Speechless

Capítulo 58


POV Harry

Não havia mais a expressão calma no meu rosto enquanto eu caminhava até eles. No curto espaço de tempo que demorei a chegar, eu a vi olhar para trás e ao constatar quem era dar um passo para longe daquele idiota que estava próximo demais, enquanto discretamente olhava ao redor. Eu poderia apostar que Gina estava me procurando quando fez isso.

Como há uns meses atrás, a raiva cresceu da mesma forma dentro de mim quando eu o vi segurar o braço da minha namorada e virá-la para ele enquanto dizia: “Não quer falar comigo por que, minha gata?”. Eu estava próximo o suficiente para ouvi-lo, e sem pensar ou mensurar os impactos da minha ação e sem nenhum cuidado ou delicadeza, bati a mão esquerda em seu ombro e o virei para mim ao mesmo tempo em que minha mão direita ia de encontro ao seu rosto, num soco forte o suficiente para fazê-lo cair para trás.

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—Ela não é sua gata! - Gritei enquanto ele caia e Gina dava um passo para trás, as mãos sobre a boca reprimindo o susto. - E você não vai encostar nela de novo! - Afirmei andando em sua direção e muito satisfeito ao vê-lo se arrastar levemente para trás enquanto seu nariz sangrava e começava a adquirir um tom arroxeado.

Olhei ao redor e percebi que o silencio que havia se instalado era proveniente das pessoas próximas, caladas e me olhando com olhos arregalados. Eu estava ofegante e com raiva demais, mas isso não queria dizer que eu me sentiria satisfeito ao amedrontar quem não tinha nada a ver com o animal caído à minha frente.

—Vem, amor. Vamos. - Uma voz baixa soou ao meu lado enquanto uma mão pequena e gelada segurava meu braço e me puxava firme e delicadamente dali.

Me deixei levar enquanto tentava controlar meu coração acelerado, a respiração descompassada e o vermelho constante que parecia cobrir meus olhos ainda nublando minha visão. Eu ainda sentia a adrenalina pulsando dentro de mim, e percebi que Gina estava tendo que quase correr ao meu lado para acompanhar meus passos mais largos e acelerados do que o normal.

Eu não segurei sua mão no caminho até o carro, mas ela continuou segurando em meu braço até nos separarmos tempo suficiente para eu entrar do lado do motorista e ela do lado do passageiro. Assim que fechamos a porta e estávamos sozinhos eu tentei soar o mais normal possível ao fazer a pergunta, mas acredito que não tenha tido muito sucesso, já que minha voz saiu mais alta do que o normal:

—Por que toda vez ele tem que chegar tão perto de você?

—Eu não sei, Harry. - Ela respondeu seria e calma, me olhando de um modo impassível.

—Eu não gosto disso! - Me exaltei e ela continuou me olhando do mesmo modo.

—Eu também não. - Respondeu da mesma maneira, me olhando nos olhos de uma maneira muito profunda.

—Ele não pode chegar por trás de você e se encostar daquele jeito da sua bunda. Nem ele, e nem ninguém! - Falei um pouco mais alto agora, com o dedo apontado.

—E eu quero só que você me diga qual é a minha parte de culpa nisso, porque é comigo que você está gritando! - Se exaltou também, pela primeira vez, e abaixou a mão que eu ainda apontava pra ela.

Não tentei soltar minha mão, mas também não abaixei o tom de voz.

—Isso me irrita. Ele me irrita! - Afirmei ainda a olhando firme.

—Isso irrita a mim também. - Gritou mais alto do que eu ao dizer essas palavras. - Aquela sua secretária idiota também me irrita e eu nunca achei que fosse necessário socar a cara dela na frente de uma plateia! Sabe por que, Harry?

—Mas... -Comecei tão alterado quanto antes, mas ela não deixou que eu terminasse.

—Eu perguntei se você sabe por que! - Me interrompeu com um grito, agora apontando o dedo para mim, como eu havia feito antes, mas ainda segurando com força a minha mão que antes estava apontada para ela. - Porque é com as suas atitudes que eu tenho que me preocupar, é com o modo como você reage a ela que eu tenho que me preocupar, porque você é que é meu namorado, e eu não tenho nada a ver com as merdas das atitudes daquela vaca!

—É com as suas atitudes que eu me preocupo também! - Argumentei, sem sair da posição em que estávamos. - Mas é impossível ignorar o que ele faz quando isso está te machucando!

—Você quer que eu te agradeça? Oh, muito obrigada! - Respondeu ironicamente.

—Não quero que você me agradeça! - Falei indignado, e quando notei que ela afrouxou o aperto em minha mão, que ainda estava segurando, as tirei de seu colo e apoiei no volante com força. - Quero só que você entenda que é essa a reação de qualquer homem que vê um idiota qualquer machucar a mulher que ama. - Finalizei e apoiei minha testa sobre as mãos, com os olhos fechados na tentativa de acalmar a respiração.

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Gina ficou em silencio por alguns instantes, e quando voltou a falar ela já estava com tom de voz normal.

