Starling City 2013

Capítulo 9


— Ollie! – Tommy recebeu o amigo na porta com um abraço apertado, que Oliver retribuiu na hora.

— Então foi assim que você se sentiu quando eu voltei da ilha? – Oliver perguntou se afastando do abraço.

— Vamos prometer não morrer mais? – Tommy perguntou com um sorriso. – Estamos quites agora, vamos ficar por isso mesmo! – Oliver riu com gosto, mas de repente ficou sério.

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— Cara, desculpa—

— Nem começa! – Tommy interrompeu o amigo erguendo uma das mãos abertas na altura do rosto. – Ninguém precisa pedir desculpas por nada. Tá tudo certo entre a gente. A gente é irmão! – Oliver assentiu com a cabeça e um leve sorriso no rosto, abraçando mais uma vez o amigo. Os dois se afastaram quando ouviram o som de uma fungada. Ambos olharam pra Felicity, que estava chorando levemente.

— Desculpa... É que... – Felicity gesticulou com as mãos, apontando pros dois, e Tommy riu se aproximando dela.

— Isso aqui é uma manteiga derretida! Chora até com Game of Thrones! – Tommy passou o braço no ombro dela, que fez um biquinho pra instigar pena. Tommy apenas riu mais, e Oliver só observou. – Vamos gente, vamos entrar. – Tommy continuou com o braço sobre o ombro da Felicity enquanto caminhava com ela para a sala. Oliver seguiu os dois. – Eu pedi comida, mas ainda deve demorar uns 20 minutos pra chegar. Tem uns petiscos aqui servidos enquanto isso.

— Olha pra você! Um anfitrião perfeito! Ser CEO deu um jeito mesmo em você! – Felicity tirou um sarro do amigo enquanto saía do semi-abraço para tirar os sapatos, o casaco e junto com sua mochila, levar tudo pro closet da sala. – Quer que eu pendure suas coisas? – Ela perguntou se direcionando ao Oliver. Ele olhava admirado para ela, e Felicity ficou confusa por um instante, até que ele próprio levou suas coisas ao closet, fazendo o mesmo que ela, mas permanecendo calçado.

— Você vem bastante aqui? – Oliver perguntou baixinho para Felicity quando estava perto dela. Mas antes que ela pudesse responder, o trio ouviu a voz da Thea descendo as escadas.

— Tommy? É a Felicity? Já faz uns dias que ela não vem! – Tommy olhou das escadas para o Oliver e decidiu não responder. Assim que Thea terminou de descer e apareceu no campo de visão deles, arregalou os olhos e veio correndo na direção do irmão. – Ollie! – Os dois se abraçaram com gosto. Assim que se afastaram, ela perguntou: - E como foi na Europa? Você não mandou mensagem, nem cartão postal... Foi quase como se você tivesse voltado pra ilha.

— Foi mal. – Oliver respondeu. – Eu tava distraído. Surfando no mar, na neve... Muito surfe. – Thea olhou desconfiada, mas não disse nada. – Ouvi rumores de que meu clube está sob nova direção?

— Seu clube é meu agora, e você não vai tomar de volta! – Thea disse com um sorriso orgulhoso. – O Tommy fez a reforma, e me fez gerente enquanto você não estava. Mas já que o Tommy agora é CEO da Merlyn Global, quem vai tomar conta do clube sou eu!

— E vai fazer muito bem! Tenho certeza! – Felicity pegou a mão da menina mais nova, que a abraçou em cumprimento.

— Foi por isso que você tava sumida? Você foi atrás do meu irmão? Ou é só coincidência que vocês chegaram juntos? – Thea ergueu uma única sobrancelha.

— Você é desconfiada demais pra 18 anos! – Felicity tentou escapar da pergunta com um sorriso. – Oliver olhava as duas estranhando demais a situação. Era como se ele tivesse voltado para uma outra vida que não era dele.

A noite seguiu leve com os quatro colocando a conversa em dia, e curtindo a volta do Oliver. Com a presença da Thea, nada muito sério poderia ser dito. A adolescente resolveu permanecer na Mansão Merlyn por pelo menos mais alguns dias, mas agora que Oliver havia voltado, ela pelo menos prometeu pensar em voltar pra casa. Felicity pediu ao Oliver que passasse na casa dela no dia seguinte quando desse, porque ela queria muito colocá-lo a par do que de fato vinha acontecendo. Oliver viu no olhar dela que era sério.

