Sobrevivência do mais forte.

Capítulo 13 - Então, é Guerra.


Depois de passar longos minutos refletindo sobre os malditos versos daquela profecia, me ergui e segui até a sala principal da Casa Grande, agora só estava Quíron lá, assim que me avistou, levantou-se e me ofereceu um pouco de café. Dispensei e ele disse.

–E então? Qual é a profecia, pequeno herói? – Ele me olhou curioso.

–A batalha entre iguais irá devastar aquilo que você chama de lar;

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Um renegado brilhará;

Entre arbustos no Sul, a seita se formará;

O filho das joias e o rei fantasma irão retornar;

O antigo pilar no Oeste, se reerguerá. – Pude sentir um calafrio quando encerrava cada verso. Não queria contar sobre o último verso, preferia guardar para mim. O centauro estudou cada verso com atenção e por fim disse.

–Leo... Sabe que pode ser perigoso esconder qualquer coisa sobre uma profecia, não sabe? – Ele me olhou frustrado. – Está mesmo contando tudo? – Um nó se formou na minha garganta, ele já havia passado por inúmeras situações nas quais os heróis escondiam partes de sua profecia, porém da mesma forma eu respondi.

–Certeza absoluta. – Fui o mais firme que pude. Ele assentiu e então perguntei. –E agora? Não tenho ideia do que fazer, essa maldita profecia não me deu um lugar para ir. – Quíron me olhou frustrado, mas eu sabia que sua mente trabalhava mais rápido que qualquer outra.

– ‘’ A batalha entre iguais...’’, sabemos quem são os iguais. Semideuses. O que você chama de lar, Leo? – Eu mirei meu olhar para a janela que fornecia uma bela vista do acampamento. Era cedo, só haviam alguns sátiros carregando cestos de morangos. O acampamento era lindo, fornecia abrigo e treinamento para qualquer semideus perdido, aquele era meu lar. Aquilo tudo não podia ser destruído. Quíron pareceu ler meus pensamentos. –É... Fique tranquilo, uma profecia pode ser interpretada de diversas formas, O.k.? – Percebi que ele tentava mais convencer a si mesmo do que a mim. – ‘’ Um renegado brilhará’’, talvez algum entre eles irá se destacar, melhor termos cuidado com isso. Arbustos no Sul, você tem ideia do que isso pode significar, Leo? – Fiz que não com a cabeça. E que seita será formada? Ouvir o futuro de forma escondida é horrível, é como se em minha frente estivesse uma placa com todas as respostas, mas as palavras estariam borradas. Quíron deu continuidade. – O filho das joias e o Rei Fantasma, acho que você ainda não se tocou de quem se refere, garoto. – Foi então que a compreensão invadiu o meu corpo. Dei um tapa em minha testa e disse.

–Claro! O filho das joias, Victor Cavalcante. O Rei fantasma, Nico D’ Angelo. Os filhos de Hades mais velhos irão retornar. – Aquilo me invadiu de conforto, mas então o olhar que Quíron me lançou, fraquejou minhas expectativas.

–Cuidado com seu otimismo... A profecia diz que eles irão retornar, mas não é um pouco suspeito eles retornarem justo quando os renegados virão destruir o acampamento? Já passou por sua cabeça que eles podem fazer parte da ‘’ Força Sobrevivente’’? – Aquilo me atingiu como um murro. Quíron tinha razão. Mas por que? Não fazia sentido, ainda mais Nico que havia lutado ao lado dos heróis na Grande Guerra contra Cronos. – ‘’ O antigo pilar no Oeste’’, o Monte Tam fica a Oeste, é o monte que Luke usou como quartel general durante a guerra e aonde Atlas, que no caso seria o pilar, sustenta o Céu. Agora ‘’ Antigo’’? Isso continua muito enigmático. – Ele coçou a barba, eu tentava ligar as peças com algo que eu sabia, mas não vinha nada que poderia servir como informação, fiquei me perguntando se devia contar o último verso... Mas não, continuei em silêncio. Então algo extraiu toda nossa atenção. O vapor do café de Quíron foi acumulando-se em uma pequena nuvem até surgir um rosto no meio das mesmas. Era um homem branco, com olhos azuis frios e longos fios loiros desciam sobre seus ombros, era William Pettrick. Quíron estava boquiaberto com a visão, eu não acreditava no que via, o que aquilo queria dizer? A voz grossa invadiu o aposento.

