passo. Consegui falar com mais alguém além de mim mesma sobre meu passado. Ele não sabe o suporte que me deu. Pela primeira vez eu senti que posso contar os meus segredos mais ocultos para alguém. Me sinto muito segura com Oliver acredito que ele também. Fiquei muito grata em saber que ele confia em mim para dividir essa parte de sua vida que é tão dolorosa. Eu sinto que estou cada vez mais perto de ter uma família novamente. Já fazem tantos anos que moro sozinha que cheguei a pensar ia ser para sempre. Faz muito tempo que não tenho outra pessoa que olha por mim, que cuida de mim quando estou doente e pergunta como foi meu dia. Oliver faz isso, sempre que pode me dá suporte e é com esses pequenos atos que vou juntando forças para viver um dia de cada vez.

O sábado correu tudo tranquilo. Oliver teve que almoçar com sua família parece que sua mãe tinha um pronunciamento a fazer. Apesar de Moira aceitar nossa amizade com agrado, acho que ela nunca aceitaria um possível envolvimento entre eu e Oliver. Moira sempre planejou o futuro do filho nos mínimos detalhes e ter algo com uma funcionária da empresa está fora de cogitação. Já são dez horas da manhã e eu estou me levantando. Por alguma ajuda divina essa noite foi tranquila e eu dormi sem ter pesadelo algum, pelo menos um dia de descanso. Assim realmente meu corpo não vai aguentar. Passei no banheiro fazendo minha higiene matinal, quando ouço a companhia tocar. Eu estou trajando apenas uma camisola preta de seda bem simples por isso resolvo colocar um roupão por cima. Meu cabelo ainda está um pouco desarrumado, mas pela insistência da campainha resolvo ir atender logo deve ser algo importante. Quando abro a porta um sorriso espontâneo se abre no meu rosto. Estou de cara com meu maninho a quanto tempo não o vejo. Ele não parecia diferente de mim. Faço a primeira coisa que me vem à cabeça e corro para lhe dar um abraço apertado cheio de saudades. Ele anda tão sumido que é difícil acreditar que ele esteja na minha frente. Quando nos separamos vejo como estou vestida e não tem como não dar uma corada singela. Nem esperava receber visita uma hora dessas.

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--- Ray quanto tempo entre. Falei animada.

--- Ando muito ocupado, mas resolvi ver como minha irmã de coração está. Ele fala com igual animação.

--- Bem Ray eu estou mesmo precisando de sua ajuda sabe. Até pensei em te ligar, mas sua agenda é tão lotada. Não tem mais tempo para os amigos não? Falei brincando.

--- Eu peço desculpas, mas estou trabalhando em um grande projeto e está me tomando muito tempo. Aconteceu alguma coisa Fel? Ray fala usando um velho apelido meu que achei que ele tinha esquecido. Seu tom aparentou uma leve preocupação.

--- Eu estou bem. É só umas coisas estranhas que andam acontecendo sabe. Fique à vontade que eu vou preparar um café. Falei omitindo os problemas de fato, não queria que mais uma pessoa soubesse de tudo. Já tinha envolvido Oliver nessa história. Fora que é uma coisa um tanto pessoal e faz muito tempo que não encontro com Ray temos que colocar o papo em dia não falar de tristezas.

--- Se eu me lembro você não cozinha muito bem. Sem ofensas é claro.

--- Nada que internet não de um jeito. Falei dando uma risada.

--- Então Fel, me conta o que está pegando? Ray pergunta um tanto curioso, vejo ele sentar no sofá e observar atentamente o ambiente. Ele sempre foi assim desconfiado de tudo, demora alguns minutos para se habituar ao local.

--- Há alguns dias atrás recebi um e-mail anônimo de alguém tentando entrar em contato comigo. Demorei dias para conseguir abrir já que estava criptografado com uma senha de alto nível. Logo que consegui abrir o e-mail eu recebi outro. Tentei utilizar a mesma lógica aplicada no primeiro, mas algo deu errado. A única coisa que tenho de informação é a palavra Dad. Falei lhe entregando uma xicara de café.