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— Se você não estiver muito cansada, podemos conversar agora mesmo... – Oliver sugeriu enquanto ambos estavam num taxi, voltando para as suas respectivas casas. – Você parece apreensiva.

— Você não se importa? – Felicity respondeu com uma pergunta. – Eu dormi o suficiente no voo, e preciso mesmo conversar com você.

— Claro que não. – Oliver respondeu. – Poucas horas de sono é o meu padrão. – Felicity lançou um sorriso triste pra ele. – A gente pode ir pra minha casa, se você quiser...

— Se estiver tudo bem com você, prefiro que seja na minha... Tem algo lá que eu preciso te mostrar. Fora que o taxi já está indo pra lá mesmo.

— Sem problemas. – Oliver concordou. – Vou finalmente conhecer sua casa? – Havia bom humor no rosto dele com um toque sugestivo, o que fez Felicity corar um pouco. Eram raras as vezes que Oliver flertava abertamente com ela. Acontecia mais quando os dois estavam sozinhos, e Felicity ficava sempre um tanto consternada e sem saber se ele estava mesmo flertando, se era só o jeito dele, ou se ela estava mesmo era imaginando tudo.

— De novo, sob outras circunstâncias... – Antes mesmo que ela precisasse explicar o comentário, ela continuou rapidamente. – Só espero que eu não tenha deixado nada exposto antes da viagem que vá me fazer passar vergonha. – Oliver lançou um sorriso sincero pra ela, daquele que poucos viam, e Felicity até aceitou passar vergonha se a recompensa era essa.

Chegando à sua casa, Felicity abriu a porta e ofereceu ao Oliver que se sentasse enquanto ela abria algumas janelas pra circular ar, e ia buscar o seu celular-Gideon. Assim que ela retornou pra sala, mais uma vez descalça, notou que Oliver não havia sentado, como ela havia sugerido. Ele estava notando cada detalhe de sua pequena sala. Cada item de decoração, até parar de frente para o pôster do filme Robin Hood. Ele virou-se para ela com uma única sobrancelha erguida – claro que ele sabia que ela estava ali olhando!

— Como eu disse pro Tommy, o Errol Flynn chegou aí antes de você! – Oliver apenas sorriu e sentou-se no sofá oposto ao que Felicity havia sentado. Felicity começou a contar a história de como Tommy havia vindo parar sob seus cuidados. Contou da Zari viajante no tempo, e quando Oliver perguntou como ela poderia ter certeza de que se tratava mesmo de viajante do tempo, Felicity respondeu:

— Ela abriu um portal azul que a gente atravessa pra outro lugar, Oliver! Aqui, no meio da minha sala! Além disso, ela flutuou (flutuou, Oliver!) o Tommy pro quarto! Como se fosse mágica! Você já viu algo assim antes? – Oliver ficou um instante em silêncio como era de costume sempre que lembrava de algo de seu passado na ilha. Era como se estivesse assistindo a um flashback e nem lembrasse que havia mais pessoas em volta.

— Já... – Felicity até se surpreendeu de obter uma resposta... Era mais fácil arrancar um dente sem anestesia do Oliver do que arrancar uma verdade sobre a ilha. – Lembra que eu te disse uma vez que eu acredito sim em magia? – Felicity lembrou com carinho da vez que o Oliver havia dito isso enquanto se ajoelhava pra pegar sua caneta do chão de sua sala no departamento de TI. – Eu já vi com os meus próprios olhos. Mais do que gostaria.

— Ela me falou que no futuro, o Malcolm Merlyn fica completamente louco, e tenta ressuscitar o filho num negócio chamado Poço de Lázaro.

— Então o Malcolm não morreu? – Oliver perguntou, mas soava quase como uma afirmação.

