Depois de horas ela finalmente conseguiu fazê-los entender que não se tratava de uma brincadeira e uma parte sua estava realmente irritada por tanta dificuldade deles aceitarem algo tão simples. Tudo bem, talvez não fosse algo comum ouvi-la dizer que iria participar das líderes de torcida, mas o rosto de incredulidade da mãe, o olhar descrente do pai e a boca escancarada em surpresa do irmão não ajudavam em nada. Claro que ainda pensava que participar daquilo seria loucura, porém no calor do momento foi a única coisa que conseguiu pensar para não falar demais. Suspirou, ajeitando uma mecha de cabelo e lembrou que houve uma reação ainda pior que a de sua família ao contar sobre a “novidade”. Hideo.

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Bufou ao recordar-se de ligar para ele para conversarem, já que não tinham se visto mais e ela já estava cansada daquele clima estranho depois do que aconteceu entre os dois, então resolveu ser a primeira a falar. Porém arrependeu-se amargamente ao sentir o rosto esquentar enquanto ouvia do outro lado a gargalhada do loiro que dizia que ela era uma boa comediante. Saori pensou que se não estivesse falando por telefone com ele realmente bateria no Uzumaki.

– Não é brincadeira Hideo – falou entredentes e o loiro parou de rir aos poucos ao notar a seriedade na voz da namorada.

É claro que depois ele começou a indagar o motivo, praticamente gritando, surpreso, e em seguida foi a vez de ouvir Hana gritar ao seu lado, mas de felicidade, e Saori pensou que a loira talvez fosse a única que não a questionaria sobre o motivo de ter entrado nas líderes.

E como se não bastasse, no outro dia, ela ainda foi alvo de perguntas, mais uma vez, por Daisuke e pelo pai, que não estavam lidando muito bem com isso.

– Você perdeu alguma aposta? – Daisuke tentou adivinhar e ela revirou os olhos.

– Não...

– A Hana realmente te convenceu? – questionou mais uma vez.

– Sim... – falou entediada enquanto levava um pouco de café a boca.

– Como? – Daisuke realmente estava a estressando.

– Isso não importa, só saiba que vou participar e pronto, pare de fazer perguntas Daisuke, isso enche o saco! – esbravejou e o irmão se avultou para retrucar.

– Olhe os modos Saori! – interrompeu Sasuke, repreendendo a mais nova que virou o rosto, contrariada – Não gosto nada dessa ideia também, não culpe seu irmão por achar essa história estranha.

– Não tem nada de estranho em eu tentar ser uma garota normal, tem? – disse ao se levantar e Sasuke arqueou uma sobrancelha.

– Você é uma garota normal! – respondeu o moreno, mas sabia que a filha não ficaria calada, então tentou o apoio da esposa que estava muito calada – Sakura, diga alguma coisa.

A rosada olhou do marido para a filha e suspirou, era óbvio que aquilo não fazia parte da personalidade de Saori, mas a morena havia lhe contado depois o que houve com Akane e como Hana estava a perturbando para entrar no grupo de animadoras, então tudo ficou mais claro. Talvez fosse mais fácil se a menor respondesse dessa forma ao pai e ao irmão, mas sabia que quanto mais a pressionassem por respostas, mais arisca e irritada ela iria ficar, Sasuke reagia da mesma forma algumas vezes. Suspirou, iria ser o suporte mais uma vez.

– Acho que podemos apoiar a decisão de Saori, experimentar coisas novas é algo comum na idade dela – disse antes de dar uma mordida do seu pão e como recompensa viu o sorriso da filha e carranca do marido e do filho. Revirou os olhos, aqueles dois estavam morrendo de ciúmes por causa disso, essa era a verdade.

– Ótimo, então está resolvido, já vou! – disse antes de correr porta a fora para ir até o carro do namorado que acabara de chegar.

– Só tenho uma coisa a dizer depois disso – Daisuke disse ao se levantar da mesa, ganhando a atenção dos pais – Naruto-oji fez uma ótima escolha ao colocar a Hana como sucessora dele, aquela menina é um gênio quando se trata de convencer os outros – disse e viu a mãe rir e o pai balançar a cabeça com um pequeno sorriso.

–*-

– Não começa você também Hideo – mandou ao entrar no carro, assustando o rapaz que nem havia aberto a boca.

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– O quê?

– Só não quero ouvir nada relacionado ao fato de ter entrado nas líderes – resmungou.

– Eu não iria comentar nada – disse a olhando de esguelha e a morena arqueou uma sobrancelha, descrente – Tudo bem, mas você tem que admitir que é estranho – e ao ouvir o grunhido da namorada, resolveu mudar a abordagem – Mas não acredito que vivi para ver isso...

– Para ver o quê? – indagou entredentes, porém diferente do que esperava, Hideo abriu um sorriso malicioso antes de dizer:

– Para ver você usando um daqueles uniformes de animadoras de torcida – e foi o suficiente para o rosto de Saori se tingir de vermelho.

–*-

Hana praticamente saltitava de felicidade, suas duas amigas estariam nas líderes junto de si como queria, estava eufórica e aproveitou que ninguém estava por perto e resolveu ligar para o namorado, estava com saudades de Ryuu. No terceiro toque ouviu o moreno atender com um resmungo:

– Ryuu-kun! - gritou feliz e o rapaz afastou o celular para não ficar surdo.

Hana, você sabe que horas são? Eu quero dormir – disse sonolento e um pouco irritado com a namorada.

– Eu é que pergunto, você sabe que horas são? Você não devia estar se arrumando para a faculdade? – indagou, afinal sabia que ele já estava tendo aulas na faculdade.

As aulas são apenas às... – parou de falar e Hana sorriu vitoriosa ao ver a hesitação do moreno, provavelmente ele estava vendo que ela estava certa – ...Merda! Estou atrasado! Droga, droga, droga!

– Você tem que parar de ser tão preguiçoso, Ryuu-kun – falou risonha, mas o namorado não parecia compartilhar do mesmo bom humor. Ele havia prometido se dedicar na universidade para os seus pais e os pais de Hana, assim não teria que ouvir as reclamações de Naruto ou da mãe.

Hana, depois te ligo! ­– Ryuu disse e antes que Hana pudesse se despedir a ligação já havia sido encerrada.

– Eu... – ficou encarando o celular na mão sem saber o que fazer. Seu namorado havia acabado de desligar na sua cara? Ela nem ao menos conseguiu contar a novidade para ele! Como ele pôde?

– Hana! – ouviu lhe chamarem e viu Saori sair do carro do irmão que apenas acenou para si antes de dar partida no carro – Aconteceu alguma coisa? – questionou ao se aproximar da loira que bufou.

– Ryuu é um idiota! – e Saori riu.

– Para você não chamá-lo de “Ryuu-kun”, você deve estar muito irritada mesmo – disse e a Uzumaki encolheu os ombros.

– Você acredita que ele desligou na minha cara? – disse de forma dramática e Saori revirou os olhos.

– Deve ter tido algum motivo, o Ryuu sempre é um doce com você – explicou.

– Ele estava atrasado para a faculdade – e Saori arqueou uma sobrancelha como se dissesse “eu não disse?”, aquilo fez Hana franzir o cenho mais uma vez – Mas ele podia ter ao menos agradecido, afinal eu o acordei, ou mandar um beijo ou sei lá... não gosto que desliguem na minha cara – reclamou.