Vejo Ray respirar fundo e coçar de leve sua barba uma coisa que faz sempre que está nervoso. Ficamos alguns minutos em um silêncio um tanto desconfortável. Eu conheço Ray o suficiente para saber que sua cabeça está maquinando alguma coisa. Vejo ele fixar o olhar em um objeto qualquer parece que sua mente está bem distante do presente. Ray toma um gole de café e torna a falar.

--- Felicity você não está trabalhando para a comunidade hacker de novo não né? Seu olhar é incisivo dava para ver que ele passa de acolhedor para inquisidor.

--- Claro que não Ray, de onde veio esse ideia maluca? Falei desviando meu olhar do seu. Sei que esse assunto deixa ele muito estressado e superprotetor devido a problemas passados. Seu olhar fica ainda mais profundo. Esse assunto também me incomoda um pouco, mas Ray fica fora de si. Eu não imaginei que a conversa fosse para esse lado. Ela se aproxima de mim ficando exatamente na minha frente colocando uma das mão em meu ombro e tornando a falar.

--- Felicity fala a verdade. Eu preciso saber. Agora seu olhar está mais calmo me fazendo lembrar o Ray que eu conheço. Alguém compreensivo incapaz de fazer mal a uma mosca.

--- Eu não estou mentindo, eu não sei de onde vem esses e-mails. Por isso estou pedindo sua ajuda.

--- Felicity você sabe que isso é extremamente perigoso. Tivemos muitos problemas com isso na faculdade e até um de nossos colegas sumiu e ninguém tem mais notícias. Se lembra do nosso último serviço? Você chegou a passar uma semana na cadeia até eu conseguir o dinheiro para fiança.

--- Acredite Ray eu não me orgulho em nada daquele tempo. A verdade é que me envergonho muito de ter contribuído de forma torta para coisas ilegais. Acredite em mim. Falei escondendo meu rosto em seu ombro.

--- Me desculpe Fel eu não queria ser grosseiro. Mas nós sabemos o quão perigoso é tudo isso e os maus bocados que passamos juntos. Esse pessoal da DeepWeb é muito perigoso. Nos lidamos com pessoas muito poderosas como políticos, terroristas, máfias e outras coisas mais se lembra?

--- Sim, eu prometi a mim mesma nunca mais me meter nesses trabalhos. Tudo isso que está acontecendo é pura coincidência. Falei dando meu melhor olhar inocente.

--- Então me mostra o que você já tem para eu dar uma olhada.

Pego um pendrive que contém todas os documentos que tenho até o momento e conecto ao computador. Logo meu sistema reconhece as informações e começa a rodar loucamente atrás de alguma senha. Porém o cruzamento de dados está dando inconclusivo. Ray senta na cadeira e olha atentamente para tela do computador.

--- Essa é uma linguagem de programação muito arcaica não conheço mais ninguém que a use. Eu estou achando que pode ter alguma informação escondia por trás desses códigos. Talvez um mensagem subliminar. De acordo com o cruzamento de dados a estrutura básica está bem parecida com a do primeiro e-mail, porém esse resultado inconclusivo torna as coisas mais complexas. Vejo que você tem um grande desafio em mãos. Ele falou coçando a cabeça.

--- Para ai. Falei analisando a tela por alguns instantes. --- Dentro das linhas de comando contém algumas palavras soltas que não fazem sentido algum com a estrutura da programação. Pego um papel e uma caneta para anotar algumas observações.

--- Acho que estou acompanhando seu raciocínio. Felicity você é brilhante. Ele fala com um sorriso genuíno no rosto.