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–Quíron, O treinador de Heróis. Quanto tempo, não? – Sorriu friamente e disse divertido. Depois lançou os olhos azuis em minha direção. –Leo? Você cresceu garoto. – Eu tive vontade de invocar todos os mortos, todas as sombras e atacar aquela imagem, o ódio foi crescendo devastadoramente em meu peito, mas me controlei. Quíron estava abismado com a cena e não se movia. –Vim avisar que tive de mudar meus planos drasticamente por conta do rato do submundo. Estou com saudades do acampamento e irei fazer uma visitinha. Espero que não vejam problemas. – Não pude me controlar.

–Seu.... SEU MALDITO! POR QUE ESTÁ MATANDO OS SEUS SEMELHANTES? POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? – Pettrick adotou uma expressão mais dura.

Semelhantes? – Ele cuspiu a palavra com nojo. –Não me compare a você, ponha-se no seu lugar junto as almas perdidas no submundo. Um filho do deus rei, nasceu para ser rei. O resto são lacaios. –

–Qual a porra do seu problema? – Eu gritava e Quíron ainda assimilava tudo o que acontecia.

–O MEU PROBLEMA? VOCÊ É O FILHO DA ESCÓRIA DOS DEUSES, VIVE ENTRE OS GRANDES E AINDA PERGUNTA O MEU PROBLEMA? – Ele tomou controle de si mesmo e então voltou com calma. –Bem garoto, acho melhor vocês se prepararem. Amanhã assim que os raios solares tocarem o chão, vamos atacar. Estou avisando para dar a mínima chance de vocês se protegerem e não teria graça esmagar o acampamento tão facilmente. – E a imagem tremeluziu e foi sumindo aos poucos.

– NÃO NÃO NÃO. ARRRRRRRRHG – E o ponto abaixo de onde o copo de café estava, abriu-se uma fenda, levando alguns móveis para o submundo. Quíron recuperou o controle de si mesmo e investiu em minha direção. Eu estava cego de raiva, o centauro me agarrou e me jogou para fora da Casa Grande. Rolei alguns metros pela grama até girar e ficar de joelhos.

–LEONARD, CONTROLESSE! VOCÊ NÃO É MAIS UMA CRIANÇA MIMADA! – O tutor nunca havia sido tão duro assim. Eu fiquei em choque por alguns segundos e então abaixei a cabeça. –Me desculpe... Eu não fiz nada lá... Ele lembra tanto Luke, Leo. Não aguento mais ser traído por meus heróis. Não aguento mais treina-los para voltassem contra mim. – E então percebi algo, Quíron desempenhava o papel de pai para muitos. Era realmente pior para ele. Me levantei e fiquei olhando para o rosto cansado, mesmo sendo imortal, parecia que ele havia envelhecido 10.000 anos em segundos. –Leo, acorde os conselheiros e mande os mesmos acordarem todos os campistas. – Algo me incomodava, então me lembrei, onde estava o maldito diretor daquele acampamento?

–Professor, aonde está Senhor D.? – Percebi que ele não queria responder aquilo, mas mesmo assim disse.

–Ele... Foi convocado ao Olimpo ontem e desde então não deu as caras. – Então senti algo que os heróis sempre acabavam sentido pelo menos uma vez na vida. Senti como se fosse uma peça de um grande xadrez divino. Aonde estavam os malditos deuses para nos proteger? Aquilo era certo? Eles iriam ficar apenas olhando? Quíron percebeu o ódio que eu ia criando e me apressou. –Vá garoto! Não temos tempo para desperdiçar com raiva! – Ele tinha razão, me virei e corri em direção ao chalé 1°. Estávamos em um período perigoso e apenas alguns sabiam disso, um dia após um assassinato no bosque, acontece uma coisa dessas. É inacreditável, fico me perguntando aonde as crianças ficarão caso tudo desande, caso o acampamento fosse destruído, para aond.... CHEGA! Parei aonde estava e respirei. Não podia ser pessimista, temos guerreiros monstruosos ao nosso lado, temos os conselheiros. Eu estou me tornando um covarde amedrontado movido por raiva e medo. Eu não sou mais uma criança.

