Snakeskin-Tomione

Hermione Werneck


A pesar de estudar magia desde os meus 11 anos, era a primeira vez em minha vida que via flores maiores do que arvores.

A cerca de dois minutos atrás eu havia começado a girar a ampulheta do vira-tempo, mas com o nervosismo presente uma situação tão simples passou a ser um grande desafio, o que acabou resultando em um problema.

Eu havia perdido a conta. Simples assim. Estava em duvida se deveria confiar na minha boca, que contou 23 voltas na ampulheta, ou se devia confiar no meu cérebro, que havia contado as exatas 20 voltas.

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Olhando em volta – com uma pitada de curiosidade -, percebi que estava na rua de minha, agora antiga, casa.

O jardim estava repleto e totalmente empestado de flores que pareciam sem duvida, maiores que algumas arvores, a casa se encontrava praticamente escondida atrás de todo aquele mato.

Lentamente me aproximei da caixa de correio. Abrindo a mesma encontrei algumas contas e cartas, mas o que eu estava procurando se encontrava logo a baixo de um cartão – que aparentemente deseja boas férias aos prováveis atuais moradores -.

O jornal estava enrolado por um velho e desgastado elástico amarelo, que apenas com um simples puxão se arrebentou em dois pedaços.

Depois de desenrolá-lo, corri meus olhos rapidamente por algumas noticias que estampavam a capa. Mas meu real alvo estava no canto superior direito.

´´27 de agosto de 1945´´

Com um leve e aliviado sorriso, coloquei novamente o jornal na caixa de correios. Como eu poderia duvidar de você cérebro?. É claro que no final foram as 20 certeiras voltas.

Puxando meu malão, me dirige calmamente para um escuro e úmido beco sem saída ainda naquela rua.

Com um simples feitiço não-verbal, observei minha mala se reduzir ao tamanho de um pequeno livro.

Olhando na altura de minha cintura percebi que minha bolsa com um feitiço indetectável de extensão estava ainda comigo. Literalmente joguei minha mala para dentro da mesma e a fechei.

Com um profundo suspiro, fechei meus olhos e tentei me concentrar.

Como em um flashback as imagens de um orfanato surgiram em minha cabeça. Era um lugar totalmente quadrado, cercado por altas e afiadas grades, escadarias de pedra e um grande e vazio pátio.

Foi quando senti uma leve pressão em meu umbigo, que logo se juntou a um leve enjôo. E naquele momento eu soube que havia acabado de aparatar.

Meus olhos logo foram preenchidos por uma forte luz, mas ainda sim, em minha frente eu conseguia ver com clareza o mesmo orfanato que havia visto em uma das memórias de Dumbledore.

Passando pelo escuro e frio Hall de Entrada, logo encontrei uma portaria, aonde se encontrava uma mulher, que no momento parecia totalmente concentrada em lixar suas unhas, e não foi necessário dar ao menos um passo para que seus olhos se voltassem para mim, como se ela simplesmente sentisse minha presença.

– Meu nome é Martha, parece que precisa de um lugar para ficar – sua voz era alta e um pouco nasalada, e naquele momento eu entendi um pouco do nojo que Riddle sentia pelos trouxas daquele lugar – Se me contar sobre o que aconteceu a você, eu poderia arrumar-lhe um quarto.

Não era de se estranhar que ela soubesse que eu precisava de um lugar pra ficar. Meus cabelos estavam levemente armados, minha roupas amassadas e meu rosto pálido – ainda por causa das sensações de aparatar – e com um pouco de fuligem que eu havia adquirido ao entrar naquele imundo beco, fazendo parecer que eu realmente era uma órfã.

Se contarmos os recentes fatos, eu realmente era uma órfã agora.

Percebendo seu olhar, me lembrei que devia a ela uma resposta.

– Sr.ª Martha, se não se importa, eu gostaria de falar primeiramente e pessoalmente com a administradora do Orfanato, e não com uma simples funcionaria que ao invés de realizar suas tarefas e obrigações fica simplesmente lixando as unhas, coisa que não chega a ser produtiva – minha voz saiu baixa e rouca, soando até mesmo imponente.

