Antes mesmo de abrir os olhos eu sei que tem algo errado, algo faltando e apenas abro os olhos pra confirmar que o outro lado da cama está vazio, um sentimento de decepção misturado com medo me atinge.
Será que eu sonhei? Fiquei tão bêbada que imaginei tudo?
Levo meus dedos até a boca, mas é como se eu ainda sentisse os lábios dele nos meus.
Não foi imaginação.
Confirmo quando passo o braço pela parte vazia da cama e acho um pedaço de papel, reconheço a letra torta dele imediatamente e mesmo antes de ler já estou sorrindo.
Você ronca, foi mal, vou cair fora!

Acabo rindo antes mesmo de virar o outro lado do papel e encontrar o restante.
Não quis arriscar o Vinny entrar aqui e me tirar a ponta pé, mas também tive coragem de te acordar, você fica ainda mais linda dormindo (deve ser por que não fica com aquelas rugas de mau humor) Me encontra na piscina as 9h, beijos do SEU NAMORADO! S2
Eu releio pelo menos mais umas cinco vezes e só sorrio mais ainda a cada uma delas, me espreguiço na cama querendo criar coragem pra me levantar quando o telefone toca, me estico toda na cama e o alcanço.
— Senhora Daniela Borges? – a voz é de um homem.
— Senhora me faz parecer velha – reclamo fazendo uma careta, mesmo que ninguém esteja me vendo, ouço um risinho.
— Perdão, é o costume...
— Tudo bem!
— Bom, o motivo da ligação é que foi encontrada uma bolsa preta com pedras brilhosas na casinha ao sul e o seu celular junto – eu me sento rápido demais.
— Tem certeza? – eu lembrava perfeitamente de ter trago a bolsa ontem, meu cartão da porta estava dentro e eu consegui abrir a porta, começo a revirar a cama atrás da minha bolsa e do meu celular, não acho nenhum dos dois.
— Sim, sim, também tem um documento de identidade, rg. 984517-40...
— É o meu mesmo
— Eu posso mandar alguém no seu quarto lhe entregar, só irá demorar um pouco pois estamos bem sobrecarregados hoje...
— Não precisa, eu vou buscar
— Agradeço a compreensão – ele desliga e eu ainda não consigo me lembrar de ter pego o cartão da porta mas ter esquecido a bolsa, mesmo assim me levanto puxo um short da gaveta, visto, vou até o banheiro, lavo meu rosto, escovo os dentes e ainda tem aquela sombra de sorriso idiota no meu rosto, pego meu óculos de sol, verifico as horas e são 8:40, daqui a 20 minutos Rafa me pediu pra encontrar ele, isso me faz sair mais apressada do quarto.
Chego na recepção e me apresento, mas a moça me informa que eu tenho que ir até a casinha por que não tiveram funcionários ainda pra trazer de lá e foi o pessoal da limpeza quem achou, então corro até lá, o lugar parece mais bonito agora com a luz do sol e o azul cristalino do mar ao fundo, vejo um certo movimento dentro da casa mas me apresso.
— SURPRESA! - os gritos me alcançam antes que eu chegue na porta, tiro os óculos e Lia, Vinny, Bianca, Bruno e Rafa estão segurando balões coloridos e sorrindo.
— Eu sabia que não tinha perdido minha bolsa – eu falo e Rafa levanta a bolsa que ele deve ter pego no meu quarto.
— Foi por uma boa causa – eu acabo sorrindo e Lia vem correndo ainda carregando os balões e me abraça dando seus pulinhos.
— Tinha que ter pelo menos uma festinha – ela fala já me puxando para dentro da casinha, no chão sobre os lençóis coloridos está montado um super café da manhã e um bolo do chocolate com morangos esta bem no meio.
— Então vamos a festinha – eu falo e ela fica ainda mais animada.
Nós tomamos café entre muitas risadas, barulho do mar, a luz do sol que entrava de vez em quando pela janela e o clima de que tudo estava encaixado em seus lugares.
— Aí eu ainda não acredito que perdi toda aquela grana naquela porcaria de aparelho – Bianca reclama por causa de um celular que deu problema e ela não conseguiu fazer a troca.
— Bom, daqui a pouco você tem uma advogada pra te defender – Rafa fala rindo orgulhoso e todos os olhos estão arregalados e surpresos, ele me olha e percebe minha cara – Foi mal— ele sussurra mas já é tarde demais, todo mundo está me olhando e esperando uma explicação.
— Eu fiz minha matricula antes da viagem, eu ia contar pra vocês mas... – levanto os ombros esperando que Lia pule em cima de mim querendo me bater e Vinny reclame que eu deveria ter contado pra ele primeiro, mas ao invés disso o que acontece é os dois pularem em cima de mim rindo e me parabenizando.
— Eu tão feliz por você – Lia me beija várias e várias vezes.
— Você vai ser a advogada mais foda do mundo, você sabe né? É tipo a Annalise Kearting – eu acabo rindo com a referência.
— Se eu chegar a ser a Bonnie da sacolinha já tá bom – eles riem.
— Acho que essa viagem vai ser o ponto do antes e depois – Lia fala meio pensativa, então sorri e me olha de um jeito que só ela sabe fazer e faço a única coisa que consigo, a abraço apertado. Quando terminamos de comemorar a noticia e minha mini festa de aniversário, tivemos que deixar tudo arrumado na casinha e então a liberamos.
— Eu ouvi sobre o aluguel de jet-ski – Vinny sugere com um sorriso animado, Bianca pula animada e se joga nas costas dele que a carrega correndo pela grama verde.
— Eu adorei a ideia! – Lia também se anima e Bruno faz sinal de positivo com o dedo e depois puxa ela pra um beijo rápido.
— O que você acha? – Rafa levanta as sobrancelhas.
— Provavelmente eu vou acabar no fundo do mar – ele ri, me puxa para os braços dele e me aperta um pouco.
— Eu nunca deixaria isso acontecer – ele garante e beija logo abaixo da minha orelha, enviando um arrepio direto por todo meu corpo, viro o rosto pra olhar pra ele e um pequeno sorriso me faz sorrir também – Confia em mim?
— Nós vamos pro passeio de jet-ski – finjo revirar os olhos e ele ri me fazendo cócegas.
Os garotos vão resolver tudo com os responsáveis pelo aluguel e nós corremos pro quarto pra colocar os biquínis, depois nos encontramos na parte da praia combinada.
— Conseguimos 3! Vai ser em casal, primeiro as damas... – Bruno fala e estica a mão ajudando Lia a pisar na agua e subir no jet-ski deles, Rafa também me ajuda e depois sobe atrás de mim, ele passa os braços na minha cintura e me aperta.
— Você tá tentando se aproveitar da situação ou tá com medo que eu afogue nós dois? – ele ri.
— Com certeza me aproveitando da situação – seus dedos deslizam pra cima e pra baixo na minha barriga e ele toca os lábios no meu ombro.