--- Obrigada Ray, mas sem a sua ajuda não teria pensado nisso. Olhe na primeira linha contém a palavra vejo a na segunda temos conseguiu e mais outras logo abaixo. Assim que termino de anotar tudo percebo que tenho um amontoado de palavras soltas sem nexo algum o que me voltou a deixar frustrada.

--- Que cara é essa Fel?

--- Só conseguimos um amontoado de palavras soltas.

--- Você tem certeza que isso não é só uma brincadeira? Sei lá, alguém pode estar te testando.

--- Na verdade eu não sei Ray. Algo dentro de mim diz que isso é importante. Será que não tem como descobrir a origem do remetente? Eu não quero contar a ele, mas tenho quase certeza que tudo isso tem ligação com os meus pesadelos.

--- Não sei ao certo. Dependendo do nível de complexidade pode levar dias você sabe né?

--- Sim Ray e eu agradeço bastante a sua ajuda. Não vou mais tomar seu tempo com isso eu continuo sozinha.

--- Porque será que não estou confiante que isso vai terminar bem?

Eu estou prestes a lhe responder quando o programa apita avisando que conseguiu encontrar a senha para abrir o e-mail. Para minha surpresa não tem nada. Está tudo em branco e não há nenhuma mensagem escrita.

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--- Está tudo em branco. Que estranho.

--- Acho que sua mensagem veio dos códigos. Seja quem for que te enviou isso tomou cuidado para esconder a informação não é qualquer um que é capaz de encontrá-la.

--- Pelo jeito vou passar um tempo tentando formar frases. Só te peço que não comente sobre isso com mais ninguém tudo bem?

--- Eu prometo que isso fica só entre nós ok. Se precisar de mais alguma ajuda nesse assunto é só me ligar.

--- Agora me fala sobre você Ray como anda seu relacionamento com Ana? Quando vou para o casamento. Falei mudando de assunto, afinal já tinha falado muito sobre mim.

--- Sabe que ela anda me cobrando para marcar a data de casamento, mas ando tão sem tempo. Ele fala meio triste.

--- Pobre da Ana se for esperar você ter tempo vai nascer cabelos brancos. Falei não disfarçando uma risada.

--- Não exagera Fel. Eu só gosto de ir com calma você sabe.

--- Quase um ano de noivado Ana é bem valente, mas eu te entendo Ray eu também sou assim nesse ponto somos muito parecidos.

--- Até demais eu diria. Acho que foi por isso que nossa relação não vingou.

--- Verdade, mas eu fico feliz que tenha encontrado alguém que ame e que te faça tão bem. Ela te tornou um homem bem mais sociável.

--- Verdade Ana é tudo para mim. Desde da hora que acordo até a hora de dormir não tem como não parar de pensar nela. Ele fala com brilho nos olhos, chega a ser contagiante.

Quem dera minha vida amorosa fosse mais fácil. Eu nunca fui muito boa em expressar meus sentimentos e tendo lado racional mais desenvolvido que o emocional resultou em péssimas escolhas de namorados. Nunca fui uma pessoa extrovertida e muito menos popular, o que só dificulta ainda mais minha vida social. A maioria das pessoas se aproxima de mim por conveniência.

--- Mas e você nunca vai me apresentar o tal de Oliver não? Você fala tanto dele.

--- Somos só amigos sabe. Apesar de já te rolado algo ainda não conversamos sobre o assunto.

--- Eu te conheço Fel. Você está com medo do que? Ele fala me envolvendo em um abraço carinhoso. Aproveito esse momento já que é raridade ele vir me visitar.

--- Não sei. Ando bastante insegura quanto a isso. Sempre formos honestos um com o outro deixando bem claro que tudo não passa de amizade e do nada descubro que Oliver me beijou. E depois eu e devolvi o beijo, mas acho que não tenho coragem de repetir.

--- Felicity sei que ver sua mãe com um vida amorosa nada estável não seja o melhor dos exemplos, mas você devia baixar a guarda de vez enquanto. Vocês se conhecem a tanto tempo, você saberia se Oliver estivesse com más intenções.