– Espere ele voltar da faculdade e então você grita com ele a vontade e desliga na cara dele, o que acha? – a Uchiha brincou, mas se arrependeu ao ver a animação no rosto de Hana.

– Ótima ideia! Vou fazer isso mesmo! – exclamou mais contente e Saori sorriu sem graça.

– Eu estava brincando, Hana, não precisa fazer isso – mas a loira já não escutava mais, parecia mais concentrada em chamar a atenção de Akane que chegava ao colégio.

– Bom dia... – Akane fala um pouco desanimada.

– O que aconteceu? Você e o Ichiro brigaram? Você vai continuar nas líderes? Por que está com essa cara? Quer que a Saori bata nele? – Hana disparou a fazer perguntas, praticamente gritando e chamando a atenção de todos que estavam por perto.

– Hana-chan, fale mais baixo! – pediu a Hyuuga, querendo se esconder de vergonha.

– Por que eu que tenho que bater no cabeça de fósforo? – Saori retrucou com o cenho franzido.

– Porque você é quem sempre arruma briga na escola – Hana disse dando de ombros e Saori abriu a boca para contestar, mas nada lhe veio a mente.

– Bom... isso não é mais verdade, agora eu não me meto mais em briga – tentou amenizar e Hana riu.

– Quero ver por quanto tempo! – brincou.

– Será que podemos voltar ao assunto? – indagou a Hyuuga e as amigas concordaram – Nós brigamos – disse de uma vez.

– Ele não quer que você faça parte das líderes, não é? – Hana perguntou se sentindo mal pela prima, ela não queria ser o motivo do desentendimento deles.

– Isso não tem nada a ver com você, Hana-chan – disse séria, encarando a outra perolada – Eu estou achando divertido treinar e queria que o Ichiro-kun me apoiasse, mas...

– Ele não entende – Saori completou a frase e Akane suspirou, confirmando, enquanto se dirigiam para a sala de aula.

– É, parece que a Saori é a única que está com sorte no namoro aqui – Hana disse ao recordar-se do modo como Ryuu a tratou.

– Não exagere, Hana! – a Uchiha reclamou ao entrarem na sala onde deram de cara com Ichiro que virou o rosto para o lado ao ver a namorada.

– Ele parece bem irritado, né? – a loira sussurrou para Akane que franziu o cenho, pois se Ichiro queria ser teimoso, ela também sabia ser ou não se chamava Hyuuga Akane.

–*-

Ela realmente estava odiando aquilo... Se antes não gostava de estar no meio de um casal amoroso como vela, agora o desconforto era maior, afinal o clima pesado praticamente pairava nos dois lados. Ela via como Ichiro roía a lápis a todo o momento e lançava olhares para a perolada, como se esperasse uma resposta dela. Enquanto isso Akane ficava bufando e fazendo caretas para o nada, desviando o rosto para o lado oposto. Suspirou, ela não ia aguentar isso por muito tempo, preferia quando eles estavam apaixonados.

– Você é um teimoso mesmo... – murmurou para Ichiro que arqueou uma sobrancelha para ela.

– Hideo já sabe da “novidade”? – retrucou e Saori imitou o gesto do ruivo.

– Sabe, e, se quer saber, ele não fez nenhum escândalo – “nenhum escândalo que não fosse rir do fato de eu participar das líderes de torcida” completou em pensamento. Ichiro franziu o cenho, não era aquela resposta que esperava, por isso não sabia como continuar a conversa.

– Problema dele! – acabou então por ser infantil e Saori quis rir com a resposta.

– Você está com tanto ciúmes assim? – indagou curiosa e não aguentou ao ver o rosto de Ichiro ficar da cor do cabelo.

– Senhorita Uchiha, pode dizer qual a graça nos reagentes químicos? – o professor de química, Orochimaru, indagou e Saori parou de rir, ficando sem graça.

– Desculpe – murmurou, mas ainda teve que ouvir um sermão do professor, deixando um Ichiro mais contente.

–*-

– Idiota! – Saori disse ao bater no ombro do ruivo que reclamou de dor.

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– Qual o seu problema? – indagou massageando o braço.

– Você! Levei a maior bronca por sua causa! – reclamou.

Estavam no intervalo e ela havia se separado das amigas para conversar melhor com Ichiro, queria ajudar Akane, porque mesmo que tivesse decidido não se intrometer mais, como não fazer isso quando os dois sentavam do seu lado? Ela estava bem no meio disso! Não podia deixar passar!

– A culpa foi sua... – murmurou emburrado e Saori revirou os olhos.

– Ao invés de bater de frente porque não a apoia? – tentou persuadi-lo mais uma vez.

– Eu não quero ver a Akane com aquele uniforme – falou entredentes e Saori teve vontade de bater no ruivo mais uma vez.

– Bom, acho que você não percebeu que mesmo não querendo ela vai participar – disse dando de ombros – Agora, você só tem duas opções – e levantou dois dedos para exemplificar – ou fica do lado dela, apoiando como um bom namorado, ou perde a namorada que continuará sendo líder de torcida e dá espaço para outros caras caírem em cima dela.

Depois de falar aquilo, cinco segundos foram o suficiente para Ichiro se levantar e deixá-la sozinha e ir para dentro do colégio. Sorriu, esperava que ele fizesse a escolha certa agora e não tivesse arranjado mais problema para Akane... do mesmo modo que torcia para que a perolada não descobrisse a sua pequena intervenção também.

Olhou em volta, estava sozinha no pátio do colégio, mas mesmo assim aquela sensação de estar sendo vigiada voltava a lhe perseguir. Estremeceu, tinha que parar com esses pensamentos, pois isso provavelmente ajudava a estimular os seus pesadelos, porém ela não pode evitar dar um pulinho de susto ao ouvir um zumbido ao seu lado, apenas para ver o seu celular vibrando incansavelmente.

–*-

– Certo, certo... tá Saori eu já ouvi! – Daisuke reclamava ao telefone – Quando você chegar em casa nós conversamos – disse olhando de soslaio para a namorada que o encarava curiosa da cama dele – Não, eu não vou sair, vou esperar você mesmo com esse treino idiota. – resmungou e Sasame conseguiu ouvir um brado do outro lado, provavelmente Hana.

Não demorou muito e ele conseguiu desligar o telefone, suspirando e passando a mão no cabelo e Sasame soube que algo havia preocupado o namorado. A questão era o quê?

– O que você e sua irmã estão tramando? – tentou descobrir. Não queria parecer enxerida, mas tudo o que envolvia Daisuke lhe causava interesse e ficaria feliz se pudesse ajudá-lo de alguma forma também.

– Nada, não se preocupe – respondeu fazendo pouco caso, não gostava de esconder nada da namorada, mas ele e Saori haviam prometido não contar nada a ninguém.

Queriam ter a oportunidade de conhecer os avós sem que ninguém tentasse impedi-los ou que, de repente, Sasuke conseguisse descobrir. Suspirou ao pensar que o pai parecia já desconfiar de algo, esconder algo dele sempre foi um problema, então quanto menos pessoas soubessem, melhor.

– Não é o que parece – contrapôs Sasame, sem acreditar muito no namorado que revirou os olhos.

– Não seja paranoica – retrucou com um sorriso malicioso e a loira arqueou uma sobrancelha, começava a se irritar, pois sabia que Daisuke tentava lhe enganar.

– Não estou sendo paranoica – disse entredentes e ficou de pé ainda mais irritada ao ver Daisuke rir de si. Ele sempre sabia o que dizer ou fazer para tirá-la do sério.

