Sobrevivendo ao inferno

O diabo bate à nossa porta


–Tem certeza mesmo de que vocês querem fazer isso? –A voz de Rick ecoava pelo bloco de celas. –

–Sim, se Merle foi atrás dele nós precisamos saber. –Daryl respondeu, a raiva em sua voz era eminente. –

–Não se preocupe Rick, nós vamos voltar. –Respondi. –

***

Rick nos deixou ir atrás de Merle sozinhos, afinal desde que chegamos ele era nossa responsabilidade certo? Enfim, a teoria de Daryl estava certa por enquanto, não havia mais ninguém de quem Merle queira se vingar que já não possa ter sido castigado por seus pecados de formas bastante óbvias.

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Will Dixon não é o melhor homem da face da Terra e definitivamente não chega nem perto de ganhar o prêmio de pai do ano, mas de uma coisa eu sabia. Ele e Merle eram bastante parecidos. O gênio forte, a teimosia e até mesmo a crueldade.

Minha relação com os Dixon é talvez a relação mais complexa que já tive enfrentar em minha vida, não posso dizer que Merle e eu somos melhores amigos, mas digamos que eu preferia ter que lidar com Merle a ter que lidar com Will. Tudo que posso esclarecer agora, é que ele é definitivamente o pior homem que já conheci.

Eu sabia que tudo o que ele havia feito com Daryl e Merle, não o tornava digno de ser um pai, até porque ele nunca foi um de verdade, e também porque não tinha como esconder, Merle abandonou o irmão por um motivo e eu tinha certeza que as cicatrizes falavam por si só. Daryl não gostava de falar no assunto, e Merle... Bom, tudo o que ele falava era sobre como planejava matar o pai. O que ele provavelmente conseguiria se não chegássemos a tempo de impedi-lo. Não que eu queira impedir, mas precisávamos falar com ele antes.

***

–Daryl, ambos sabemos que ele está vivo. Mas o que pretende fazer? Impedir seu irmão de matar o homem que transformou suas vidas num inferno? –Questionei enquanto caminhávamos em direção à moto. –

–Eu não sei, Merle vai fazer o que ele achar que deve. Principalmente por que ele quer se vingar pelo quê ele passou, não pelo quê nós passamos. –Respondeu. –

–Quer dizer que ele não sabe?! Daryl, por que nunca contou a ele? Quando ele voltou, Will já havia fugido, por que não contou?

–Porque ele nunca se importou, Merle fala demais, mas nunca esteve lá por mim, algumas coisas entre nós não vão mudar. –Seu tom de voz mudou, a raiva se esvaiu, quase me questionei se havia um pouco de nostalgia naquela confissão. –

– Daryl,Ele torturou vocês; espancou vocês. Não acho que o motivo de estarmos atrás deles seja para impedir que Merle mate-o.

–Nós não vamos impedir Ally, nunca disse que iríamos. –Daryl respondeu, dessa vez eu jurei que pude ver um faísca de ódio passar por seus olhos. –

–E então, para onde devemos ir agora? Porque tenho quase certeza de que sei qual é a resposta. –Eu disse, e não estava brincando. Eu sabia a resposta e sabia com ainda mais certeza, de que voltaríamos para o inferno. –

***

E aqui estamos nós, de volta ao paraíso dos mortos.

Atlanta.

Para ser sincera eu odiei voltar, mas tínhamos que encarar isso juntos, se eu tivesse a opção de voltar para o grupo e deixar Daryl lidar com isso sozinho, eu sem sombra de dúvidas iria ignorá-la.

Nem mesmo eu sei como chegamos tão rápido, não me lembro de ser uma viagem fácil, até parece que tudo o que fizemos foi virar a esquina. Não tínhamos exatamente certeza de onde eles poderiam estar, mas é claro que tínhamos um palpite.

–Daryl, você sabe que temos duas opções não é? -Questionei quando voltamos a caminhar pelas raras ruas da cidade que permaneciam desertas. –

–Sei, e também sei que nenhuma delas me agrada. –Respondeu. –

–Acho melhor irmos checar aquele bar, afinal, bom você conhece Will. –Sugeri. –

–Se Merle está mesmo esperando por ele lá, ele é um idiota. Will nem deve saber que nós três estamos na cidade, muito menos que estamos vivos até agora.

–Sabendo ou não onde eles estão, acho melhor irmos amanhã. Está começando a escurecer. –Eu lhe disse quando o sol já começava a se pôr. –

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–Alguma idéia de para onde ir?

–Bom, se eu estiver certa, não estamos muito longe do apartamento dos meus pais. –Quando terminei a frase minha voz falhou, o pensamento de meus pais me incomodava. –

–Tem certeza de que quer ir pra lá? Porque...

–Não, está tudo bem . Não sobrou muita coisa quando eu fui embora, duvido muito que alguém tenha voltado lá. –Eu o interrompi. –

Daryl hesitou, mas concordou comigo algum tempo depois. O prédio era a uns quatro quarteirões de onde estávamos, podíamos ir até lá.

Tudo o que eu precisava saber era se eu não seria surpreendida pelas falhas em meu passado que insistem em me perturbar, mas não tinha como ter certeza de que nada daquilo não voltaria como um forte baque em minha consciência, eu teria que confiar em mim mesma, e principalmente me manter forte quanto a isso.