Sonho x Realidade

Capítulo Trinta e Oito


Diego

Tommy, estou com medo, tem algo errado neste lugar... — disse a mulher.

— Calma, pode confiar em mim, ficará tudo bem. —afirmou o homem também assustado, mas se esforçando ao máximo para esconder isso.

— É claro que tem algo errado, é uma casa vazia no meio do nada. Que filme idiota...

Passei a mão pela cama tentando achar meu celular, mas sem tirar os olhos daquele filme que de terror não tinha nada, pelo contrário, estava até engraçado... Ao encontrar olhei a hora.

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Já se passou cinquenta minutos e ela ainda está lá, garota tonta.

Levantei-me da cama e fui até a porta do banheiro, tentei escutar alguma coisa e nada— Ei—bato na porta.

Novamente aproximo meu rosto a porta, não escuto nada, será que ela ainda tá aí? Mas não é possível, se tivesse saído eu teria visto, ou escutado alguma coisa— Ei, Erika— bato novamente, dessa vez com mais força.

Quando estava prestes a bater uma terceira vez a porta se abriu bruscamente deixando a mostra a figura emburrada dela junto com todo o vapor quente que estava preso lá dentro— O que você quer? — perguntou ríspida.

— Como assim o que eu quero? Saia daí. — quem ela pensa que é, essa atitude esta me irritando.

Ela fitou-me com aqueles olhos grandes e furiosos e saiu andando me virando as costas, voltei para quarto pensando em como poderia fazê-la pagar por esses aborrecimentos— Qual o teu problema, paspalha? Não me diga que está naqueles dias?

Isso seria um saco.

Ela continuou em silêncio, sentou-se no tapete olhando para a sacada como se eu não estivesse ali também, fui até ela parando em sua frente— Você... Quer mesmo me irritar?

— Me deixa.

Essa garota, desde o momento em que deu um tapa na minha mão esta agindo estranho, mais estranho que o normal, talvez o que eu disse a tenha assustado, o assunto sobre dormir comigo.

Ah deve ser isso... Lidar com virgens é sempre problemático.

— Se está assim pelo que eu disse, sobre dormirmos juntos. Pode ficar tranquila, não tenho interesse em você. — falei deitando novamente. Talvez isso a faça relaxar um pouco.

— Não seja ridículo, sendo verdade ou não isso não iria acontecer. — afirmou indiferente.

— Sei... — esse filme é mesmo uma porcaria. —Me diz uma coisa, já esteve com alguém antes?

Desviei minha atenção da tv de volta para ela, agora me encarava com aquela expressão desconfiada como sempre fez, mas ao mesmo tempo sentia que já estava mais tranquila. Isso é bom, hora de tirar algumas informações dela. — Que tipo de pergunta é essa? Ou melhor... Por que quer saber? — indagou desconfiada.

— Isso não te interessa, apenas responda logo, eu tenho meus motivos.

— E eu tenho os meus para não te responder. — retrucou insolente.

Joguei o controle da tv sobre a cama e levantei-me em direção a ela, que também se levantou projetando seus punhos cerrados frente ao corpo, isso quer dizer que pretende “lutar” comigo?

Essa vai ser difícil de aprender... Devo estar sendo muito gentil com ela.

— Pensa que assim vai conseguir se proteger? — sorri ironicamente— Estou sendo legal, apenas quero fazer algumas perguntas e espero respostas, não é capaz de fazer isso? — perguntei fitando-a seriamente.

— Se já estive com alguém... Quer saber se já tive namorado? —falou por fim.

Sorri calmamente afirmando com a cabeça— Sim, já tive um namorado. — disse abaixando os braços.

— Ohh isso é uma surpresa, alguém como você... — realmente uma surpresa, devo admitir.

Ela me encarou seguindo em minha direção, abaixou-se ao lado da cama e levantou o colchão. Mas que droga é essa?

— Escondeu comida aí? — falei ríspido.

Que garota esquisita, agindo feito uma pirralha. Talvez sua mente não acompanhe a idade que tem.

— Você tinha, no passado, o que houve com ele? Por que terminaram? — permaneci onde estava, observando cada movimento.

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— Coisas aconteceram— disse indiferente voltando a comer— Não importa o que faça, isso não vou falar.

— Que seja... — isso não é tão relevante— Me fale mais sobre você. — sorri.

Quanto mais informações obter melhor poderei lidar com toda essa rebeldia, conheça bem o seu amigo, e melhor ainda seu inimigo, essa garota já se mostrou indiferente aos meus “encantos básicos”. Bom, isso até eu decidir jogar pra valer.

— Por que está rindo feito um bocó? — questionou com a boca cheia.

— Não fale com a boca cheia, isso é nojento— voltei a deitar— Assim só torna mais difícil...

Como posso dar em cima de uma garota tão estranha e sem atrativo algum?

— O que se torna mais difícil? — disse mostrando a língua preta com pedaços do pão de mel que comia.

Bom, vejamos o que temos aqui, olhando pra ela dos pés a cabeça em busca de algo interessante, um corpo magrelo e esguio, pálida quase transparente, com o cabelo sem nada de especial, olhos grandes de cachorro pidão e o sorriso... Espera, pensando nisso acho que nunca a vi sorrindo de verdade, apenas sorrisos tortos de sarcasmo— Por que não sorri para mim?

— Você não me dá motivos, muito pelo contrário— deu de ombros abrindo o outro pão de mel— Tá estranho, o que pretende com essas perguntas bestas?

Novamente o olhar desconfiado e arisco, isso até parece um pouco atraente, como uma fera selvagem pronta para atacar a qualquer momento, se fosse comparar diria que ela é bem parecida com um lobo, o cabelo é sua pelagem dourada e eriçada, os olhos grandes e famintos, sempre em busca de algo para comer...

— Para de me encarar desse jeito— bufou irritada— Isso me dá calafrios, idiota.

Sim, é verdade!

Ela é um lobo presa em corpo humano, seus instintos sempre predominam o seu bom senso como pessoa, por isso vive comendo e emanando tanta hostilidade, mas que no fim acabou sendo dominada, mesmo às vezes resistindo contra minhas ordens, no final consigo subjugá-la.

—Faz todo sentido, haha. — não pude conter o riso, isso tudo é engraçado. — Bom, vamos direto ao script.

— Como assim?

— Quando chegarmos em casa meus pais farão perguntas, o que dirá a eles?

— Que você é um retardado que só me mete em encrencas, sempre fazendo as coisas sem pensar nas consequências, que estou cansada disso e quero ir pra casa? — pausou encarando-me— Ah quase me esqueci, que faz da minha vida um inferno.

— Você dirá a eles— continuei, a ignorando— Que fomos a uma festa na praia, que passamos a noite apreciando um show, e quando demos por conta já havia amanhecido. Então eu decidi a levar para um café da manhã incrível e romântico, por isso chegamos a essa “hora”. — terminei fitando-a.

— Ou seja, pura lorota. — retrucou.

— Se lembra de tudo ou preciso repetir? — perguntei com desdém— Nenhum de nós está feliz aqui, sua paspalha, era para eu estar com aquela morena aproveitando o resto da minha noite... E olha só, acabei em um motel com a garota fominha e antipática. — suspirei decepcionado.

— Ai que pena de você, Dieguinho— disse sarcástica— Pois se está tão infeliz em como as coisas acabaram, isso me deixa contente, você merece coisa muito pior. —afirmou desafiadora.

Passei a mão por um dos travesseiros e joguei com força na cara dela, que não se moveu um centímetro me encarando com um olhar diabólico.

Assim é bem melhor... Me divirta.

[...]