– Então apenas deixe isso para lá e vamos fazer algo mais divertido – a abraçou por trás, dando um leve beijo no pescoço da Nara que se arrepiou.

Ele sempre ganhava as discussões e isso era tão injusto, principalmente porque ele jogava baixo quando lhe beijava daquela forma ou quando passava as mãos pela sua cintura enquanto continuava a beijar seu ombro e pescoço como estava fazendo naquele momento. Suspirou mais uma vez ao senti-lo agarrar seu peito.

– Está mais calma agora? – sussurrou enquanto mordiscava a orelha da namorada que arfou – Vou entender isso como um sim – disse brincalhão e Sasame corou por ele sempre a fazer se sentir como se fosse uma garotinha boba. – Você fica linda corada – voltou a sussurrar enquanto a deitava na cama, pressionando seu corpo contra o dela.

Ela ofegou mais uma vez ao sentir a excitação do Uchiha e soube que ele havia ganhado ao sentir os dedos dele por baixo de sua saia.

– Que se dane... – murmurou para si, mas Daisuke a ouviu e não pode evitar sorrir de canto. Depois voltaria a ter essa conversa com ele, com certeza não deixaria aquele assunto passar em branco, mas agora tinham coisas mais importantes para fazer. E antes que pudesse pensar em algo mais foi atacada pelos lábios vorazes do Uchiha.

–*-

Nem acreditava que finalmente ele havia ligado, Daisuke iria ficar contente em saber que fielmente iriam conhecer os avós e ela, bom, ainda estava em dúvida sobre tudo aquilo, mas uma parte sua queria conhecer os pais do seu pai, ver como era ter avós e descobrir o que aconteceu no passado, quem sabe não fazia Sasuke se reconciliar com os progenitores? Ficou tão eufórica com a notícia que, mesmo avisando ao irmão que iria se atrasar por causa do treino das líderes, acabou pedindo para ser liberada e voltou correndo para casa. Queria contar tudo para ele.

Estava tão distraída, pensando em como fariam para sair de casa sem os pais desconfiarem que nem bateu na porta antes de entrar no quarto do irmão e se arrependeu amargamente por isso.

– Daisuke, eu... – congelou ao ver a cena do mais velho sem camisa, com a calça aberta e um pouco abaixada, o corpo debruçado na cama, enquanto Sasame estava abaixo desse apenas de lingerie.

– S-Saori! – gritou Daisuke ao sair de cima da namorada com o rosto vermelho, enquanto a loira se enrolava no lençol. Sasame estava tão envergonhada pela cunhada ter lhe flagrado nessas circunstâncias que nem teve forças para falar alguma coisa, preferiu deixar o namorado se explicar, afinal ainda estava só com as roupas de baixo.

– D-Desculpe! – pediu a mais nova tão constrangida quanto o irmão, porque aquelas cenas embaraçosas estavam se repetindo tanto? Primeiro sua mãe a pega em uma situação parecida com Hideo e agora via o irmão da mesma forma com Sasame... era demais para ela.

– Não sabe bater na porta? – brigou ainda com o rosto em chamas, enquanto ajeitava a calça, e Saori, encarando o chão fixamente, retrucou ao irmão:

– Não sabe trancar a porta? Como eu ia adivinhar que v-vocês... V-vocês... - mal conseguia terminar a frase.

– Oe! - interrompeu Daisuke, a última coisa que queria era ouvir a irmã falar sobre sexo.

– V-Volto mais t-tarde – disse ao ver Daisuke vir em sua direção, desviou o olhar mais uma vez e antes que ele pudesse alcançá-la, fechou a porta na cara dele, saindo do cômodo. – Primeiro, Hana e Ryuu, agora Daisuke e Sasame, daqui a pouco vai ser quem? Akane e Ichiro? – disse para si mesma ao recordar que sempre passava por esse tipo de situação. Balançou a cabeça para afastar tais pensamentos – Por Kami, não! Vai que isso atrai? – murmurou para si antes de ir para longe do quarto do irmão.

–*-

– Acho melhor eu ir agora... – Sasame disse enquanto juntava sua roupa do chão e Daisuke se virou para ela.

– Não tem necessidade – disse. Era claro que ele ainda estava envergonhado pelo o que aconteceu, mas se sua irmã havia aparecido na hora errada, não podia fazer mais nada e mandar Sasame embora certamente não era algo que lhe agradava.

– Bom, eu não sei você, mas acho que não estou mais no clima e ficou claro que você e Saori tem que conversar sobre algo – enfatizou arqueando uma sobrancelha para Daisuke que suspirou. Ela não iria desistir?

– Isso pode ser adiado, não é nada importante – pelo menos ele achava que não era.

– Mas há algo que você está escondendo de mim, não é? – Sasame tentou mais uma vez, enquanto colocava a sua saia.

– Não diria que estou “escondendo”... é só algo que estamos planejando e não queremos envolver mais ninguém – falou de forma cuidadosa para não ferir a loira. Não deu certo.

– Quer dizer que agora eu sou ninguém? É bom saber! – e passou a blusa com força pela cabeça.

– Não foi isso que eu quis dizer, apenas... – suspirou, passando a mão no cabelo ao ver que a namorada não estava lhe ouvindo – É uma coisa minha e da Saori, não se preocupe – disse e foi a vez de Sasame suspirar.

Era sempre assim. Desde que começaram a se envolver Daisuke parecia ser inalcançável. Ela havia entendido os motivos do rapaz no início, o trauma com a perda da irmã fez com que ele se tornasse uma pessoa muito reservada, que não se abrisse para qualquer um, mas depois que Saori retornou, Sasame pensou que as coisas mudariam. Ela pensou que Daisuke fosse querer dividir momentos consigo, que não haveria mais segredos, mais barreiras a ultrapassar, porém ali estava mais um muro que Daisuke construía envolta de si a impedindo de avançar. Mais uma vez ela estava no escuro, ele a excluía da sua vida e ela se perguntou por quanto tempo mais isso iria durar? Ou até quando iria aguentar?

– Depois nos falamos então... – murmurou cansada e mesmo com as tentativas do namorado foi para casa, tinha que esfriar a cabeça.

–*-

– Está fazendo errado, Saori! – bradou Hana irritada e em seguida olhou para a prima – Você também Akane-chan, olhe a postura!

Saori revirou os olhos e simplesmente jogou os pompons no chão e foi em direção à arquibancada, ignorando as repreensões da loira. Hoje a Uzumaki havia acordado de mau humor e tinha a impressão de que o motivo tinha nome e sobrenome: Nara Ryuu. Deitou-se em um dos bancos, cansada, elas estavam treinando há horas e tudo porque, de acordo com Hana, em breve seria a estreia delas como líderes de torcida. Mas no momento aquilo pouco importava para Saori que apenas conseguia pensar que conheceria os seus avós.

Três dias.

Essa fora a data estipulada por Itachi para o encontro entre eles e ela tinha deixado a cargo de Daisuke bolar um modo de enganar os pais, ou melhor, justificar a ausência de ambos para os mais velhos. Sentiu o rosto esquentar ao lembrar-se da conversa com o irmão, eles ainda estavam constrangido um com o outro, mas ao mesmo tempo também estava preocupada ao saber que Sasame e Daisuke se desentenderam.