--- Não sei Ray tenho que pensar melhor. Você sabe que não gosto de tomar atitudes precipitadas.

A conversa está fluindo de forma natural, até que ouço a campainha tocar novamente. Eu não me lembro de estar esperando outra visita no momento. Com toda essa conversa com Ray e colocar o papo em dia nem parei para trocar de roupa. Dou apenas uma alisada no cabelo com as próprias mãos na tentativa de deixá-lo menos rebelde. Quando abro a porta dou de cara com Oliver. Seu rosto está com um sorriso descontraído e ele parece ligeiramente animado. Faço um sinal para que ele entre e de forma quase mágica e instantânea sua face cria uma carranca meio grosseira. Ele está trajando uma roupa casual coisa não muito comum de se ver, praticamente só o vejo de terno. Uma simples camiseta que realçam seus músculos, calça jeans e um tênis comum de passeio. Ele para ao meu lado me fuzilando com o olhar parecendo exigir uma resposta, ignoro sua falta de educação e tento ser cordial apresentando os dois um ao outro.

--- Bem Oliver esse é Ray Palmer. O amigo de quem eu falei esses dias.

--- Acho que ficou claro, mas esse é o Oliver.

Ray perecia feliz em conhecer Oliver, afinal eu já tinha falado dele algumas vezes em nossas conversas. Entretanto, vejo Oliver apertar a mão dele com uma força desnecessária. Ray parece entender o recado e dá uma leve recuada massageando as próprias mãos. O que deu no Oliver para agir de forma tão grosseira, parece até um homem das cavernas. Nunca o vi dessa forma na frente de alguém tirando a Isobel, mas ela é uma cobra então não conta. Estou prestes a iniciar uma conversa amigável quando sinto a mão de Oliver puxar meu braço em direção a cozinha, sinto ele aplicar uma força fora do comum o que com certeza vai deixar algumas marcas no local.

--- Oliver você está me machucando. O que está pegando? Falo um pouco brava.

--- Eu é que pergunto. O que essa cara está fazendo aqui? E com você vestida dessa forma? Aliás está faltando roupa para cobrir seu corpo não acha? Ele pergunta me analisando de cima a baixo, vejo seus olhos perpassar o meu corpo todo de forma clínica o que me faz corar violentamente. Seus olhos parecem tristes e distantes como se eu tivesse fazendo algo de errado. Me corta o coração ver Oliver dessa forma, porém não me lembro de ter feito nada demais. Fico alguns segundos hipnotizada pelos seus olhos tentando decifrar o que ele está pensando. Do nada percebo sua mão parar de leve sobre meu ombro ajeitando a alça da camisola que já está caída revelando uma porção maior do meu corpo não é nada comprometedor, mas que por pouco não revela algo além da conta. Sinto um calor fora do comum vir com desse contato. Apesar de sentir que ele se encontra bravo, sua mão pousa de forma leve e delicada sobre meu ombro se encaixando tão perfeitamente que por alguns segundos me desliguei totalmente da conversa. Se é que possível fico ainda mais envergonhada desviando meu olhar do seu. O que está acontecendo comigo eu nunca me senti assim antes. Perece que não consigo mais controlar minhas ações quando estou perto dele. Tento disfarçar meu constrangimento com a situação continuando nossa conversa.

--- Ei planeta terra chamando Oliver. Você está bem Olie? Ray é meu amigo e veio me fazer uma visita é só isso. Falo tentando lhe acalmar. Mas por algum motivo Oliver parece bem nervoso e desconfiado.

--- Porque será que não estou muito confiante disso? Felicity deixa eu te ajudar com uma coisa que está me incomodando desde que cheguei. Ele fala ajeitando melhor meu roupão terminando por amarra-lo eu nem tinha percebido que estava solto. Dou uma risada de leve percebendo o olhar satisfeito que Oliver fez ao completar sua missão. Ele estava parecendo uma criança emburrada.

