Nunca fiquei tão feliz por sentir um peso sobre meu corpo como agora. Estava distraído olhando para a janela, com as mãos mergulhadas em certos cabelos negros aí, que eu nem vou falar de quem são -, enquanto essa pessoinha estava deitada com a cabeça no meu colo, dormindo profundamente, enquanto o balanço do carro nos chacoalhava.

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Por fim, foi bem fácil convencer minha mãe a me deixar ir para a casa da minha tia. Bem mais fácil do que eu pensava, na verdade… Enfim, e era óbvio que a Yas viria também, a mãe dela quase a chutou de casa pra vir comigo. Acredite ou não, as nossas mães torcem para que fiquemos juntos…

ATÉ NOSSAS MÃES FAZEM ISSO E ESSA DOIDA NÃO PERCEBE O QUANTO EU GOSTO DELA!

— Ichirouta, já estamos chegando. Acorde a Yasmin, por favor. - Anunciou minha mãe enquanto dirigia, assenti e tirei (infelizmente) as mãos daqueles cabelos negros e macios, cutucando o ombro dela com um pouco de força, porque eu sabia que usar minha sutileza não ia adiantar de nada.

— Bela adormecida, a gente já tá chegando… - Disse em um murmúrio suave e alegre, ouvindo ela resmungar coisas que eu nem fiz questão de entender.

— Hm… Que dia é hoje?

… Eu adoro a voz rouca dela pela manhã, que coisa fofa! Acabei me desconcentrando e ri antes de respondê-la.

— Sábado.

— Por que você tá rindo? Que horas são? - Perguntou virando o rosto para mim, deitando de barriga para cima sobre minhas coxas.

— Não faço ideia… - Não pensei muito antes de replicar. Estava vidrado demais em seus olhos miudinhos de sono, observando a batalha que ela travava consigo mesma para permanecer acordada.

O carro parou e eu continuei com meu olhar fixo em seu rosto, fazendo um cafuné em sua cabeça no mesmo instante em que minha mãe se retirava. De imediato ela começou a “pescar”, abrindo e fechando os olhos toda hora, lutando bravamente contra seu sono pesadíssimo.

— Não dorme não, não viu que já chegamos? - Retruquei a sacudindo, a cara de ódio que ela me lançou foi impagável HAHAHA!

— Te odeio…

— Admita que me ama! - Gritei antes que ela saísse do meu colo e jogasse uma necessaire na minha cara. (E dessa vez eu não consegui desviar!) Senti a ponta da tampa de um esmalte acertar meu olho, essa doida me paga!

Se eu fiquei chateado pelo vácuo? Naah, só vou esperar minha prima chegar aqui pra ela ver com quantos paus se constrói uma cena perfeita de ciúmes… Ignora essa minha frase, eu falo coisas sem sentido quando fico bravo.

~*~

A casa da minha tia era G I G A N T E! E não era para menos, é claro: ela era dona de uma pousada - que por acaso, é também a sua casa - e aqui, ela hospeda várias pessoas… Não seja tão óbvio, Kazemaru! Enfim! Quase todos os anos eu venho pra cá, e coincidentemente, Leona (minha prima) também, já que ela é uma das queridinhas da família. É um lugar bem legal, com atividades recreativas e coisas assim, além da cascata da cachoeira, que fica no Parque dos Lírios - que tem esse nome, mas não é bem um parque, tá mais pra uma floresta. E como o nome propõe, lá há vários tipos de lírios, de diversos tamanhos, cores e formas. É bem romântico também, talvez eu até me declare lá -, seria bom se fosse fácil assim…

Eu fui o condenado a levar as malas das madames. Bando de folgadas, argh. Enquanto me matava pra trazê-las, ouvi ao longe alguns gritinhos histéricos, de mulheres, obviamente. Minha rapaziada não faz esse tipo de coisa… Tirando o Max, ele dá esses “pitis” às vezes. Avistei minha tia abraçada a minha futura namorada, e não consegui disfarçar o sorriso que se formou nos meus lábios.

— Ai meu Deus, eu não sabia que você vinha também, Jasmin!

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… É… Minha tia, meio que NUNCA consegue dizer o nome da Yasmin certo, mas ela não se importa tanto com isso. Até desistiu de corrigi-la, mas as vezes dá pra ver fumacinhas de raiva saindo de sua cabeça a cada vez que minha tia pronuncia errado.

— É, eu não sabia que viria também, por isso nem deu pra avisar… - Retratou-se dando uma risadinha constrangida.

