Spotted: Behind the Gossip

Capítulo 10 - 4 in the morning (versão estendida)


Tradução do título: 4 da manhã

"All I wanted was to know I'm safe Don't want to lose the love I've found. Remember when you said that you would change. Don't let me down"

Acordando pra enfrentar outro dia. A lua se perdeu de novo ontem à noite. Mas, agora que o sol já está a todo vapor, acho que me sinto bem. Mas, dói quando eu penso em você, quando eu deixo isso que tome minha mente. Tudo está dentro de mim e estou deitada aqui no escuro observando você dormir. Isso dói muito. E tudo o que eu sei é que é você vai ter que me dar tudo e nada menos que isso para eu finalmente te dar tudo de mim, tudo que sou. Estou abrindo mão de tudo que consegui, porque o que eu quero é ter um amor de verdade. Queria nunca ter que partir e desistir de você. Fico acordada até às 4 da manhã, as lágrimas derramando. Quero fazer valer essa luta. O que estivemos fazendo todo esse tempo? Amor, se vai fazer isso, venha e faça direito. Tudo o que eu queria é saber que estou a salvo. Não quero perder o amor que encontrei. Lembre quando você disse que mudaria, não me desaponte. Não é justo ficar do jeito que você está. Oh, por favor você sabe do que eu preciso, então guarde todo seu amor por mim. Nós não podemos escapar do amor. [Mas, eu vou tentar]

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(4 in the morning, Gwen Stefani)

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"Porque não haverá luz do sol se eu te perder, querida" (Bruno Mars, It will rain)

— Leighton... — Ed falou, completamente embriagado, com as mãos estendidas atrás de mim. Não respondi nem me movi.

Não precisei de muito para entender o que estava acontecendo ali. Ed havia se metido em uma grande confusão. Ele estava cercado por cinco homens duas vezes mais altos e mais fortes que ele. Pelos hematomas em seu rosto e pela blusa rasgada, ele havia sido agredido e, agora, um dos caras estava apontado uma arma para ele.

Quando entrei no bar, que era tão feio e sujo por dentro quanto era por fora, essa foi a primeira coisa que eu vi. Vários homens bêbados gritando "Mata, Mata, Mata!", enquanto Ed estava parado, com as mãos estendidas, os olhos caídos e os cabelos desgrenhados. Devido à quantidade de substâncias ingeridas, ele não conseguia mensurar o tamanho da encrenca em que tinha se metido com os "grandões" e isso os fazia ficar mais enfurecidos.

Eu não parei para pensar nas consequências antes de me lançar na frente da arma que estava prestes a ser disparada. O medo só me atingiu quando já estava feito.

— Por favor, não atire nele. Ele nem sabe o que está fazendo. — Falei com as mãos estendidas e com a aflição estampada na face. Ed não respondeu mais.

— Olha a mocinha... — O homem que estava com a pistola me encarou, falou e soltou o ar junto com a fumaça do cigarro que fumava. Ele era muito alto e forte. Tinha cabelos cacheados que caiam sobre os ombros, barba espessa e uma expressão mal humorada natural. — Você é quem? A namoradinha ou a Super Girl? — Todos riram de sua piada e eu me mantive séria.

— Eu sou uma amiga. — Respirei fundo, sentindo a garganta ficar seca — Só quero que deixe ele vir conosco. Ele não está bem... — Olhei para trás e vi Ed encarando o chão. Não sabia se ele estava constrangido ou prestes a desmaiar.

— É claro que ele não está bem, Super Girl. Ele bebeu quase tudo que tinha no bar, comprou vários tipos de drogas e eu já perdi as contas de quantos maços de cigarro ele fumou.

— Não é isso que vocês fazem aqui? — Falei com estranheza e chequei o ambiente rapidamente. Ed corria sérios riscos de vida. E não era pelo risco iminente de receber uma bala no peito.

— Você está tirando uma com a minha cara? — Ele jogou o cigarro no chão e amassou pisoteou com força. Meu coração achou o caminho até a boca em fração de segundos. — No final de tudo, ele tentou ir embora escondido sem pagar um centavo. Quando os caras ali foram cobrar, — Ele apontou para os outros homens que o cercavam com as pernas afastadas e os braços cruzados — ele começou a dizer um monte de palavrões e distribuiu socos, como se estivesse certo. Mas, aqui não toleramos esse tipo de afronta. Ainda mais com viadinhos britânicos. — Ele falou impaciente.

— Viadinho é o seu pai, seu babaca! — Ed gritou, despertando do momento de transe. Contive a vontade de rir daquela resposta. Acho que era o nervosismo. Nunca havia passado por uma situação como aquela.

— Agora você morre, filho da puta. — Ele desarmou o gatilho e se preparou para atirar. As pessoas se alarmaram e começaram a se afastar.

— Ed, seu idiota, cala essa boca! Você quer morrer? — Falei em tom baixo, com os dentes cerrados, para impedir a leitura labial. Minha respiração estava pesada e minhas pernas tremiam como se não tivessem ossos pra sustentá-las.

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— Sai da frente, magrinha. Anda! — Ele gritou.

— Tudo bem, eu saio — Estendi ainda mais as mãos — Mas, deixa eu levar ele comigo. Ele é um idiota... — Abaixei os braços lentamente e dei um tapa no braço dele. — Que não sabe o que faz. — Bati novamente — Você está fazendo merda o dia todo, será que não aprende? — Falei enquanto distribuía tapas nele, eu estava tão dominada pela raiva que não me preocupei com a reação do valentão que nos observava.

— Ai, Leigh... — Ele disse com dificuldade, devido à embriaguez.

Neste exato momento, eu percebi que os homens nos observavam com diversão nos olhos e feições sarcásticas, como se fôssemos dois palhaços em um circo.