--- Porque essa grosseria toda Oliver. Não vai me dizer que está com ciúmes do Ray? Falei soltando uma provocação. Não podia deixar de escapar essa.

--- Eu não vou mentir Felicity estou sim e não é pouco. Achei que eu era seu melhor amigo e você nunca se vestiu assim para mim. Ele fala soltando um sorriso travesso e se aproximando de mim. Não teve como eu não dar uma leve corada. Até poderia ser fofo ver Oliver com ciúmes se ele não ficasse tão grosseiro e possesivo. Realmente parecia um homem das cavernas querendo resolver tudo na base do grito e da pancadaria. Eu sabia que se Ray quisesse sair daqui com vida eu teria que amansar a fera. Os olhos de Oliver pareciam em brasa, de certa forma até eu fiquei um pouco assustada nunca o vi agir dessa forma. Nem com suas outras namoradas, na verdade ele sempre foi desencanado quanto a isso.

--- Olie tudo que você viu não é nada demais, eu só não estava esperando uma visita tão cedo. Assim como Ray apareceu me vendo assim você está agora. Não entendo o porquê desse ciúmes infundado. Falei tentando ser compreensiva. Aproveito nossa proximidade para fazer um carinho de leve em seu rosto ele parece bastante tenso em seguida vejo Oliver se aconchegar.

--- Felicity no meu ponto de vista tudo isso tem fundamento sim. Em um momento eu penso que você é só minha e no outro tenho que dividir você com outra pessoa. Mais especificamente outro homem. Isso me deixa possesso é do extinto natural de um homem querer marcar território. Ele fala se aproximando ainda mais, agora eu já não tenho para onde fugir visto que estou colada com a parede.

--- Oliver pare de agir feito um animal, só falta você falar que vai fazer xixi em mim. Falando de forma metafórica é claro. Você não confia em mim? Perguntei um pouco nervosa. Ficamos alguns segundos em um silencio constrangedor um olhando profundamente nos olhos do outro. Eu pude ver uma insegurança nos olhos de Oliver que nunca presenciei antes. Verdade seja dita o fato de Oliver a vida inteira ter tido suas coisas com uma facilidade incrível e isso inclui mulheres o tornaram assim extremamente mimado.

--- Eu confio em você, mas não sei se vou com a cara do Ray. Vocês já tiveram algo no passado quem garante que ele não está tentando uma reaproximação?

--- Oliver Ray está noivo. Não acho que ele queira algo comigo, mesmo porque eu não quero nada. Ray é meu amigo, irmão e camarada sabe. Tento esclarecer as coisas, mesmo sabendo que não preciso. Eu e Oliver não temos nada além de amizade.

--- Me desculpa Felicity é que depois do nosso beijo eu não consigo parar de pensar em nós e em como essa situação está me deixando louco. Acho que precisamos conversar. Ele fala colocando uma das mãos em meu rosto e a outra em minha cintura.

--- Oliver eu preciso de um tempo. Não me sinto cem por cento segura que isso vai dar certo. A alguns minutos atrás você chegou cheio de dúvidas para cima de mim no maior interrogatório. Eu acho que confiança é a base tudo sabe, eu não posso começar algo de forma precipitada. Alguém pode sair machucado dessa história ou até mesmo nós dois. Eu não quero isso, não dessa forma. A essas horas já não consigo deixar escapar algumas lágrimas. Porque tudo tinha que ser tão complicado? Ou será que sou eu quem complico as coisas?

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--- Felicity eu me sinto mal em faze-la chorar. Não foi minha intenção desconfiar de você, mas se me conhece eu não sei bem dividir minhas coisas com os outros. Ainda estou aprendendo isso. Ele diz usando seu polegar na tentativa de secar minhas lágrimas. Seu toque é tão reconfortante passa calor tão agradável. Posso sentir sua respiração pesada e descompassada demonstrando também estar nervoso com tudo isso.

