Stray Heart

Definitivamente, aquilo não era mais só paixão...


ALGUNS MESES DEPOIS...

P.O.V. Annabeth

Abri preguiçosamente os meus olhos. Sentei-me na minha cama e observei os raios solares que atravessavam a minha janela aberta e o balançar harmônico que o vento causava na minha cortina branca e fina. Olhei para o relógio digital que ficava sobre o criado-mudo e vi que já eram oito e trinta e cinco da manhã. Calcei minhas pantufas e fui em direção ao banheiro.

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Fiquei de frente para a pia e me olhei pelo espelho retangular que estava na minha frente. Meu cabelo parecia feno. Enrolei em um coque frouxo e mal feito. Comecei a escovar meus dentes e voltei para o meu quarto. Peguei meu celular e desbloqueei a tela. Nenhuma mensagem.

Voltei para o banheiro e cuspi a espuma da minha boca e a enxaguei. Voltando para o meu quarto, fui surpreendida pela minha família.

– PARABÉNS! – gritaram jogando serpentina em mim. Eu apenas sorri para ele.

– Ah, obrigada! – falei abraçando-os e sorrindo.

Susy deixou uma bandeja com o meu café da manhã sobre a minha cama. Cada um me deu um presente. Mamãe me deu um par de brincos dourados com desenhos de estrelas. Nico me presenteou com alguns CD’s de cantores que eu curtia. Susy me deu um vestido jeans com recortes nas laterais que mostravam partes da minha cintura.

– O meu presente é o mais especial. – disse tio Quíron.

Recebi dele algo retangular que estava coberto por um embrulho branco. Retirei o embrulho e sorri de orelha a orelha com o que vi. Uma foto minha e do tio Quíron. Eu tinha uns dois anos, se não me engano, e era tão gordinha. Meu cabelo estava preso em duas “marias-chiquinhas” altas, eu usava um macacão verde e estava sentada sobre as pernas dele, enquanto o abraçava.

– Você era tão pequenininha. – disse ele – Tão rechonchuda, parecia uma bola de basebol. E agora, olha para você! Já com vinte e três anos, alta, esbelta, bonita e com um namorado que já dorme aqui de vez em quando.

Todos rimos e eu tive que me esforçar para não ficar ruborizada. Abracei o com força.

[...]

Já era mais de uma hora da tarde e nenhum sinal de vida do Percy.

Será que ele se esqueceu do meu aniversário?

Tio Quíron e eu assistimos a última temporada de Friends, comemos sanduíche natural com suco de manga e jogamos baralho. De seis partidas, ficamos empatados 3x3.

– Cadê o Percy? – perguntou tio Quíron embaralhando as cartas para uma sétima partida.

Tio Quíron já não tinha mais tanta marcação com o Percy, mas, de vez em quando, ele gostava de provocar. Não respondi a pergunta dele e recebi as nove cartas. Deixei as em forma de leque e semicerrei meus olhos, concentrada.

Escutei o ding dong e fui abrir a porta. Tinha um rapaz moreno e baixo com uniforme branco e rosa segurando um buquê de rosas vermelhas e brancas, envoltas por um plástico amarelo com desenhos de corações e tudo fixado por um laço branco.

– Annabeth Chase? – perguntou o rapaz.

– Sim. – falei e ele me entregou as flores.

– Boa tarde.

Fechei a porta. Em meio algumas flores, tinha um envelope cor de salmão. Abri o e li a carta.

Oi minha sabidinha!

Aposto que passou o dia esperando alguma ligação ou mensagem minha. Não adianta pensar em “não”, eu sei que esperou.

Bom, quero que me encontre hoje à tarde no mesmo lugar em que tivemos nossa primeira vez. Use roupas leves. Estou sem celular.

Beijos na nuca, no pescoço, na testa, na bochecha e, principalmente, na boca.

Percy.

Olhei para o meu tio com olhar vitorioso e ele entendeu o recado. Corri para o meu quarto, deixando as cartas sobre a mesa redonda de madeira, tomei um banho e me arrumei rapidamente. Optei por um short jeans com renda branca, uma camisa vermelha e lisa com mangas curtas e uma sandália sem salto estilo gladiador. Trancei o meu cabelo para o lado. Peguei um pequeno buquê de lírios que estava perto da minha cama. Saí de casa e entrei no meu carro, deixando o buquê de flores no banco de trás.