— Não tem problema nenhum, meu anjo. Vamos entrar - Anunciou a mulher - cofcof baixinha sim - de cabelos grisalhos e roupas chiques e sociais, mesmo naquela calor do capet… Naquele calor maravilhoso. Acreditam que ela nem me cumprimentou?! EU sou o sobrinho dela! Fomos para a cozinha e a mesa do café da manhã estava farta. Ainda bem, porque eu tava quase comendo uns peixes que tinham do lado de fora. Comemos enquanto conversávamos, outros hóspedes apareceram e se juntaram a nós. Após isso, fomos para o quarto, que adivinhe? NÓS ÍAMOS DIVIDIR! YEAH! Ok, ok, tinha uma parede divisória no meio dele, mas ainda estaríamos no mesmo ambiente.

Ok, dessa vez eu preciso manter o foco e não tentar, de maneira nenhuma estragar tudo, como da outra vez. E não, eu não estou nem um pouco nervoso com isso (agora né).

No quarto…

— Aaai! Eu tô tão ansiosa pra descer a cachoeira de caiaque!

É o que?!!

— Menina, você tá doida?! - Virei pra ela na hora, desistindo de procurar uma roupa mais confortável para vestir - A gente não vai descer a cachoeira, não!

— Eu sei, a gente não vai ir até a cachoeira, mas é só um modo de falar. - Inclinou os ombros despreocupadamente sentando sobre sua cama enquanto que, com a outra mão livre passava um gloss sabor cereja em seus lábios, tão delicados quanto uma pétala de rosa… Uma pétala de rosa que eu adoraria beijar. Aquele cheiro doce estava mexendo com meus sentidos de uma tal forma, que eu aspirava mais forte a cada minuto, apenas para gravar na minha mente aquele aroma delicioso.

Com o mesmo movimento de Yas, me joguei sobre minha própria cama, de bruços para poder pegar minha bermuda jogada atrás da cabeceira. Eu tinha tido a idéia genial de ir de calça jeans para lá, mas o calor exigia algo mais fresco, definitivamente. Quanto a minha “amiguinha”, ela estava incrivelmente feminina naquele dia. Foi estranho - e bom, ao mesmo tempo -, vê-la de vestido. Era básico e delicado. Não tão longo e, não tão curto. As cores neutras de azul e rosa combinavam demais com sua pele, e o branco recaindo num tom de degrade em seu tecido davam mais leveza à peça. Ela estava linda, ainda mais do que qualquer outro dia em que eu tenha visto.

Hum… Será que ela se arrumou tanto assim por causa da Leona?

Ok, vou parar de me iludir.

Por fim, só faltava pra mim trocar a camisa depois que vesti a bermuda dentro do banheiro. Ela ainda estava no quarto, arrumando a franja de frente ao espelho, vez ou outra me olhando pelo reflexo e sorrindo. Eu não tinha problema nenhum em me trocar na frente dela, pelo menos na parte de cima, já que ela me viu sem camisa várias vezes em outros momentos…

PORÉM, CONTUDO, NO ENTANTO…! Quando eu tirei a camisa, ela ficou me olhando por muito mais tempo. Tipo, encarando mesmo! Mas de repente, virou o rosto e fitou com o olhar perdido sobre o chão.

Virei-me também e peguei a camiseta em cima da cama, e pelo cantinho dos meus olhos eu a peguei me olhando de novo.

— Isso nas suas costas é tão bonito…

Murmurou e eu me surpreendi um pouco, não pensei que ela fosse comentar algo.

— O que? - Perguntei ainda de costas, não tive coragem de olhá-la, porque provavelmente minha cara tava toda vermelha.

— Essas covinhas… - Covinhas? - Os furinhos perto do seu bumbum…

Oi? Ela tava olhando pra minha bunda?!

Rapidamente me virei e encarei mesmo, procurando naqueles olhos castanhos algum indício de que estivesse me zoando, mas ela estava… Corada!

— … Você tava olhando pra minha bunda?

— QUÊ?! Não! E-e-eu… - Normalmente ela não teria uma reação daquelas, mas acho que minha cara de “WHAT THE FUUUUCK” contribuiu para aquilo - T-tava... olhando as covinhas da suas costas! Eu não olhei sua bunda, juro!

— Ah… - Minha sobrancelha se ergueu sozinha, sério! Eu não conseguia acreditar naquilo, mas deixei passar. Voltei-me para o grande espelho na porta do guarda-roupa e me coloquei de costas para ele, refletindo os pontos que ela havia falado que achava bonito em mim… Nossa, eu nunca reparei que tinha covinhas nas costas.

