"See? I'm falling in love with you"

Fitei no espelho o reflexo da fragilidade expressa no meu rosto. Meu coração doía, procurando apoio emocional, ou qualquer que fosse desculpa para que eu me iludisse o suficiente e pensasse que estava tudo bem.

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Mas a verdade era clara, nada estava bem, e esse conto de fadas que acontecia no dia-a-dia tinha acabado. Havia boatos de que aquela floresta onde fomos passear era misteriosa, e muito perigosa pela noite, mas como fomos pela manhã, não nos preocupamos com isso.

Agora isso tinha sido nosso pecado, e eu sentia um oco dentro de mim, um sentimento frio e horrível, uma solidão indescritível. Eu costumava ser uma mulher fria, malvada que conquistava qualquer coração com um sorriso, um olhar e muita das vezes um toque pela outra parte. Nunca me importei, meu escudo era forte o bastante para alguém penetrá-lo e causar isso que estou sentindo. Estou desnorteada.

Volto a sentar sobre a minha cama, e logo desabo de bruços sobre o travesseiro. Fito o celular, cheio de mensagens de chamada não retornadas. A cara de deboche dele como ícone do número. Porque esse idiota fez isso?

–Hey Evie... Se anima um pouco. -Diz Mal entrando no nosso quarto. Expressava um sorriso solidário, e gentil, coisa que eu costumava fazer. -É difícil ser você ás vezes.

–Como assim? -Perguntei, logo depois que ela se sentou na beirada da minha cama. Me ajeitei na cama para que eu a ouvisse melhor.

–Você é sempre tão sorridente. Todos te estranham quando fica triste. - Ela suspira e me encara. -Porque normalmente é você que nos alegra.

Ri com a declaração de Mal. Ela nem imagina que está me alegrando.

–Como é que é ser você Evie? Não sei de onde você arruma conselhos. -Disse ela, realmente interessada na resposta.

–Tenho meus truques. -Disse e me levantei em direção, deixando ela (provavelmente) bufando para trás.

Andei pelo corredor em busca de um pouco de ar. Observei os trabalhos escolares pregados pelos corredores, inclusive os anúncios do jogo do final de semana. Quem se importa? Ah Evie, todo mundo, mas eu não me importava mais.

Sei que as meninas ficariam furiosas caso eu não fosse participar do jogo na torcida, mas eu realmente não estou com cabeça pra isso. Não sei o que sinto. Não consigo para de pensar nele.

Quando o vi pela primeira vez, ao contrário do que todos pensam, achei ele até fofo, mas muito bobo. Acho que eu me importava muito mais com príncipes e seus castelos imensos. Eu poderia usufruir do bom e do melhor com eles, e isso era o mais importante.

Mas... Desde que cheguei á Auradon percebi o que eu realmente era. Quantas vezes olhei para aquele espelho do quarto, e me perguntava "quem era aquela garota?" pensando se eu nunca voltaria a ser eu mesma. Eu via a Evie poderosamente sexy e maravilhosa, mas o seu semblante... Era tão... tão diferente! Não parecia Evie, a Sedutora. Parecia mais como a melhor e mais bondosa garota que se possa conhecer.

Era uma sensação estranha, eu me imaginava rainha, liderando reinos e desfrutando todos os meus anos de reinado com meu marido forte e maravilhoso. E agora, eu não queria isso. Reinos luxuosos? Pra quê isso sem amor? Sem sinceridade?

Eu gostava da "nova eu". As mudanças fluíram repentinamente em Auradon, me fazendo descobrir que ninguém é mal ou bom o suficiente para ser julgado por tais. Todos nós temos nossos pontos negativos e positivos, temos nossos altos e baixos da vida, e vivenciar tudo isso é que é o engraçado. Uma vida perfeitinha não é tão boa quanto uma vida verdadeira.

Na Ilha dos Perdidos eu podia fazer o que quisesse. Tirando o meu impulso por garotos bonitinhos, eu gostava de impor poder e soberanidade, apontava no rosto de cada um de meus "súditos" enfeitiçados por mim e fazia o que eu bem entendesse. Era divertido, mas lá no fundo eu sentia o vazio do verdadeiro. Uma diversão vaga, sem fundamento, uma coisa que eu não contaria aos meus netos, pensava ao olhar o espelho.