Cheguei no grande chalé 1, uma estrutura de prata com duas pilastras de madeira escura, no alto haviam nuvens brancas esculpidas na prata e no centro, uma bola oval se projetava tendo acima uma águia de prata. A porta era dupla e enorme, parei e bati na porta com força. Segundos depois, a conselheira de Zeus abriu a porta com o olhar tempestuoso, não menos que seu cabelo. Ela vestia um pijama azul, com raios por todo ele. O.k. eu não imaginaria uma conselheira, ainda mais uma mulher como aquela, daquele jeito tão frágil.

–O que quer? – Ela resmungou e me mantive firme.

–Marylin, temos um grande problema. Will contatou a mim e Quíron enquanto conversávamos, disse que iria invadir o acampamento assim que os raios do Sol tocarem o solo amanhã. – Ela arregalou os olhos e depois os relaxou.

–Seu idiota, isso não é motivo para brincadeira. – Falou estressada e me pegou pelo colarinho, ela é um pouco mais baixa que eu, mas é extremamente forte.

–NÃO É BRINCADEIRA! – Me soltei dando um tapa em sua mão, então ela ficou surpresa e estreitou os olhos, em seguida arregalou-os novamente. Ela havia se dado conta que era verdade. Mas ela como eu, não havia tempo para deixar a ficha cair. –Quíron mandou acordar todos os campistas. – Ela assentiu ainda em choque com a notícia, mas se manteve em pé e firme. Me virei e fui para o meu chalé. Atravessei a porta e Du estava se barbeando, ele percebeu assim que olhou me meus olhos, tudo, nossas mentes se interligaram e ele pode sentir tudo o que eu sentia. Não precisei dizer uma palavra pra ele entender o que acontecia, terminou de se barbear rapidamente e fui acordar Nick, ele ainda estava enfaixado por conta da joelhada do filho de Ares falecido.

–Nick! Acorde maninho, rápido. – Ele se remexeu e gemeu de dor antes de sentar-se, expliquei para ele toda a situação e pude ver o medo surgindo aos poucos em seu olhar. Acalmei ele o máximo que pude, então ele tomou uma expressão mais aliviada, tomou uma dose de ambrosia e se levantou. Ele foi se banhar e o chalé estava um clima horrível, nós três estávamos com caras irritadas e pensando em tudo ao mesmo tempo, porém ficávamos assim só entre nós. Uma coisa que nós filhos de Hades não admitíamos, era demonstrar fragilidade para qualquer outro semideus e pode ter certeza que nisso, somos ótimos. Alguns minutos depois, Nick estava no banho e Du sentou-se ao meu lado.

–Então vamos guerrear, carinha. Sabe, sempre quis participar de uma grande batalha que valesse tudo. Mas não queria que valesse nosso lar. – Olhei para ele e assenti, eu estava estressado. –Na realidade, acho que não tem nada melhor para apostar, assim vamos poder lutar pra valer. – Ele sorriu no final, eu consegui sorrir também e concordei.

–Isso. Vamos lutar para valer, soltando tudo o que temos, podemos fazer isso. – Ele concordou e saímos do chalé, o acampamento estava um caos, crianças de 12 e 13 anos chorando com medo, os demais adolescentes estavam chocados e com expressões cheio de ódio. Os conselheiros estavam com as expressões duras, sem deixar abater e organizando os chalés, haviam uma grande quantidade de semideuses, mas muitos eram crianças ainda e nunca sequer haviam enfrentado um monstro ou saído em uma missão. Eles estavam apavorados, eu podia sentir isso. Quíron chegou no meio dos chalés, próximo a fogueira, que agora estava apagada e começou seu discurso, Nick já havia saído do banho e parecia melhor, até já tinha retirado a atadura. Todos nós nos reunimos ao redor de Quíron e então ele começou.