— Aparentemente não. Ela me disse também que não tinha intenção nenhuma de salvar o Tommy. Que só ia substituir o corpo dele por o de um clone incompatível com vida, assim seria incapaz ressuscitar. Clones, Oliver! – Felicity balançou a cabeça de um lado pro outro, e Oliver não disse nada, apenas absorvendo mais uma nova informação. – Só que o sistema de inteligência artificial da nave dela disse que o Tommy ainda poderia ser salvo, e ela não poderia ignorar isso. Ela me pediu que não alterasse em nada a linha do tempo, mas eu não podia tirar do Tommy a chance de viver sua própria vida sem parecer a louca que acredita em viagem no tempo! Fora que eu não podia falar com você porque vai que o Tommy decidisse sumir, ou pior... Não acordasse! Eu não poderia fazer isso com você!

Oliver levantou-se e sentou-se do lado da Felicity, segurando sua mão na dele. A mão dela quase sumia na dele.

— Eu não tenho nem como começar a te agradecer pelo que você fez pelo Tommy. Eu tive um gostinho do que eu seria sem ele na minha vida, e não gostei nem um pouco. Agora que ele sabe do meu segredo, e está vivo, eu vou fazer de tudo pra ser melhor. Eu vou honrar o meu amigo.

— Mas aí é que tá, Oliver. – Felicity fez uma cara de tensão, e Oliver ficou preocupado. – A história complica porque um outro viajante do tempo entrou em contato comigo. E quando tudo se tornou demais pra mim, foi quando eu resolvi te trazer de volta. Você precisa me ajudar a entender o que tá acontecendo. O Diggle é um amigo sem igual, mas acho que ele não tá pronto pra aceitar tanto o sobrenatural quanto eu preciso. Já você... – Felicity não especificou nada, mas Oliver compreendeu. – Nesse celular, a Zari instalou um aplicativo com uma versão da inteligência artificial da nave dela. Eu fiz de tudo pra hackear esse sistema, mas não consegui... Tecnologia do futuro! – Felicity disse frustrada, e Oliver assentiu com a cabeça. – Só que parece que em algum momento no futuro, eu mostrei esse aparelho pra um tal de William, e ele sim conseguiu hackear o app e mandar mensagens pra mim, no passado. E aí que tá o problema. – Felicity pegou o celular e mostrou ao Oliver a última mensagem que havia recebido sobre a morte do Tommy. Oliver leu o que William havia escrito, e a resposta da Felicity em seguida: “Exatamente quando o Tommy morre. Precisamos evitar isso para que o esforço da Zari não tenha sido em vão.”. Mas não havia resposta depois daquilo. O celular-Gideon fez o barulho de notificação que Felicity já conhecia muito bem, e ela tomou o aparelho da mão do Oliver, e viu que estava chegando nova mensagem. Ela leu palavra por palavra ser digitada, e Oliver se aproximou para ler também.

“03 de Novembro de 2013. E eu estive pensando sobre a demora pra você receber mensagens. O que eu sei da teoria do tempo é que ele precisa de um tempo para se fixar novamente depois de cada alteração feita. Então, talvez, cada vez que você tome uma decisão que vá alterar o curso natural das coisas, pode ser que demore pra você receber minha resposta por isso. A linha do tempo precisa ser refeita, e nossa comunicação fica inconsistente.”

Oliver não disse nada, estava pensativo. Felicity resolveu responder rápido na esperança que a “linha de comunicação” estivesse aberta: “William, a Zari me falou sobre paradoxo. Ela disse que não poderia alterar seu próprio passado porque senão teoricamente ela não estaria no lugar certo e na hora certa pra alterar o passado, por isso o paradoxo. Você conversar comigo pra alterar o futuro não vai mexer no seu passado? Não corremos esse risco?”

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Felicity olhou por alguns segundos pro celular-Gideon, em dúvida se obteria resposta imediata. Oliver permanecia em silêncio.

“Eu prefiro correr esse risco. Você é boa demais pro meu pai, Felicity. E apesar de vocês dois terem me dado uma família, e uma irmã, por conta da vida que vocês levam e das escolhas do meu pai, eu cresci longe dela, e hoje somos dois estranhos. Se eu conseguir mudar isso de alguma forma... Talvez minha mãe não morra, talvez eu veja minha irmã crescer... Eu quero mudar!”

Felicity entendeu claramente que William ressentia seu pai. Ela também concluiu que William seria seu enteado no futuro. Mas a pergunta era: “William, quem é seu pai?”

Oliver continuava lendo a conversa em silêncio e em apreensão

“Oliver Queen”