— Quer saber, moço? Me dá essa arma que eu mesma quero fazer isso. — Eu gritei furiosa e estendi a mão em direção ao homem que ele se esquivou.

— Ficou maluca, menina? — Ele guardou a pistola no suporte da calça.

— Fiquei! Eu estou enlouquecida com ele. Todo dia é a mesma coisa. Lembra de quando eu disse que era só uma amiga? Quem me dera! Quem me dera... Infelizmente eu casei com esse traste — Apontei para ele e cerrei os lábios. — A gente tem um bebê em casa e ele vem fazer essa vergonha na rua. — Baixei os olhos para parecer sentida com a situação. Ed não se pronunciou. Parecia estar vivendo uma aventura estilo "Lucy in the sky with diamonds". Eu não me importava com o que ele ia dizer ou pensar, mas foi o melhor que eu consegui fazer para impedir uma tragédia. Ou, pelo menos, tentar.

— Não fica assim, moça. — Um homem ruivo e forte, que se assemelhava a um lenhador, falou compadecido.

— Eu estou cansada disso, moço. Cansada, Edward! — Olhei para ele, simulando a aflição — Quanto ficou a conta desse imbecil? — Falei enquanto mexia na bolsa para pegar o cartão — Eu vou pagar e resolvo o problema dele em casa — Dei outro tapa nele, mas dessa vez foi um pouco mais forte.

— Moça, não precisa pagar nada. Você já tem problema demais com esse aí. Pode levar...

— Pode deixar que isso não vai sair de graça pra ele. — Me aproximei e apertei a mão do homem — Desculpe o transtorno. Vem, Edward! — Ordenei e o arrastei pela blusa até sairmos do bar.

Quando passamos pela porta, a brisa gelada nos atingiu como um soco na face e eu pude respirar aliviada. Passei os olhos em toda a região para encontrar Chace e Blake, mas não os encontrei. Um desespero tomou conta de mim. Sem saber como agir, apoiei Ed em meus ombros e fiz bastante força para aguentar o peso.

— Leigh, obrigado. — Ele finalmente falou algo e eu fiquei em silêncio, apenas sentindo o vento frio em minha face, tentando digerir os acontecimentos anteriores. Finalmente, minha ficha caiu e eu percebi o tamanho do risco que eu havia corrido. Ele tinha tido sorte de eu tê-lo encontrado naquela noite. Fiquei imaginando o que poderia ter acontecido se eu tivesse perdido um minuto. Ele realmente tinha o que agradecer, mas aquele acontecimento me deixou completamente perplexa. Minha mãe havia passado por aquela situação com o meu pai. Ele sempre se envolvia em confusões e ela sempre precisava intervir para evitar as tragédias. Passei a vida desejando um destino diferente. Eu não ia aceitar viver uma vida infernal como aquela.

Como em um passe de mágica, Blake e Chace surgiram dentro de um taxi. Caminhei até o carro, fazendo força para Ed conseguir me acompanhar. Quando eles perceberam a situação, correram em minha direção. Chace acudiu Ed e eu puxei Blake pelo braço.

— Não me agradeça. — Finalmente disse algo — Você salvou minha vida hoje. Agora estamos quites. — Respondi ao seu agradecimento de alguns minutos antes e ele não disse mais nada. Em seguida, arrastei Blake pelo braço e nos enfiamos no carro. Chace acomodou Ed no banco de trás, ao lado de Blake e sentou-se ao lado do motorista. Ed encostou a cabeça no ombro dela e apagou.

— Devemos levá-lo a um hospital? — Blake falou aflita.

— Deus me livre! Isso vai virar notícia. Vamos levá-lo para casa e com certeza amanhã ele vai estar recuperado. Foi só um porre. — Chace falou olhando para frente. Ignorando o estado do amigo, como se fosse algo habitual. Essa reação dele fez com que o ponto de interrogação dentro da minha cabeça ficasse ainda maior.

— Isso não é só porre, ele está machucado. Alguém vai explicar o que aconteceu aqui? — Blake falou enquanto o ajeitava para que ele pudesse ficar em uma posição confortável.

— É uma longa história... — Falei com a testa grudada no vidro e os olhos perdidos na rua.

— Temos um longo tempo até chegarmos em NYC. — Ela retrucou.

Revirei os olhos e contei de uma vez.

Ela estava certa, a viagem foi longa. Longa demais... Assim como aquela semana.

Quando o taxi parou em frente ao apartamento de Ed, Blake e Chace imediatamente saíram do veículo e juntos acudiram Ed, que ainda estava desacordado. Ao vê-lo naquela situação, meu coração disparou. Ele parecia estar piorando. Ele estava debilitado demais para se virar sozinho. Não era só um porre e ele não ia se recuperar sozinho. Preocupei-me com o que aconteceria com ele quando as reações começassem a se acentuar. Chace parecia irritado e, certamente, não saberia o que fazer. Senti que precisava fazer algo por ele. Paguei ao taxista, que fitava meus amigos curiosamente, agradeci pelo serviço e saí do carro depressa.

— Vamos subir logo com ele. — Falei um pouco impaciente e com medo de me arrepender daquela decisão.

— Leighton, você mandou o taxi embora? Pensei que não iríamos ficar — Blake falou um pouco irritada enquanto Chace arrastava Ed para dentro.

— Mudei de ideia. — Falei sem encará-la e caminhei apressadamente para dentro.

— Já pensou em tratar a bipolaridade? — Ela falou em tom de voz alto e sorriu, em seguida correu para me alcançar. Eu dei de ombros. Não era bipolaridade, era o ser humano que havia dentro de mim agindo em prol de uma boa causa.

Quando chegamos ao apartamento, pedi para que Chace levasse Ed direto para o banho.

— Ducha fria. — Falei jogando a bolsa e o casaco no sofá. Blake sentou-se ao meu lado.

— Por que você acha que ele fez isso? — Blake me olhou, séria e pousou o cotovelo no encosto do sofá.