— Isso não vai dar certo se você me distrair – ele ri e levanta as mãos em inocência, eu dou partida e vou pra direção do mar, Lia dá um grito animado e me segue ainda gritando, eu acabo rindo e Bianca também se anima junto com ela e grita, me mandando gritar também, então levanto um braço e grito enquanto a agua espirra logo atrás de nós, faço algumas manobras jogando agua na Lia e na Bianca e elas me devolvem me deixando completamente encharcada, Rafa ri e algumas vezes me manda ir devagar, eu faço uma careta mesmo que ele não me veja e tento fazer uma curva mais rápida, ele acaba caindo e eu tenho uma crise de riso, então ele me demite da direção e assume, embora ele tivesse me mandando ir devagar, ele não tem freio, vai cada vez mais rápido, virando o jet-ski rápido e baixo, deixando quase meu joelho pra dentro d’agua, mesmo assim não perde o equilíbrio e faz várias manobras jogando muito mais agua em cima deles do que eu conseguia, então Bruno e Vinny também assumem a direção e tudo se transforma em uma bagunça de aguas, gritos e gargalhadas, por isso quando nosso tempo acaba todo mundo, inclusive eles fazem uma cara triste.
— E o que nós vamos fazer agora? – Lia pergunta assim que descemos na areia.
— O que você deu pra ele beber? Guaraná com energético e café? – Vinny pergunta fingindo estar assustado e Bruno ri.
— Acho que ela tomou uma injeção de adrenalina quando acordou – ela olha eles feio, mas logo dá de ombros e passa o braço em mim e na Bianca.
— Ok, nós vamos pro Spa!
— QUÊ?
— Ah Lia, eu não vou pro Spa
— Nem eu – ela nos solta e olha pra mim e depois pra Bianca.
— Vocês tem que ficar do meu lado, nós somos meninas, meninas se ajudam – ela explica meio contrariada.
— Nós podemos ficar do seu lado se você quiser, sei lá... Ir pra piscina, tomar coquetéis coloridos? – Bianca dá um sorrisinho animado, Lia me olha analisando.
— A piscina parece ótima e eu queria mesmo beber alguma coisa – ela abre um sorriso e volta a encaixar os braços nos nossos.
— Nós vamos pra piscina – ela fala sem nem olhar pra eles e nos arrasta, me viro pra olhar o Rafa e ele ri, mas logo se vira falando algo com os meninos que também riem, mas não nos seguem – Deus sabe o quanto eu amo o Bruno, mas aquilo dali deveria ser patenteado como a oitava maravilha do mundo – ela fala quando alcançamos a piscina e ela vê o cara que acaba de sair e sacudir o cabelo e tenho que concordar com ela, ele realmente é muito gato, a pele negra, os ombros largos, o corpo razoavelmente malhado, a sunga amarela, o cabelo meio black e um sorriso que poderia acabar com qualquer mau humor.
— Que o Vinny não nos escute, mas eu acho que acabei de babar – Bianca finge limpar a boca e nós rimos tanto que acabamos recebendo alguns olhares, disfarçamos e nos sentamos nas cadeiras reclináveis mais perto do bar possível, mal nos deitamos e Lia levanta o dedo chamando o atendente, ela pede três caipirinhas Rivera, que leva abacaxi, cachaça e coco, demora menos de 10 minutos e nossas bebidas são entregues.
— Eu poderia viver assim pra sempre – Lia fala enquanto segura seu copo enfeitado daquele jeito que vemos em filmes, eu e Bianca rimos, mas tenho certeza que assim como eu, Bianca também concorda com ela, os meninos aparecem, vão até o bar e voltam com cervejas, Rafa passa por mim e encosta a cerveja gelada na minha perna, eu xingo ele que sai rindo enquanto se junta ao Vinny e o Bruno numa mesa de totó que tem próxima, olho eles jogando e rindo, mas quando termino meu drink e o sol começa a esquentar demais, decido entrar um pouco na agua, Lia e Bianca não me acompanham e continuam tostando no sol. A agua está agradável e quando me afundo sinto o calor quase desparecendo.
— Oi, meu nome é Matheus – a voz me assusta um pouco e quando olho pra trás o cara que Lia estava babando está a apenas uns centímetros de distância e ele é ainda mais bonito de perto, seus olhos são cor de mel bem claros e eu fico um pouco sem graça.
— Oi! Sou a Dani – ele sorri, dentes perfeitamente brancos, ele estica a mão, eu aperto e ele beija minha bochecha.
— Férias com as amigas?
— É, quer dizer, mais ou menos, meu melhor amigo tem uma banda e eles estão participando do Festival...
— Ah legal, quem são eles?
— Os Virais!
— De ontem a noite? – os olhos dele estão impressionados e eu sorrio orgulhosa confirmando – Eles são muito bons! Você sabe mesmo escolher seus amigos...
— Isso é algo que não posso reclamar – ele ri.
— Ei, pera aí... Então, você... É a aniversariante? – sorrio e levanto a mão.
— Culpada!
— Meus parabéns!
— Obrigada – ele sorri também – E você? Tá aqui pelo Festival?
— Ah não, não... Eu sou modelo – sorrio impressionada.
— Você tem mesmo o perfil...
— Eu não acho muito, mas se paga as contas tá tudo certo – ele fala meio divertido e acabo rindo.
— Eu quero te perguntar uma coisa, mas não quero ser cara de pau... – ele fala e eu o olho curiosa, seus olhos desviam pra algo atrás de mim e vejo os meninos ainda na mesa de totó, embora esteja olhando pra nós dois, Rafa finge ri de algo que Bruno fala e embora o papel de namorada eu só tenha assumido agora, eu já era a melhor amiga dele e sei que ele não está se divertindo muito nesse momento, algo me diz que a conversa aqui em a ver com isso, mas desvio os olhos dele e volto a olhar pro Matheus – O cara de bermuda verde, que tá olhando pra cá... – ele fala do Rafa – Ele por acaso... É seu amigo? – eu não consigo evitar o sorriso enquanto olho pro Rafa.
— Na verdade ele é meu namorado – o orgulho que sinto quando falo deve ser percebido por qualquer um.
— Bom, você é uma garota de sorte – eu desvio os olhos do Rafa pra ele – Ele é um gato – o sorriso me esclarece.
— Ah meu Deus! Você tava de olho nele e não em mim – falo rindo e fingindo estar ofendida, ele ri.
— Você é uma deusa, não me leve a mal, é só que... Não faz o meu tipo – eu acabo rindo também.
— Minha auto estima já tava alcançando aquela nuvem lá em cima – ele ri ainda mais.
— A piada deve ser muito boa – antes mesmo de me virar, sei que é o Rafa e que ele não tá achando nada engraçado, Matheus para de rir, mas mantem um sorriso divertido, quando me viro Rafa tá em pé nos olhando da beirada da piscina.
— Vem, a agua tá ótima – dou uma piscada e sem pensar muito, ele se abaixa e cai na agua bem atrás de mim, seu braço passa ao redor da minha cintura.
— Rafael, o namorado! – ele se apresenta esticando a mão e mesmo adorando a palavra, eu reviro os olhos pela palhaçada dele.
