Sophia

Outros Planos


As próximas horas se arrastaram eternamente para Sophia. Depois de Viktor sair, ela ficou imóvel no mesmo lugar até o sinal tocar e hordas de alunos começarem a passear pelos corredores, esbarrando nela. Finalmente foi para o Salão, assim que começou a janta, mas não comeu nada. Apenas encarava a porta, seu coração pulando toda vez que alguém com o uniforme de Durmstrang entrava. Quando Viktor finalmente chegou, ele foi direto para a mesa da Sonserina e sentou de costas para Sophia. Ela o encarou durante os dez minutos que ele demorou para comer a refeição - ela contou, em seu relógio - e depois enquanto ele saía. Viktor nem mesmo direcionou o olhar para o lado do Salão em que ficava a mesa da Corvinal.

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Continuou sentada até os amigos chegarem. Os três a cumprimentaram alegremente, pois os gêmeos Weasley tinham contado sobre o esquema que tinham tramado, mas no momento que viram a cara de Sophia se calaram.

“Soph?” Georgie se aproximou. “Está tudo bem?”

Sophia apenas balançou a cabeça, e imediatamente lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Sentiu mãos a segurarem e a afagarem; logo percebeu que estava sendo levada para fora do Salão. Os amigos a encaminharam a um corredor vazio e a sentaram em um banco, enquanto se acomodavam à sua volta.

“O que foi?” perguntou Sean, com a voz mais suave que ela já ouvira do amigo.

Sophia respirou fundo, tentando recuperar o fôlego, e então contou o que acontecera com Viktor. Os três ouviram completamente em silêncio; Georgie, por sua vez, só fungava o nariz eventualmente, pois seus olhos também já lacrimejavam.

“Então, acho que é isso”, ela concluiu finalmente. “É isso.”

Sean e Georgie desviaram o olhar, incrédulos, mas Rogério juntou as sobrancelhas, balançando a cabeça. “Soph, não pode acabar assim.”

“Já acabou”, ela respondeu, a voz sem emoção.

“Quem disse?” ele retrucou. “Você tem o poder de mudar isso! Converse com ele, não sei! Mas não pode só acabar assim.”

Ele que virou as costas pra mim! Ele que não quer mais falar comigo! E, de qualquer jeito, o que eu falaria? O que eu falei quando conversamos é a verdade! No final, ele vai pra Bulgária e eu fico aqui. Não adianta - no final, é assim que vai acabar!”

“Mas…” Rogério começou, mas Georgie colocou uma mão no ombro do amigo, e ele se calou.

Sean e Rogério eventualmente voltaram ao Salão para jantar, e Georgie subiu com a amiga para o dormitório. Sophia procurou sua Poção do Sono, mas encontrou o frasco vazio - percebeu que usara tudo nas últimas semanas. Pensou em usar a almofada enfeitiçada que Rogério lhe dera de Natal, mas não queria correr o risco de ter sonhos - se fosse ruim, ela acordaria mal, e, se fosse bom, ela ficaria triste quando acordasse. Passou, então, a noite inteira acordada, traduzindo um livro que cairia no exame de Runas Antigas. Só adormeceu (em cima do livro) de madrugada, dormindo por tão pouco tempo que nem chegou a um sono profundo.

Nos dias seguintes, Sophia decidiu se focar em qualquer outra coisa. Durante as refeições, sentava-se de costas para a mesa da Sonserina e puxava conversa com qualquer pessoa que estivesse ao seu redor. Durante as aulas, anotava tudo o que os professores falavam, e começou a planejar seu cronograma de estudos para os exames finais. Na detenção com Snape, distraiu-se com um plano para roubar ingredientes do estoque do professor para fazer uma nova Poção do Sono.

Esta estratégia funcionava apenas parcialmente, pois a dor em seu peito nunca ia embora e era uma lembrança constante do que acontecera com Viktor. Ela já até havia se acostumado a não vê-lo com frequência durante as últimas semanas por causa de Karkaroff, mas agora não conseguia nem pensar no garoto sem sentir uma angústia terrível.

Felizmente, conseguiu fazer uma nova caldeirada de Poção do Sono com os ingredientes roubados de Snape, então pelo menos conseguia dormir bem. Sabia que não devia ficar tomando a poção com tal frequência, mas deitar em sua cama para tentar dormir era simplesmente insuportável - seus pensamentos imediatamente iam a Viktor.