— No início, eu achei que ele tivesse esse hábito e eu acabei batendo nele dentro do bar. — Abaixei os olhos e falei envergonhada.

— Você não fez isso! — Ela falou, divertindo-se.

— Fiz. Mas, ao longo da viagem eu fiquei pensando a respeito. Uma pessoa não faria isso por prazer, não é? Quer dizer, ele poderia ter morrido se ingerisse mais alguma coisa. — Respirei fundo. — Acho que a culpa é minha.

— Não, Leigh. Embora tenha acontecido aquele problema com o Josh, foi apenas uma consequência da vida. Não é culpa sua nem dele. Não se martirize. — Ela disse compassiva e acariciou minha cabeça, tentando inutilmente me acalmar.

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Durante a viagem, eu contei o que aconteceu na parte da manhã e sobre a conversa com Josh. Também falei sobre a história de não podermos ficar juntos pelo "bem da série". Mas, não contei que ele havia sido excluído do episódio 9. Não queria ser responsável por aquela rebelião e preferia esperar pelo pronunciamento de Josh.

— Tudo pronto! — Chace falou enquanto caminhava de volta para sala.

— Vou ver como ele está. — Dei um pulo do sofá e passei por ele sem disfarçar o desespero.

— Leigh, eu vou com você. — Blake levantou logo em seguida.

— Não, deixa ela ir sozinha. Acho que eles têm de conversar. — Ela assentiu e voltou a se sentar.

Passei pelo corredor e entrei na primeira porta à esquerda. Já havia estado naquele apartamento muitas vezes, mas aquela situação era inédita.

Ele estava deitado na cama com os braços e as pernas esticados. Meu coração se enterneceu ao vê-lo em paz. Não sabia bem o que fazer naquela hora. Não podia acordá-lo. Havia tanto para dizer e eu não sabia como.

— Por que você faz isso com a gente, Ed? — Sentei ao seu lado e falei acariciando seus cabelos molhados. — Se você morresse, o que iríamos fazer? — Gostaria de ter resposta para aquelas perguntas.

Encarei as feridas provocadas pelos grandões e meus olhos se encheram de lágrimas. Mesmo assim, criei forças para ir até o banheiro e pegar a bolsinha de primeiros socorros. Eu tinha certeza de que ele tinha uma, porque todos nós ganhamos uma daquelas.

Voltei para o quarto e comecei a aplicar o líquido vermelho nas feridas com algodão. Era o remédio que mais ardia, mas era capaz de cicatrizar de um dia para o outro. Ele não sentiu, estava em uma espécie de transe. Tudo que eu queria era ver os seus olhos e ouvir sua voz rouca, como em um sussurro, dizendo que estava tudo bem.

Após aplicar o medicamento, tirei os sapato e decidi deitar ao seu lado, para descansar um pouco. Minhas pernas estavam me matando.

Olhei para ele novamente, e uma dor enorme invadiu minha alma. Havia algumas palavras entaladas em minha garganta que me sufocariam se eu não as pusesse para fora. Ainda que fosse para o vento.

— Ed... — Virei para o lado e encostei a cabeça no mesmo travesseiro que ele. — Estou fazendo o possível para ficarmos bem. Mas, nem sempre ficar bem significa que devemos estar juntos. Olha para você, tentou se destruir para apagar algo que fizemos juntos. Você conseguiria explicar o que está acontecendo? Seja lá o que for isso que estamos sentindo, não faz nem uma semana e já estamos em estado de decadência. Até agora não demos uma a dentro. Quando parece que está tudo bem, algo surge para estragar. Eu queria muito que pudéssemos dar certo juntos, mas parece que tudo sempre vai conspirar contra. E eu não quero te machucar desse jeito, eu não vou suportar se isso acontecer com você novamente. Eu estou tentando proteger a nós dois. Eu espero que você consiga entender. Nós não podemos mais ficar juntos nem nos aproximar de forma nenhuma. Vai ser muito doloroso te encarar e não poder te tocar com a minha alma. Eu nunca vou me sentir protegida com alguém como eu me senti com você durante toda a nossa noite. Quero que você entenda que seus esforços serão em vão, porque há uma história interminada dentro de mim que me prende em um buraco negro e não me deixa sair. Não quero que você entre nessa briga, porque eu não mereço. Tenho sido uma pessoa horrível, te usando como saco de pancadas, quando sei que a culpa não é sua. Me perdoa, Ed. Me perdoa por te fazer tanto mal e por estar desistindo antes de começar. A partir de hoje, vou me afastar de uma vez por todas e espero que você consiga entender o motivo. Espero que consiga sentir essas palavras. — Dei um beijo, com os olhos inundados pelas lágrimas, em sua face e me afastei. De uma vez por todas.

Passei o resto daquela noite em prantos, sem sair do lado dele. Tinha medo de que algo pudesse acontecer quando ele estivesse sozinho. Só me dei conta de quanto tempo havia passado quando eram quatro horas da manhã e eu ainda chorava em silêncio. Antes que ele pudesse acordar, eu decidi ir embora. Blake não estava mais lá e Chace provavelmente estava dormindo. Andando na ponta dos pés, saí do prédio. Em seguida, tomei um taxi sozinha e parti, certa de que uma parte de mim havia ficado para trás. Uma parte que eu nem sabia que existia.

