Starling City 2013

Capítulo 17


— Sr. Queen! Vejo que a sua predisposição de manter o nome da família longe do projeto não durou muito tempo... – Blood estava com cara de poucos amigos quando viu Oliver, Felicity e Tommy se aproximando. O vereador ficou ainda mais irritado quando Oliver apertava sua mão em cumprimento enquanto oferecia seu sorriso falso de playboy milionário para as câmeras que registravam o encontro. As poucas que o faziam, pois muitas das fotos que já haviam sido registradas foram na verdade dos três chegando juntos no mesmo carro.
— Não é a família Queen que está patrocinando o projeto, Sr. Blood. É a Srta. Smoak e a Fundação Rebecca Merlyn. Eu só estou aqui de acompanhante. – Quando Oliver disse isso, as câmeras dispararam mais uma vez, mas de novo sem intenção nenhuma de incluir Sebastian na cena. Felicity, ligeiramente sem graça, tentou dar um passo pra trás e se afastar dali, mas Oliver passou seu braço no dela de um lado enquanto Tommy fez o mesmo do outro lado. Merlyn riu com gosto quando ouviu o sonzinho “Ih!” vindo da Felicity e se deu conta que ele e Oliver haviam feito a mesma coisa. Oliver deu apenas um meio sorriso e continuou conversando com Blood como se nada tivesse acontecido. – Parece que está indo bem...
— Na última contagem, foram entregues mais de 200 armas em apenas 3 horas. – Oliver não disse nada, mas Tommy abriu seu melhor sorriso falso e estendeu a mão para Blood em cumprimento.
— Que ótima notícia, Sr. Vereador! E eu achando que você só estava aqui pra fazer campanha... – Tommy apontou para as pichações de “Blood para Prefeito”. – O tom de voz de Merlyn era completamente sarcástico, e ele nunca esteve tão parecido com o pai quanto naquele momento.
— Uau! E eu que pensei que esse tom de voz só existia entre mim e a Isabel! – Felicity disse baixinho no ouvido do Oliver, que sorriu.
— Meu trabalho é ajudar as pessoas dessa cidade com os seus problemas. Todo mundo passa por um calvário em algum momento da vida, Sr. Merlyn. Você e o Sr. Queen provavelmente já passaram quando voltaram dos mortos. – Tommy ergueu uma única sobrancelha sem dizer nada, e Blood prosseguiu. – A maioria acredita que há dois tipos de pessoas que passam por tal calvário: as que ficam mais fortes com a experiência e sobrevivem... e aquelas que morrem. Mas tem um terceiro tipo: aquelas que aprendem a amar o fogo. Elas escolhem ficar no calvário porque é mais fácil abraçar a dor quando se é só o que sobrou. – Oliver se identificou com o discurso mais do que o Tommy, mas nenhum dos três disse nada. – E é por isso que estou com pressa de ajudar essa cidade. Antes que ela se acostume a viver assim.
— Viver não é para os fracos. – Oliver comentou baixinho, e Felicity suspirou com tristeza, baixando a cabeça e sabendo por experiência própria que isso era um fato. Era sempre em momentos surpresa como esse que o suicídio do Cooper vinha assombrá-la. – Um velho amigo me disse isso uma vez. – Oliver continuou e Felicity soltou seus dois braços dos amigos, ainda olhando pro chão, dando um passo pra trás e virando-se ligeiramente de costas para a conversa.
— Esse é um amigo muito sábio. – Sebastian Blood disse com um sorriso, e Oliver concordou sorrindo genuinamente de volta.
— Oliver! – Felicity chamou alarmada, e Oliver virou na mesma hora, para olhar na direção que ela apontava. Por puro reflexo, ele se colocou na frente dela enquanto forçava Tommy se abaixar no chão. Tiros estavam sendo disparados de uma caminhonete que vinha em alta velocidade na direção das pessoas, que corriam e gritavam em pânico.
Oliver sabia que a sua irmã também estaria no evento, e tentou procurar por ela, mas o pânico estava generalizando, e a caminhonete acelerava por cima dos cavaletes da polícia, que estava rendida sem saber o que fazer.
— Escute, povo! Aqui é o prefeito de vocês que tá falando, e eu não me lembro de ter autorizado esse evento! – Veio a voz ousada de um dos caras na caminhonete, que havia parado bem no meio da praça. – O que acontece nos Glades só acontece se eu permitir.
A primeira preocupação do Oliver era a Felicity, o Tommy e a Thea. Sua irmã estava fora de seu campo de visão, então ele se voltou pros amigos e confirmou que ambos estavam bem. Os três se levantaram, já que os tiros haviam parado, e aparentemente ninguém havia se ferido.
— Você não é o líder dessa comunidade! – Sebastian Blood saiu do lado deles pisando firme, falando alto e com dedo em riste. – Você não fala por essas pessoas!
— Idiota! – Tommy disse baixo e com desprezo. – Não é assim que se fala com o cara que tem tantas armas à disposição!
— Nem você! – O “Prefeito” respondeu com escárnio. – Não mais! – Ele fez um gesto com as mãos, e os dois capangas atrás dele miraram as armas na direção do vereador.
— Merda! – Oliver disse reagindo enquanto corria na direção do Blood pra tirá-lo do caminho dos tiros. Os dois se esconderam atrás de uma viatura policial, na direção contrária que Tommy e Felicity haviam corrido. Ele podia ver os amigos abaixados, mas não conseguia dizer exatamente se estavam bem.
A polícia começou a trocar tiros com os marginais, e muita gente foi atingida no fogo cruzado. Oliver queria mais do que tudo estar do lado dos amigos, mas não havia o que fazer naquele instante. Pelo menos ele conseguiu identificar o que parecia ser o moletom vermelho característico do Roy tentando defender outra pessoa, e ele rezou pra que sua irmã estivesse bem. A caminhonete acelerou, saindo dali e os tiros cessaram. Oliver correu na direção da irmã perguntando:
— Ei! Você tá bem? Foi atingida?
Thea parecia em choque, e balançava a cabeça querendo dizer que não havia sido atingida. Oliver ouviu Roy perguntar alto se alguém estava bem ou não, mas a prioridade do Oliver, agora que ele sabia que a irmã estava bem, era Tommy e Felicity. Ele correu na direção dos dois, e Tommy estava deitado no chão, enquanto Felicity se ajoelhava ao lado dele chorando.
— Por que você fez isso, Tommy? – A voz da Felicity era de partir o coração, e Oliver sentiu seu coração gelar com o déjà vu. Ele olhou pra baixo temendo o pior.
— O que aconteceu? – Oliver perguntou quase em pânico, se jogando no chão do lado oposto da Felicity enquanto observava o Tommy.
— Eu tô de colete, você não! – Tommy respondeu meio sem ar.
Oliver observou que Tommy havia tomado um tiro no tórax, o que explicava a falta de ar dele. Mesmo com o colete, uma bala faz pressão e machuca. Mas ele também notou que Felicity segurava desesperada seu casaco todo ensanguentado no ombro do Tommy, tentando manter pressão. Seu amigo havia tomado mais de um tiro. E um deles não havia sido onde o colete protegia.

