Smoke and Fire

Capítulo 22 - Smoke and Fire.


Capítulo 22.

Nosso amor são cinzas espalhadas pelo chão com um sentimento ardente, queimando como fumaça e fogo” — Sabrina Carpenter.

Por: Bubblegum.

Smoke and fire.

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Já tinham se passado 6 meses. Durante esse tempo minha vida foi voltando a ser o que era. Com o passar dos dias as pessoas pararam de me fazer tantas perguntas e voltaram a me tratar normalmente.

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Por incrível que pareça estava indo tudo bem. Eu já não estava mais atrasada com os estudos e consegui entrar em um clube. Minhas notas estavam razoáveis e todos respeitavam meu espaço.

Porém minha mãe não me deixa sair sozinha de jeito nenhum. Em todo o lugar que vou ela me leva e busca. Ah, e ela também me liga para saber como eu estou e se continuo no mesmo local em que ela me levou, isso quando ela não me pergunta com quem estou.

Enfim, algumas coisas mudaram e outras voltaram a ser o que eram. Tudo estava em seu devido lugar. Estava tudo certo. Menos o meu coração.

Por várias vezes eu me pego pensando em tudo o que vivi com Peter e me pergunto se tudo aquilo foi real ou apenas um sonho. Eu confio que tudo foi real e que ele está em Neverland. Mas admito que nesses últimos dias tenho questionado isso. Desde que voltei estou meio confusa em relação a isso.

E então eu percebi que Peter é como um dilema para mim: ao mesmo tempo em que acredito e quero ele, eu me pergunto se ele realmente existe. É complicado.

Durante esses 6 meses eu adotei a ideia de escrever como tem sido os meus dias. E devo dizer que meu e-mail está lotado de rascunhos. É como uma forma de passar o tempo e de relembrar os momentos bons que passei em Neverland.

Eu tive essa ideia um mês depois que voltei. Eu pensei: “já que não posso dizer a ninguém sobre onde estava porque provavelmente vão me achar uma louca, então vou escrever e guardar para mim mesma”. E pior que deu certo.

E é isso que eu estou fazendo nesse exato momento: escrevendo rascunhos em meu e-mail.

Agora imaginem a cena: estou sentada em uma das inúmeras cadeiras acolchoadas do McDonald’s, bebendo um copo de milk-shake de morango, com o notebook sobre a mesa e digitando coisas que ninguém nunca vai ler, e do lado de fora da lanchonete está chovendo. Deprimente?

Suspirei desviando o olhar da tela do notebook e observando a paisagem do lado de fora da janela de vidro do McDonald’s.

Como deve ser por volta das seis da noite, já está escurecendo e o sol já dava o seu “boa noite”. O céu estava diferente, numa espécie de degrade eu diria. As nuvens eram poucas e se desfilhavam devagar, e a luz amarela do pôr do sol entrava num belo contraste cm o azul do céu, além disso, devido ao dia chuvoso e meio abafado, o céu ainda estava colorido com um pouco de rosa. O final daquela tarde estava tão bonito que chegava a ser surreal.

Voltei minha atenção para a tela do notebook e salvei meu rascunho. Sai do e-mail, desliguei e fechei o notebook, o guardando dentro da mochila em seguida.

Olhei ao redor vendo as pessoas a minha volta. Chegava a ser cômico. A lanchonete está lotada de casais.

Sorri balançando a cabeça. Ah, qual é! Vou acabar entrando numa bad profunda desse jeito.

Terminei de beber meu Milk-Shake e continuei sentada. Não estava a fim de ir embora.

[...]

São exatamente 20h30min agora. E agora uma pergunta: como eu consegui ficar das seis até agora sentada aqui? Resposta: não tenho ideia.

Senti meu celular vibrar no bolso da calça jeans e não demorei para pega-lo. Era uma mensagem da minha mãe.

“Oi querida, já ficou tempo demais ai, não? Estou indo te buscar me espere no estacionamento. Beijos” – Li a mensagem e me levantei. Peguei o guarda-chuva e caminhei até a saída do local. Felizmente a chuva resolveu dar uma trégua. Andei até o estacionamento e esperei minha mãe.

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[...]

Já se passaram 25 minutos e nada da minha mãe chegar. Já estou começando a ficar impaciente.

Pela milésima vez, disquei o número de celular e liguei para ela. Chamou, chamou, chamou e nada. Bufei irritada e resolvi voltar sozinha. Dei alguns passos pelo estacionamento e quando estava na metade, senti algo acertar meu calcanhar. Grunhi sentindo um latejar.

Olhei para o chão e vi uma pedra. Peguei a mesma e olhei em volta. Eu fui acertada por uma pedra?

Senti de novo algo me acertar e uma dor percorreu minha perna. Bufei irritada e segurei com força o guarda-chuva. Olhei para trás à procura do desgraçado que me tacou essas pedras porque elas não voaram e me acertaram sozinhas.