—________________________________

No dia seguinte, Ed estava recuperado, mas por dentro, era como se um caminhão o tivesse atropelado. Não nos tocamos nem conversamos, exceto quando estávamos ensaiando ou gravando algumas cenas. Por causa da tarde de folga que tivemos na segunda, toda a produção ficou atrasada. Como consequência disso, tivemos uma semana completamente agitada, com gravações que começavam as 7 da manhã (às vezes às 6) e terminavam às 2 da manhã. Uma parte de mim estava completamente agradecida por aquela correria porque me sobrava pouco tempo livre para pensar em Ed e isso facilitava o cumprimento do meu combinado com Josh. Me manter afastada. Longe o suficiente para não deixar nossos elétrons entrarem em contato. Eu estava fazendo a minha parte, apenas conversávamos quando estávamos em cena ou ensaiando. Mesmo assim, eram poucas palavras e eu fiquei feliz por sempre optarem por não ensaiarem as cenas mais quentes ou românticas, porque eles gostavam de captar a emoção real do momento. Teria até sexta para me preparar.

Mas, a sexta chegou como em um piscar de olhos e eu não ia poder mais adiar a nossa aproximação. Por sorte, eu acordei bem humorada naquele dia. Era dia de festa no estúdio e eu decidi que Ed não ia mais me abalar. Tem dias que acordamos com a sensação de estarmos curados ou libertos de algo. Era exatamente assim que eu estava me sentindo naquela manhã, como se nada pudesse me atingir. Era hora de deixar de lado todos os problemas dos últimos dias e pensar em mim, retomar minha alegria e seguir em frente. Inabalável.

Toda sorridente, eu sei como enganar esta cidade. Eu faço isto até o sol se pôr e também ao longo da noite. Eu coloco minha armadura, te mostro o quanto sou forte. Sou tão poderosa, não preciso de baterias para jogar. Sou tão confiante e estou incontrolável hoje. Derrotada, só choro quando estou sozinha agora. Você nunca verá o que estou escondendo. Eu sei, já ouvi essa história de que mostrar seus sentimentos é a única maneira de fazer as amizades crescerem. Mas, eu tenho muito medo agora. É por isso que eu coloco minha armadura.


"Eu sou poderosa e não preciso de baterias hoje. Sou muito confiante e estou incontrolável hoje."

(Unstoppable, Sia)

***

Saí de casa com alguns minutos de antecedência. Fazia frio naquela manhã, mas o céu estava revestido por um manto azul e o sol agraciava a todos com a sua pequena, porém notável, atuação.

O estilo daquela manhã estava refletindo a maneira como eu me sentia por dentro — viva — Escolhi um cardigã fechado na cor preta e uma saia com estampa de girassóis. Para bloquear o frio, acrescentei meias pretas e botas de camurça de cano curto da mesma cor.

Cheguei à cobertura onde faríamos todas as tomadas das cenas da festa. Em um primeiro momento, passaríamos os textos em um ensaio com caracterização para conhecermos todos os ambientes e nos inteirarmos de todo o espaço. A gravação começaria à tarde e se estenderiam até a noite. Josh gostava de fazer com que tudo parecesse muito natural. Embora, ele não se encontrasse conosco naquele dia, Steph e Lee (a diretora do episódio) estavam entusiasmadas com as ideias dele.

Yes, we are going to a party, party Bom dia, crianças!!! — Steph disse animada depois de cantarolar, enquanto entrava no cômodo onde todos nós estávamos tomando café da manhã. Respondemos "bom dia" em coro. Todos estavam animados por aquele "dia sem Josh", era como passar o final de semana em casa enquanto os pais estão viajando.

— Quando a Steph entra cantando alguma música dos Beatles eu já sei que o dia vai começar bem. — Falei entusiasmada pelo clima leve no estúdio e por estar me sentindo bem comigo mesma.

— Leigh, eu estou adorando te ver animada assim. Hoje você está sorridente e até sua pele está radiante — Blake falou enquanto pingava algumas gotinhas de adoçante em seu suco de laranja — E eu nem mencionei esse outfit fofo de outono. Te deixou tão...

— Viva! — Completei com um sorriso sincero e estendi o braço para pegar o açúcar.

— Leigh, já disse para você cortar o açúcar. — Ela falou enquanto acompanhava com os olhos o movimento que eu fazia com a colher.

— Ai, Bla! Me deixa ser feliz pelo menos na sexta? — Fitei-a com olhos de uma criança mimada.

— Ok, Leighton. Vou fazer vista grossa, mas nada de Coca ou cerveja, tudo bem? — Ela riu.

— Ah, não enche! — Revirei os olhos enquanto bebi um gole do café que estava na xícara. Rimos daquele momento e quando percebi que estava sendo encarada, imediatamente meu semblante se transformou. Blake pareceu perceber minha mudança repentina de humor.

— Você ainda não conversaram? — Ela falou segurando o copo diante do rosto para evitar leituras labiais.

— Não, Bla. Nem vamos. — pousei a xícara sobre o pires. Eu já decidi que vou encarar tudo com naturalidade e seguir a minha vida normalmente.

— Eu já falei que você está errada?

— Hoje não! — Lancei um olhar divertido.

— Então você já sabe a minha opinião sobre isso. — Ela virou o suco em apenas um gole e se levantou — Agora, vamos nos apressar porque hoje ainda tem muitos beijos na boca para você.

— Agrrr... — Cerrei os dentes. — Ossos do ofício. — Dei de ombros. — Ela riu e me puxou pelo braço.

A manhã daquele dia passou como um piscar de olhos. Não paramos nem sequer por um minuto. A produção estava a todo o vapor e eu estava realmente ansiosa para ver o resultado final daquela bagunça.

Às 13h, fizemos uma pausa para o almoço. Blake, Taylor e eu decidimos almoçar em um restaurante próximo ao prédio. Não era nada comparado ao restaurante que fomos na segunda, mas a comida era boa e o atendimento impecável.

Retornamos às 14h, conforme o combinado por Stephanie. Ao pisarmos na cobertura, nos deparamos com um cenário completamente diferente. Havia gente por toda a parte, bolas coloridas, detalhes orientais e até sushimen profisisonais. Senti-me emocionada ao observar os detalhes e perceber o carinho com que éramos tratados.

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— Uau, quanta gente! — Taylor exclamou com os olhos arregalados.