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Suspirou encarando a quadra onde Hana continuava brigando com as outras garotas e observou Akane, ela aparecia avoada e nem escutava os comandos da Uzumaki, pelo visto Ichiro ainda não havia feito nada e eles também continuavam brigados. Só esperava que os dois se acertassem logo...

– Saori! Quer parar de sonhar acordada e voltar aqui? Nossa estreia é amanhã! – gritou Hana e Saori revirou os olhos.

Esperava que a loira logo se reconciliasse com Ryuu porque ela estava insuportável assim.

–*-

Porém, como as coisas nunca acontecem da forma como Saori quer, dois dias se passaram e nem Akane, nem Hana, nem Daisuke pareciam ter feito avanços nos relacionamentos e agora faltava apenas um dia para encontrar com os pais de Sasuke. Porém antes ela teria outro desafio para enfrentar, algo que estava a assustando de fato e deixando as suas pernas bambas. Olhou para os lados apenas para constar se as outras também estavam dessa forma, mas seu desapontamento foi grande ao ver que parecia ser a única ali nervosa.

– Meninas, é hoje! Treinamos duro esses dias e vamos arrasar, vocês vão ver! – incentivou Hana que, apesar de estar furiosa pelo fato do namorado lhe dar um bolo naquele momento, não iria desapontar suas amigas e sua família que estava ali para apoiá-la – Então, fiquem focadas, lembrem-se dos passos, sigam o ritmo e... Vamos acabar com o outro time! – sorriu ao ver as outras vibrarem.

Estavam todas as líderes de torcida reunidas na entrada da quadra de esportes. Naquela noite elas iriam fazer a sua primeira apresentação durante um dos jogos de futebol do time masculino, e apesar de Saori não estar muito interessada no que iria acontecer em seguida, se surpreendeu com a animação da sua capitã.

– Você parece bem melhor hoje – Saori comentou ao ver as outras garotas dispersarem e Hana arqueou uma sobrancelha, confusa – Quero dizer, seu mau humor parece ter diminuído. Ryuu te ligou?

– Humf... – bufou – Nem me lembre dele, ele disse que não podia vir pois tinha muitos trabalhos para entregar amanhã. Eu não acredito nisso! Ele me deixou de lado! – desabafou com a amiga que deu de ombros.

– Hideo também ficou muito ocupado esses dias... quase não o vi – disse para tentar consolá-la, mas não funcionou.

– Mas ele está aqui agora! – e apontou para a arquibancada onde estava o loiro, junto da família Uchiha e Uzumaki.

– Contra a minha vontade devo dizer... – argumentou ainda com vergonha daquilo tudo.

Sua mãe havia teimado em ir ver aquele jogo idiota, pois seria a primeira vez que Saori apareceria como uma líder de torcida, e isso por algum motivo parecia ser importante para a progenitora, e convenceu o pai e o irmão a virem, ou melhor, os obrigou. Para completar Hideo também havia sido convidado e estava decidido a comparecer, mesmo com ela dizendo que não queria ninguém ali para vê-la pagar esse mico. Sim, pois tinha ciência de que ela passaria vergonha no meio de tantas pessoas, então era preferível que não tivesse conhecidos ao redor.

– Você não sabe a sorte que tem, isso sim... – resmungou Hana e Saori revirou os olhos com o drama da loira e, em seguida, observou Akane se aproximar.

– Vocês viram o Ichiro-kun? – indagou olhando para os lados.

– Não, ele disse que vinha? – Hana questionou tentando se acalmar, era melhor ela pensar em outra coisa, nada poderia estragar a sua estreia, nem seu namorado idiota.

– Bom... eu o chamei, mas ele... hum... acho que ele não gostou muito, deve ter achado que eu estava o provocando – disse sem graça e Saori colocou uma mão no ombro da perolada.

– Não se preocupe, ele vai fazer a coisa certa – disse torcendo para que o ruivo realmente pudesse lhe ouvir.

– Vocês vão continuar de papinho até quando? Precisamos da capitã para entrar na quadra – Mizuki disse irritada com o atraso da Uzumaki.

– Já estamos indo! – retrucou Saori, ainda não suportava essa garota e parecia que a recíproca era verdadeira, já que a ouviu bufar e a olhar de forma superior.

– Ela está certa, não vamos deixar essas coisas nos atrapalharem... vamos! – chamou Hana e Akane e Saori se entreolharam ao ver a animação nos olhos da Uzumaki mais uma vez.

Posicionaram-se em um dos cantos externos da quadra, antes de chegar à arquibancada, e aquela sensação voltou a assombrar Saori, estava nervosa, mesmo sabendo que praticamente não faria nada. Ouviu passos atrás de si e viu os jogadores do time adversário se aproximando pelo corredor. Eles encararam as meninas com sorrisos maliciosos, mas somente Saori percebeu, já que suas duas amigas estavam focadas nos seus próprios pensamentos.

– Até que essa escola tem as suas vantagens – ouviu um dizer e revirou os olhos, voltando sua atenção para a quadra onde viu Hideo lhe encarar de forma estranha.

– Não também podemos dizer que nossos adversários não são nada maus – ouviu Mizuki dizer, chamando atenção de alguns garotos que resolveram ficar por ali e tentar se aproximar de algumas meninas.

Saori teve vontade de sacudir a ruiva por ter feito aquela idiotice, mas preferiu ignorar aquilo tudo, estava mais preocupada em respirar fundo e se acalmar. Puxou a blusa para baixo, como se fosse conseguir aumentá-la de uma hora para outra, mas logo foi tirada de seus pensamentos ao sentir alguém tocar o seu ombro. Um dos garotos da escola adversária sorria de forma afetada para si e ela arqueou uma sobrancelha, olhando de relance para a mão dele pousada em si.

– Está nervosa gatinha? Podemos ir juntos relaxar um pouco ali atrás – e apontou para uma saída lateral da quadra com a cabeça. Saori bateu na mão dele, afastando-o de si, e com cara de poucos amigos respondeu:

– Vai se ferrar! – o rapaz franziu o cenho com a recusa, mas não se abalou, pelo jeito era o típico garoto que não estava acostumado a levar um fora. Suspirou, conhecia outro que também era assim, e eles terminaram juntos por causa disso.

– Qual é? Aposto que não vai se arrepender – disse e Saori o observou por um momento, cabelos castanhos claros, olhos verdes, corpo atlético, era um rapaz bonito, observou, mas tinha alguma coisa nele que a fazia querer socá-lo, talvez fosse aquela mão boba que insistia em voltar para o seu ombro.

– Já estou arrependida, com licença! – e mais uma vez se afastou para ficar ao lado de Akane e Hana.

–*-

Os punhos cerrados denunciavam a raiva que sentia. Tentava respirar fundo, pois sabia que se fizesse alguma coisa Saori iria brigar com ele, mas como ele podia ficar calmo depois de ver um sujeitinho tentando flertar com ela? Ele tinha ido tão feliz de poder ver a namorada, ainda mais porque a veria com um daqueles uniformes de torcida, mas agora se arrependia amargamente de não a ter impedido de vestir aquilo. Sua única fonte de alegria era o fato de que também podia presenciar sua namorada dar todos os foras naqueles caras, de maneira nada sutil, diga-se de passagem. Ah, mas se pudesse ele mesmo daria um jeito de afastar aqueles cretinos de perto dela.

– Vai quebrar os dentes assim – ouviu Daisuke pronunciar ao seu lado e foi então que percebeu que trincava os dentes com força.