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Sim, agora eu tenho um carro. Depois de muita enrolação, eu arranjei coragem e entrei para a autoescola. Consegui tirar de letra as aulas teóricas, apesar de quase ter entrado em estado de pânico nas aulas práticas, mas deu tudo certo. Teve uma vez que eu quase subi na calçada e outra, que eu quase invadi um playground. Meu carro era um automóvel esportivo na cor prata não muito extravagante.

[...]

Retirei minhas sandálias e senti a areia na parte plantar dos meus pés. Não foi preciso andar muito para avistar uma tenda branca. Chegando lá, encontro o Percy deitado sobre uma toalha, ao lado de um MicroSystem e de frente para uma cesta de comida.

– Olá. – falei e ele rapidamente me notou.

– Boa tarde sabidinha.

Ele se levantou, ficando de frente para mim. Percy abraçou minha cintura e colou as nossas bocas. Foi um beijo breve e carinhoso. Ele estava só de bermuda jeans e descalço. Uma verdadeira tentação.

– Feliz aniversário. – disse ele. Seus lábios tocaram sensivelmente a minha testa, fazendo o cantinho da minha boca se levantar – Agora, eu estou namorando uma mulher mais velha... Que sexy.

– Besta... – resmunguei – Só temos três meses de diferença.

– Exatamente! – exclamou – Você tem, praticamente, idade suficiente para ser a minha avó. – ele riu quando eu dei um leve tapa no seu ombro – E aí? Que tal praticarmos um incesto, Vovó Annabeth?

– A vovó aqui – ironizei – jamais faria tal ato com um neto tão irritante.

Fiquei de costas para ele e andei em direção à toalha que estava no chão. Abaixei-me e pus minhas sandálias ali. Percy me puxou e eu continuei de costas para ele, mas com os nossos corpos colados.

– Isso magoou! Mas... E se o netinho aqui fosse mais obediente... Educado... Prestativo...

– Hum... Ainda assim, eu teria que pensar muito.

– Ah, é?

Ele pôs a mão na minha nuca, enterrando os dedos nos meus cabelos. Sua outra mão foi para a minha cintura, que ele apertou fortemente. Nossas bocas se colidiram de maneira urgente e selvagem. Puxei contra mim, como se quisesse fundir nossos corpos (e talvez eu até quisesse). Percy já não era para mim só o meu namorado. Ele era uma parte importante de mim. Ele era a minha a alegria e a minha tristeza. Minha saúde e a minha saúde e a doença. E eu não queria que nada, nada mesmo, nos separasse.

É! Definitivamente, isso já deixou de ser paixão...

Deitamos sobre a toalha de praia, deitados de lado, um de frente para o outro. A língua dele brincava com a minha entre os nossos lábios, deixando-me ainda mais feliz. Minha mão esquerda apertou o seu braço, que agora era tatuado. Percy tinha tatuado ondas envoltas no braço direito.

– Annabeth... – disse ele, entre selinhos.

– Sim.

– Espero que goste do meu presente.

Ele se levantou e eu me sentei. Ele se sentou ao meu lado me entregando um embrulho verde limão com uma fita rosa. Abri tudo cuidadosamente e me surpreendi com o presente. Era um bloquinho de anotações personalizado com um nome bem engraçado na capa.

– Percy’s Cupons? – perguntei.

– Exatamente! – disse ele – Nesse bloquinho de cupons tem uma lista de coisas que eu posso fazer por você de graça, olha aí? Que coisa boa!

– Bem, vamos analisar o que eu posso pedir... – falei passando as folhas rosadas – Uma chupada de língua? – franzi meus lábios para ele.

– Um dos melhores itens! – comentou sorrindo.

– Uma transa no jardim... Um strip com direito a dancinha... Sexo por telefone... De onde tirou todas essas ideias, mocinho?

– Ora da onde? Da minha imaginação!

Sorri para ele e arranquei uma das folhas e entreguei para ele, que a leu imediatamente.

– Carinho com direito a comida na boca. – falou – Seu pedido é uma ordem.

http://www.vagalume.com.br/avril-lavigne/i-love-you-traducao.html

Ele se sentou atrás de mim, deixando-me entre as pernas dele. Apoiei-me nele, ficando com a cabeça do lado da sua. Ele me deu para comer diversos tipos de chocolate e morangos. De vez em quando, ele beijava o meu pescoço e a minha cabeça, passava a mão nas minhas coxas e na minha cintura, falava coisas gentis...