— O que é uma boa festa de aniversário sem um monte de pessoas desconhecidas? — Falei em tom sarcástico enquanto observava a movimentação. Percorri o local com os olhos para familiarizar-me com os rostos ali presentes, enquanto andava em direção ao camarim. Não era novidade que todos me encaravam com curiosidade, graças à coluna SPOTTED.

No meio do caminho, esbarrei em Jessica e apenas uma coisa veio em minha mente: "Quem é a segunda opção?". As palavras amargas da colunista invadiram meus pensamentos com força total e me deixaram tão aturdida que eu não consegui me desculpar.
Eu passei a semana inteira evitando as redes sociais e todos os tipos de mídias para não saber como andava a enquete. Mas, pelo que eu havia percebido, a fofoca estava mais viva do que nunca e bem representada pelos figurantes que Josh escolheu.

Mal pude cruzar a porta do camarim, quando me vi arrebatada e, ao mesmo tempo, encontrada por um beijo em apenas um segundo. Tudo que eu mais queria em minha vida era me entregar àqueles lábios que se encaixavam tão perfeitamente nos meus, mas eu não podia.

— Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que você está perdendo a noção. Que merda foi essa, Ed? — Falei no exato momento que consegui me esquivar dele. Ele estava esperando que eu aparecesse para me puxar e me surpreender com um beijo. Por sorte, eu me dei conta a tempo, mas não o suficiente para deixar de sentir uma vontade incontrolável de enfiar a língua na garganta dele e estender-me pelo corpo todo. Seus lábios macios me faziam perder a cabeça rapidamente e eu não sabia o quanto os meus estavam sentindo falta daquilo. Foi apenas um selinho inocente, mas ele fazia questão de tornar cada pequeno detalhe em algo intenso e arrebatador

— Senti saudade. — Ele respondeu francamente, com os braços cruzados, enquanto me olhava nos olhos.

— Não temos nada, Ed. Não há o que sentir. — Baixei os olhos para tentar convencer a mim mesma de que não havia como sentir nada.

— Queria muito entender o que aconteceu com você. Desde aquele dia nós não nos falamos. Nem um "Bom dia", um "Boa noite" ou "Sai daqui, Ed". — Ele fez o sinal de aspas com os dedos — Prefiro ser odiado a ser indiferente para você. — Ele relaxou os ombros e inspirou o ar com os lábios cerrados.

— Ed, eu... — Respirei fundo e pressionei os olhos com os dedos — Eu acho que não é hora para falarmos sobre isso. — Virei-me e caminhei até a arara de roupas.

— Você poderia, pelo menos, me escutar por um minuto? — Ele caminhou em minha direção e encostou-se na parede.

— Não temos mais o que dizer, Ed. Achei que o meu silêncio nos últimos dias tivesse sido bem claro. — Falei, enquanto fingia checar o meu figurino para aquela noite.

— Eu não vou deixar isso acabar assim, Leighton. — Ele moveu-se rapidamente e segurou-me pelo braço — Eu estou sentindo a sua falta. — Ele olhou-me nos olhos de maneira tão intensa que parecia poder enxergar minha alma e ver que minhas palavras eram da boca para fora.

— Mas eu não. — Respondi com o tom mais alto do que o normal e fiz força para soltar-me.

— Crianças, o que está acontecendo? — Stephanie disse atravessando a porta de braços cruzados com Taylor.

— Nada... — Sorri para ele como se nada tivesse acontecido. — Ele estava com dúvida em uma fala e aproveitamos para repassar, não é, "Chucky"? ¬— Usei o apelido que costumávamos usar para o personagem do Ed.

— Foi isso. — Ele confirmou e balançou a cabeça com convicção.

— Pareciam estar brigando. — Taylor falou em tom sarcástico.

— Está no script. — Retruquei apontando para o bolo de papeis que estavam na mão de Steph e caminhei em direção à porta. — Vou me preparar e já volto — Falei parecendo animada. — Você está ao lado de quem? — Cochichei no ouvido da Taylor, quando passei por ela, e a puxei pelo braço para que ela me acompanhasse.

— Do lado da intriga. — Ela deu de ombros e me seguiu.

— Você é uma figura, garota! — Ri, divertindo-me com a forma como ela adorava ver o circo pegar fogo naquele estúdio.

***

Meu Deus, o que está acontecendo aqui? — Falei caminhando, um pouco desajeitada, sobre saltos enormes em direção à Blake que estava na parte exterior da cobertura, apoiada na mureta da sacada e com os olhos vidrados na tela do celular, aos prantos. Havia acabado de sair de uma cena com Ed que nos ocupou boa parte da tarde. Quando finalizamos, já estava escurecendo e ainda tínhamos algumas tomadas para fazer. A cena que gravamos sozinhos no quarto seria a última daquele episódio, por isso, precisamos dar o nosso melhor para fazermos com que a imagem de Chuck e Blair ficasse internalizada no coração de cada telespectador. Embora estivesse tentando me afastar de Ed, cada vez que nos aproximávamos, uma força superior nos puxava para mais perto e, a cada novo toque, nossa conexão se acentuava. Confesso que saí um pouco balançada depois de gravar os últimos takes.

— Leigh, eu não sei o que está acontecendo, mas olha isso aqui. — Ela estendeu o celular e eu choquei-me ao ver o mais novo ataque. Havia uma foto dela se pegando com o Penn em um dos quartos da cobertura. Com o estúdio repleto de pessoas desconhecidas não havia como dar bandeira daquela forma, pois, certamente, alguém fotografaria.

— Quem pode ter espalhado essa foto? Eu não consigo acreditar em como as pessoas tem sangue frio a ponto de se submeterem a algo tão baixo. — Franzi a testa ao lembrar daquele sentimento. Ver as pessoas explanando sua privacidade fazia você se sentir violada, aviltada e profundamente humilhada. E a mistura desses três sentimentos podia destroçar qualquer um que tivesse um coração.

