Sociedade Dark

Capítulo 11


Capítulo 11

Eu e minha mãe entramos em casa em total silêncio. Durante a volta no carro com Dimitri, ela tinha apenas falado com ele, como se eu nem estivesse presente. Aquilo me incomodou. Será que ela estava fula comigo por não ter contado logo tudo o que estava acontecendo? Ou será que ainda estava mexida por ter reencontrado Christian?

Não queria admitir, mas, desde a minha volta, eu inconscientemente tinha feitos pessoas reencontrarem pessoas que não queriam. Em parte, isso me fazia ficar culpada, mas por outro lado, eles não poderiam se evitar para sempre, certo? Afinal, Dimitri e Christina estavam a quase dois anos sem se verem. E minha mãe e meu pai há... MUITO TEMPO.

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“Jordan”

Levantei os meus olhos para minha mãe. Ela estava um pouco distante de mim, sentada no sofá em frente a lareira. Ela olhava as chamar com atenção, como se ali estivesse a resposta de todos os nossos problemas. Caminhei lentamente até ela, e me sentei ao seu lado. Seus olhos estavam mel, então ela estava vendo o futuro.

“Por que não me contou?”, ela disse baixo, mas a dor em sua voz fez com que eu me sentisse mais culpada do que antes. “Eu sou sua mãe. Posso te ajudar. Ainda mais com visões. Se você estava tendo essas visões a um tempo, poderia ter me contado, querida.”

O que eu poderia ter dito? Que não contei nada a ela porque tinha medo que chegasse aos ouvidos de Ethan? Eu pedi segredo a Christina, sabia que ela iria ficar em silêncio, mas quanto tempo iria demorar para que Ethan descobrisse? Eu não queria admitir, mas só estava adiando o inevitável. E, como eu era covarde, não iria querer que fosse muito rápido. Iria adiar e adiar, até onde eu conseguisse.

Me levantei, evitando os olhos de minha mãe e o aperto em meu estômago. Eu odiava me sentir errada quando fazia alguma coisa que as pessoas julgavam ser certas. Tinha acontecido isso quando eu contei a verdade a Ethan. Era o certo. As pessoas cansavam de dizer isso, mas ninguém esteve na minha pele. Ninguém teve que ver o ódio e o nojo nos olhos dele.

Eu tinha me cansado de fazer o certo e me ferrar.

“Não sei, mãe”, eu dei de ombros. “Medo, talvez.”, me virei, ficando de costas para ela. “Eu estou cansada. Amanhã tenho aula. Vou subir”

“Jordana...”

“Boa noite”, subi as escadas, sem realmente responder.

*************************

Desci as escadas coçando os olhos, sabendo que estava com olheiras horríveis. Meu celular? Sabe se lá, onde eu o havia posto. Já estava atrasada e aquelas visões estavam passando de benção para uma maldição, desde que não me deixavam mais dormir em paz.

Encontrei minha mãe no lugar de sempre. De costas para as escadas, sentada a mesa, com uma xícara de chá em uma mão e o jornal na outra. Ela já deveria saber que eu tinha descido, mas continuou de costas. Passei a mão por meus cabelos escuros presos e me sentei ao seu lado. Peguei o café e me servi, junto com uma torrada. Minha mãe finalmente me olhou.

“Pensei que...”

“Eu nunca tomasse café da manhã”, eu terminei a frase por ela. “Essas visões estão acabando com as minhas noites de sono. E entre ter meu estômago revirado o dia inteiro e dormir no meio na aula, a primeiro opção ganha.”

Rose assentiu em silêncio, mas observou cada movimento meu. Eu era uma bomba pronta para estourar. Meus pensamentos estavam longe e ao mesmo tempo, perto. Eu queria dizer tanta coisa, queria gritar tanta coisa. Onde estava a antiga Jordan? Aquela não ligava para o que os outros diziam? Eu tinha certeza que a antiga Jordan, na minha situação, já teria mandado tudo para o inferno, incluindo Ethan.

Minha mãe abriu a boca para dizer algo, mas eu fui mais rápida.