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Doía muito, mas ela sabia que não tinha o que fazer. Percebera que o motivo pelo qual ela evitara por tanto tempo sequer pensar no que aconteceria depois que o Torneio acabasse era que ela sabia que não havia como continuarem juntos. E, mesmo que voltassem agora e tentassem continuar, estariam apenas adiando o inevitável. Afinal, se a dor era uma certeza, era melhor que a sentisse agora, pois já estava sofrendo de qualquer jeito.

Decidiu também ocupar-se com os estudos - combinou com Elena de estudarem juntas para os exames, assim como tinham feito no ano anterior - e com os gêmeos, que estavam em um pique de inspiração e desenvolvendo diversos produtos novos para a loja. Chegou a um nível de estresse tão alto que teve até que tomar uma poção calmante um dia, mas ela estava grata de ter algo para pensar que não fosse Viktor.

Fred e Jorge com certeza lhe deram algo em que pensar. Os três estavam desenvolvendo uma poção para devanear que estava se provando mais complicada do que tinham imaginado inicialmente. Sophia conseguira roubar boa parte dos ingredientes do estoque de Snape durante as detenções, mas havia um específico que não encontrara lá. Acabaram o encontrando à venda por correio-coruja de uma loja turca, mas a loja só vendia o quilo, e o preço era de trinta galeões.

“Deixa para lá, não temos esse dinheiro”, disse Jorge, ao saber da notícia. “Quero dizer, até temos, mas não podemos torrá-lo com isso.”

“Nem mesmo sabemos se a poção funcionará”, completou Fred.

Sophia franziu a testa, pensativa. Ela estava pessoalmente envolvida neste produto, pois beneficiaria muito de uma poção que a fizesse não pensar em nada por um tempo. Não iria desistir tão fácil.

“E o dinheiro que Bagman deve a vocês?” perguntou.

Os dois fizeram uma cara confusa. “Não temos, não é mesmo?”

“Bom, temos que ir atrás!” Sophia exclamou. “É muita coisa para simplesmente ignorar.”

“Nós tentamos ir atrás, mas não deu certo”, disse Fred, dando os ombros.

“Até enviamos uma carta, digamos, ameaçadora a ele, mas ele também a ignorou.”

Sophia levantou uma sobrancelha. “Ameaçando-o de quê?”

“De exposição. Sabe, deixar sua dívida conosco pública. Mas ele devia saber que não tínhamos nem como expô-lo, pois claramente não nos levou a sério.”

Durante o almoço, Sophia ficou pensando em algum modo de conseguirem fazer Bagman pagar a dívida que tinha com os gêmeos, mas sabia que seria muito difícil. Poderiam encurralá-lo quando ele viesse para a Terceira Tarefa do Torneio na próxima semana, mas não iriam conseguir tal feito sem a ajuda de alguma azaração ou algo do gênero, o que seria contra as regras da escola e do Ministério de Magia. Poderiam expô-lo em alguma mídia, mas Sophia sabia que provavelmente não conseguiriam: ela e Georgie já haviam mandado cartas a jornais e revistas bruxos sobre a questão dos elfos domésticos e foram ignoradas. Havia Rita Skeeter, é claro, que por algum motivo parecia estar sempre presente, mas Sophia se recusava a trabalhar com a repórter após o que ela publicara sobre Hagrid. Sem falar que Skeeter dissera, aquela vez no Três Vassouras, que sabia coisas sobre Bagman que deixaria Hermione Granger com os cabelos de pé - se fosse verdade, significava que ela estava do lado de Bagman e não concordaria em difamá-lo.

Foi então que olhou para sua direita e viu a solução. A algumas pessoas de distância, servindo-se de uma grande fatia de torta de legumes, Luna Lovegood sentava, com uma expressão sonhadora. Sophia abriu um grande sorriso e foi falar com a garota.

“Luna!” disse, um pouco alegre demais. “Tudo bem com você?”

Luna levantou seu olhar para Sophia, com um sorriso engraçado que Sophia não fazia a menor ideia do que poderia significar.

“Você sabe meu nome. Nós nunca nos falamos antes.”