— Eu não sei. — Ela disse com o rosto completamente inundado pelas lágrimas.

— Meu amor, não fique assim — Abracei-a com carinho e segurei sua mão com força.

— Eu não estou assim pela foto, eu só tenho muito medo do que Josh vai fazer quando isso chegar até ele. Será que vamos ser demitidos? Ai, meu Deus — Ela colocou as duas mãos na cabeça. — Nós vamos ser demitidos e eu nem acabei de pagar por esse celular. — Ela sem respirar, certamente estava prestes a surtar.

— Não, não, não... — Segurei-a pelo ombro para que ela pudesse se acalmar — Respira fundo. Nada disso vai acontecer. Bla, é apenas uma foto que está circulando por SMS. Agora respira — Olhei-a nos olhos e, juntas, respiramos fundo. — Fica tranquila, tá bom!? Vou estar ao seu lado. — Minha fala estava carregada de convicção porque eu sabia que nada aconteceria. Josh e Stephanie já estavam cientes da situação dos dois e seria o pretexto perfeito para dizerem a todos que os dois estavam juntos e tinham a benção dos patrões para continuarem.

Logo após esse momento, Blake foi surpreendida por Penn com um beijo bastante audacioso nos lábios que ela aceitou sem hesitar. Dei de ombros e encarei Stephanie, que estava parada de frente para nós, com um olhar de cumplicidade.

— O que foi isso, Penn? — Blake falou um pouco sem ar, quando o beijo finalmente acabou. Nesse momento, todos os olhos do lugar estavam voltados para eles. — Você acabou de nos queimar de uma vez... — Ela falou olhando para Stephanie.

— Não é nada disso. — Ele a interrompeu — Nós estamos livres, não precisamos mais nos esconder.

— Como assim? Já fomos demitidos? — Ela colocou a mão na testa, desesperada.

— Pelo contrário. Acabei de falar ao telefone com Josh. Ele viu essa foto que estão circulando por aqui e me ligou. No começo, eu também achei isso. — Ele fez uma pausa e acariciou o rosto dela que ainda estava molhado pelas lágrimas — Mas, ele disse que não há problema em estarmos juntos desde que sigamos algumas regras que ele estipulou, mas nos passaria assim que voltasse de Los Angeles. Não é incrível, amor? — Ele falou animado demais. Senti que aquele acordo com Josh havia representado algo positivo para duas pessoas que eu amava como se fossem da minha própria família.

— Eu não posso acreditar. Isso é verdade, Steph?

— É, sim. Mas não exagerem. — Ela virou os olhos para o lado, para se referir aos figurantes perigosos.

— Sim. Sim. Sim! — Blake falou e pulou no pescoço de Penn, envolvendo-o em um último beijo apaixonado.

— Anda, Bedgley! — Lee gritou ao fundo.

— Essa é a minha deixa... — Ele disse com um sorriso convencido e afastou-se lentamente, sem desgrudar os olhos.

— Rala, Humprhey! — Falei em tom autoritário, mas ao mesmo tempo, divertido para referir-me à última fala dele.

— Leigh, você consegue acreditar nisso? — Ela disse enquanto me abraçava, completamente em êxtase pelo momento. Balancei a cabeça em afirmação e encarei Ed que estava conversando com uma morena robusta próximo ao balcão onde os sushimen faziam pratos reais para todos os presentes no estúdio.

— Eu acredito e acho que é tudo que você merece depois do susto que acabou de passar. Eu passei por isso recentemente e até hoje eu não sei sobre o que se tratava a tal fofoca.

— Quando isso aconteceu, amiga? — Ela franziu o cenho, preocupada.

— No sábado. Era para ser apenas uma sessão de fotos, mas acabou sendo uma sessão de dúvidas e constrangimento. Sempre que eu me aproximava, as pessoas riam, cochichavam e se afastavam. Eu cheguei a pensar que estava exalando álcool da noite anterior, mas não... Tudo que eu queria era descobrir o que estavam falando... — Ao falar, senti a mesma tristeza daquele dia e o sentimento de constrangimento retornou com força total fazendo com que meu estômago começasse a se revirar.

— Por que você não me contou antes? — Ela pousou as mãos na cintura e delineou os lábios em um biquinho ofendido.

— Achei que fosse coisa da minha cabeça.

— Não é, Leigh. Isso é muito sério e irritante. Ainda bem que eu já pedi à Taylor para investigar isso para mim. Não é a primeira vez que isso acontece. Há algumas semanas, tenho escutado as pessoas falarem de umas pessoas que estão espalhando fotos de famosos para queimá-los.

— Que desnecessário isso. Essas pessoas não têm mais o que fazer?

— O que você acha? — Ela esboçou um sorriso sarcástico e acenou para Taylor que vinha em nossa direção, trazendo consigo um notebook cinza, com um olhar de satisfação. Parecia até fazer parte do serviço de inteligência estadunidense.

— Que cara é essa, Tay? O que o Chace fez com você depois da cena de ontem?

— Nada que eu quisesse que ele tivesse feito... — Ela revirou os olhos — Só o que estava no script mesmo. — Ela continuou, falando com decepção na voz. Blake estava se referindo à cena que eles gravaram na parte exterior do prédio na noite anterior. A produção havia feito duas cenas externas e noturnas naquela ocasião. Porém todas aconteceriam na mesma noite na série.

— Que pena! — Falei em meio a uma gargalhada e as duas riram também.

— Mas, me fala, pequena, o que você conseguiu para nós? — Blake falou afoitamente puxando o notebook que Taylor trazia consigo. Sorri internamente, como sempre fazia quando as pessoas chamavam Tay de 'pequena'. Para mim, soava um pouco cômico, pois com 14 anos ela já era maior do que eu.