“Eu sei que tem um maníaco a solta e terei cuidado, Rose.”, eu suspirei e levantei o olhar para manchete do jornal. Algo dentro de mim se agitou. Um pressentimento? Não, muito obrigada. Seus olhos dilatados se arregalaram.

“Como você sabia que eu diria isso?”, nós dissemos em uníssono.

Eu me levantei sabendo que daqui a pouco instante Dimitri iria bater na porta. Peguei mais uma torrada e a minha mochila. Minha mãe iria levantar, então eu parei.

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“Vocês não tinham dúvidas das minhas visões porque nenhuma delas aconteceu?”, eu disse e indiquei para o espaço a nossa volta. “Eu sonhei com isso hoje. Bem, não foi sonhar. Já que aconteceu. Bom dia, Rose.”

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, eu fui para a porta. No momento em que a abri, encontrei Dimitri com o punho levantado, pronto para bater na porta. Ele olhou para baixo, para mim e sorriu.

“Adiantada, baixinha.”

“Vamos logo, Dimitri.”, eu disse rude. “Vai ser um longo dia.”

“Visão?”, ele perguntou andando comigo até o carro.

“Visão”

**************************

“Eu ainda não acredito que você está tendo visões”

“Annice, fale baixo”, eu reclamei.

Estava andando pelo corredor, com Annice e Drake. Eu ainda estava um pouco confusa e envergonhada pelo nosso momento ontem. Afinal, a visão mostrou um beijo entre mim e Drake, mas nada que indicasse que aquele seria o nosso primeiro, certo?

Não deveria estar surpresa por Annice saber das minhas visões. Eu já tinha deduzido que, ou Drake ou meu pai iria contar a ela, ou até mesmo Christina. Eu não ligava que a minha prima soubesse. O problema principal, era e sempre iria ser Ethan. Não o vi o dia inteiro. Já estávamos indo para a segunda aula, a que eu tinha com ele, Drake e Dimitri.

“Tudo bem, desculpe”, Annice disse, andando ao meu lado. Drake estava um pouco atrás de nós. Eu, ora ou outra, olhava para trás e pegava os seus olhos azuis me encarando com uma intensidade que quase me fazia tropeçar. “Meu tio comentou algo sobre a festa dos Carmins ser no mesmo dia em que a minha”

“Oh, é verdade.”, eu disse, voltando a prestar atenção nela.

“Mas, você vai na minha, não é?”, ela perguntou piscando aqueles grandes olhos castanhos. “Afinal, 18 anos só se fazem uma vez. Muitas decisões importantes. Muitas doideiras para se fazer. Vai ser a festa do ano.”

“Eu vou.”, eu sorri. “Só não sei se tenho roupa para A FESTA DO ANO”

Annice parou, me olhando de cima a baixo.

“Você deve vestir a mesma coisa que eu.”, ela deu de ombros. “Problemas resolvido.”

Eu ri, junto com Annice e continuamos o caminho. Era incrível como eu conseguia ser eu mesma com os Darks. Não que eu gostasse mais deles. Eles só pareciam compreender uma parte de mim, que nem eu entendia. Mas, com a parte de problemas resolvidos, Annice estava errada.

Isso se comprovou, quando, na última virada do corredor, eu dei de cara com alguém. Mais específica, com a inspetora. Mais específica ainda, a inspetora que me colocou de castigo com Ethan e que eu tinha saído antes de acabar com o trabalho. Eu corei e rezei para ela não me reconhecer. Mas, era quase impossível.

Sim, ela me reconheceu.

“Que honra encontrá-la, Senhorita Leight”, ela disse debochada. Drake parou a alguns passos de mim, com os braços cruzados. A inspetora o olhou de cima a baixo e nem ligou. “Percebi outro dia que você não terminou com a punição.”

“Inspetora, eu tive uns problemas e ...”

“Eu não ligo”, ela praticamente berrou no meu rosto. Eu fechei os olhos por um momento. “Você e o Senhor Ramirez vão terminar de cumprir o castigo. Caso contrário, será mais uma semana de castigo.”

“Inspetora...”