--- Oliver eu não sou nenhum objeto ou brinquedo seu para ter um dono. Sou um ser humano que tem sentimentos, apesar de nem sempre aparentar ou demonstra-los com facilidade.

Observo Oliver aproximar ainda mais nossos corpos e pegar minha franja que cobria parcialmente meus olhos e colocar atrás da orelha. Isso está se tornando altamente perigoso, eu não posso baixar a guarda agora tenho que fazer Oliver entender que eu quero algo sério e que não sou um caso qualquer que ele tem em alguma viagem. Tem que ser uma relação com uma base sólida e estruturada para aguentar os momentos bons e os ruins. Ter ele de forma tão próxima assim está testando minhas barreiras. Isso definitivamente não vai acabar bem. Coloco uma de minhas mãos em seu peito na tentativa de afasta-lo, porém Oliver é muito mais forte que eu. Vendo que minha ideia foi um fracasso vejo ele soltar um sorriso de lado vencedor. Droga porque Oliver tinha que ser tão irresistível, assim minha sanidade vai para longe. Estamos a milímetros um do outro ele se aproxima fazendo menção me beijar, porém eu fiz o que meu coração mandou e virei meu rosto levemente para o lado com isso Oliver beija minha bochecha. Eu não estou pronta para isso, apesar de ser apaixonada por ele sinto que tem algo errado. Oliver não confia inteiramente em mim e parece não aceitar muito bem minha amizade com o Ray. Eu quero que as coisas sejam honestas.

Não quero que isso seja apenas um desejo maluco do Oliver em experimentar como é pegar sua melhor amiga. Sempre deixei claro para ele que eu sou diferente, não que eu seja algum tipo de romântica esperando um príncipe em um cavalo. Longe disso, mas não aceito ser algo descartável. Quero sentir que o verdadeiro Oliver está disposto a embarcar nessa história e não o filhinho mimado capa de revista. Eu sei que bem lá no fundo Oliver não é dessa forma, ele usa essa máscara de Playboy para fugir dos problemas.

—-- Felicity eu fiz algo de errado?

—-- Não Oliver, eu só peço para irmos com calma tudo bem?

—-- Se é assim seu desejo é uma ordem.

Resolvo dar a conversa por encerrada e fui para sala ver como Ray está. Vejo ele sentado mexendo no celular como se algo fosse realmente importante.

—-- Ray eu quero lhe pedir desculpas. Oliver foi um pouco grosseiro com você, mas eu acho que não foi sua intenção né. Falei olhando diretamente para os olhos de Oliver. Vejo ele bufar, porém resolve se pronunciar.

—-- Felicity tem razão eu fui um idiota. Foi mal. Percebo que Oliver não está muito convencido que deva pedir desculpas. Não estendo mais o assunto, já foi um milagre Oliver se desculpar mesmo de forma tortuosa.

—-- Tudo certo eu aceito. Bem Felicity eu tenho que ir, combinei de almoçar com Ana. Se eu atrasar ela me come viva, você sabe. Ray fala apressado.

—-- Tudo bem, de toda forma foi muito bom te ver. Falei me aproximando.

—-- Eu também, estava com muitas saudades. Se cuida Fel. Ele fala beijando minha testa. Sinto o olhar de Oliver fuzilando o Ray novamente, pelo jeito não consegui amansar a fera o suficiente.

—-- Fala para Ana que mandei lembranças.

—-- Ok, foi um prazer te conhecer Oliver. Fel fala muito de você. Nessa hora vejo um olhar de espanto tomar conta de Oliver. Com isso não pude deixar de dar uma risada.

Assim que Ray vai embora ficamos apenas eu a Oliver. Peço para ele sentar e lhe sirvo um café. Acho que temos muito o que conversar ainda. Algo me diz que tem, mais coisa por traz dessa cara meio rabugenta.