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–Meus garotos, uma guerra está por vir. Muitos que já foram seus irmãos de combate estão do outro lado vindo em nossa direção para nos atacar... Mas não vamos nos render, porque apesar de tudo, essa é a nossa casa. As crianças até 13 anos, sátiros e ninfas vão todos ser evacuadas para o bosque perto da praia, onde um navio está esperando por vocês. Vocês serão levadas para um instituto em Nova York, os demais vão ficar e lutar. Sei que ficaram anos treinando contra monstros, não contra vocês mesmo, porém é necessário... AGORA VAMOS NOS PREPARAR! – No meio do semi-caos, as crianças foram evacuadas, pude ver diversos irmãos mais velhos dando adeus a seus irmãozinhos e me perguntei se isso era pior do que ter seu irmão no meio daquilo tudo, eu estava surtando por Nick ter de ficar e apostar sua vida, mas não podia demonstrar isso de forma alguma. Nesse meio tempo montamos algumas armadilhas com fogo-grego, montamos bases para arqueiros, barricadas, trincheiras e até cinco torres de madeira feita pelos filhos de Deméter para posicionar vantagem aos arqueiros, diversas barracas foram erguidas para todos se prepararem e dormirem já prontos para o dia seguinte.

Então fomos atingidos por uma notícia que não me surpreendeu nem um pouco, Stephan Martinato e mais cinco semideuses haviam sumido, o que me surpreendeu é que um desses semideuses era Catherine. Eu havia caído nos encantos da garota e fui traído, isso me deixou realmente muito irritado, mas não podia deixar o emocional levar vantagem sobre mim. Depois dessa notícia, os conselheiros estavam irritados e conversaram muito a parte, eu não podia ficar ali e então só fiquei imaginando o quão irritado estava, Anna, Giu, Annabeth e os demais. Já deviam ser 19hrs, provavelmente o ataque iria ocorrer 6hrs da manhã, então todos irão se preparar e ficar posicionados as 4:30. Os conselheiros me chamaram para contar o plano. Estavam todos vestidos casualmente e então Marylin começou.

–Sabemos o seguinte, eles não poderão invadir de dentro pois a porta do labirinto que havia aqui, foi destruída há seis anos. Nem por mar, pois são muitos guerreiros e temos Percy que pode destroça-los na agua. – Percy estava cansado e com um olhar triste, Annabeth pegou em sua mão e o olhou, ele retribuiu com uma risada leve e então voltaram a atenção para a roda.

Então quem deu continuidade foi Annabeth. –Então eles terão de invadir subindo a colina, por isso o plano vai ser esse: Temos em média 350 semideuses, um bom número, montaremos uma fileira entre as árvores perto do pinheiro de Thalia com arqueiros para derrubar a maior quantidade possível até eles atingirem o topo do morro, o dragão Peleu também irá ajudar na defesa. As caçadoras estão com seus lobos gigantescos, então elas misturados aos filhos de Apolo vão montar essa fileira, provavelmente terão cerca de 50 arqueiros, 10 lobos, o dragão e algumas armadilhas pela colina. Pelo o que sabemos, eles devem ter um número alto de guerreiros do outro lado, maior que o nosso, com toda a certeza. Então uma hora eles vão conseguir atingir o topo da montanha, as caçadoras vão recuar em seus lobos e os filhos de Apolo vão recuar aos poucos enquanto o dragão segura a barra. É ai que vocês dois entram. – Ela apontou para mim e Du, então retornou. – Vocês são filhos de Hades, então vão erguer o máximo de esqueletos e cães infernais o possível, quero que gastem toda a energia nisso. Como irão ficar fracos, uma caçadora irá buscar vocês e deixá-los montados no Lobo das mesmas, enquanto se recuperam. Vocês irão retornar e vão ser recuperados por alguns filhos de Apolo e outros de Deméter até estarem melhor, quando seus esqueletos e cães caírem, eles vão ativar a maioria das armadilhas e vamos mandar saraivadas de flechas, das torres e barricadas. Quando o grupo de renegados chegarem, será o ataque direto. É ai que começa o tudo ou nada. – Então, Anna levantou a mão.