“Hã, não”, Sophia balbuciou, pega de surpresa. “Bom, eu sou Sophia. Sophia Laurie.”

“Você foi refém de Viktor Krum na Segunda Tarefa. E dançou com ele no Baile também. Eu achei que vocês dois formam um casal curioso.”

As afirmações contínuas de fatos de Luna estavam deixando Sophia um pouco confusa, mas o último foi como um soco em seu estômago. Ela engoliu em seco antes de responder: “Nós não… Não somos um casal mais.”

Luna pareceu indiferente. “Que pena. Eu simpatizava mais com ele quando estava acompanhado de você. Sorria mais.”

Sophia sentiu como se Luna tivesse arrancado seu coração de seu peito, pisoteado nele e então jogado os restos em fogo maldito, mas a terceiranista parecia completamente absorta do efeito que sua fala poderia ter causado. Sophia decidiu mudar de assunto, antes que começasse a chorar:

“Seu pai é editor d’O Pasquim.” Imaginava que, se jogasse fatos de volta, a garota a entenderia melhor.

Luna acenou com a cabeça, distraída.

“Então, eu tenho essa… História, digamos, sobre Ludo Bagman, e imaginei que talvez a revista estaria interessada em publicar.”

Luna levantou o olhar. “Que história? Já publicamos sobre seu vício em Poção do acônito.”

Sophia mal conseguiu disfarçar o olhar confuso. “Não, hã… É sobre apostas esportivas.” Percebeu, entretanto, o interesse de Luna diminuir, então acrescentou rapidamente: “E duendes. É, ele está em uma briga com duendes.”

“Hum, faz sentido”, fez Luna. “O que exatamente ele tem com duendes?”

“Ele, hã… Bom, acho melhor não entregar tudo agora. Estou vendo com outras publicações sobre isso, mas dependendo poderia dar exclusividade ao Pasquim.”

Luna assentiu. “Ok, vou ver com o meu pai.”

Sophia agradeceu e se despediu da garota. Ao andar em direção à saída do Salão, ela mal conseguia acreditar no que tinha acontecido. Luna tinha aceitado a ideia mais fácil do que ela tinha imaginado, ainda mais considerando que Sophia não havia nem preparado algum plano ou história para convencê-la. O desafio, agora, seria convencer Fred e Jorge a aceitarem a ideia.

Estava quase na porta do Salão quando viu, pelo canto dos olhos, um grupo de alunos de Durmstrang se levantar da mesa. Sem se atrever a conferir se Viktor estava no meio, Sophia apertou o passo e praticamente correu em direção à sala de Feitiços.

Durante a aula do Prof. Flitwick, Sophia tentou convencer os gêmeos Weasley a seguir com a ideia de publicar algo no Pasquim.

“Sophia, você por acaso já leu O Pasquim?” foi a primeira reação de Fred.

Sophia girou os olhos. “Sim. Olha, eu sei que não é uma revista de muita credibilidade…”

“Não acho que sequer tem alguma credibilidade”, resmungou Fred.

“Mas o importante é a visibilidade!” ela continuou. “O Rogério me disse que os pais dele disseram para não apostar com Ludo Bagman. O que significa que as pessoas sabem da reputação de Bagman. Tenho certeza que ele já fez isso com outros bruxos! Mas eles provavelmente não foram à tona quanto a isso. Se conseguirmos reunir outras vítimas, Bagman vai ter que ceder!”

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Os dois juntaram as sobrancelhas, pensativos.

“E você acha que conseguiremos alcançar essas pessoas através d’O Pasquim? Soph, essa revista não tem nem metade do número de leitores do Profeta Diário…” Jorge apontou.

Sophia mordeu o lábio. “Eu sei. Mas se conseguirmos pelo menos a manchete na capa… Com certeza chamará a atenção.”

Os três se entreolharam. Jorge, então, deu os ombros e disse:

“Bom, não custa nada tentar. Ou custa?”

“Acho que não”, respondeu Sophia. “Só temos que ver com Luna como isso funcionaria… Vou perguntar na janta. Mas precisamos de uma história boa. E boa para O Pasquim, ou seja… Uma história absurda. Eu consegui a atenção de Luna porque disse que Bagman está brigando com duendes.”

“Duendes?” repetiu Fred.

