Acordei mais tarde sozinha na cama, estava enrolada nos lençóis, inconscientemente sorri ao me lembrar da noite passada, mas me parecia tudo tão confuso... Eu ainda não entendia como em um dia eu já podia estar na cama de outra pessoa me sentindo tão bem, com alguém que eu mal conhecia. Vesti-me rapidamente, e fui procurá-lo pela casa.

Eu não ouvi muitos barulhos, só de água corrente, provavelmente ele estava no banho. Eu estava feliz, mas muito confusa, então resolvi dar uma volta pelo bairro só para esclarecer as coisas na minha mente. Deixei um bilhete dizendo que eu tinha ido dar uma volta, não era muito bom, mas para alguém que nem sabia para onde estava indo, estava mais do que esclarecedor.

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Olhava aquele lugar, era um bairro completamente diferente do que eu morava, não reconhecia as pessoas na rua, rostos estranhos em plena manhã. Como podia me sentir bem perto de tantas pessoas estranhas? Aquele lugar me parecia como se fosse a minha casa, sentia-me confortável, feliz, e com ele eu me sentia igual, eu esperava morar ali para sempre. Eu nem tinha me tocado que já estava pensando em meu futuro com ele, e eu nem sabia se ele realmente estava sentindo o mesmo que eu. E se tudo fosse um engano? E se ele só viu em mim uma presa fácil para ter em seus braços por uma noite... Somente uma noite...

Sentia como se estivesse dividida em duas, uma parte de mim me dizia que tudo ia dar certo, enquanto a outra, falava que aquilo tudo era um engano, que eu não podia me iludir e que, com certeza, o que um cara como ele iria querer comigo? Mas como saber qual parte estaria certa? Eram tantas duvidas que minha cabeça começou a doer, e não era uma simples dor de cabeça era como se alguém tivesse me espancado! Doía muito, será que isso não seria um aviso? Se era um aviso ou não, tanto faz, mas eu precisava encontrar uma farmácia rápido.

Andei por mais um tempo, pensando que fim de mundo era aquele em que não se achava uma farmácia? O lugar era lindo e eu adorava ficar ali, mas a minha dor de cabeça não me deixava enxergar tudo aquilo. Só queria acabar com aquela dor! Depois de mais uns 20 minutos andando, achei uma farmácia, tomei o remédio e em meia hora a minha dor de cabeça já estava bem mais fraca.

Enquanto procurava a farmácia nem percebi que já se passava muito desde há hora em que eu saí de casa. Precisava voltar antes que ele desse por minha falta. Será que ele daria? Espero que sim. Dei uma corrida básica, mas consegui ficar muito suada, e senti que precisava de um banho rápido. Quando cheguei à porta do prédio, já dava graças a Deus! Quando entrei no apartamento, vi-o sentado no sofá com o copo de vodka na mão, parecia decepcionado com alguma coisa e nem percebeu quando eu cheguei. Tentei fazer o mínimo de barulho e sentei ao lado dele. Ele parecia incrédulo de me ver ali, como se eu fosse um fantasma.

- Eu sei que eu estou um pouco suada, mas também não precisa me olhar com essa cara!

- Você não foi embora?

- Por que eu iria? Eu deixei um bilhete avisando que eu só fui dar uma volta... – disse apontando para a sua mão onde ele segurava o bilhete – aconteceu alguma coisa? – ele estava chocado, tinha ficado branco.

- Pensei que nunca mais fosse te ver, pensei que pra você tinha sido só uma coisa de uma noite... Que tivesse sido somente por uma noite...

Ouvindo aquelas palavras vindas dele, percebi que ele estava tão inseguro quanto eu, dei um sorriso, ele retribuiu, e me beijou calmamente. Como eu podia ser tão desse jeito? Como não percebi que para ele, eu também era uma estranha, e que eu podia deixar ele a qualquer minuto? Estava feliz, não por ele estar inseguro, mas por saber que ele sentia o mesmo que eu. Isso já me deixava tranquila, a presença dele me deixava tranquila.

Fomos tomar café, pois eu não tinha comido nada desde que eu acordara. Eu contei sobre o meu tour pelo bairro e rimos muito, na verdade foi mais ele que riu de mim por eu ter chegado toda suada, mas eu ri junto com ele. Ele era perfeito, era gentil, fazia-me rir, era romântico e gostava de mim, isso era o principal. Ele simplesmente me fascinava, com a sua fala, com o seu jeito, e com as suas manias. Eu já estava vendo ele como se o conhecesse há anos, a nossa ligação era mais que normal, chegava a ser estranha.

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Eu não me aguentava muito perto dele, tinha que abraçá-lo toda hora, beijar ele, tinha que ter certeza que ele estava realmente ali, que tudo não passava de um sonho. Adorava sentir seu cheiro, e tudo que ele fazia só me mostrava que ele sentia a mesma coisa em relação a mim. Toda essa insegurança, toda a vontade de sentir um mais perto do outro, de saber que era real e que não acordaríamos no outro dia, sozinhos em nossas próprias camas. De repente, ele me puxou para o seu colo, enquanto eu tentava, em vão, arrumar alguma coisa na geladeira que eu estivesse com vontade de comer.

- Queria nunca mais dormir, pra esse dia nunca acabar! – ele me olhava nos olhos daquele jeito que eu adorava.

- Infelizmente, o dia tem que acabar – ele me olhou com um olhar de cão sem dono – mas enquanto isso, podemos aproveitar o dia que temos, o que iremos fazer?

- Você ainda continua sem emprego? – Na verdade não, mas eu nem me importava mais.

- Isso não importa, vamos fingir que não temos trabalho, que não temos compromissos e que não temos responsabilidades! Mas eu ainda não sei o que nós podemos fazer o resto do dia...

- Podíamos passar o dia aqui conversando, o que você acha?

- Agente podia fazer alguma coisa que nunca fazemos diariamente...

- Tipo acharmos uma estranha no terraço do seu prédio, trazê-la pra casa e ter a melhor noite da minha vida? – Nós dois começamos a rir... Isso realmente não fazia parte do meu cotidiano...

- Sem ser isso... – Ele me beijou – Queria que fosse especial... Queria que fosse um dia que sempre iremos nos lembrar... E que nunca se repetirá...

- Já sei o que faremos hoje! – Ele estava muito empolgado e com um sorriso malicioso no rosto, tenho certeza que fosse o que ele iria sugerir, seria inesquecível.