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***

— Thea! – Felicity disse surpresa ao avistar a menina no hospital. – Você tá bem? O que está fazendo aqui? O Oliver sabe que você está aqui?
— Felicity! Oi! – Thea estava tão feliz de ver um rosto amigo que abraçou forte a Felicity, pegando a loirinha um pouco de surpresa. – Eu tô aqui porque uma amiga do Roy tomou um tiro. Ela está em cirurgia e pediram pra todos por favor doarem sangue enquanto esperam, porque com o tiroteio de hoje... Enfim, é de lá que eu tô vindo. – Thea apontou pro braço, que tinha um curativo. – Tipo A+. Nem sabia! – a adolescente disse com um sorriso fraco.
— A+? – Felicity perguntou franzindo a testa. – Mas o Oliver é O-!
— Você sabe o tipo sanguíneo do meu irmão? – Thea olhou estranho pra amiga. – Preciso dizer que o relacionamento de vocês é muito, muito bizarro!
— Deixa pra lá! – Felicity disse balançando a cabeça. – Você tá sabendo do Tommy? – Thea ficou pálida e balançou a cabeça de forma negativa.
— O que aconteceu com o Tommy? – Ela perguntou baixinho, aparentando ser bem mais nova do que a mulher forte que Felicity sabia que ela era.
— Ele tomou um tiro no ombro e no tórax. Tá em cirurgia agora. Ele estava de colete à prova de balas, mas a bala no ombro entrou e não saiu. Tão operando pra retirar. – Thea abraçou a amiga mais uma vez e começou a chorar. – Vai ficar tudo bem, Thea. Ele é forte! Já sobreviveu coisa pior! – Thea assentiu com a cabeça e enxugou as lágrimas.
— E meu irmão?
— Ele tá bem. – Felicity forçou um sorriso pra Thea. – Ele estava se sentindo um tigre enjaulado aqui dentro, e foi esperar o Diggle na porta do hospital. Ele tá a caminho.
— Tá... – Thea disse baixinho, ainda meio confusa com o tanto de informação. – O Roy tá na sala de espera. Ele não gosta mesmo de agulhas, e preferiu esperar lá. A gente pode esperar por notícias juntos.
— Claro! – Felicity concordou com um sorriso, e ambas se encaminharam pra sala de espera.
Diggle estava a caminho do hospital não só pra saber do Tommy, mas também para trazer o notebook da Felicity. Eles precisavam encontrar mais informações desse tal “Prefeito”, e agora que ele havia sido visto em público, em pouco tempo Felicity conseguiria identificá-lo. O ideal seria fazer isso do bunker, mas nem o Oliver nem a Felicity teriam coragem de deixar o Tommy sozinho enquanto resolviam isso. E Felicity poderia fazer essa pesquisa remotamente. Ela acessaria os computadores do bunker pelo notebook dela, e seria como se estivessem lá. A conversa é que seria limitada, especialmente com o Roy e a Thea presentes, mas eles dariam um jeito.