–E se perdermos? – Era a pergunta que a maioria queria fazer, mesmo já sabendo a resposta. Para a surpresa de todos, quem respondeu foi Percy.

–Morreremos. – Ele estava estranho, parecia perturbado e naturalmente, Annabeth estava morrendo de preocupação e angustiada. –Rachel, Quíron e Argos já foram mandados para Nova York, o acampamento está sobre o meu comando até ele retornar e se sobrevivermos. Agora vão descansar, 4:30 tem de estar todos preparados para o combate, com armadura completa e em suas posições. Vamos revisar o plano, pela manhã. – Nos afastamos e fomos cada um para uma direção, Du me levou pelo braço até o lago e ficamos lá com Nick por um tempo, acendemos um cigarro e ficamos todos quietos. O clima estava horrível no acampamento inteiro, parecia que muitos sabiam que iam morrer, mas todos ali eram heróis. Morreriam protegendo seu lar.

Já era noite, então eu podia ouvir algo que nunca pude ouvir antes naquele acampamento, o silêncio. Era perturbador não ouvir os filhos de Zeus se gabando, não ouvir Percy rindo junto de Annabeth ou provando ser o melhor espadachim dos últimos tempos na Arena, não ouvir os garotos de Deméter pregando sobre o meio-ambiente junto de sátiros, não poder ouvir o som abafado das flechas em inimigos de madeira, dos filhos de Apolo. Não ouvir as filhas de Atena tagarelando sobre arquitetura ou as risadas de Annabeth no lago com Percy, não ouvir o som de lâminas se chocando ou as gargalhadas escrotas dos filhos de Ares. Não conseguir ouvir as garotas de Afrodite dizendo sobre si mesmas ou não puder ouvir as marteladas no bronze dos filhos de Hefesto. Procurar sem esperança, o som dos filhos de Dionísio zuando com os filhos de Hermes, nem sequer os deuses menores se rebelando dizendo que são mais importantes que os maiores. Aquele silêncio era ensurdecedor.

–Assim, parece que somos ovelhas esperando o abate. – Disse Nick de forma triste. Eu olhei e reparei que ele tinha razão, estávamos amedrontados, rezando por nossos pais que não estavam ali agora. Aonde estavam os malditos deuses? Me levantei e fui andando sozinho longe de tudo, até adentrar a floresta e poder gritar sem ninguém ouvir.

–PAI!!! – Me segurei para engolir o choro, naquele grito sem esperança. De novo tentei. –POR FAVOR, PERMITA TUDO, SÓ NÃO DEIXE NICK MORRER! – Fazia tempo que não pedia algo a Hades, a última coisa fora a vida de minha mãe e não o pedido não fora realizado. Então algo que eu não esperava aconteceu, as sombras se agitarão e foram em direção a um ponto no chão, o clima foi esfriando, as arvores pareciam gritar, a grama foi ficando incrivelmente gelada e então o bosque pareceu mais escuro que o normal, um círculo se formou e de lá saiu um homem de quase 2metros, esguio, pálido e com cabelos longos negros, protegidos por um elmo mais escuro que a noite. Vestia uma armadura escura com formas de rostos gritando, uma capa negra que pude sentir a morte irradiando de lá, com várias almas vagando sem rumo, em seu coldre estava uma espada que era considerada o pai de Ultimum, uma espada tão cheia de desespero e escuridão, que só Hades poderia empunha-la sem explodir em cinzas. Olhos escuros como o desespero e a perdição, e então o homem se aproximou de mim sem emitir um ruído sequer. Era Hades, o deus do Submundo. Seus longos dedos frios tocaram meu rosto em minha bochecha e então uma voz que para os outros teria dado vontade de gritar de desespero e fugir, me confortou.