— Matheus, seu admirador – eu solto uma risada quando ele se apresenta e sinto que Rafa perde um pouco da tensão e nos olha confuso – Mas relaxa, é hetero e namorando, já entendi o recado – Matheus sorri.
— Eu... É – Rafa acaba rindo – Foi mal, cara, mas é que com uma namorada gata desse jeito, eu não posso dar bobeira né?
— AH não pode mesmo, além de linda ainda é muito simpática...
— Essa parte eu não tenho tanta certeza – eu acerto uma cotovelada nele que ri.
— E não é que vocês fazem mesmo um belo casal?! – Matheus faz uma cara de impressionado e eu acabo sorrindo.
— Obrigada...
— Não vou mais segurar vela – ele sorri e já se afastando.
— Parece que vou faz meu sucesso ein – falo me virando pra ele e rindo, ele ri e me dá um beijo rápido.
— Eu achei que ele tivesse te azarando...
— Primeiro que azarando é uma palavra horrível – ele faz uma careta meio que me imitando – Segundo que eu teria botado ele pra correr, agora eu tenho um namorado, né? – o sorriso dele se abre demais e dessa vez quando ele me beija, demora longos e perfeitos minutos.
— O que aquele deus grego queria com você? – Lia pergunta assim que nos aproximamos, eu dou um sorriso divertido.
— Chegar no Rafa...
— Merda! Como você consegue a garota mais gata e o cara mais gostoso do resort? – ela fica meio revoltada e ele acaba rindo.
— Acho que são meus olhos – ele pisca várias vezes e ela faz cara de nojo.
Nós ficamos mais um pouco na piscina, ele se senta na cadeira reclinável junto comigo e eu fico meio encostada no peito dele, até que seu celular toca, ele olha o visor, mas aperta um botão e volta a coloca-lo de lado, mesmo sem ver o nome, isso me lembra algo.
— Posso fazer uma pergunta? – ele aperta um pouco o braço que estava em volta de mim e beija minha cabeça.
— Quantas você quiser...
— Você terminou com a Nathy antes de ir pro aeroporto, certo? – sinto o corpo dele meio tenso mas ele volta a afundar o rosto no meu cabelo.
— Certo! Eu sai do apartamento e fui lá nela...
— Mas foi ela que te ligou naquele dia da piscina, não foi?
— Foi! – ele fica em silêncio alguns segundos e eu penso que ele vai encerrar o assunto, mas ele afrouxa o braço de mim e respira fundo – Não foi uma conversa muito legal, ela... Não gostou nada e...
— Te deu um soco – olho pra trás e ele dá um meio sorriso.
— Um super soco – ele leva a mão a boca e finge dor – Não que eu não tivesse merecido né? – ele levanta os ombros – Ela me ligou pra avisar que estava indo pegar as coisas dela e deixando a chave com Seu João... E que esperava que eu morresse afogado em uma das piscinas – ele fala meio que achando graça, mas isso consegue tirar qualquer sorriso do meu rosto, o simples pensamento de alguma coisa acontecer com ele expulsa cada gota de ar e de alegria do meu peito e eu não consigo nem sequer imaginar como eu continuaria viva se algo acontecesse com ele, com certeza eu não suportaria passar por tudo isso outra vez.
— EI! Foi idiota falar isso... Nada vai acontecer, ok? – ele segura meu queixo, mas não posso dizer que está tudo bem, por que não estar, pensar nessa possibilidade é aterrorizante, então apenas volto a me encostar nele, seguro suas mãos e passo-as em volta de mim, ele entende e me aperta nele, encaixando o rosto no espaço entre meu ombro e meu pescoço – Eu não vou lugar nenhum – sua voz é firme e verdadeira, mas eu sei melhor do que ninguém, que infelizmente não conseguimos controlar essas coisas.
— Anda esse sol tá me tostando, preciso me molhar – Lia reclama já empurrando os braços do Rafa de mim e me arrastando com ela, acabo rindo e me deixo ser levada, depois que ela se refresca nós logo entramos pra nos trocarmos e irmos almoçar, nos encontramos no restaurante e quase fico perdida com todas as opções de comida, encho meu prato e ainda faço Lia e Rafa pegarem coisas pra mim.
— Você sabe que pode voltar e comer quantas vezes quiser né? – Rafa me olha se divertindo.
— É, mas eu não vou ficar levantando toda hora, parecendo uma morta de fome – ele e Lia se olham e riem.
— Quer saber? Não precisa! – fecho a cara e saio andando na frente com minha bandeja praguejando que eu não tenha guardado espaço para a salada de camarão com amêndoas, mas quando coloco minha bandeja na mesa, a do Rafa para ao lado com uma porção da salada, ele me olha e sorri.
— Eu já disse que você fica linda brava?
— Se essa salada não for pra mim é melhor você pular duas cadeiras – tento parecer brava mas já estou sorrindo, ele ri e se senta ao meu lado, quando Lia chega e bota a bandeja na frente da minha, abro um sorriso quando vejo o pedaço da lasanha de peito de peru.
— Você é a melhor amiga do mundo – ela sorri orgulhosa.
Nós almoçamos juntos, eu pego minha salada e minha lasanha por ultimo e quase me levanto pra pegar mais um pouco, porém me controlo, ficamos ainda sentados conversando um pouco e rindo de um grupo que fala tão alto que o restaurante inteiro está olhando pra eles.
— Depois eu que sou escandalosa né? – Lia fala rindo.
— Mas você é! – todos nós falamos juntos e ela finge cara de impressionada, mas acaba rindo.
— Eu não sei vocês, mas eu preciso deitar agora, meio que não dormi nada essa noite – Vinny fala e sorri pra Bianca, eu e Lia fazemos cara de nojo, mas eles não se importam – E eu tenho show hoje a noite, vê se não se esqueçam ...
— Ah Vinny, cala a boca – eu reclamo como se pudéssemos nos esquecer disso, ele ri, se levanta e sai de mãos dadas com a Bianca.
— Até parece que eles vão dormir – Lia revira os olhos.
— Nossa, mô, bateu um sono – Bruno fala já aproximando a boca do pescoço dela, que ri e finge bocejar.
— Nossa, em mim também... Que coincidência – ela se levanta e eles saem rindo.
— E você? Ainda quer dar mais algum prejuízo pro restaurante...
— Na verdade, eu não comi sobremesa – ele ri.
— Nós podemos pedir...
— Eu acho que eu meio que comi demais – eu faço uma careta e ele se inclina me puxando pra ele e rindo – Sobe comigo? – ele abre um sorriso largo com o pedido e nós também saímos para o meu quarto.
Assim que entramos, eu tiro minhas sandálias e me jogo na cama com o controle da tv na mão, o aplicativo da Netflix já está instalado e eu coloco meu login e senha, vou direto nas séries e olho pra ele que já está tirando a camisa e pendurando na cadeira, depois ele pula na cama ao meu lado, dou o play na nossa série preferida e ficamos assistindo enquanto eu descanso minha cabeça no peito dele, até que acabo dormindo em algum momento e quando abro os olhos encontro ele me olhando de um jeito meio intenso demais, eu passo minhas mãos no rosto e puxo o lençol pra me tampar, mas ele impede e abaixa o lençol.