– Esses idiotas que ficam se engraçando para a sua irmã – disse emburrado e Daisuke arqueou uma sobrancelha. – O que foi?

– Apenas não imaginava que algum dia te veria com ciúmes de alguma garota – respondeu dando de ombros e voltou a observar a irmã que parecia prestes a bater em um dos garotos perto dela. Suspirou, esperava que ela se comportasse.

– Não estou com ciúmes! – retrucou Hideo e o olhar descrente de Daisuke fez o loiro corar de vergonha – É verdade! Só não gosto de ver Saori ser importunada por esses caras chatos, daqui a pouco isso vai dar confusão e vai sobrar para ela. Só quero evitar problemas. – justificou e Daisuke teve vontade de rir da cara do amigo.

– Claro, porque ela só pode ser importunada por você, não é?

– Claro... hey! – disse ao se dar conta do que acabara de falar – Mas pensei que você era quem ficaria com ciúmes da Saori por ela estar... bem... – pigarreou ao examinar novamente a roupa curta e colada da namorada, que deixava as suas pernas e uma parte da barriga a mostra, e ao voltar-se para Daisuke o encontrou com o cenho franzido - ...hã... diferente com essas roupas.

– No momento a minha maior preocupação é outra – disse entredentes, não gostando da insinuação do amigo que fingiu não perceber.

– O quê? – indagou, mas antes que Daisuke pudesse responder, foi interrompido pela mãe que gritava a plenos pulmões.

– Vai lá Saori! Você consegue filha! Arrasa! Shanaroo! – Sakura torcia pela filha que apenas havia se posicionado perto da arquibancada e agora tentava disfarçar a vergonha, dando um pequeno aceno para a rosada.

Hideo não pode evitar rir ao ver a namorada sem graça assim como Daisuke que tentava se afastar da mãe que continuava a gritar ao lado do pai que nem ao menos se importava com aquilo, provavelmente já estava habituado.

– Bom, você não é o único que passa por essas coisas. E no meu caso é um pouco pior – disse para o Uchiha antes de apontar para o pai que também começava a gritar:

– Tenshi! Papai te ama! Acaba com eles ‘ttebayo!

– E o pior nem é isso – Hideo continuou a dizer enquanto apontava para irmã que acenava de forma efusiva e gritava de volta um “Eu também te amo papai! Vou deixar você orgulhoso!”. – Então eu já estou acostumado com essas situações – deu de ombros e Daisuke não pode evitar rir ao ver que o amigo estava certo, a família Uzumaki sempre seria a mais chamativa de todas.

–*-

– Hana, acho que já chega – Saori falou com um sorriso forçado, queria que tudo acabasse logo e sua mãe, Naruto e Hana parassem de berrar. – Os jogadores vão entrar... – disse para chamar a atenção da Uzumaki que se voltou para a quadra.

– Ah é mesmo! Vamos lá! – e chamou as outras garotas do time.

As líderes do time adversário recebiam os jogadores da outra escola, e quando chegou a vez delas, Saori foi a primeira a perceber quem estava entre os jogadores. Ficou tão surpresa que nem foi capaz de executar os movimentos, não que se importasse muito com isso. E logo cutucou Akane que parou para saber o que havia acontecido. Se Saori havia ficado surpresa, Akane praticamente deixou cair os dois pompons que segurava no chão ao vê-lo. O que Ichiro fazia com o uniforme do time de futebol?

– Mas o que... – Akane nem foi capaz de terminar de falar antes de correr em direção ao ruivo – O que... o que está fazendo aqui?

– Eu queria conversar com você...

– Mas porque está vestido dessa forma? – interrompeu o namorado que parecia sério demais. Ichiro suspirou como se reunisse forças e a perolada prendeu a respiração.

– Eu tomei uma decisão, Akane – o ruivo a ignorou e encarou a namorada que temia pelo pior – Eu ainda não gosto de te ver vestida dessa forma...

– E-Entendo... tu-tudo bem... eu... hã... – novamente o cortou sem saber ao certo o que falar. Ele iria terminar com ela, mas ela não queria isso. Não sabia como agir, ou o que dizer, era para ela aparentar não se importar ou devia pedir para ele reconsiderar? Seu peito doía e a única coisa que conseguia fazer era evitar que lágrimas irrompessem pelo seu rosto. – É-É... melhor eu ir agora... – falou baixinho, virando-se para ir embora. Não suportaria ficar mais tempo ali, preferia adiar aquele momento mesmo que estivesse dando uma de fraca.

– Não! Me escute! – pediu Ichiro, segurando o braço da menina e virando-a para si – Eu ainda não gosto de ver você assim, mas eu decidi apoiá-la, por isso... por isso resolvi entrar para o time de futebol.

– O-O quê? O que disse? – os orbes perolados estavam arregalados, ele havia dito que a apoiava? Mas qual a relação com o time de futebol? – Espera, porque entrar no time? – indagou e viu o namorado corar.

– Porque... pelo menos eu posso ficar perto de você e posso pensar que... você está torcendo somente por mim – disse envergonhado e Akane sentiu as bochechas esquentarem também – Eu sei que é meio egoísta, mas...

– É egoísta sim, mas um egoísta muito romântico, não é Saori? – Hana apareceu do nada, interrompendo a conversa dos dois.

– Acho que isso não nos diz respeito, Hana – falou a Uchiha, dando um sorrisinho zombeteiro para o ruivo que revirou os olhos, sabia que mais tarde teria que ouvir as piadinhas dela sobre isso.

– Bom, mas eles estão atrapalhando o início do jogo, todos estão ouvindo a declaração do Ichiro, é normal os outros se meterem na conversa, não é? – Hana disse normalmente, chamando a atenção do casal que somente agora se tocou que era alvo dos olhares de todos na quadra, inclusive dos seus pais, Ambos coraram de vergonha.

– Acho melhor conversarem depois, você tem um jogo para ganhar – Saori disse risonha a Ichiro e se afastou com Hana que protestava por não saber o final da conversa.

– Bom, eu tenho que ir agora... – murmurou o ruivo e virou para ir para o lado dos colegas de time, mas ele ainda conseguiu ouvir a resposta da namorada.

– Eu... eu sempre vou torcer por você – e ao dar meia volta viu o sorriso tímido de Akane antes dela correr para as amigas. Talvez as coisas pudessem ser resolvidas entre eles.

–*-

Entretanto quando o jogo começou qualquer clima ameno e agradável foi substituído pela tensão e competitividade entre os dois times adversários. O time do Gaiken se mostrava feroz e atacava a escola Yobi High que também parecia disposta a ganhar aquela partida, tanto que passou a utilizar da força para alcançar aquele objetivo.

– É impressão minha ou esse jogo de futebol está parecendo uma luta? – Saori indagou ao lado das amigas ao ver a forma como um dos alunos da Yobi roubou a bola de um jogador do Gaiken.

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– Eles estão exagerando nessa história de rivalidade – Hana murmurou e Saori ficou curiosa.

– Do que está falando?

– Ah! Esqueci que você está a pouco tempo no colégio – Hana disse sorrindo de forma apologética para ela antes de continuar – A Yobi e o Gaiken tem um grande histórico de rivalidade, ninguém sabe ao certo como isso começou, mas eles sempre disputam tudo, desde garotas, estudos até campeonatos.

– Isso não é um pouco idiota? – Saori questionou, afinal aquilo não fazia sentido. Uma rivalidade sendo que eles nem sabiam o motivo? Às vezes achava que esse povo rico inventava motivos para se distrair.