“Sem reclamar, Leight”, ela disse me dando um olhar sério. “Espero ver tudo limpo.”

Ela se afastou sem cumprimentar nem a Drake, nem a Annice. Eu suspirei, parecia que, quando eu tentava evitar Ethan, mais o destino tentava nos juntar. Olhei para Drake, que fez uma careta, mas não disse nada. Como se precisasse. Seus olhos gritavam tudo o que eu precisava saber.

Ele não gostava da ideia de mim e Ethan juntos em um ambiente fechado e de noite.

Eu não sabia se concordava ou não.

********************

Eu mantinha os meus olhos presos no chão, enquanto varria a sujeira. A presença de Ethan era quase gritante para mim. Ainda mais quando, sem querer, nos esbarramos, ou trombamos. Ainda era fresca a lembrança dele me segurando e me beijando. E aqueles olhos verdes pareciam faróis para mim.

Era fácil ficar calada perto de Ethan. Eu poderia ficar estudando-o por um dia inteiro. Pensei em puxar um assunto. Talvez perguntar se ele iria a festa dos Carmim no fim de semana, mesmo que eu já soubesse a resposta. Só de pensar que logo, eu iria beijar Ethan, meu estômago dava voltas e voltas de ansiosidade. Mas, quando eu lembrava que ele iria dizer para nós esquecermos o beijo, meu coração se apertava.

Então, vinha a visão de Drake. Ele me beijando na porta de casa. Então, Ethan iria ver e pensar que eu tinha mentido. E se eu contasse a Ethan? Dissesse o que iria acontecer? Christina fazia isso, não fazia? Quantas vezes ela tinha me contado que eu iria tirar nota máxima nos teste ou coisa parecida.

Mas, quando eu olhei para Ethan, apenas me calei. Eu não poderia simplesmente chegar para ele e dizer: Hey, sabe a festa Carmim? Bem, nós vamos nos encontrar, você vai me beijar, mas então vai falar para eu esquecer do beijo. De novo. E no dia seguinte, Drake vai me beijar e você vai ver. E não, eu não estou mentindo quando digo que não tenho nada com ele. Ele realmente me beijou.

Pensei em várias formas de dizer, mas nenhuma delas pareceu menos insanas. Então, por fim, decidi ficar em silêncio. O que tivesse que acontecer iria acontecer. Além disso, eu não poderia contar tudo isso, sem revelar que eu estava tendo visões.

“Jordan, você está bem?”

Tomei um susto com a sua voz e levantei os olhos para Ethan. A pergunta parecia um pouco forçada, mas tinha uma preocupação real em seus olhos. Eu olhei para baixo e percebi que estava varrendo o mesmo lugar a mais de dez minutos. Dei um riso amargo, que, para qualquer um, parecia o sinal do início de uma loucura.

Talvez eu realmente estivesse louca. Se eu estava bem? ÓBVIO QUE NÃO. Quando minha vida parecia se acertar, ela voltava a ser o inferno de dúvidas de antes. Minha vontade naquele momento era de largar a vassoura no chão, segurar Ethan pelo colarinho de sua camisa e gritar em seu rosto que ele estava me enlouquecendo. Mas, o que eu fiz, foi dizer:

“Acabei de limpar.” e ir em direção da porta.

Eu não iria aguentar ficar muito tempo no mesmo espaço em que ele sem dizer tudo o que estava engasgado. Além disso, eu não tinha avisado a ninguém que ficaria até tarde. Apenas meus guardiões, Annice e Christina sabiam. Minha mãe iria pensar que eu estava na casa de Megan, e Megan iria pensar que eu estava no conforto do castelo. Maldita hora em que esqueci o celular.

Puxei a maçaneta com força, a mente longe, pensando em como iria para casa de noite. Eu poderia ir andando e... Puxei mais uma vez. Megan, com certeza estava em casa. Puxei mais uma vez, com mais força. Então, finalmente encarei a porta, me focando naquele momento. Desespero tomou conta de mim. Eu puxei uma última vez a maçaneta.

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“Droga”, eu me virei para Ethan. Confusão enchia o seu olhar. “Ótima notícia: Estamos trancados.”