— Calma, queridinha. — Ela puxou o computador de volta — Tenho todas as informações que você precisa bem aqui, mas precisamos tomar bastante cuidado. Ela passou por nós e apoiou o aparelho em uma mesa que estava próxima a nós. — Vamos lá... Eu descobri muito mais do que vocês podem imaginar. Parece que nosso elenco está na mira de algum hater. Primeiro, quem tirou a sua foto com o Penn foi a Camila que passou para a Donna e ela começou a espalhar logo em seguida.

— Espera! — Blake estendeu as mãos. — Quem são essas e como você descobriu?

— Essas são aquelas duas modelos altas que estão paradas bem ali perto do bar. — Ela apontou como se fossem irrelevantes. Quando eu avistei as duas mulheres, minha garganta se fechou. Eram a loira e a ruiva que me deixaram atormentada no dia do ensaio fotográfico na revista Seventeen. — Eu fiz minhas pesquisas. Você já devia saber que eu nunca revelo minhas fontes para não comprometer ninguém além dos verdadeiros culpados. — Ela finalizou com ar de confiança e sorriu para nós.

— Eu vou lá agora resolver isso! — Blake falou irritada e ameaçou mover-se para o salão principal, mas eu a impedi.

— Ainda não acabei. Leighton, parece que você está envolvida nesses escândalos. Lembra daquela foto que saiu na revista Insight? — Balancei a cabeça, concordando. — Elas foram espalhadas da mesma forma. Parece que elas foram tiradas pela Brenda Montgomery, ela é irmã da Camila, a loira. Pelo que eu entendi, ela viu a foto no celular da irmã e roubou para compartilhar e queimar vocês.

— Então a canalhice está no sangue. — Blake falou enfurecida.

— Isso faz sentido agora. Essa menina nos parou no meio da rua e mandou outra tirar nossa foto, nem tínhamos noção do quanto estávamos parecendo suspeitos. Pensei que fossem fãs. — Falei com desapontamento na voz.

— Brenda e Camila não são fãs de ninguém que não sejam elas mesmas. Elas são filhas de um dos donos da Fox.

— E o que elas ganham com isso? — Perguntei, porque estava perplexa demais para fazer qualquer tipo de suposição.

— Status. — Taylor respondeu e eu franzi a testa. Desde quando fofoca dá status para alguém? — Existe um blog que recebe essas fofocas e julga a melhor fonte, se chama "Flagre se puder" e elas vivem dessa competição. Sempre querem chegar com a melhor história. — Taylor continuou como se tivesse lido meus pensamentos.

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— Mas, como elas sabem tanto sobre a nossa série e onde nos encontrar?

— Não sei se vocês sabem, mas a Camila se inscreveu para o papel da Serena e a Donna, para fazer a Blair, mas as duas foram cortadas na segunda semana.

— Eu estou muito chocada com tudo que você acabou de falar. — Falei boquiaberta. — Blake, lembra do que eu disse sobre o sábado? Elas estavam lá fazendo fofocas. Agora eu entendi tudo. Na verdade, elas estavam conferindo de perto o estrago que aquela foto poderia fazer. Que baixas! — Senti-me enganada. — Tudo por inveja...

— Ah, mas elas vão ter o que merecem. — Blake começou a se mover e eu a segurei novamente.

— Calma, Blake! Nós não vamos fazer nada agora, vai estragar toda a gravação e nós ainda vamos ser punidas. — Falei de maneira séria, enquanto a segurava pelo punho.

— Ela tem razão, Bla. — Taylor falou fechando o notebook. — E ainda corre o risco de elas assumirem o lugar de vocês. O propósito de todos os ataques é esse.

— Tá vendo? — Olhei para Taylor, depois para Blake. — Se nos rebaixarmos, daremos a vitória a elas. Vamos agir como as pessoas superiores que somos, pois, enquanto estamos estrelando, elas estão figurando. Adivinha quem sai por cima. — Falei confiante e ela finalmente sorriu em resposta.

Caminhamos de volta para o salão, agindo como se nada tivesse acontecido para encararmos mais uma série de tomadas e takes.

***

Cinco horas depois, a diretora deu por encerrada as gravações daquele episódio. Ela se despediu com um discurso de agradecimento para todos nós e foi aplaudida ao fim de sua fala.

Depois de cumprimenta-la, corri para o camarim e voltei para os meus trajes coloridos que já não faziam muito sentido àquela hora da noite. Organizei todos os meus pertences e certifiquei-me de que nada havia ficado para trás antes de partir. Estava ansiosa para encontrar minha cama e dormir até esquecer todo aquele circo que foi a minha semana.

Quando estava pronta para sair, meu celular tocou. Ao abrir a mensagem, paralisei e levei uma mão à boca. Alguém havia fotografado o beijo que Ed roubou no camarim. Critiquei-me por não ter percebido que alguém estava nos fotografando. Quando eu estava com ele, minha mente entrava em curto e eu me desligava do resto do mundo.

Respirando fundo, joguei o celular na bolsa e caminhei rapidamente para sair do apartamento antes que aquilo virasse um circo.

Tarde demais! A fofoca já tinha se espalhado e eu percebi no momento em que todos os olhos se voltaram para mim quando eu apareci no salão principal. Fingindo não me importar, caminhei naturalmente por aquelas pessoas, tentando não dar ouvidos aos cochichos.

— Ela não tem jeito mesmo, gosta de pegar o Ed até sabendo que ele está pegando duas ao mesmo tempo. — Alguém falou no meio das pessoas e eu me senti profundamente atingida. Como as pessoas podiam ser tão más sem nenhum propósito aparente?

Sem reação, corri em direção à porta, mas minha fuga foi por interrompida por Chace.

— Deixa que eu te levo. — Ele disse com ar de preocupação. Com certeza, estava ciente do ocorrido.