– Um pouco – respondeu dando de ombros – Mas eu também não quero perder para eles – afirmou antes de voltar a levantar os pompons para animar os jogadores do Gaiken e Saori revirou os olhos.

Continuou assistindo o jogo tentando entender o motivo de tanta agressividade, mas logo passou a se irritar ao ver aquele jogo se transformar em um campo de batalha, onde apenas os jogadores do Gaiken eram penalizados pelas faltas graves. Em um determinado momento, até o treinador do time, Gai, havia sido expulso pelo juiz por se exaltar, mas até ela estava ficando inconformada ao ver seus colegas apanharem. Estava tão concentrada em ver a discussão do juiz com o treinador que somente ouviu o barulho de algo indo de encontro ao chão e em seguida um grito de dor. Virou-se bem a tempo de ver Ichiro segurando a perna com força, se contorcendo em agonia.

– Ichiro-kun! – Akane gritou, correndo em direção ao namorado que já era cercado por várias outras pessoas.

Saori e Hana seguiram a amiga enquanto um pequeno alvoroço começava sobre o que havia acontecido.

– Ele caiu sozinho, isso é blefe – ouviu o garoto que tinha dado em cima de si dizer, fazendo pouco caso.

– Você é cego ou o quê? Não vê que ele se machucou? – Saori retrucou irritada, apoiando Ichiro junto de Akane e com Hana ao seu lado.

– Foi esse maldito que me derrubou, me passou uma rasteira e pisou em cima da minha perna de propósito – vociferou o ruivo que foi segurado com mais força pela namorada.

– Ichiro-kun, não! A sua perna está machucada, precisa de um médico! – a Hyuuga se apressou em dizer, estava preocupada com o estado dele.

– Não me incrimine! Eu não fiz nada e se ninguém viu, não tem como provar – falou superior e Ichiro teve vontade de se soltar e bater naquele idiota.

– Como ninguém viu? Eu vi! – o Sabaku bradou de volta.

– Você pode estar inventando isso! Vocês do Gaiken fazem de tudo para ganhar! – o garoto da escola Yobi contrapôs e logo mais jogadores dos dois times começaram a discutir ao redor.

– Repita se você tiver coragem, Seiji! – ouviu um garoto do Gaiken bradar ao se aproximar.

Saori sentiu que aquilo não ia acabar bem e antes que Hana ou Akane se machucassem, pois as três eram as únicas garotas ali no meio, fez Hana ficar em seu lugar e as mandou saírem com Ichiro, enquanto abria caminho entre as pessoas.

– Itai, você me pisou, sua louca – ouviu o mesmo rapaz que havia machucado Ichiro e lhe perturbado, Seiji, bradar contra si e Saori sorriu de forma zombeteira antes de dizer:

– Não me incrimine. Eu não fiz nada e se ninguém viu, não tem como provar – repetiu as mesmas palavras que o garoto antes de afastá-lo para que os amigos passassem.

– Vadia, ainda me paga – ouviu ele reclamar e Saori teve que respirar fundo para não voltar e dar um soco na cara dele, realmente aquele cara era irritante.

Quando saíram de perto do rebuliço, levaram Ichiro para a enfermaria e Saori ainda viu o juiz começar a despejar cartões e várias outras pessoas intervirem para evitar uma briga. Quem diria que um jogo poderia ser tão violento assim? Logo Ino e Gaara também apareceram para ver o filho, junto com Tenten e Neji. Como a enfermaria começou a lotar de gente Saori preferiu sair com Hana e aguardar do lado de fora, foi quando seus pais, seu irmão e Hideo também surgiram.

– Vocês estão bem? – Sasuke indagou e ela sabia que ele estava examinando-a para ver se tinha algum machucado. Revirou os olhos e sorriu para Sasuke que relaxou.

– Sim – Saori respondeu e se virou para Sakura – Oka-san, a senhora pode dar uma olhada no Ichiro?

– Claro – e em seguida entrou na enfermaria. Ainda conseguiram ouvir os lamentos de Ino e como tinham machucado o seu “bebê”, mas Sakura tratou de tranquilizar a amiga com a ajuda de Gaara.

– Que confusão – Daisuke se manifestou ao lado da irmã que apenas aquiesceu – Nem acredito que você não tenha se metido nisso tudo – disse e Saori franziu o cenho para o mais velho.

– O que quer dizer?

– Não liga para o seu irmão, gatinha – Hideo disse ao colocar a mão no ombro da namorada, tentando evitar mais uma briga.

– Quis dizer que você sempre está envolvida nessas coisas – mas Daisuke parecia gostar de perturbar a mais nova.

– Oe...

– Eu também estou surpresa, por um momento pensei que você fosse bater no tal do Seiji do outro time – Hana a interrompeu e Saori bufou inconformada.

– Vontade não me faltou – disse irritada – Mas eu sei quais brigas eu devo entrar e naquele momento era mais importante tirar o Ichiro dali antes que ele se machucasse mais – explicou.

– Acho melhor evitar qualquer tipo de briga, mocinha, isso sim – Sasuke a avisou e Saori encolheu os ombros, até seu pai achava que ela sempre arrumava encrenca.

– O que vai acontecer com o jogo agora? – indagou querendo mudar de assunto.

– O juiz resolveu fazer um intervalo, não se preocupe – Sasuke lhe respondeu e em seguida se voltou para a enfermaria ao ver a esposa saindo dali – Então, como ele está?

– Parece que Ichiro não fraturou a perna, mas acho melhor Ino vai levá-lo para fazer um raio-x para termos certeza – respondeu ao marido que aquiesceu – Agora é melhor voltarmos para a quadra, as enfermeiras estão fazendo os primeiros socorros, não podemos fazer mais nada, vamos deixá-los a sós – disse olhando para os menores que concordaram.

–*-

Dez minutos depois Saori viu Ichiro sair apoiado no braço de Gaara enquanto Ino ia do outro lado, sendo seguidos por Akane e os pais, com certeza estavam indo para o hospital. Olhou ao redor e viu que as coisas pareciam estar mais calmas agora, não havia mais brigas, apesar do clima ainda estar pesado. Se ela fosse o juiz com certeza daria o jogo por encerrado, para ela não havia mais condições de ter um jogo, mas não era isso que iria acontecer. Dentro de mais dez minutos o jogo iria recomeçar e ela torcia para não haver mais problemas. Observou Hana andar de um lado para o outro e suspirou, levantando-se do banco onde estava, para ir em direção a loira.

– O que foi agora? – indagou para a garota que tinha os olhos arregalados.

– Não acho a Mizuki!

– E isso não é algo bom? – brincou a morena, mas ao ver o rosto franzido de Hana, pigarreou – Quero dizer, ela deve ter ido espairecer por ai, daqui a pouco está de volta.

– Mas Saori, vamos nos apresentar em seguida e sem a Akane-chan, nós não podemos deixar que mais ninguém desfalque o time – disse nervosa. Saori bufou ainda tinha essa apresentação, havia se esquecido disso.

– Tudo bem, vamos procurá-la, não se preocupe – afirmou.

Para serem mais rápidas decidiram se separar, então Hana iria averiguar os vestiários e as dependências dentro da escola e Saori iria ver se a ruiva estava do lado de fora. Saori não tinha a menor vontade de fazer aquilo, mas Hana tinha tido muito trabalho para fazer aquela coreografia para as líderes, ela havia realmente se esforçado naquilo e no final as coisas não estavam saindo da forma como a loira pensava que seria. Então a única coisa que podia fazer era tentar salvar o resto da apresentação de Hana e evitar mais problemas.

