Nobody knows the way it's gonna be

As ruas estavam cheias de pessoas e crianças saindo da escola. Continuei andando até achar um loja. Na placa, seu nome já indicava tudo que eu precisava "Rock n' Roll". Entrei e me deparei com pessoas de todas as idades andando por aquele lugar. Era realmente imenso. Tinha uma variedade de discos, CDs, DVDs, acessórios, camisetas, bandanas, guitarras, baterias, violões e uma porção de coisas associadas ao rock.

Eu poderia ver meus olhos brilharem. Não era mais uma adolescente como antes, mas se tinha algo que sobrou da minha adolescência, era o amor pelo rock e eu ficava feliz por aquilo.

Comecei a andar por um corredor cheio de CDs. Fiquei em dúvida por qual escolher, já que minhas bandas favoritas estavam ali. Continuei a andar, já que sabia que demoraria muito tempo a escolher. Fui para onde encontraria acessórios e fiquei encantada com um colar do Guns n' Roses. Peguei-o e fui pagá-lo. Não precisava de mais nada naquele momento. Saí da loja no mesmo momento que o colocava no pescoço e pensava, porque nunca havia encontrado aquela loja.

Fui ao restaurante mais próximo, jantei, paguei a conta e voltei para meu apartamento.

Já eram seis e meia e estava quase escuro. Olhei pela janela do meu quarto. Lá embaixo carros passavam sem parar. Olhei pro céu e consegui ver a Lua. Sorri. Eu gostava de tudo relacionado ao céu. Não sei porque, mas tinha algo que me fascinava.

Comecei a andar pelo quarto e avistei meu violão ao lado de minha cama, encostado na parede. Peguei-o e fiquei em dúvida de qual música tocar, afinal, eram muitas. Comecei a tocar e cantar Patience, mas fui interrompida por batidas na porta.

Levantei e fui abri-la.

Fiquei parada, completamente sem reação. Era Matt, mas eu não esperava por isso. Ele estava completamente diferente do que eu tinha visto de manhã. Usava uma calça jeans escura, uma camiseta preta da banda Metallica e o cabelo estava molhado e completamente bagunçado. Eu tinha que admitir que, daquele jeito ele estava bem mais atraente.

- Jess, tem um tempo livre? - ele carregava dois copos de milk shake.

- Oh, claro. Entre. - afastei dando passagem a ele.

Matt entrou no meu apartamento e ficou parado perto da televisão.

- Escutei você tocando lá fora.

- Escutou? - fiquei com vergonha.

- Sim, e eu gostei. Fiquei com pena de te interromper. Mas espero que você toque pra mim.

- Tocar pra você. Oh, não. Eu não sou tão boa.

Observei Matt aproximar-se de mim, até me entregar um copo de milk shake.

- É de capuccino.

- O meu preferido. - olhei surpresa.

- O meu também. - seus olhos verdes me encaravam.

Ele ficou me olhando por mais alguns segundos. Eu também não tirava os olhos dele, até resolver ir para meu quarto.

- Guitarra ou violão? - disse levantando os dois instrumentos.

- Hum, guitarra. - deu uma paula. - Seu colar é lindo. - disse olhando-o.

- Obrigada. - disse sorrindo e olhando para o colar.

Peguei a guitarra e liguei-a.

- Uma Les Paul. - Matt passava a mão pela guitarra. - Boa escolha.

Sorri para ele.

- Quer tocar?

- Posso tentar, mas com uma condição.

- Qual?

- Não vá rir.

- Claro que não.

Matt estava sentado do meu lado na cama. Eu tomava o milk shake enquanto o observava mexer com as mãos antes de tocar algo. No primeiro momento, confesso que fiquei espantada. Matt tocava o solo de November Rain perfeitamente.

- Está brincando comigo? Você diz que vai tentar e toca desse tanto? - eu ria.

- Nem foi tão bom assim, foi?

Não respondi, apenas fiquei olhando-o com um sorriso bobo.

- Sua vez. - disse me entregando a guitarra.

Me inclinei e peguei o violão, que estava encostado na parede.

- Vou com o violão. Se souber, me acompanhe com a guitarra.

Comecei, timidamente, a tocar Wonderwall, mas logo me soltei e comecei a cantar.

Matt me acompanhava e cantava junto. Conseguia ouvir a harmonia entre nossas vozes, e cheguei a achar bonito.

Em quatro minutos, a música havia acabado.

- Acho que daríamos uma bela dupla. - disse rindo.

- Olha, eu não vou descordar, hem? E falando em dupla, qualquer dia apareço em seu apartamento para tocar bateria. - ri.

- É claro, estou de portas abertas. - seus olhos verdes pareciam brilhar.

Fiquei calada. Matt me observava. Abaixou a cabeça, como se afastasse algum pensamento.

- O que foi? - perguntei.

- Você me lembra alguém. Seu jeito de falar, de se mexer... mas não consigo te associar com ninguém que me vem a mente.

- Talvez eu seja um tipo comum. - sorri e desviei meu olhar, fixando na janela. Lá fora as estrelas brilhavam.

Matt continuou me encarando.

- Não acho que seja isso. - se calou ao mesmo tempo que passava a mão pelo meu cabelo, tirando uma mecha do meu rosto.

Me levantei, acompanha por ele, que fez o mesmo.

- Enfim, acho que já está tarde. - ouvi-o dizer. - Depois a gente se vê?

Concordei com a cabeça.

- Obrigada pelo milk shake e pela visita. - sorri.

- Boa noite, Jess. - disse virando as costas.

- Boa noite.