— Não faz isso!
— Para de me olhar assim, então – fecho os olhos e ele segura meu queixo, como não diz nada eu volto a abri-los, sua cabeça está apoiada na outra mão sobre o travesseiro me olhando atentamente.
— Se há 6 meses atrás alguém me dissesse que eu estaria aqui, numa cena dessas... Eu iria dizer que essa pessoa estava louca – os dedos dele passam pelo meu rosto – Eu achei que eu tivesse perdido toda minha capacidade de amar e você chegou, amassou todas as minhas certezas e me mostrou que eu não sei de porra nenhuma – eu libero um sorriso e desisto de me esconder, assim como ele também apoio a cabeça na minha mão e olho nos seus olhos.
— Bom, se isso serve de consolo, eu passei 4 anos repetindo com a maior certeza do mundo que eu nunca ia me apaixonar de novo, que eu nunca ia querer amar de novo... Então parece que você meio que fodeu com meus planos também – ele dá uma risada alta tão gostosa que me faz rir, ele segura meu rosto com as duas mãos e aproxima a boca da minha.
— Eu amo você! – as palavras dele são como um incentivo pra algo que eu já queria ter dito, então tudo que eu faço é deixar as palavras saírem também.
— Eu amo você – o sorriso dele é leve, feliz e encantado, e eu sei que sempre vou fazer de tudo pra vê-lo assim novamente, sou eu quem me inclino e o beijo, primeiro lentamente, sentindo cada pedaço da sua boca e querendo prolongar o máximo possível, quando ele sorri e me olha eu sei que nunca vou ter dúvidas do que eu sinto por ele, então volto a beijá-lo, dessa vez com mais intensidade e paixão, minhas pernas acabam de cada lado do seu corpo e eu só separo nossas bocas para tirar minha camiseta, eu a jogo pra trás e seus olhos parecem surpresos, mas logo volto a beijá-lo de novo e é ele quem para o beijo.
— Tem certeza? – seus olhos parecem receosos embora eu veja o mesmo desejo que eu tenho no fundo deles, então abro um sorriso firme.
— Certeza absoluta – qualquer indecisão desaparece e ele ri e me puxa pra ele, quando voltamos a nos beijar, ele vira e dessa vez é ele quem está por cima, ele tira a camisa tão rápido quanto um piscar de olhos, mal vejo onde ele jogou e nossas bocas já estão juntas de novo, meus dedos se atrapalham enquanto abro o botão no meu short, mas ele ri e sem parar o beijo me ajuda, eu chuto a peça pra fora cama e ele abre um sorriso enquanto tira sua bermuda, meus olhos descem pelo peito dele e eu mal consigo acreditar que isso está mesmo acontecendo, mesmo antes de saber que eu estava apaixonada por ele, sempre achei o corpo dele perfeito e agora posso confessar que ele apareceu algumas vezes em sonhos nada respeitosos, então é engraçado e bem satisfatório agora poder descer minhas mãos pelas suas costelas sem me preocupar em disfarçar meu olhar, é ainda melhor ver o sorriso satisfeito dele, embora não demore muito por que ele logo volta a me beijar, dessa vez um beijo forte, como se ele estivesse realmente querendo me unir a ele, embora isso seja o que eu mais quero, eu coloco minha mão no peito dele e diminuo o beijo até parar, ele me olha confuso e afasta nossos corpos.
— A gente não precisa fazer isso – ele logo fala como se eu fosse sair correndo da cama, eu acabo rindo.
— Não é isso... É só que... Eu... Já tem muito tempo, então... Você sabe... Meu nível de experiência é bem baixo e você... – ele balança a cabeça negando ficando sério demais.
— Essa pode ser a sua primeira vez em muito tempo, mas pra mim, essa é a primeira... Pelo menos com uma mulher que eu ame – o sorriso se abre no meu rosto, afastando qualquer insegurança e quando ele vê o meu sorriso, também abre um – Confia em mim, eu devo tá mais nervoso que você – eu acabo rindo.
— Na verdade você parecia saber realmente o que estava fazendo...
— Ah é? – ele abre um sorriso divertido.
— É, tava legalzinho – faço uma cara meio de desprezo e ele ri e me faz cócegas, me fazendo soltar uma gargalhada alta demais.
— Legalzinho?
— Legalzão, legalzão – ele ri ainda mais e faz mais cócegas.
— Você consegue melhorar isso...
— TÁ TÁ TÁ, TAVA PERFEITO – ele para e eu ainda estou rindo encolhida, quando olho pra ele um sorriso divertido ilumina seu rosto – Você é um idiota, sabia? – ele balança a cabeça confirmando de um jeito animado demais pra quem acaba de ser chamado de idiota, mas ele não parece se importar e aproxima seu rosto do meu.
— O SEU idiota – sem conseguir me segurar, eu o puxo pra mim e o beijo, dessa vez continuando o que paramos. Suas mãos são rápidas, quase tanto quanto sua boca que desce pelo meu pescoço, beijando e despertando sensações que eu já tinha até esquecido que existiam, então me entrego a ele do jeito que jurei nunca mais me entregar a ninguém e do jeito que eu só poderia me entregar a ele, por que não tem por que negar. Eu o amo.
— Tá acordada? – sua voz sussurrada me faz sorrir, seus dedos estão acariciando minhas costas e levanto o rosto pra olhar pra ele, seus dedos afastam os cabelos que caem na minha testa – Já são oito horas, daqui a pouco a Lia tá invadindo o quarto e te arrastando pra lá – ele fala e eu acabo rindo sabendo que ele tem razão, mesmo assim ainda não quero sair daqui e quando ele escorrega o corpo debaixo do meu e para com o rosto próximo, eu desconfio que nem ele.
— A gente tem mesmo que ir? – ele ri.
— A banda vai tocar – eu faço uma cara triste, ele me puxa pra um beijo, mas não deixa avançar muito – E eu não quero apanhar da Lia – acabo rindo e me espreguiço, ele sai da cama primeiro e puxa a cueca dele, a veste e anda até o meio do quarto pra pegar sua bermuda – Eu passo aqui pra te pegar – ele avisa e me dá um beijo rápido, antes de correr pra se arrumar, ainda fico deitada alguns segundos sorrindo como uma boba enquanto me lembro do que fizemos e sinto como se eu pudesse explodir de alegria, dou um pulo da cama animada e vou pro banheiro, não demoro muito no banho e paro na frente do guarda roupa com o roupão, escolho um shortinho branco de tecido, uma blusa verde clara que deixa meus ombros de fora, mas tem uma manga que começa abaixo do ombro ate meu punho, pego o chapéu preto desses de verão que me deixam com cara de perua, mas que eu adoro, coloco umas pulseiras douradas, rasteirinha e sorrio pro espelho depois de passar apenas um batom rosado e lápis nos olhos, a campainha com o canto dos pássaros soa e eu corro pra abrir a porta, Rafa está parada de um jeito ridículo tentando parecer sexy, com uma mão apoiada na parede e a outra no bolso da calça branca, de tecido e larga, quando olha pra meu short ele ri.