Saori saiu do colégio tentando enxergar algo no meio daquele breu. O jogo havia sido marcado para a noite e mesmo com a lua brilhando no alto ainda era difícil ver algo com clareza. O colégio ficava tão estranho daquela forma, tão silencioso e tão... medonho. Sentiu um arrepio cruzar a sua espinha com um mau pressentimento, mas balançou a cabeça para afastar qualquer pensamento ruim.

– Não... eu nunca fui medrosa, sempre passei por lugares assim ou até piores, não vou dar uma de medrosa! Não vou! – dizia para si mesma enquanto se forçava a andar.

Estava na parte de trás do prédio onde ficava a quadra coberta, ali havia um pátio cercado por um jardim com grandes árvores, perto do portão de saída, e Saori pensou que se Mizuki tivesse saído, então deveria estar perto dali. Andou calmamente, atenta a qualquer sinal da ruiva quando ouviu um gemido que a fez estancar. Mais a frente ela pode distinguir dois vultos grudados na parede e ficou irritada ao ver que era Mizuki ali, agarrada a um rapaz, enquanto ela e Hana a procuravam feito loucas. Bufou irritada, pronta para deixar a ruiva para trás quando ouviu outro murmúrio.

– N-Não... c-chega – a voz de Mizuki parecia um pouco nervosa.

– Qual é? Você topou vir aqui comigo – o rapaz disse e Saori reconheceu a voz, era aquele tal de Seiji, e ela se perguntou qual o problema daquela cenoura ao ficar com um cara como aquele?

– S-Sim, mas já chega, né? Você disse que queria me pedir desculpas pelo seu comportamento no jogo e eu já aceitei, agora vamos – tentou afastar o rapaz de perto de si, mas ele apenas a imprensou mais na parede – S-Seiji-kun...

– Você não vai me deixar assim, não é? Seja uma boa vadia e termine o que começou – disse com um sorriso e Mizuki ficou furiosa.

– Eu não sou uma vadia! Me solta! – gritou tentando sair do enlace do rapaz que apenas ria da ruiva.

– Como não? Você ficou praticamente se jogando para cima de mim desde o início do jogo, era isso o que queria, não é? Então, aqui estou, vamos aproveitar esse intervalo – disse ao forçar a garota a beijá-lo.

– Não! – tentou repeli-lo enquanto sentia-o agarrar o seu peito com força – Pare! Por favor, pare! – gritou, sentindo as lágrimas caírem pelo rosto, ela não queria aquilo.

– Pare com isso, não tem ninguém aqui, gritar só vai me irritar, porque não facilita as coisas? Tenho certeza que vai gostar – sussurrou enquanto mordiscava o pescoço de Mizuki que apenas voltou a chorar e espernear.

– Por favor, não... – murmurou mais uma vez, e fechou os olhos com força ao sentir ele colocar a mão dentro da sua saia, mas súplicas não o impediriam agora.

– Oe, ela disse não, idiota! – ouviu outra pessoa se pronunciar e ao se virar para ver quem estava o interrompendo sentiu um punho colidir com o seu rosto e ele cambaleou para trás – Mizuki, Mizuki, você está bem, Mizuki? – sacudia a menina que parecia em estado de choque.

– Sa... Saori? – questionou ao sair do torpor e reconhecer a garota – O quê? – e ao ver o rapaz longe de si apenas abraçou a morena enquanto chorava copiosamente.

Não era intenção de Saori atrapalhar Mizuki de ficar com alguém, não ligava para a ruiva, mas quando a Uchiha ouviu os protestos dela, entendeu que o quer que estivesse acontecendo não era consentido. Ficou um pouco desnorteada e sentiu suas pernas tremerem, estavam tentando estuprar Mizuki. Por um momento ficou sem reação, lembrou-se de Hoshi e Isao e como eles também tentaram lhe estuprar quando morava nas ruas, lembrou-se do pavor que sentiu e ouvir as palavras daquele garoto e as súplicas de Mizuki não estavam ajudando em nada para tranquilizá-la. Forçou as pernas para dar meia volta e chamar alguém, mas não conseguiu. E se fosse tarde demais? E se a ajuda não chegasse a tempo?

Foi quando Saori se tocou que ela era a própria ajuda. Ela era a única ali que poderia evitar que algo acontecesse com Mizuki. Fechou os olhos com força, não poderia sair dali e deixá-la sozinha. Lembrou-se da sorte que teve quando aquele policial apareceu, mas foi por tão pouco, ela não queria que mais ninguém passasse por aquilo e se ela pudesse impedir, então o faria. Foi assim que seu medo logo se transformou em raiva e se aproximou do rapaz que parecia ocupado demais para perceber sua presença. Ela viu as lágrimas de Mizuki e seu sangue ferveu mais ainda, como alguém podia ser tão baixo assim? A próxima coisa que fez foi chamar a atenção de Seiji e em seguida desferir um soco no rosto dele.

– Tudo bem, calma – Saori dizia para Mizuki que não a soltava, mas ela precisava largá-la e elas precisavam sair dali o quanto antes – Mizuki, se acalme! – aumentou o tom de voz, chamando a atenção da ruiva – Vamos sair daqui agora.

– Não vão não. – Seiji disse limpando o nariz que sangrava – Maldita, olha o que fez? – e em seguida sorriu ao ver a ruiva se encolher atrás da morena – Eu me lembro de você... se arrependeu de me dar um fora e ficou com ciúmes da amiguinha? – indagou e Saori o fuzilou com os olhos.

– Não seja idiota! É claro que não, eu tenho é nojo de caras como você – retrucou ficando a frente de Mizuki que tremia atrás de si.

– Nojo? Sua amiga não deve concordar já que ela e eu estávamos no maior amasso.

– E-Eu pedi para que parasse – justificou Mizuki, mas ao vê-lo lhe encarar, desviou o olhar com medo.

– Você é um babaca se precisa pegar uma menina a força, tudo isso é falta de confiança ou falta de cérebro? Ou talvez o problema seja com o seu amiguinho – Saori revidou, dando-lhe um olhar debochado e Seiji ficou sério, não gostando do que foi dito.

– Você realmente é muito abusada garota, eu devia dar uma lição em você, nas duas – e olhou para Mizuki que voltou a chorar.

– Dê um passo que eu acabo com você – vociferou e em seguida se voltou para Mizuki – Vamos embora – disse de forma calma, segurando-a pelo braço, mas Seiji logo se interpôs no caminho.

– Já disse que não vão passar daqui! – disse ficando de frente para as duas garotas.

Saori tentou correr com Mizuki, desviando-se dele, mas ele agarrou o braço da ruiva que gritou e Saori voltou a atacá-lo, só que dessa vez ele conseguiu desviar e lhe empurrou para o chão.

– Fique quietinha ai que eu vou acabar com a sua amiga primeiro – ele disse para uma trêmula Mizuki enquanto se aproximava de Saori e chutou sua barriga, impedindo-a de se levantar.

Saori arfou em busca de ar e golfou um pouco de sangue, mas não teve tempo de se recuperar pois seu cabelo foi puxado com brutalidade para cima. Ele a virou de costas para si, prendendo-a com o braço. Saori olhou para a ruiva que se mantinha assustada sem saber o que fazer, estava em estado de choque, então cabia somente a ela fazer algo para conseguirem sair daquela situação.