“É, foi a primeira coisa que me veio em mente”, ela se explicou. “Aquela vez, no Três Vassouras, ele estava acompanhado de duendes, que não estavam muito felizes.”

“Você já viu algum duende feliz?” riu Jorge.

Sophia e Fred riram também, chamando a atenção de Flitwick. O professor brigou com os três em sua voz esganiçada de sempre e pediu silêncio. Sophia, então, combinou com os gêmeos que eles ficariam responsáveis pela elaboração da história completa, enquanto ela ficaria responsável de conferir com Luna como a reportagem funcionaria.

Sophia conversou com Luna no final da tarde, e a garota disse que escreveu ao pai durante a tarde e esperava uma resposta durante o correio no café da manhã do dia seguinte.

Assim, quando acordou na manhã seguinte, Sophia correu para o café à procura de Luna, mas, antes que pudesse encontrá-la, seus amigos a puxaram repentinamente para um canto.

“Sophia, venha aqui!” disse Rogério, puxando suas vestes.

“O que foi?”

“Rogério acabou de receber uma resposta dos seus pais!” explicou Georgie.

Sophia então percebeu uma carta aberta na mão do amigo. Engoliu em seco. Estivera tão preocupada com Viktor, com os exames, com a loja dos Weasleys e com a matéria d’O Pasquim que havia quase se esquecido do pior problema de todos. “Bom”, disse, finalmente. “O que diz?”

“Eu perguntei a eles sobre o filho de Crouch e… Bom, pelo visto, ele era um Comensal da Morte.”

“O QUÊ?” ela gritou, sem querer. Algumas pessoas ao redor se viraram, mas logo a ignoraram. “Como assim?”

“Aparentemente, foi durante o auge de Você-sabe-quem. Crouch estava liderando essa caça aos Comensais, então foi um escândalo quando seu próprio filho foi pego em flagrante…”

Sophia colocou uma mão sobre a boca. “Pelas barbas de…”

“E isso não é o pior!” interveio Sean. “Rogério, conte a ela o que o filho de Crouch fez.”

Sophia reparou que Georgie mudou de posição, desconfortável.

Rogério respirou fundo. “Ele estava torturando os pais de Neville Longbottom.”

Longbottom?” ela sussurrou. Virou-se para a mesa da Grifinória e avistou o quartanista comendo cereal tranquilamente enquanto lia algum livro. “É sério?”

Os amigos apenas assentiram. Georgie rapidamente secou uma lágrima no canto do olho.

Que horror, Sophia pensou. Era a única coisa que conseguia pensar. Ela nunca havia nem conversado com Longbottom, mas via o garoto pelos corredores da escola há quatro anos e nunca havia pensado duas vezes sobre ele. Era absurdo de imaginar o quanto ele deveria ter sofrido.

“Seus… Seus pais conheciam os pais dele?” Ela perguntou a Sean.

Ele sacudiu a cabeça. “Não sei. É bem provável. Posso ver com os meus avós…”

“Eles provavelmente não sobreviveram também”, afirmou Georgie, os olhos quase transbordando. “Quero dizer, sei que Longbottom também mora com a avó.”

Sophia ajeitou sua postura, desconfortável. “Então… O que aconteceu com o filho de Crouch?” perguntou, mudando de assunto.

“Azkaban”, respondeu Sean simplesmente. “Morreu faz tempo.”

O cérebro de Sophia ia a mil. “O que isso significa? Sobre o filho de Crouch, digo. Será que Crouch também era um Comensal da Morte? Faria sentido, não é? Ele meio que admitiu ter matado Berta Jorkins…”

“Não sei, Soph”, disse Georgie. “Lembra que Elena disse que Crouch dava permissão para matar Comensais no passado? Isso me faz pensar que talvez ele fosse bem extremo. Querendo ser algum tipo de herói, salvador…”

“E se fosse uma fachada?” sugeriu Sean. “Talvez ele estivesse do lado do filho todo esse tempo. Talvez ele fosse um infiltrado no Ministério. Talvez ele ainda estivesse infiltrado durante todos esses anos, e então finalmente enlouqueceu e veio para Hogwarts.”