Eu te amo (Avril Lavigne)

La La La La La La

La La La La La

Eu gosto do seu sorriso

Eu gosto da sua energia

Eu gosto do seu estilo

Mas não é por isso que eu te amo

E eu, eu gosto da maneira como

Você é uma estrela

Mas não é por isso que eu te amo

Ei, você sente?

Você me sente?

Você sente o que eu sinto?

Você precisa

Você precisa de mim?

Você precisa de mim?

Você é tão bonito

Mas não é por isso que eu te amo

Eu não tenho certeza que você sabe

Que a razão que eu te amo

É você, sendo você, só você

Sim, a razão de eu te amar

É por tudo que nós passamos

E é por isso que eu te amo

[...]

P.O.V. Percy

Minha tarde com a Annabeth foi regada de abraços, carinhos e beijos (não, não fizemos sexo). Eu já tinha desarrumado tudo e estava colocando no carro dela, quando ela me fez um pedido extremamente estranho.

– Percy, eu quero ir ao cemitério.

Arqueei minhas sobrancelhas e a encarei.

– Como é que é? – indaguei.

– Quero ir ao...

– Não, não precisa repetir. – esclareci – Por que quer ir para esse lugar?

– Eu explico quando chegarmos lá. – disse beijando minha bochecha.

Vesti minha camisa e entrei no carro.

[...]

Não demorou muito para chegarmos naquele lugar que me causava arrepios. Não é que eu tenha medo de zumbis, reencarnações e tal, mas eu nunca gostei e nunca vou gostar de cemitérios. Já falei até para a Sally que, mesmo eu sendo o único filho dela, quando ela falecer, eu não vou para o enterro dela nem sendo amarrado pelos meus ovos!

– Annie, vamos passar quanto tempo aqui? – perguntei, passando a mão nos meus braços.

Ela me fitou, ainda segurando um buquê de flores brancas.

– Está tudo bem, Cabeça de alga?

– Está... Está... Bom, não muito. Não imaginei que você gostasse de comemorar seu aniversário desse jeito, mas nada contra pessoas como você.

– Como assim pessoas como eu?

– Emo e gótica. – respondi – Que gosta dessas coisas de trevas e escuridão.

Ela me olhou como se quisesse me dar uns bofetes. Eu não falei nada de mais...

– Não seja besta, isso que eu vou fazer não tem nada a ver com trevas.

Então, o que ela iria fazer? Ah, não! Ela descobriu todas as minhas mentiras e agora vai me matar e me deixar ali mesmo! Eu não vou ter direito nem a um caixão? Vou ser deixado exposto ao sol, ao vento e, quem sabe aos urubus também?

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Fiquei intacto no meu lugar, confuso com os meus próprios pensamentos.

– Percy, anda... – disse ela.

Andei sem tirar o olho dela, preparado a correr a qualquer momento. Ela não pode me matar! Não podemos acabar assim! Eu já tinha programado tanta coisa para nós dois...

Paramos em frente a uma lápide que dizia:

FREDERICK ADAM CHASE

*22/04/1975 +18/08/1990

Ela deixou a flores ali mesmo.

– Essa é a lápide do meu pai, Percy. – explicou. Eu suspirei aliviado – Hoje, completo 23 anos... Hoje, faz 23 anos que ele faleceu.

Fitei minha namorada e senti uma sensação estranha dentro de mim. Aquela sensação... Era inexplicável.

Ah, meu Deus... É agora!

Umedeci meus lábios com a língua e respirei fundo:

– Annabeth! – falou com uma firmeza exagerada.

Ela se voltou para mim, atenta.

– Sim, Percy. – sua voz era tão serena e doce, que eu senti que ia bobear. Fiquei calado por pouco tempo.

– Annabeth... – suspirei – Eu te amo.

Ela ficou sem expressão e imóvel. É, pelo visto, eu a assustei. Ela iria sair dali sem dizer nada, ou apenas diria que está muito cedo para esse tipo de coisa, ou diria que ainda não sente nada.

Porém, algo me surpreendeu. Annabeth me abraçou de maneira forte, encostando a boca no meu ouvido.

– Eu também te amo, Percy!

E com isso, beijamo-nos e eu não poderia estar mais feliz em um cemitério.