Simply Different

23° Capítulo - Está na hora de voltar para casa


Um imbecil. É exatamente isso que ele é.

Imaginem: Seu namorado conta a você no seu maldito aniversário de dezoito anos, que é um anjo e, mostra suas asas. Aí some nos próximos cinco dias. Dá para imaginar? Não? Ok isso é meio surreal, confesso.

Mas é isso, aquele imbecil sumiu. Será que eu posso ir pro inferno por chamar um anjo caído de imbecil? Fo-deu. Talvez ele não tenha exatamente sumido, digo, eu também nem o procurei. Maldito orgulho!

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– Vá logo a casa dele Sophia. – minha melhor amiga praticamente mandou.

E ela nem sequer sabia do que havia acontecido. Eu não contaria à ela.

Me dei por vencida.

– Ok, eu vou.

(...)

Faz cinco minutos que estou encarando a linda porta da casa dele e me sinto incapaz de tocar a campanhia por puro orgulho. Ok talvez faça mais que cinco minutos, dez talvez, ou trinta... Dane-se.

Mas, o que eu vou dizer à ele? “Ei namorado, como assim você me mostra suas asas e diz ser um anjo caído e nos próximos cinco dias não me procura? Eu preciso de respostas!” Até que não é má idéia.... Porém eu não sou tão cara de pau assim. Se ele quiser me dar respostas, ele mesmo vai me procurar. Isso. Eu vou voltar pra casa.

– Sophia? – claro que Arthur tinha de estar ali me ouvindo pensar alto.

– Oi. Eu... Eu sou a irmã gêmea dela. - Eu disso mesmo isso?

– Ah claro. – ele riu. - Eu não estava em casa. – respondeu parando de rir e mostrando as sacolas de supermercado que ele segurava nas mãos.

Ele passou por mim dando um beijo estalado em minha testa e abrindo a porta da casa, entrando na mesma e me deixando para trás.

– Você não vem? – indagou com a voz já distante.

O encontrei na cozinha guardando as compras. Me sentei na bancada deixando as minhas pernas balançarem no ar enquanto o observava. Assim que terminou de guardar tudo, me ofereceu um toddynho que aceitei sorridente.

– Então você quer explicações? – indagou sentando ao meu lado na bancada.

– É. – murmurei. – Eu tenho tantas perguntas para lhe fazer. Digo, você nem sequer me procurou nos últimos dias.

– Você também não Soph. Eu achei que talvez não quisesse mais me ver. – disse.

Eu e o encarava confusa e chateada, como ele pôde pensar que eu o abandonaria?

– Eu jamais abandonaria você. – sussurrei baixo, porém nossos rostos já estavam tão próximos que ele foi capaz de ouvir.

Seu polegar acariciava uma das minhas bochechas e seu rosto logo quebrou o pouco espaço que tínhamos, selando nossos lábios.

– Eu ainda preciso de respostas. - murmurei novamente assim que nos separamos.

– Eu prometo responder todas as suas perguntas Sophia, mas esta não é a hora.

– Porque não?

– Apenas não é. – disse descendo da bancada e indo em direção a geladeira. – Está com fome?

Murmurei um sim tentando afastar as malditas duvidas que não saiam da minha cabeça há dias.

Arthur sabia cozinhar, sendo assim, fez panquecas já que se passava das oito da noite.

Cheguei em casa tarde, tomando um banho e me jogando na cama na intenção de cair no sono. Porém, minha cabeça estava cheia de questões que parecia que nunca seriam respondidas. E se além de Arthur ser um anjo, como nos meus pesadelos, ele também for embora?

Me levantei da cama e me sentei no chão da pequena sacada do meu quarto. O céu estava coberto por estrelas e a lua deveria estar iluminando meu rosto.

Todas as vezes que imaginei ver algo grande demais para ser um pássaro, voando para longe, era ele? Só podia ser. Ele me via enquanto dormia mesmo antes de nos tornarmos sequer amigos. Por que raios demorou tanto para me contar o que realmente era?

Estou completamente apaixonada por um anjo.

Fechei os olhos apertando as pálpebras com força e sentindo meu rosto se molhar por malditas lágrimas que escorriam sem permissão. Eu não poderia perdê-lo. Mesmo que só em pesadelos idiotas, eu não poderia mais perdê-lo.

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Ao abrir meus olhos e encarar novamente o céu coberto por tantas estrelas, eu enxerguei um pequeno ser voando em minha direção e, na medida em que se aproximava eu o via melhor e seu tamanho parecia aumentar cada ver mais. Era Arthur.

Me levantei do piso frio e me afastei, vendo-o pousar logo em minha frente. Suas asas brancas pareciam não brilhar tanto quanto da primeira e última vez que havias as visto, e seus olhos negros também não tinham aquele brilho, eles agora pareciam mais assustadores do que nunca e encaravam os meus de uma forma firme e fria.

– Soph. – ele sussurrou meu nome e um sorriso triste brotou em seus lábios.- Você precisa de respostas não é?

Eu não estava entendendo absolutamente nada.

– Eu posso esperar por elas.

– E por mim, você pode esperar?

– O que? – malditos pesadelos. Que seja só mais um, por favor.

– Meu lugar não é aqui Soph, eu preciso ir.

– Ir para onde?

– Para o lugar de onde eu não deveria ter saído, para casa. – ele respondeu.

É apenas mais um pesadelo, não se desespere Sophia!

– Pensei que anjos caídos não pudessem voltar para casa. – me ouvi dizer à ele.

– Nós não podemos, a não ser que sejamos convocados. – Arthur respondeu com a voz fraca.

– Isso é só mais um pesadelo infeliz não é? – ele fez que não com uma fraco movimento de cabeça.

_ Soph me desculpe... - ele lhe disse olhando nos meus olhos. - Mas nós não podemos mais ficar juntos.

Senti meus olhos lacrimejarem ao ouvir tais palavras e logo meu rosto novamente se molhava com as malditas lágrimas. Arthur tinha um olhar triste e secou minhas bochechas úmidas usando a manga do moletom.

– Por que não?

– Você sabe como sou diferente, eu não sou um simples humano Soph, eu sou um anjo, lembra?

– Mas... – O abraçei de tal maneira, como nunca havia feito antes. Com a cabeça encostada no peito dele, sussurrei: - Eu amo você Arthur!

Era a primeira vez que eu lhe falava o que sentia. Não aguentaria ficar longe dele e sabia que ele também não.

– Eu também amo você Sophia. Darei um jeito de voltar.

Fechei meus olhos apertando as pálpebras, desejava com todas as minhas forças que aquela despedida fosse só mais um de meus pesadelos freqüentes, mas quando os abri, ele já não estava mais lá. Arthur havia ido embora e provavelmente não voltaria.