Georgie balançava a cabeça. “Por que ele teria enlouquecido do nada? É preciso ser completamente apático para conseguir ser um agente duplo. Sem falar que ele estava pedindo por Dumbledore… Se ele confiava que Dumbledore ajudaria ele, então ele provavelmente não era um Comensal.”

Os quatro ficaram um pouco em silêncio, pois o ponto de Georgie fizera sentido. Então a cabeça de Sophia levantou subitamente, seu olhar concentrado.

“Ele disse que fugiu! Crouch, aquela noite, tinha as roupas todas rasgadas… Talvez o estivessem forçando a trabalhar para Você-sabe-quem!”

“Com a maldição Imperius?” sugeriu Sean.

“Não acho muito provável alguém ficar sob a maldição Imperius por anos”, retorquiu sua namorada.

“Poção Polissuco?” sugeriu Sophia.

“Alguém teria percebido! Nós vimos Crouch na Copa e no Torneio, assim como milhares de outras pessoas também viram. Sem falar que seria muito esforço fazer e tomar Poção Polissuco durante anos!”

“Georgie está certa”, interveio Rogério. “Olhe, meu irmão estudou em Hogwarts com o filho de Crouch. Quero dizer, ele estava se formando quando meu irmão entrou… Mas, de qualquer jeito, esse cara já tinha um jeito estranho desde sempre. Todo mundo sabia que ele não se dava muito bem com seu pai.”

Sophia e Sean se entreolharam, murchando.

“Mas como vocês explicariam Crouch aparecendo na Floresta, então?” perguntou Sophia.

Rogério levantou os ombros. “A minha teoria é que deve ter sido algum ou alguns daqueles Comensais que vimos durante a Copa. Devem ter ido atrás de Crouch por alguma vingança pelo que ele fez no passado, e daí o sequestraram. Mandavam o assistente dele fazer seu trabalho para fingir que estava tudo normal.”

Georgie assentiu. “Faz sentido.”

“E daí algum dia ele conseguiu escapar e veio para Hogwarts”, continuou o amigo. “Todo o delírio dele… Deve ter sido coisa que os Comensais inventaram.”

Sophia ainda tinha um bico. “Mas por que decidiram se vingar de Crouch agora? Depois de pelo menos uma década?”

“Os Comensais parecem estar ficando mais fortes agora…” murmurou Rogério, fazendo Sophia engolir em seco. Não era a resposta que ela queria.

“Bom, tivemos a fuga de Sirius Black ano passado”, disse Georgie. “Ele era um dos seguidores mais leais de Você-sabe-quem, não era? E poderoso, também. Pode muito bem ter incitado esse novo levante.”

Sophia desviou o olhar. Nada daquilo fazia sentido. Crouch ser um Comensal da Morte, Crouch ser sequestrado por Comensais… Poderiam ficar horas quebrando a cabeça, tentando formular teorias e teorias, e mesmo assim não conseguiriam chegar a alguma conclusão satisfatória.

“E se Crouch agiu por conta própria?” recomeçou Sean, animado. “Talvez ele estivesse frustrado com a carreira - quero dizer, ele chegou tão perto de ser Ministro da Magia uma vez - e queria subir ao poder! Ele pode ter matado Berta, para fingir que foi um Comensal da Morte.”

“E daí ele poderia recomeçar essa ‘caça às bruxas’ e sair como o grande herói justiceiro novamente”, completou a namorada, pensativa. “Olha, isso até que faz sentido…”

Sophia balançou a cabeça. “Eu preciso tomar um ar”, disse, e saiu em direção à porta.

Caminhou para os jardins, onde fazia um dia muito bonito, mas ela nem conseguia apreciá-lo. Foi até a beira do lago e respirou fundo três vezes. Os amigos podiam criar mil e uma explicações para o que poderia estar acontecendo, mas o fato era que Bartô Crouch havia aparecido no meio da noite em Hogwarts, com as roupas rasgadas e múltiplos cortes em seu corpo, falado coisas assustadoras, atacado um estudante e então desaparecido. Não fazia o mínimo de sentido, e era o que deixava Sophia mais perturbada. Apesar de empáticos, os amigos pareciam estar tratando isso como um jogo, um mistério… E a única pessoa com a qual Sophia gostaria de conversar não estava nem olhando na cara dela.

Sophia respirou fundo mais uma vez e então retornou ao castelo.