Respirei fundo resolvendo ser corajosa. Caminhei lentamente na direção em que as pedras vieram e usei o guarda-chuva como arma. Já estava quase desistindo e saindo correndo pela rua – que estava estranhamente deserta – quando um barulho vindo de um beco ao meu lado me chamou atenção. Senti meu corpo gelar e meu coração disparar. “Um estuprador!” – Foi à primeira coisa que pensei. Segurei o guarda-chuva com força esperei para ver o que era.

Depois de um minuto alguém saiu do beco e fiquei estática ao ver quem era. Minha boca se abriu num perfeito “ô” e arregalei os olhos.

Saindo da escuridão do beco e sendo iluminado pela fraca luz do poste do estacionamento, estava Peter. Em sua mão estavam algumas pedrinhas e ele as soltou, deixando as mesmas caírem e rolarem pelo asfalto. Peter sorriu timidamente e se aproximou lentamente.

Sem perceber, também dei alguns passos em sua direção. Um nó se formou em minha garganta quando ficamos um de frente para o outro.

Observei a aparência de Peter. O loiro trajava roupas normais. Uma camisa cinza escuro, com um casaco de moletom azul por cima, calça jeans escura e tênis All Star. Seu cabelo estava maior e penteado num topete de lado e em seu rosto crescia uma barba rala e loira.

— Keth. – Ele falou sorrindo de forma tímida e até fofa.

Olhei em seus olhos percebendo a mudança de cor dos mesmos. Antes os olhos de Peter eram verdes esmeralda e agora o verde está misturado num azul céu. Ou seja, os olhos dele estão ainda mais bonitos.

Eu fiquei sem reação e só me movi depois de um tempo. Não sei porque, mas a única reação que tive foi começar a rir que nem uma maluca.

Peter me olhou franzindo o cenho numa expressão claramente confusa. Apenas continuei rindo e Peter acabou se juntando a mim, rindo da minha cara. E assim ficamos um rindo do outro sem nenhum motivo. Até que eu me lembrei de que segurava um guarda-chuva e o ergui, batendo o mesmo no braço do loiro.

Peter cessou as risadas e me olhou assustado. Eu igualmente parei de rir e fiquei com a cabeça baixa, sentindo algumas lágrimas escorrerem por meu rosto. Levantei a cabeça novamente e comecei a agredir o loiro com o guarda-chuva. Sim, eu estou batendo nele com o guarda-chuva.

— Você me traz de volta para o meu mundo, me faz ficar seis meses sem te ver e agora do nada, joga pedras na minha perna e sai que nem uma assombração de um beco e diz: “Keth”? – Disparei sentindo as lágrimas banharem meu rosto e investindo violentamente o guarda-chuva contra o corpo de Peter. – Qual é o seu problema?! – Gritei batendo em seu estômago.

O loiro caiu de joelhos no chão sem ar e eu me joguei em cima dele, fazendo-o se deitar no asfalto do estacionamento. Fiquei por cima dele estapeando seu rosto e peito.

— Você é um miserável! Desgraçado! – Gritei. Peter grunhiu quando arranhei seu rosto com a unha.

Parei de bater nele e afundei o rosto em seu pescoço, chorando que nem uma criança fazendo pirraça. Senti Peter me abraçar e ficamos deitados no chão abraçados por um bom tempo. Tenho certeza de que quem nos visse agora nos chamaria de pervertidos.

Eu cessei minha crise de choro e Peter se sentou comigo em seu colo. Ele acariciou meus cabelos e eu me afastei para ver seu rosto.

— Seu rosto está inchado e vermelho. – Ele falou soltando uma risada. Funguei e o abracei.

— Eu senti sua falta seu vira-lata! – Falei com voz chorosa e meio carente.

— Será que pode parar de me xingar? – Ele brincou retribuindo o abraço.

— Não. – Neguei abrindo um sorriso amarelo.

Interrompi o abraço e o encarei. Peter sorriu de lado e seus olhos transbordavam sua saudade.

— Eu vivo aqui agora. – Falou. Franzi o cenho. – No seu mundo. – Completou.

— Como assim? Você abandonou Neverland? – Perguntei surpresa. Ele afirmou.

— Acredito que será uma honra para você ter que aguentar um cara lindo como eu todos os dias daqui para frente. – Ele falou convencido.

Arfei abrindo um sorriso e o beijando. Suspirei. Finalmente, depois de seis meses, um beijo.

Peter segurou minha nuca com uma mão enquanto a outra deslizava pelas minhas costas e segurava minha cintura. Acariciei seu rosto e ele aprofundou o beijo, me puxando para mais perto dele.

Depois de uns 15 minutos – ou mais – nós cessamos o beijo e Peter me olhou sorrindo de lado e com uma das sobrancelhas levantada.

— Você não tem jeito! – Falei soltando uma risada divertida e colando nossas testas, segurando a nuca do loiro.

É, Peter realmente é a peça que faltava no meu quebra-cabeça. Eu e ele somos como fumaça e fogo. Ele é o fogo e eu sou sua fumaça.

[...]

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The End...