— Parece que somos oficialmente um casal – ele me dá um beijo todo animado.
— A Lia vai me zoar a noite inteira – já imagino ela rindo por que eu zoei o Bruno ontem a noite exatamente por causa deles combinarem na cor, embora no meu caso e do Rafa não tenha sido proposital, pelo menos a camisa dele é vermelha e o cabelo está lindamente bagunçado.
— Eu posso trocar se você quiser...
— Nem pensar – sorrio satisfeita quando o olho da cabeça aos pés, ele sorri e me dá um beijo de novo, então saímos. Assim que alcançamos o espaço da praia onde será o show ela acena pra nós dois e abre um sorriso apontando meu short e a calça dele.
— OWN que fofos – eu reviro os olhos, mas ela dá pulinhos e risinhos que me fazem rir também.
Foi montada uma estrutura muito boa na praia, o palco é menor do que o de ontem, mas tão profissional quanto e o publico também é muito bom, dessa vez não apenas quem está no resort pode vim mas também quem comprar as pulseiras numa bilheteria improvisada, por isso a areia está quase toda ocupada e garantimos nossos lugares na frente.
Duas bandas tocam antes deles e são muito aplaudidas, mas quando eles sobem eu não poupo meus gritos e posso até ser suspeita pra falar, mas poderia apostar que eles foram muito mais aplaudidos do que os outros e como sempre acontece meu peito explode de orgulho quando eles terminam o show e são ovacionados. Eles demoram um pouco mais pra nos encontrar, mas isso não diminui nossa comemoração por mais uma etapa vencida, assistimos o show de mais uma banda juntos e depois mudam para Dj.
Várias mesas com frutas, petiscos e salgadinhos estão espalhados pela areia em pontos estratégicos, dois bares também e pedimos alguns drinks, depois dançamos, rimos e gargalhamos quando Pedro da banda, leva um fora de uma garota, ele não se abate muito e quando mal piscamos ele está beijando uma loira que realmente é mais bonita do que a que dispensou ele.
Tudo está perfeito, a lua cheia, o vento agradável, as risadas, os braços do Rafa ao redor de mim, sua boca que vire e mexe escorrega até meu pescoço e seu cheiro que parece grudado na minha pele, eu sinto que está tudo perfeito, mas quando a música começa eu sinto meu coração acelerar, as vozes ficam abafadas e um sorriso nostálgico aparece, eu toco as mãos do Rafa que estão na minha cintura e me afasto dele.
— Eu já volto – saio na direção oposta das pessoas.
— DANI!
— Ela já volta – ouço a voz e mesmo com o barulho e sem olhar pra trás eu tenho certeza que é o Bruno, por que ele sabe exatamente o que eu preciso fazer agora, então enquanto canta “Velha Infância” eu apenas ando pela areia até o canto mais afastado da praia, não me importo se vou me sujar ou me encher de areia, apenas me abaixo e me sento de frente pro mar, ainda ouço a música daqui, embora seja mais como uma voz perdida no vento e que se mistura as ondas do mar, mas ainda assim é a musica preferida dele. A nossa música.
Eu planejava apenas sentar aqui e deixar que ele lesse meus pensamentos, mas quando percebo as palavras estão saindo como se ele realmente estivesse sentado aqui do meu lado.
— Eu senti sua falta, mais vezes do que eu as que eu consegui respirar... Eu... Eu nunca vou esquecer você, por que você foi e ainda é o meu primeiro amor... O melhor cara que eu já conheci, meu melhor namorado, meu melhor amigo, meu melhor puxador de orelha – eu acabo sorrindo enquanto limpo uma lagrima – Eu ainda amo você! Amo tudo que nós vivemos, cada pedacinho daquele história maravilhosa, eu só... Eu preciso mesmo continuar, entende? – outra lagrima escorre e eu enxugo – Eu sei que provavelmente agora você tá me olhando com aquele sorriso que só você sabia dar e dizendo “Mas era isso que eu estava tentando te falar, Dani”— eu solto uma risada me lembrando da voz dele dizendo a mesma coisa, sempre que eu tinha uma briga com a Lia ou quando minha mãe me proibia de algo ou acontecesse qualquer outra coisa que me irritasse, eu contava pra ele e ele tentava me fazer entender, mas eu nunca ouvia de primeira e depois quando eu voltava e repetia praticamente o mesmo que ele me disse, ele apenas ria e falava “mas era isso que eu estava tentando te falar, Dani”, ele era assim, era a pessoa mais calma, paciente e de bem com a vida que eu conhecia, ele sempre me fazia ver o lado bom de tudo e tenho certeza que durante esses 4 anos, lá de cima, ele tentava me fazer ver o lado bom disso também, mas eu não via, eu recusava a ver que eu ainda podia ser feliz – Mas eu posso! – minha voz sai alta de novo – Eu fui a pessoa mais feliz do mundo ao seu lado e agora eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo com você me olhando daí de cima, pode ser? – olho para os céus esperando uma resposta, uma confirmação ou algo assim, mas não vejo nada, apenas sinto, sinto uma paz e uma calma que só ele conseguia me dar, algo que procurei esses 4 anos e só agora eu encontrei de novo – Obrigada! Obrigada por continuar sendo tão perfeito pra mim – eu sorrio e enxugo as ultimas lagrimas, me levanto, puxo o ar fechando os olhos por alguns longos segundos e quando solto o ar, abro os olhos vendo a junção do mar com o céu e sabendo que esteja onde estiver ele está com aquele sorriso que sempre me fazia sorrir de volta, por isso eu sorrio, antes de voltar a andar.
— Onde você foi? – Rafa pergunta parecendo preocupado, olho pro Bruno atrás dele e ele dá de ombros, eu sabia que ele não contaria, ele sempre respeitou meu espaço e eu o amo demais por isso.
— Me despedir – Rafa me olha confuso e Bruno sorri – Quer dançar? – ofereço a mão pro Rafa e qualquer confusão desaparece quando ele sorri e me puxa pra junto dele me levanto pra pista improvisada na areia.
O restante da noite foi perfeito, voltamos para o quarto quase as 3 da manhã, Rafa dormiu comigo de novo e eu começo a pensar que além de um bom namorado ele vai ser um ótimo travesseiro. Nosso domingo foi ainda melhor, a banda não teve apresentação e Vinny passou o tempo todo com a gente, nós rimos ainda mais e quando anoiteceu e tivemos que fazer o check in pra ir embora quase que desistimos e ficamos por aqui, mas não podíamos, então as onze da noite estávamos descendo do avião. O carro do Vinny ficou estacionado no aeroporto, Bruno e Lia preferiram pegar um táxi e não sei como, mas conseguimos colocar as malas no carro do Vinny e eu e Rafa fomos junto com ele e a Bianca.