– Não é tão valente agora, não é? – zombou e Saori sorriu como resposta, algo que surpreendeu Mizuki, como ela sorria em uma situação dessas? Em seguida a ruiva apenas viu o cotovelo de Saori acertar com força a barriga do moreno, soltando-a.

– Sempre sou valente com covardes como você – desdenhou e em seguida Saori ajudou Mizuki a se levantar – Corre agora! – mandou.

– M-Mas e você? – indagou para a morena que arqueou uma sobrancelha.

– Eu estarei logo atrás – sorriu – Então corra logo e chame ajuda – mandou novamente. Mizuki tentou questionar o porquê de ter que pedir ajudar se ela estaria junto de si, mas ao ver Seiji se levantar apenas fez como Saori disse, deixando a morena sozinha que nem ao menos tentou correr.

– Droga! – gritou ao ver que a ruiva tinha escapado. Se ela o denunciasse... não podia nem pensar nisso, então começou a correr atrás da garota, mas Saori o segurou. Ele tentou se desvencilhar dela e acabou rasgando uma parte da blusa da garota, deixando um ombro à mostra – Saia da minha frente!

– Não! – bradou de volta. Ela tinha que segurá-lo. Ela já tinha se arrependido desse plano, mas o que mais poderia fazer? Mizuki não tinha condições de continuar ali e se ficasse não conseguiria nem ao menos se mexer, mas se ela escapasse e chamasse alguém... era mais certo de ter alguma ajuda, então Saori só tinha que distrai-lo até chegarem reforços.

– Ora sua... – bradou e empurrou a menina com força, mas dessa vez ela não caiu sozinha, pois conseguiu dar uma rasteira no garoto que foi de encontro ao chão – Vadia! – gritou.

– Covarde! – disse ao se levantar, seu corpo tinha alguns arranhões e de sua boca saía um pouco de sangue, mas ela não desistiria – Não pense que vou deixar você fazer o que quiser comigo! – e ao ver o garoto se levantando , socou-o mais uma vez – Isso é por Ichiro...

– Quando eu te pegar... – rosnou enquanto segurava o rosto com uma mão e a outra buscava apoio no joelho. Os olhos de Saori faiscaram de raiva, ele não desistia nunca?

– ... E isso é pela Mizuki! – disse antes de chutar bem no meio das pernas do rapaz que se contorceu de dor – Espero que nunca tenha filhos, bastardo! – e cuspiu um pouco de sangue no chão, sentindo-se ofegante.

Suspirou de alívio ao ver que Seiji estava estático, parecia ter desistido de lutar, apoiou as mãos nos joelhos para tentar se recuperar e olhou na direção que Mizuki saiu, porém aquilo foi um erro. Em um momento estava de pé e no outro estava no chão, com o garoto em cima de si.

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– Você quer tanto assim ficar no lugar da sua amiguinha? – disse, mas Saori ainda estava meio tonta por causa da pancada para responder – Tudo bem, então. Eu vou te castigar, mas só porque eu gostei mais de você – e seguida passou a mão no ombro nu da garota que se arrepiou.

– Me solta, idiota! – e começou a esmurrá-lo, a fim de que se afastasse, mas Seiji já estava cansado daquela revolta, então esbofeteou a garota, sacudindo-a com força e prendendo os braços dela.

– Cala a boca! Eu disse que você iria me pagar, não é? – e levou a mão até a calça a fim de desabotoá-la, mas Saori não permitiu, a todo instante se movimentava, então novamente sentiu o rosto arder e ficou zonza.

Sentiu os olhos marejarem e se perguntou se Mizuki não chamaria ninguém, será que ela seria capaz de lhe abandonar? Deixá-la no seu lugar com aquele nojento? Ela havia escapado de tanta coisa enquanto estava nas ruas, não imaginava que algo assim pudesse acontecer consigo quando finalmente as coisas pareciam estar indo bem. Imaginou Hideo e como ele reagiria ao vê-la sendo tocada por outro. Não! Não queria que isso acontecesse consigo! Debateu-se mais uma vez, o medo e o desespero falando mais alto, quando o peso que sentia em cima de si desapareceu.

Levantou-se atordoada apenas para ver um homem de moletom e boné espancar Seiji sem parar. Ela não conseguia ver quem era, mas ele parecia furioso pela forma como socava o garoto que não oferecia mais resistência, provavelmente tinha perdido a consciência. Saori não gostava de estupradores, mas ela não queria ver mais ninguém morrendo na sua frente e, se aquele homem não parasse, era isso que iria acontecer então, juntando todas as suas forças, levantou-se e gritou para o homem:

– Pare! Vai matá-lo! – ela realmente pensou que aquilo não funcionaria afinal o desconhecido parecia fora de si, mas ele simplesmente parou e virou o rosto para ela.

Como ele estava contra a luz da lua, ela não conseguiu enxergar quem era, mas ele devia ter uma bela visão do estrago em que se encontrava. Seu cabelo comprido estava solto e um pouco desgrenhado, suas roupas estavam amassadas e um pouco rasgadas e alguns hematomas e arranhões estavam espalhados pelo corpo, fora o pequeno rastro de sangue que podia ser visto na sua boca. Mas naquele momento ela não se importou com isso, ela apenas ficou curiosa para saber quem era o seu salvador.

O homem a encarou por mais um instante antes de se virar e caminhar para longe de Saori. Ele iria embora assim? Sem nem ao menos dizer nada? O que ele estava fazendo ali? Por que a salvara? Será que a conhecia? Será que conhecia Seiji e queria um acerto de contas? Imaginou milhares de possibilidades, mas não tinha uma resposta, então resolveu arriscar:

– Espere, quem é você? – indagou, mas o estranho não parou de andar o que só desesperou ainda mais Saori até que um nome cruzou a sua mente – Itachi, é você? – e como se tivesse levado um choque o homem parou e a olhou por cima do ombro. Ela tinha acertado? – É você, Itachi? Você me salvou? – tentou mais uma vez ao dar um passo para mais perto dele.

Viu que ele abria a boca para lhe responder e Saori cerrou os olhos tentando ter algum vislumbre da feição dele, mas antes que qualquer coisa fosse dita, ouviu o grito de seu pai e instintivamente virou a cabeça somente para ver sua diretora, seu pai, seu irmão, seu namorado e mais algumas pessoas, incluindo policiais, correrem até si. Pelo jeito Mizuki realmente fizera a sua parte, ela não a abandonara e chamara por reforços.

Olhou novamente para frente a fim de falar com o estranho que a salvara, mas ele não estava mais ali e Saori começou a olhar em volta, a procura dele. Por que ele havia sumido? Será que era realmente Itachi? Isso explicaria o fato de tê-la salvado e ter fugido sem deixar pistas, afinal seu pai não podia vê-lo, mas porque ele não lhe respondeu?

Enquanto via sua família se aproximar ela tentou organizar os pensamentos e ela se deu conta de algo ao ver o garoto desacordado perto de si. Com certeza diriam que havia sido ela quem havia o nocauteado, apesar dela ter contribuído para o estado do rapaz, e com certeza, agora, seria impossível contestar quando dissessem que ela vivia arrumando confusão ou se defender dizendo que não brigava mais no colégio. Passou a mão pelos cabelos para tentar organizá-los e suspirou ao ver a cara nada amistosa do pai, do irmão e do namorado. Ela teria muita coisa para explicar.