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Assustada com minhas palavras, e com cara de quem não costuma levar sermões de ´´órfãos´´. Ela se levantou e se dirigiu a uma porta, pelo qual ela entrou.

Cerca de 3 minutos depois, ela voltou acompanhada de uma mulher que aparentava ser mais velha, com cabelos grisalhos e olhos que mostravam cansaço.

– Sou a Sr.ª Cole, dona e administradora do Orfanato Wools, Martha me informou sobre sua atual posição, nós cremos que você seja uma órfã, correto?

Não foi difícil convencer a Sr.ª Cole, uma simples e trágica história de como meus pais haviam sido mortos por nazistas que estavam revoltados com a morte de seu superior; Hitler. E como eu havia tido a sorte de estar na escola no momento do acidente.

Depois de prestar seus falsos pêsames, ela me apresentou algumas partes do Orfanato, como o refeitório, a mini-biblioteca e o jardim no fundo. Meu quarto, o ultimo lugar de nossa extrovertida excursão, era um lugar com paredes e teto branco, pisos de madeira e janelas preenchidas com grades. Só haviam naquele lugar, minha nova cama, uma cadeira velha e um pequeno armário.

Deitado em minha cama, comecei a pensar em como tudo seria daqui para frente. Eu havia terminado meu sexto ano em 1997 e começaria o sétimo ano em 1945, certamente não faria muitos amigos, seria uma Comensal...

Sim. Eu havia decidido isso dois dias antes dessa viagem no tempo. Riddle é uma pessoa fechada, fria, arrogante e calculista – de acordo com Slughorn -, então por que motivos ele contaria seus segredos para uma simples novata sangue-ruim?!

Seria fácil, estava tudo muito bem planejado. A partir de hoje eu seria Hermione Werneck, sangue-puro, nascida em São Petersburgo na Rússia.

Não me sentia uma traidora, na verdade Dumbledore deixou bem claro:

´´Você terá apenas de arrumar um jeito de se aproximar de Tom, e descobrir o que julgar útil e necessário para a futura guerra´´

Arrumar um jeito... Esse seria meu único jeito.

Com um sorriso malicioso, calmamente levantei-me e fui em direção a porta, não pretendia ficar trancada como uma garotinha assustada até a hora do jantar, que era servido a partir das sete da noite.

Eu tive de descer dois lances de escada e seguir por um longo e escuro corredor até chegar a biblioteca.

Era uma sala pequena, com no máximo cinco estantes que se encontravam parcialmente vazias. Para se sentar havia apenas uma mesa com seis lugares, uma velha poltrona e o chão.

Com um sentimento de infelicidade me aproximei da terceira estante, só não esperava encontrar uma pessoa lá.

Era um menino de no máximo 18 anos, seus calos eram escuros e bem penteados, sua pele era alva, e seus olhos pareciam uma grande mistura de verde com castanho e ele era vários centímetros mais alto do que eu.

Seus olhos, frios e inexpressivos, fizeram uma longa viagem por todo o meu corpo antes de voltar para os meus próprios olhos.

– Sou Hermione Werneck – disse levanto meu braço esquerdo em sua direção como uma forma de apresentação.

– É um prazer conhecê-la Sr.ª Werneck – sua voz era mecânica e fria, e tinha um leve tom agudo, o que fez com que um arrepio passasse pela linha de minha coluna. Eu não pretendia me aproximar realmente de ninguém, mas quando meus olhos encontraram sua forma, eu sabia de quem se tratava – Sou Tom, Tom Riddle.

Segurando minha mão, senti a textura áspera e gelada de sua pele, e com um sorriso em lábios o respondi pela ultima vez naquela noite.

– Também é um prazer em conhecê-lo -,aliás sou sua futura Comensal, acrescentei mentalmente.

E seria, pensei com um sorriso de deboche antes de largar sua mão e ir em direção a saída da biblioteca, deixando um confuso Tom para trás.

Sua futura Comensal Favorita.