–Meu filho. – Então fiz algo que nunca me imaginaria fazendo, algo que havia feito quando eu era uma criança indefesa. Envolvi meu pai em um abraço. Ele não reclamou, ele demonstrava compaixão comigo e por meus irmãos, era quase estranho e impossível imaginar Hades como um pai atencioso e afetuoso, porém ele era melhor que muitos outros deuses com seus filhos, disso eu tinha certeza. Então me soltei dele e me ajoelhei como sinal de respeito.

–Lorde Hades. – Ele moveu levemente a cabeça, me levantei e então fiz a pergunta que mais me incomodava. – Pai, aonde vocês estão? Porque não estão nos ajudando a defender o Acampamento? O que está acontecendo com os deuses? – Ele gesticulou sua mão para uma sombra, que se tornou um trono negro e então o deus sentou-se.

–Meu filho, use sua cabeça. Os seus inimigos são o que? – Eu olhei para ele sem entender a pergunta e quando fui responder, ele me cortou. –Exatamente, semideuses. E então assim como você, o que eles são? Filhos de deuses. – Então eu comecei a entender o raciocínio. –Eles não estão ameaçando os seus pais, então para que se preocupar? E você concorda que teríamos de tomar lados nesse confronto e isso iria dividir o Olimpo, tudo sendo culpa de vocês. – Aquilo me dava raiva, mas fazia sentido. Mais sentido do que eu gostaria que fizesse. –E você acha mesmo que eles iriam brigar entre si, por conta de uma rixa entre seus filhos? Claro que não, criança. Os deuses combinaram de não tomar partido e deixar vocês resolverem entre si, porque já pensou que esses ‘’ renegados’’, também não oram aos seus pais? É fácil entender, vou dar um exemplo: Um filho do deus ladrão, ora para ele proteger o acampamento, porém outro filho do deus ladrão, ora para ele ajudar com o ataque no acampamento. O que ele fará? – Eu olhei para ele tentando recuperar a linha de raciocínio.

–O certo! Ele ajudaria o acampamento!! – Falei desesperadamente. Então o sorriso frio de meu pai cortou o ar, fazendo qualquer som se extinguir.

–E meu filho, qual é o lado certo? Isso não existe, é tudo questão de ponto de vista. Você já devia ter aprendido isso. – Ele tinha razão, era uma merda, mas ele tinha razão. Então algo chamou minha atenção.

–Então... Por que está aqui? Quer dizer... não há nenhum filho do senhor lá? – Ele me olhou com um pouco de frieza.

–Criança insolente! Por que estou aqui? Não, meus filhos não são traidores, assim como os dois filhos de meu irmão, Poseidon. Ele falou com Perseu Jackson antes de eu me comunicar com você, por isso o garoto mantinha aquela expressão sempre, ele sabia que tudo isso iria acontecer e sabia que estava sozinho nessa. – Então ele olhou para mim e esperou eu absorver tudo. –Vim fazer uma proposta. Quero que venha comigo e traga seus irmãos para o submundo. – Eu fiquei abismado.

–O... O que?! – Não podia acreditar que ele estava mesmo propondo aquilo. Eu não podia virar minhas costas para o acampamento. Pude sentir a temperatura do lugar despencar até fazer meu coração acelerar. Ele falou mais devagar dessa vez, de forma mortal.

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–É isso mesmo que você ouviu, criança. Largue o acampamento, o que eles foram pra você? Veja Nico, ele largou tudo e está ótimo por ai. Sempre viveu por si próprio. O acampamento nunca ligou para você e seus irmãos de verdade. – Ele estava manipulando a conversa... Eu não podia deixar.

–Não, pai! NÃO! – Então me arrependi de gritar com ele, senti como se o mundo ficasse mais escuro e desesperador, eu não tinha o mínimo de medo do escuro. Porém aquilo era diferente.