Subimos as malas e quando entramos no, apartamento mesmo amando cada segundo naquele paraíso uma sensação reconfortante de estar em casa atingiu a todo mundo, eu levei minhas mochila pro meu quarto, Bianca e Vinny arrastaram as deles para o quarto e Rafa foi tomar banho. Quando me jogo na cama sinto um pouco de falta daquela cama gigante que deixei pra trás, porém quando os braços passam por trás do meu corpo eu sinto que já estou no melhor lugar do mundo.
— Acho que eu não vou conseguir dormir com tanto espaço na cama – ele reclama com a voz divertida, olho pra trás e ele me dá um beijo rápido.
— Eu trabalho amanhã! – aviso e ele dá de ombros e então me beija bem mais demorado – Eu quis dizer que: trabalho amanhã, então eu preciso dormir...
— Ok, vamos dormir – ele aperta os braços em volta de mim e encaixa a cabeça entre meu ombro e meu pescoço – Boa noite – ele beija minha bochecha e quando olho pra ele, está de olhos fechados, acabo rindo, mas como realmente preciso dormir, me aconchego e fecho os olhos.
Quando acordo a cama está vazia e eu vou logo pro banheiro, saio do quarto arrumada e sinto o cheiro de café que me faz correr até a cozinha.
— BOM DIA! – ele vem até a mim segurando uma jarra de suco de laranja, nossos labiso se juntam num beijo animado.
— Seu bom humor tá me irritando – ele ri e pega um copo já enchendo com o liquido amarelo, ele coloca na minha frente, mas eu empurro pro lado, pego minha caneca e encho de café, dou um gole e sinto que uma pequena parte minha acordou.
— Eu pensei em sair pra jantar hoje... Um restaurante italiano, o que você acha?
— Que você não deveria me fazer nenhum convite antes do meio dia... – ele ri, vem até a mim e me abraça por trás beijando meu pescoço.
— Seu humor matinal é completamente apaixonante...
— Você é igualmente irritante! – mesmo realmente mal humorada acabo dando um pequeno sorriso e isso não passa despercebido.
— Acho que eu vi um sorrisinho... – reviro os olhos.
— Eu vou me atrasar – pego dois rolinhos de queijo e presunto e me levanto, já jogando a alça da bolsa no ombro.
— Será que minha vaga já foi preenchida? – ele pergunta enquanto abro a porta pra mim.
— Foi namorar perdeu o lugar – eu falo dando uma piscada, ele perde o sorriso e isso me faz sorrir, passo por ele, lhe dou um selinho e saio, antes que eu consiga dar outro passo, ele me puxa e me encosta na parede, me dando um beijo que tira todo meu fôlego.
— Tenha um ótimo dia – ele fala com um sorriso orgulhoso enquanto me vê recuperando o ar, dessa vez não escondo o sorriso.
— Jantar as 8, com certeza – ele ri e eu corro pra pegar o elevador.
Chego no escritório ainda com um sorriso idiota no rosto, mas logo que Dr. Leones chega me dedico tudo que posso ao meu trabalho e mal vejo as horas, mas dou um sorriso satisfeito quando o expediente acaba, entro no elevador já contando os minutos pra chegar no apartamento, a porta abre um andar abaixo e Melissa entra, ela faz quase uma careta quando me vê, mas me dá um “boa tarde” meio engasgado que eu respondo com um sorriso largo, então quando a porta abre na recepção praticamente damos de cara com o Rafa e um buquê de flores no mínimo grande demais, as flores amarelas e rosa tem praticamente brilho em suas pétalas, ele está com um sorriso animado e o diminui apenas um centímetro quando a vê.
— Pelo menos vocês assumiram essa palhaçada, né? – ela fala e dá uma risada forçada, sai do elevador e quase o empurra quando passa por ele.
— Você vai me fazer apanhar – ele dá de ombros e olha pra trás.
— Ela não vai fazer nada com você – sorrio olhando para as flores que ele estica pra mim.
— Isso foi completamente exagerado...
— Em um dos filmes que você me obrigou a ver uma vez, a garota disse que um cara apaixonado sempre compra flores e surpreende a mocinha, então... – ele levanta os ombros, eu pego o buquê e o beijo.
— São lindas! – ele sorri orgulhoso e encaixa a mão na minha – Mas achei que tínhamos marcado de sair as oito!
— E vai ser as oito, mas a surpresa diminuiria se eu esperasse até lá – acabo rindo.
— Bom, eu fiquei bem surpresa – olho pra ele e depois para as flores, o perfume delas me faz aproximar o rosto e sorrir novamente, quando volto a olhá-lo ele tem aquele sorriso todo apaixonado que faz as borbulhas no meu estômago aumentarem e eu só quero continuar sentindo isso pra sempre, não tento disfarçar meu sorriso bobo por que eu quero que todo mundo saiba que finalmente eu amo estar viva, então o pensamento me faz lembrar de outra coisa.
— Você se importa de irmos jantar em outro lugar? – ele me olha curioso - Minha mãe vai me matar se eu não contar logo – o sorriso no rosto dele é tão grande que me faz rir, ele não se importa se estamos na calçada com pessoas andando atrás de nós, ele apenas me puxa para os braços dele e me beija.
— Vai ser uma honra conhecer os sogrões...
— Você já conhece eles – ele revira os olhos.
— Não corta o meu barato – acabo rindo e então voltamos a andar.
Quando chegamos no apartamento eu coloco as flores em um vaso e deixo no balcão da cozinha, depois corro pro quarto pra me arrumar e ele avisa que também vai se trocar. Coloco um short jeans claro, um camisão de mangas de moletom que fica caindo no meu ombro e tem um coração cheio de glíter na frente, calça o meu all star branco, deixo meu cabelo solto e passo um batom cor de vinho, encontro Rafa na sala com uma calça preta, camisa xadrez cinza e branca, tênis preto e pela primeira vez com o cabelo penteado.
— O que houve com seu cabelo? – ele passa a mão meio nervoso.
— Tá bagunçado?
— Não, tá perfeitamente arrumado – ele respira aliviado.
— É, eu sei, tomara que o gel do Vinny seja bom – ele sorri e isso me faz rir.
— Você tá nervoso? São só meus pais, você já conhece eles...
— Sim, mas eu era só o amigo, podia ser um idiota, agora não... Eu não quero que eles pensem que sei lá, eu sou muito idiota pra você...
— Você É um idiota! O MEU idiota! – me aproximo dele e sorrio, ele também – Eles vão adorar a noticia e sabe como eu sei disso? – ele me olha curioso – Por que eles sempre me quiseram feliz e bom, eu tô feliz pra caralho— ele ri, passa o braço na minha cintura e me puxa pra ele.
— As vezes eu acho que é impossível te amar mais, mas aí você vem toda sexy e fala um palavrão e pronto... Eu poderia te pedir em casamento agora mesmo...
— Ôôô, vamos com calma aí, garotão – ele ri e me dá um selinho.
— Relaxa, eu não vou te pedir em casamento – sorrio aliviada e então ele vai até a porta e abre esperando que eu passe – Você que vai me pedir – solto uma risada.