***

Como Felicity havia previsto, havia fotos online do tiroteio e em pouco tempo ela identificou quem era o “Prefeito” e onde ele estaria naquela noite. Oliver estava louco pra descer o cacete em alguém e arranjou uma desculpa bem da esfarrapada pra sair do hospital enquanto esperavam as cirurgias acabarem. Diggle foi com ele, mas pra ficar nos comunicadores de dentro do bunker. Oliver sabia que Sara apareceria para dar reforço, e Felicity acompanhou tudo, mas sem interferir, pois Thea e Roy estavam com ela o tempo todo.
As cirurgias duraram algumas horas (a do Tommy terminou antes), o que deu tempo suficiente do Oliver e da Sara pegarem o “Prefeito”, entregarem-no pras autoridades e ainda voltarem pro hospital. Oliver cobriu as despesas médicas do Tommy e também da amiga do Roy quando descobriu que a menina era amiga da Sara também.
Sara quis manter sigilo de sua presença até para o Tommy e pra Thea. Sara de fato acreditou que o Oliver não havia mais nada com a irmã (especialmente quando a Laurel aceitou a posição de vice na acusação da Moira), mas ela havia observado a Laurel o suficiente pra saber que o que ela havia tido com o Tommy era real e profundo. Sara não quis colocar o Tommy na posição de ter que mentir pra Laurel se necessário fosse. Mas a verdade era que Tommy quase não havia mais falado com a Laurel nas últimas semanas. Seu trabalho o mantinha extremamente ocupado, e pelo menos por enquanto, ele queria que seu foco se mantivesse exatamente onde estava. Thea ainda tentava manter contato com a Laurel, mas até ela estava com dificuldade visto que ambas estavam trabalhando muito nos últimos meses, e era difícil aceitar o fato de que Laurel estava literalmente contra a sua mãe. Tommy ficou preocupado com a Laurel e até a procurou depois do que aconteceu com o Mestre das Bonecas, mas ela própria havia pedido distância. Preocupado, ele conversou com Quentin Lance e disse que achava que a Laurel precisava de ajuda, mas não achava que poderia ser a pessoa da qual ela necessitava no momento. Sara havia observado tudo de longe, e queria continuar assim. Oliver conversou com ela e disse que entendia que o terremoto havia trazido ela de volta à Starling City, mas que ela não podia continuar vivendo como um fantasma, só olhando de longe a família e aparecendo de vez em quando pra ajudar a bater em bandido.
— Você tem que contar pra eles, Sara. Eles precisam de você.
— Você falou pra eles que eu morri no Gambit. – Sara retrucou com um olhar relutante. – Se eles souberem a verdade...
— Se eles souberem... – Oliver riu com ironia. – Se eles souberem nunca mais vão falar comigo. Nenhum deles. Mas vai ter valido a pena.
— Hoje não... – Sara disse baixando a cabeça e indo embora do hospital.
Oliver, sem ter o que fazer, foi na direção do quarto do Tommy. Seu amigo estava vivo e bem, e era isso que importava naquele momento. Sara faria a coisa certa eventualmente. Ele tinha certeza disso.

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