–NÃO OUSE LEVANTAR A VOZ COMIGO, LEONARDO. – Sua voz fazia o terreno tremer e então tudo foi voltando ao normal aos poucos. Me recuperei do que quer que tivesse acontecido e busquei meu ar. Eu estava ofegando e então ele se acalmou. –Eu sabia que você não iria vir. Por isso trouxe uma coisa para você. – Ele colocou sua mão dentro da capa, que submergiu nas almas e então retirou de lá dentro uma chama negra, que queimava na palma de sua mão, com um gesto com sua outra mão, fiquei imobilizado no ar e então ele enfiou a chama no meu peito, eu não consegui gritar, parecia que todas as minhas terminações nervosas haviam se tornado pó, tudo queimava dentro de mim e senti o fogo negro tomando o lugar do meu sangue nas veias, eu me contorcia no ar de dor e alguns segundos, que pareciam eternos, depois, Hades me pousou no chão e me deixou lá, eu agonizava e me retorcia, parecia que iria explodir. –Essa é uma benção unicamente sua. Agradeça por isso mais tarde, quando aprender a usa-la. – Então, meu pai se virou e disse uma última coisa que doeu mais do que as chamas tomando conta do meu corpo. –Sua mãe... está muito orgulhosa de você. – Encerrando com carinho, as sombras foram colidindo contra ele até sumir. Eu queria gritar ou até me mover, mas não conseguia fazer nada, só gemer no chão. Então alguns segundos depois, a dor simplesmente passou, simplesmente se foi, o que tinha sido aquilo? O que ele havia feito comigo? Olhei para minhas mãos e então olhei para o meu peito, assustei com o que via ali, corri até alguma fonte próximo dali e arranquei a camisa, olhei para o meu reflexo e no meu peito havia uma tatuagem, estava tatuado a chave dos portões do submundo. Parecia mais uma cicatriz marcada no ferro, os traços eram escuros e queimados, o círculo deixava o meio do meu peito livre, fazendo parecer um alvo. Não sabia como, mas as linhas embaixo do círculo que rodeavam o mesmo ligavam meus pulmões, o traço descia até depois do meu umbigo, parando na entrada da minha calça. O segundo traço passava por cima do meu umbigo na horizontal e ia até a ponta da minha cintura. Aquilo era realmente muito estranho e tentei não entrar em pânico, Hades havia dito que era uma benção. Voltei para o acampamento de barracas, eu estava bem, não me sentia acabado, ninguém iria perceber que algo havia mudado em mim, se eu permanecesse de camisa.

Devia ser 21hrs já e os 300 e pouco semideuses, sentaram-se de qualquer jeito, divido em grupos de amigos, comendo comida enlatada, rações e coisas do tipo, muitos já estavam dormindo para descansar o bastante, Percy disse para acender a fogueira magica que queimava de acordo com o emocional dos campistas, ele havia dito que seria uma boa ideia, que aumentaria a moral e o ânimo. Ele estava enganado, a fogueira que em seus bons dias, chegava a 8 metros de altura brincando, agora não passava de 1,50cm, era ridículo, mas ele disse para manter ela acesa. Comemos e 22hrs todos foram se deitar, minha barraca cabia a mim e Nick. Du dormiu na barraca de comando, com os outros conselheiros, Nick caiu no sono, felizmente. Ele estava levando tudo aquilo melhor que eu e era só uma criança. Maldita profecia! Ela havia mexido com meu psicológico. ‘’ E nos braços da morte, cairá. Mas por que porra ela iria dizer isso? Pra me foder? Mas que droga... Eu estou irritado e preciso mesmo dormir.’’, então com esse pensamento, me virei e graças aos deuses capotei na hora.

Fiquei mais feliz assim que acordei, sem ter nenhum pesadelo. Os filhos de Hipnos haviam cuidado daquilo, fizeram um pouco de magia para abençoar os sonhos dos campistas guerreiros. Nick me acordou levemente e já eram 4hrs, me levantei e como todos coloquei minha armadura completa, inclusive o capacete, Nick estava usando sua armadura de bronze celestial como os muitos outros guerreiros que não tinham armaduras próprias, saímos da barraca e lá fora estavam diversos semideuses caminhando para lá e para cá armados completamente, minha ficha acabou de cair e pensei comigo mesmo. ‘’ Isso é o início de uma grande guerra.’’