— Espera sentado, meu amor...
— Cuidado ein, eu posso fazer o papel de difícil – ele faz uma cara de esnobe.
— Idiota – o sorriso dele se alarga e ele fecha a porta sorrindo como um bobo.
Nós pegamos um metrô vazio e isso mostra que estamos com sorte.
— Acho que eu devia ter trago aquelas flores pra sua mãe...
— Ei, são as minhas flores – eu finjo dar uma cotovelada nele e ele ri.
— Eu passo numa floricultura então...
— Ei, relaxa ok?
— Eu só quero que ela goste de mim
— Ela gosta, ela até tentou me jogar pra cima de você lembra? – ele ri.
— Mas é diferente, eu... Eu só quero que ela goste de mim – eu me viro pra ele e quando ele me olha eu entendo o motivo.
— Isso é por causa do Vítor? – ele desvia os olhos de mim e parece meio inseguro, seguro seu rosto com as duas mãos e o forço a me olhar – É por você que eu estou apaixonada, não importa quantas qualidade ele tinha, é isso que meus pais irão ver... O quanto eu estou feliz do seu lado – o sorriso dele se abre novamente – Então você pode relaxar, por favor? Tá começando a me deixar nervosa – ele me aperta e me beija.
— Sua mãe vai querer me roubar de você...
— Tá bom, não tão animado assim – ele ri e me beija de um jeito divertido.
Saímos do metrô e andamos alguns poucos minutos, abro o portão usando minha chave, mas bato na porta antes de abri-lá.
— Tem alguém em casa? – entro na frente, papai está sentado no sofá abraçando a mamãe e eles abrem sorrisos animados quando me veem.
— E como foi a viagem? – mamãe logo se levanta vindo até a mim.
— Foi ótima – ela me abraça forte e eu sorrio.
— Veio todo mundo? – ela logo me solta quando vê Rafa, ela abre mais a porta recebendo-o.
— Na verdade só nós dois – eu falo e papai que já estava com os braços abertos pra mim, para meio confuso.
— E o Vinny?
— Na academia! – ele me olha meio confuso e eu me viro pro Rafa.
— A gente queria falar com vocês logo – eu falo, mas quando Rafa sorri e junta as mãos na minha, nada mais precisa ser dito, mamãe solta um gritinho animado e nos abraça ao mesmo tempo, entre risos e apertos emocionados, olho pro papai e ele está sorrindo de um jeito que eu não via a muito tempo, então sem conseguir esperar que minha mãe nos solte ele se junta ao abraço.
— E como foi isso? – mamãe pergunta curiosa enquanto tenta esconder a lagrima que escorre.
— Deixe os meninos sentar primeiro – papai fala já afastando as almofadas e abrindo espaço todo bobo, eu e Rafa rimos e nos sentamos, ele desliga a tv e nos olha como se fossemos a coisa mais importante do mundo.
— Eu amo a filha de vocês – Rafa fala com toda certeza do mundo e isso faz meus pais se derreterem e confesso que eu também.
— Ele não é nada mal – eu finjo indiferença, mas o olho sorrindo e sorrio mais ainda quando olho para nossas mãos encaixadas.
— Eu vou preparar alguma coisa pra gente – mamãe fala e se levanta quase correndo da sala.
— Eu já volto – aviso pro Rafa e pro meu pai, dou um selinho rápido nele e vejo o sorriso bobo do meu pai, então vou pra cozinha, assim como imaginei mamãe está no canto da cozinha enxugando as lagrimas num guardanapo, sorrio e vou até ela, quando me vê ela tenta disfarçar.
— Vocês já jantaram? Pensei em preparar um macarrão ou algo assim – eu sorrio.
— Você não precisa disfarçar, eu te conheço – ela desiste e me olha de um jeito emocionado, ela me abraça e eu a abraço de volta.
Nós acabamos pedindo pizza e enquanto comemos eu conto a segunda novidade.
— Eu vou começar na faculdade no próximo semestre – eles parecem ainda mais surpresos que antes e me abraçam novamente, nós comemoramos com um brinde de coca cola e uma fatia de pizza.
Quando avisamos que vamos embora, papai avisa que vai nos levar de carro e mamãe se despede do Rafa com um abraço forte e um beijo na bochecha, ele sorri todo bobo, ela também me dá o mesmo abraço e sorri feliz antes de me dar um beijo na bochecha e me desejar boa semana. Papai nos leva e em poucos minutos estamos parando na frente do prédio, saio do carro e vou até a janela dele pra lhe dar um beijo.
— Você parece feliz...
— Eu me sinto feliz – dou de ombros e ele abre um sorrisão.
— Agora eu acredito nisso – sorrio e beijo sua testa.
Rafa me espera na porta do prédio e acenamos um adeus pra ele.
— Eles me acham foda – ele fala todo orgulhoso e isso me faz rir.
— Idiota – ele me puxa e tira meus pés do chão, me levando enquanto eu me debato pela portaria, Seu João fica rindo sem entender nada e quando entramos no elevador, Rafa me bota no chão, me encosta na parede e me beija até a porta abrir de novo – Isso é assédio.
— E você odiou né? – dou de ombros e vou até a porta do apartamento, ele me alcança fazendo cócegas e eu entro me esquivando e rindo.
— Eu odeio cócegas – reclamo, ele fecha a porta e me olha com um sorriso tão divertido quanto assustador.
— Vou te mostrar uma coisa que você vai gostar então – ele avança e me pega no colo, andando a passos rápidos pro meu quarto, ele me joga na cama e logo começa a tirar a camisa, eu abro um sorriso me arrastando pra mais pra cima da cama enquanto não desvio os olhos do pequeno show que ele faz enquanto gira a camisa no ar e a joga pra cima, depois abre o botão da calça e de um jeito apressado e meio ridículo demais, ele chuta a calça pro canto e vem pra cama apressado, ele agarra meus tornozelos e me puxa pra baixo parando meu corpo exatamente abaixo do dele.
— Você vai arrumar o quarto depois...
— Mas antes planejo bastante bagunça – eu acabo rindo, mas quando ele me beija eu concordo com cada bagunça que será feita.
A semana passa meio corrida e quando chega sexta, eu saio do escritório, chego no apartamento e ele já está correndo apressado pra deixar tudo pronto pro food, eu tomo um banho rápido, visto uma calça jeans e camiseta e o ajudo, Vinny e Bianca também aparece, arrumamos o food e vou com ele, enquanto Vinny e Bianca vem no banco atrás. Ele colocou um ajudante com ele dentro do trailer, mas quando abrimos está tão cheio que eu fico no caixa e Bianca se oferece pra ir pegando os pedidos, Lia e Bruno também aparecem e nos dão uma força, mas quando acabamos fica óbvio que o negócio está indo muito bem e ele fica todo orgulhoso ouvindo os elogios e eu também, mas estamos quase desmaiando de cansaço por isso quando chegamos no apartamento as duas e meia da manhã apenas caímos na cama mesmo sem banho e ele dorme abraçado a mim.