—Eu entendo Harry. - Começou e eu não me virei para ela nem abri os olhos. - Mas aquele olhar de raiva no seu rosto, a expressão violenta, não é o Harry que eu conheço e amo.

Dessa vez quem não disse nada por alguns instantes fui eu. Me encostei no assento e a olhei por alguns segundos. Diferente do que eu imaginava, ela não estava mais com cara de brava, estava apenas com a mesma expressão indecifrável que eu odiava, porque nunca sabia o que estava acontecendo dentro dela enquanto me olhava assim.

—É porque eu não sou assim. - Disse por fim, ainda nos encarando.

—Eu sei. - Confirmou com um aceno de cabeça, muito segura do que dizia. - Por isso me assustei.

Não respondi nada, ao invés disso liguei o carro e saí do estacionamento lentamente em direção a minha casa. Gina não apoiou a mão na minha perna como sempre fazia, ao invés disso a manteve apoiada em seu próprio banco, com o rosto virado para a janela.

Já na metade do caminho de volta, quando percebi que ela não o faria, soltei uma das minhas mãos do volante e apoiei sobre a dela, entrelaçando nossos dedos. Ela só virou lentamente e sorriu, mas voltou a virar-se, em silencio.

Não falamos nada no caminho todo, mas subimos no elevador abraçados como sempre e eu beijei de leve sua testa quando ela apoiou a cabeça no meu peito. Retribui o abraço e ela fez um gesto negativo quando eu acariciei seu braço onde o idiota havia apertado e perguntei se tinha machucado.

Assim que entramos no meu apartamento Gina se soltou do meu abraço e virou-se em direção ao corredor do meu quarto. Eu tranquei a porta e me joguei no sofá, ainda bravo com o que havia acontecido, mas já bem mais calmo.

Não me importei em saber o que ela queria ali, provavelmente estava deitada em minha cama, tentando se acalmar também. Pensei em ligar a TV, mas desisti e joguei o controle de lado.

Nem sei ao certo quanto tempo ficamos assim, cada um em um cômodo. No fundo, eu entendia o que ela havia sentido quando me viu daquele jeito, porque nem mesmo eu reconheci o homem que de fato eu sou no rosto amedrontado daquelas pessoas que não tinham nada a ver com o que um idiota achava que podia fazer.

Eu ainda estava sentado no sofá, e com a mesma expressão carrancuda de quando chegamos a minha casa. Pela minha visão periférica eu vi Gina andando em minha direção, até que parou na minha frente, se ajoelhou entre minhas pernas, ficando apenas um pouco mais baixa que eu, e começou a distribuir alguns beijos úmidos pelo meu pescoço enquanto acariciava minhas coxas.

—O que é que você ta fazendo? - Perguntei ainda com a cara fechada.

—Te fazendo relaxar. - Respondeu provocante.

Me mantive impassível por mais uns dois minutos, e então descruzei os braços e deixei que ela encostasse os seios no me peito, fazendo-me sentir a maciez e o volume de uma das minhas partes preferidas em seu corpo. Quando suas mãos passearam próximas demais à minha virilha, eu disfarcei meu gemido e o transformei em uma reclamação:

—Aaah Gina, era pra eu estar bravo com você. - Falei encostando a cabeça no sofá atrás de mim e fechando os olhos para apreciar a sensação da sua boca no meu peito e suas mãos subindo minha camiseta.

—Não vejo por que. - Respondeu se afastando espaço suficiente para passar a peça de roupa pelo meu pescoço e jogá-la ao meu lado no sofá.

—Por ser tão gostosa. - Expliquei enfiando uma das mãos em seus cabelos e a outra sobre sua bunda, apertando-a do jeito que eu sabia que ela gostava.

—Você é o único que acha isso. - Argumentou descendo seus beijos em direção à minha barriga e abrindo o botão e o zíper da minha calça jeans, após acariciar libidinosamente minha ereção.

—Eu queria ser. - Esclareci soltando seu cabelo e apoiando as mãos ao meu lado, apreciando a expectativa da sensação maravilhosa que me envolveria em instantes, junto com sua boca quente.

Contrariando minhas expectativas, já que Gina gostava de comandar todos os movimentos enquanto brincava comigo, assim que terminou de me despir o suficiente para sua intenção, ela colocou novamente uma das minhas mãos em seu cabelo enquanto sorria em minha direção de uma maneira safada a ponto de me fazer arquear os quadris em sua direção, e me acomodava em seus lábios, sem nunca desgrudar o olhar do meu.

Antes de chegar ao fim, a puxei pela cintura e a coloquei deitada no sofá ao meu lado, para em seguida deitar-me sobre ela.

—Você não pode resolver nossas brigas assim! - A repreendi enquanto infiltrava minha mão em sua calça jeans já aberta e a acariciava por cima da calcinha.

—Você conhece alguma outra maneira mais gostosa? - Perguntou provocando, e eu ri pela primeira vez desde que saí para ir ao banheiro na exposição.

Não me preocupei em ir até o quarto, a gente podia fazer as pazes no sofá mesmo.