— Amiga, com certeza foram elas novamente. — Blake se aproximou e falou com irritação na voz.

— Deixa pra lá, Bla. Eu vou embora. — Falei com os olhos cheios de lágrimas.

— Você não vai! Eu já estou de saco cheio dessa loira azeda, ela não sai daqui sem me escutar.

— Blake, não! — Gritei, mas ela não me deu ouvidos, então eu a segui para evitar a tragédia.

— Olha aqui, fofoqueira de quinta. Já cansei das suas artimanhas — Blake foi direto ao ponto sem ao menos pensar em dizer "Oi". — Acho melhor você dar o fora daqui antes que eu faça um estrago nesse seu rostinho de porcelana.

— Você está pensando que é quem? — A garota falou sem se intimidar e estreitou seus expressivos olhos azuis.

— Blake Lively. — Ela foi direta.

— Quem se importa? — Ela deu de ombros.

— Pessoas de todos os tipos, inclusive as insignificantes como você que precisam de pessoas como eu para alimentar a sua fama. Você é suja, Camila, e me dá nojo.

— Minha querida, — Ela riu e jogou os longos cabelos loiros acinzentados para trás. — eu não faço nada. O trabalho sujo é todo de vocês. Eu só mostro para todos a verdade. Vocês que são sujos e vivem se escondendo. Você quer uma prova? Olha para a Leighton... — Ela apontou para mim e Blake se virou sem entender — Continua atrás do Ed mesmo sabendo que ele e Jessica estão ficando há muito tempo. Além de piranha, está furando o olho da amiga de anos. Isso é sujo o suficiente para você? — Ela falou a sangue frio e virou-se para sair do local. Sem acreditar naquelas palavras, levei uma mão ao estômago para tentar conter a dor que sentia lá dentro. Blake ficou sem argumentos, provavelmente ficou tão surpresa quanto eu ao ouvir a afirmação "estão ficando há muito tempo".

— Eu vou te matar, sua vaca! — Blake correu e puxou o cabelo de Camila com tanta força que ela foi obrigada a recuar.

— Faça o que quiser! — Ela falou sem alterar o tom de voz. — No final das contas, a estrela fica com a imagem manchada e eu, como uma pessoa insignificante, saio como vítima. Isso soa um tanto poético, não acha? — Blake cerrou os dentes e os punhos, furiosa.

— Bla, não vale à pena. Deixa ela pra lá. — Falei segurando sua mão. — O único que pode explicar isso é o Ed. Ela está certa. Os culpados somos nós. — Ela deu um passo para trás e concordou com a cabeça. Nesse exato momento, notamos uma movimentação estranha próximo ao balcão de sushi.

— O que o Ed está fazendo? — Blake perguntou com um sorriso divertido nos olhos.

— Parece que ele está subindo no balcão. O que ele quer? — Falei com em tom de curiosidade e fixei os olhos em sua direção.

— Atenção, pessoal. Preciso da atenção de todos. Tenho algo a dizer e todos precisam ouvir. — Ed falou de pé sobre a bancada. — Vocês acabaram de receber essa foto em seus celulares. — Ele ergueu o próprio aparelho para mostrar a foto de nós dois nos beijando. — E tenho certeza que os comentários de vocês não estão sendo dos melhores. — Sua voz era grave e firme. — Eu não me incomodo com o que compartilham e falam de mim, mas vocês magoam uma pessoa a quem eu tenho profunda admiração. A Leigh não é nada disso que vocês estão dizendo. Aquele beijo foi ideia minha e ela não fazia ideia de que eu estava esperando por ela. A verdade é que ela não esperava nada que aconteceu nos últimos dias, ela não tem culpa. Para quem não sabe, — Ele sentou-se na bancada e, em seguida, desceu dela e começou a andar entre as pessoas enquanto discursava. — a Leigh é como uma princesa. É forte, persistente e teimosa, mas ao mesmo tempo, é sensível, carinhosa e amável. Por isso, não merece ouvir as asneiras que vocês estão dizendo. — Ele estava cada vez mais próximo e a cada novo passo, meu coração intensificava o ritmo de suas batidas — E, Leighton, eu quero te pedir perdão, na frente todas essas pessoas, porque eu quero que todos saibam o quanto eu tenho agido como um idiota com você. Na verdade, eu sou pior do que todos eles por ter feito você sofrer durante todos esses dias. Você não merecia. — Ele chegou até mim e falou próximo o suficiente para eu escutar sua respiração ofegante. Ele era sempre muito tímido e, normalmente, não conseguiria falar tudo aquilo sem manter a cabeça erguida por tanto tempo. — A verdade é que você é uma joia preciosa e merece ser cobiçada, conquistada e valorizada, não apenas usada. — Ele finalizou e enxugou uma lágrima isolada que descia sobre a minha face com a palma da mão. Aquele discurso havia tocado no fundo da minha alma. Queria ter respondido algo tão bom quanto tudo que ele havia dito. Queria dizer que ele estava enraizado no meu coração e que eu não consegui sentir raiva de nada, porque tudo que eu queria era envolvê-lo em um abraço apertado e não soltar nunca mais. Nesse momento, eu olhei para o lado e vi Jessica enxugando os olhos e caminhando em direção ao corredor que levava ao camarim. As palavras de Camila ecoaram na minha cabeça "Eles estão ficando há um tempo". Lembrei do acordo com Josh e da felicidade de Blake. Me vi diante de uma arma para livrá-lo dos caras barra pesada. Minha cabeça entrou em curto novamente e eu segui minha primeira intuição. Corri para fora do apartamento sem olhar para trás. Eu precisava fugir daquilo e pensar em tudo. Precisava colocar a cabeça no lugar. Fugir me pareceu sensato naquela hora.

Oh, por favor você sabe do que eu preciso, então guarde todo seu amor por mim. Nós não podemos escapar do amor.