A campainha me acorda, aperto os olhos procurando o relógio e xingo quando vejo que são 7 da manhã, olho pro Rafa e ele está completamente apagado, mas com o rosto tão relaxado e suave que me tira a coragem de acordá-lo, a campainha soa de novo e eu me levanto xingando quem quer que seja, passo as mãos no cabelo e ando com passos cheio de ódio até a porta, abro sem nem olhar no olho mágico. Um senhor de terno e gravata, cabelos grisalhos perfeitamente penteados, grandes olhos escuros e uma pequena verruga entre as sobrancelhas me olha com o maior desprezo que ele consegue, seus olhos sobem e descem por mim por duas vezes, até que eu perco a paciência.
— São sete da manhã de um sábado, você sabe né? – eu o sinto bufar irritado, mas ele apenas faz uma cara de superioridade irritante, então antes dele falar eu já sei quem é.
— Eu quero falar com o Rafael, imediatamente...
— Você é o avô dele?
— Me espanta que eu ainda seja chamado assim – a arrogância dele é ainda maior do que a da filha e muito mais nociva do que a do Rafa, que é apenas uma camada de ironia, mas isso não me intimida, pelo contrário, quando confirmo quem ele é me sinto cheia de coragem e firmeza.
— Bom, me espanta que você tenha a cara de pau de aparecer em lugar onde não é bem vindo – seus olhos agora além da arrogância tem um choque que me faz sorrir.
— Você sabe quem eu sou?
— Um velho babaca, manipulador que usou um momento em que seu neto confiou em você pra poder controlar todas as ações dele? – ele solta uma risada.
— Essa foi a história que ele te contou? Aposto que ele omitiu a parte em que eu viajei meio mundo pra buscar ele...
— Ele é seu neto! – eu falo como se fosse óbvio.
— Eu investi nele durante anos...
— Ele é seu neto! – repito querendo que ele entenda a força disso, mas parece impossível.
— Tudo que ele é, é graças a mim – dessa vez solto uma risada irônica.
— Você nem ao menos sabe quem ele é – ele me olha com o mesmo desprezo.
— E quem é você pra me dizer isso?
— Eu sou a namorada dele... Sou a pessoa que vive do lado dele e vejo todo dia que ele não tem absolutamente nada seu – sorrio orgulhosa disso – Você pode ter dado o dinheiro, o luxo, a vida fácil, mas isso não é quem ele é... Você realmente não tem noção do neto maravilhoso que você tinha – ele revira os olhos.
— Você pode só chama-lo pra mim?
— NÃO! – falo firme e séria.
— Chame-o!
— NÃO!
— Olha aqui sua garotinha arrogante, eu vou falar com ele com ou sem sua permissão então vou falar só mais uma vez... Chama ele, agora – ele força pra abrir a porta, mas eu impeço.
— Se você encostar nessa porta mais uma vez eu vou fazer um escândalo, mas um escândalo tão grande que cada pessoa dentro desse prédio vai correr pro corredor pra saber o que aconteceu e então quando chegarem aqui eu vou falar que você estava descontrolado e me agrediu pra poder entrar, então quando os repórteres chegarem e perguntarem, é bom que você saiba que eu fiz aulas de teatro e sei chorar como um bebê – ele ri.
— E você acha o quê? Que irão acreditar em você? Uma garotinha que não é nada e mora em lugar nenhum ou em um dos maiores empresários do país...
— Ah com certeza vão acreditar em você – ele parece confuso quando eu concordo com ele – Mas isso não me impede de transformar sua vida num inferno e pode ter certeza que eu vou fazer isso... Quando você ligar a tv, tcharan, eu vou estar lá em qualquer canal de fofoca que me aceitar e bom, eu posso não saber muito sobre negócios mas ter um cara que estar envolvido em escândalos ligado a seus negócios não é uma boa, é? – olho pra ele e seu olhar está furioso – Você vai perder um bom dinheiro, alguns milhões, eu diria...
— E você? Acha que sobraria alguma coisa dessa sua vidinha? Eu acabo com você com um estalar de dedos, vai ser a coisa mais fácil que eu já fiz na minha vida...
— Eu tenho certeza disso, você não precisava nem falar – ele me encara pronto pra falar algo, mas eu sou mais rápida – A diferença entre nós dois é que eu estou disposta a perder tudo se for preciso, mas eu não vou deixar você machucar ele de novo, e você? Está disposto a arriscar ver seu nome no meio de um escândalo? – eu tenho certeza que se ele pudesse me daria um soco no meio da cara, porém ele se contenta em me dar um outro olhar mortal e desvia os olhos de mim.
Isso é tão típico seu – ele fala olhando fixamente pra algo dentro do apartamento, me viro e vejo Rafa parado no meio da sala – Quando você cansar de brincar de casinha... Por que você vai cansar... Aí você me procura – ele fala e então Rafa vem na nossa direção sem desviar os olhos dele.
— A melhor coisa que eu fiz da minha vida foi me afastar de você, eu odiaria me transformar num velho patético, baixo e sozinho como você – sua voz carrega magoa, raiva e mais alguma coisa que não consigo identificar.
— Você vai se cansar disso, dessa... – o velho me olha com desprezo – Vida ridícula... Olha pra onde você tá agora, num apartamentinho de quinta, num bairro esquecido em uma cidade pequena... Você não é homem de coisas pequenas, Rafael, você pode ter o mundo inteiro...
— E eu abro mão disso quantas vezes for preciso...
— Isso é ridículo – o velho dá uma risada desacreditada.
— Eu não espero que você entenda... Você tem mais dinheiro do que qualquer um que eu conheça aqui e também é a pessoa mais vazia e oca por dentro... Eu não vou me arrepender de nada por que quando eu abri mão do seu dinheiro e da sua vida cheia de luxo foi quando eu realmente me senti feliz...
— Você é um moleque mal... – antes que ele termine a frase eu bato a porta na cara dele, solto o ar e me afasto da porta.
— Eu não quero ser pessimista nem nada, mas alguma coisa me diz que seu avô meio que me odiou – dou de ombros enquanto ando pro meio da sala, os braços passam por trás de mim e me tiram do chão, ouço a risada dele quando seu rosto de encaixa no meu pescoço.
— Eu já disse o quanto eu te amo hoje?
— Na verdade eu estava até meio magoada por causa disso – ele ri, uma risada leve, divertida e feliz, então me coloca no chão e me vira de frente pra ele, segura meu rosto com as duas mãos e me olha empolgado.
— Eu AMO você! E essa sempre vai ser a melhor escolha da minha vida! – eu sorrio e também seguro o rosto dele com as duas mãos.
— Eu AMO você! – ele sorri e me beija, um beijo apaixonado e longo, quando ele me olha sorrindo minha barriga explode em milhões de borbulhas.
— E eu preciso dizer que você ficou muito sexy bancando a durona com o velho – eu dou um sorriso divertido.
— Eu sou sexy – imito um tigre arranhando seu rosto e ele gargalha.
— Eu realmente nunca vou me arrepender disso – ele volta a me beijar e eu sei que também nunca vou me arrepender disso.

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