Sublimes Sonhos

diálogo mortífero - parte 1


Meu corpo se estremesseu. Fitei a terra escura e o desespero começou a gemer o meu nome de maneira lenta. Pensei na minha família e na cena que causei um dia desses: As senhoras da igreja, Tatiane, Melanie, papai, mamãe, o policial. Todos na sala esperando a menina desaparecida. A garota especial, o sonho para uma mãe... A sublime... A perfeita...Tudo isso é tão minuciosamente estúpido e egocêntrico. Às vezes me belisco para me tocar do quão apavorante tudo isso é. O quão real isso é. O sol radiante estava no topo das árvores e pensei poder sentir de longe o choro de Susi, as Lágrimas da minha mãe. Provavelmente aquela cena estaria se repetindo, porém meu medo era que não acabasse como da outra vez. Contrário a gritos de alívio, fosse gritos agudos da dor.

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Mesmo meu coração estando latente e duro ao bater sobre os meus ossos, e o meu cérebro parecia ser engolido pela caixa craniana, não demonstrei desespero. Minha expressão era crua e vazia ao fita o que menos importava ali. O silêncio dele era irritante e me ameaçava constantemente. O que ele estaria pensando? Em como me matar amanhã? Nenhuma peça se encaixava ou faltava peças demais nesse quebra-cabeça. E pensar nas peças perdidas era... Assustador. Me aproximei de Rex levemente para não desconcentrar Pedro que raciocinava paralizado como uma pedra, Rex me fitou ao me ver se aproximar, me vi em seu olhar e viajei em pensamentos, hipnotizada pelo olhar meigo do cavalo branco.

Em meu pensamento a beleza era como raios do sol saindo de mim, temia severamente o belo dentro de mim mesma. Toda a minha vida passou nos meus olhos, e pensei de relance na morte, dizem que é esse o seu pensamento antes de morrer. Lembrei-me dos natais em que as rabanadas queimavam, e o natal em que papai saira de casa e a árvore ficara sem presentes pela primeira vez. Recordo-me da voz desafinada de mamãe que cantarolava até que caísse em sono junto a Melanie. E também do barulho que o motor da geladeira fazia de madrugada. Cada detalhe passava na minha frente como uma fita cassete sendo rebobinada.

"Ele faz com que você pense o que ele quiser" A voz de Pedro falou me afastando da hipnose.

"Ele quem?" Perguntei alizando os cabelos de Rex

"O Rex. É um dos dos cavalos." Falou pela primeira vez sorrindo.

"Então ele poderia me fazer pensar que está tudo bem." Comentei e o sorriso de Pedro se desfez.

Imagine dentes brancos e perfeitos em um maxilar forte. Lábios desenhados pela mão de Deus. Isso forma o sorriso mais lindo e simpático que já vi.

"Vai ficar tudo bem." Me assegurou Pedro.

"Como? Você vai me matar e voltar para o céu. Se existe como essa história acabar bem pra alguém, com certeza não é pra mim." Fitei seus olhos mas agressiva que outrora e tentei controlar mnha respiração ofegante.

"Confie em mim. Ninguém fara mal a você." Sua voz transmitia confiança enquanto a minha era agressiva.

"Vamos ser honestos..." Seu olhar estava vidrados nos meus e desejei tê-lo como outras vezes. "...Você é o mocinho ou o vilão? Eu tenho muitas perguntas e poucas respostas. Você tem assas!..." Gritei e senti meu desespero se revelando "...Isso é surreal...Sublime... Zhaã..." As palavras saíram sem sentido algum. "...Verbena é a sua mãe! A sua mãe está querendo me matar!..." Pausei esperando que Pedro tivesse alguma reação mas isso não aconteceu. "E por que você..." Pedi em pensamentos para que meu coração se acalmasse e repeti com dor na voz "...E por que você quer me salvar enquanto a sua família quer me matar?"

Pedro acompanhou o meu olhar confuso.

"A sinceridade é muito escandalosa, Hannah. Se ela sempre fosse atribuida causaria desastres todos os dias. Sabe quando as crianças fazem perguntas aos pais e a resposta é inapropriada. Eles desviam a verdade, e a sinceridade foge deles como foge do sonso. Imagine que é assim com você. Uma criança questionando um adulto." Pedro disse calmo diante ao meu estresse.

"Você diz que vai me proteger, mas amanhã virão me buscar!" Disse deixando a tensão ir em boa hora e o rosto de Pedro ganhou o peso necessário para transparecer o sofrimento.

"Ainda não sei o que fazer. Mas a única possível possiblidade me assusta." Pedro disse cada palavr com medo do que ouvia.

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"Não matarei ninguém." Alerteo-o.

"Não é capaz de matar ninguém. Mas em todo caso, se necessário matará um animal." O olhar de Pedro estava dolorido.

"Do que está falando?" Perguntei.

"Vamos mudar de assunto." Sugeriu Pedro caminhando lentamente por algumas árvores.

"Eu queria fazer umas perguntas!" Minha voz saiu fina e doce.

"Se não for inapropriado" De novo mascarando a dor Pedro Sorriu.

"Por que horas parecem minutos quando estou com você?"

"Vocês humanos são influênciados por números. Datas, horas, números e números. Os humanos não vivem a vida e sim o tempo de vida. Anjos não são assim. Dia e noite, dias e semanas. Vivemos e apenas vivemos. Não é que o tempo passe mais rápido quando está comigo, mas sim mais aproveitável. É como dizer que tudo que é bom dura pouco, ou seja, passa mais rápido." Com o passar das palavras Pedro tomava um tom sincero de tranquilidade. "Mas alguma pergunta apropriada?" Pedro perguntou.

"Na verdade eu tenho um pedido." Abri um sorriso.

Pedro assentiu.

"Me conte um pouco sobre Verbena, sobre você" Pedi e Pedro assentiu de novo se sentando aos pés de uma árvore.