— Elas são bonitas, né? - Ela disse, dessa vez sem gaguejar enquanto me olhava de cima em baixo.

— Acho que sim…

— Sexys…

— … - Agora sim, eu estava muito envergonhado. Girei meu corpo no lado anti-horário e a mirei, tentando não rir enquanto ela me lançava um olhar travesso - O que você disse, dona Yasmin?

— Ué, eu acho essas covinhas sexys… - Passou a língua entre os lábios. É impressão minha, ou ela tá me dando mole?

NÃO POSSO PERDER ESSA CHANCE!

Arrisquei dar alguns passos em sua direção, sempre mantendo a pose e o olhar mais firme e sério que eu tinha.

Ah, quem eu tô tentando enganar? Eu tava tentando fazer uma cara sexy, me deixa!

Continuei. Sete passadas me separavam daqueles lábios suculentos que eu tanto almejava. Ela permanecia estática, seus olhos não desviavam dos meus, eu estava tão seguro agora de que ela queria o mesmo. Meu coração se encheu de esperança. Eu ainda usava apenas a bermuda, estava sem camisa - meu peito subia e descia rapidamente, minha respiração descompassada insistia em não colaborar.

Tão perto… Ela fitou meu corpo e então, prendeu seus olhos em meus lábios. Tão perto… As possibilidades de rejeição eram tão grandes, que me fizeram vacilar por um meio segundo, mas eu não teria ido tão longe se não acreditasse naquele um por cento de esperança (OBRIGADO POR ME FAZER ACREDITAR, ENDOU!).

Eu estava de frente para ela: minha melhor amiga desde o primário, a garota que eu só conheci por conta de um esbarrão e um suco de uva de caixinha manchando todo o seu uniforme; a “santa do pau oco”, minha melhor amiga, minha futura namorada, minha parceira, minha morena, minha amada.

Nada poderia nos atrapalhar.

— Heey! Tem alguém aí?!

— AH, O QUÊ QUE FOI AGORA?!!! - AI MEU DEUS, EU GRITEI ALTO DEMAIS!

— .. K-kaze…?

Era voz de mulher. Uma voz agradável e gentil, agora um pouco assustada por causa do meu grito. Eu bufei tão alto, que acho que os vizinhos dos quartos ao lado escutaram, mas DANE-SE! LEONA, EU TE ODEIO POR ATRAPALHAR MEU MOMENTO!

~*~

— … Aconteceu alguma coisa? - Perguntou a loira notando o climão dentro do quarto; Kazemaru suspirando a cada cinco segundos, Yasmin o olhando a todo instante com um ar melancólico, que se divergia ao fitar a moça alta de belíssimos olhos azuis e cabelos lisos.

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Leona sabia o que estava acontecendo. Ela era uma adolescente experiente, dezessete anos e com uma imensa lista de ex-namorados, que nunca a abalaram. Não era de hoje que havia notado o comportamento estranho de seu primo favorito, mas enquanto observava de longe o casal, não imaginava que as coisas estivessem tão… Intensas ali.

— Não aconteceu nada… - Mas aconteceria se você não tivesse aparecido, argh. Rebateu em pensamento, prendendo com um elástico laranja os cabelos em um rabo de cavalo um pouco mais frouxo do que o habitual, jogou a franja de lado, como gostava de usar para cobrir um de seus olhos e saiu do quarto, sem mais nada dizer. Atsuki foi atrás não dando chance da porta bater contra seu rosto. - Yasmin, se você não se importa, eu quero ficar um pouco sozi…

Ela passou direto. Nem o olhou, deixando apenas uma rajada de vento ricochetear o corpo do rapaz assim que ela passou como um furacão por si. Desnorteado, Ichirouta observou ela seguir até o fim do corredor e dar um berro, mas um berro, que até o Vitas* sentiria inveja se ouvisse.

Rapidamente ele e, Leona - que apareceu logo em seguida ao ouvir o grito da garota, correram de volta até a cozinha, encontrando ela e mais dois meninos pulando enquanto se abraçavam, e um bando de hóspedes os olhando como se eles tivessem algum tipo de retardo mental. Naquele momento, Kazemaru não sabia se ria ou se chorava, sentiu seu mundo inteiro cair.

Max e Handa estavam ali.



MAS QUE BELA MERD…



Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.