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E agora eu tinha essa vida. Cheia de emoções, cheia de descobertas... Um mundo de mudanças! E eu me encontro nesse estado de desespero total, preocupado com o engraçadinho que simplesmente foi respirar ar puro demais e não voltou para dizer que a umidade do ar estava ótima. Ele só foi, ele não quis explicar, ele não disse pra ninguém, não me disse.

Sem perceber, eu andava pelo pátio da escola, á passos pesados, em direção ao outro lado de dormitórios.

Antes de entrar nessa parte, olhei para fora pela janela do corredor.

A noite estava linda, a estrelas brilhavam como nunca e uma inexplicável aurora de cor magenta descendia pelo céu, como um véu de noiva no ar. Meus olhos brilharam de admiração, e eu devo ter ficado alguns minutos observando aquele céu tão maravilhoso.

Ele me fazia lembrar daquela noite, daquele momento. Eu tinha decidido caminhar um pouco depois daquela agitação toda e fui para fora. Estava escuro, então eu peguei o meu espelho e pedi um pouco de luz. E ao contrário disso, ele me deu uma sensação muito melhor do que uma simples lanterna.

Eu senti uma alegria gritante, como se estivessem comendo chocolate pela primeira vez e constatado que, era uma delícia e que apartir daí seria um tipo de droga pra mim. Eu rodopiei, cantei como nunca, com aquela magia tão gostosa emergindo de mim que até agora eu não conhecia.

Apesar de tudo, ela acabou rápido demais. Quando percebi, eu estava cara a cara com Doug. Eu não sabia a quanto tempo ele estava ali, e nem quando chegou, mas eu me sentia frustrada. Eu queria fugir, aquela semana estava furiosa comigo e quando o vi, lembrei de tudo que tinha acontecido na festa antes da coroação.



"-Doug? O-O que está fazendo aqui? N-Não devia... -Eu estava frustrada, sentia um aperto no meu coração, eu queria desabar, mas não na frente dele.
–Evie... Eu...
–Por favor! Eu... Me esqueça Doug! -Aquelas palavras me cortavam por dentro."



E depois de tudo o que eu fiz...

"-Não dá Evie! -Disse em um tom alto o suficiente para o meu espanto. Desnorteada, olhei para ele surpresa.. -Você... É especial... Incrível...
–Não preciso de elogios Doug! - Eu me virei para sair, mas ele me segurou pelo pulso. Eu estava tremendo. -Por favor..."

Ele mesmo assim...



"-Evie, eu faria tudo por você, eu enfrentaria qualquer coisa, pessoa, circunstância... Para ver seu sorriso... -Ele falava com tanta convicção, eu não aguentava mais. -Eu não consigo mais Evie! Não consigo contar quantas vezes fui naquele lago pra esquecer essa dor! Ela sempre volta... -Vi seus olhos vermelhos e logo abaixou a cabeça, deixando as lágrimas descerem."



"-Doug..."


–Doug.–Falei inconscientemente, enquanto ainda olhava aquele céu. Eu precisava fazer alguma coisa.

Continuei a caminhada para o outro lado dos dormitórios. Com calma e cuidado para não ser vista, cheguei até o quarto do Doug.

Abri furtivamente, sentindo por dentro um tipo de constragimento por entrar no quarto de um menino -teoricamente eu não devia ser assim- e olhei em volta. Eu tinha entrado aqui mais cedo, mas não parei para analisar o quarto.

Eu estava tentada á procurar segredos sobre ele, mas meu bom senso deu um alerta do que realmente importava.

Procurei celular, plano de herança, carta de suicídio, mas eu não achei. Graças á Deus! Exceto pelo celular. Mas isso complicava mais ainda, o que comprovava que ele mal passou aqui para deixar alguma coisa. Ele só foi andando naquela maldita floresta. Droga! Doug idiota.

Sento sobre a cama e penso no que devo fazer. Doug sempre me dizia que eu era inteligente, e saberia sempre o que fazer. Mas acho que ele nunca imaginou que eu teria esse problemão para encontrar ele. Me sujeitando até a invadir o seu quarto. Imaginei a cara de raiva que ele faria ao saber disso. Ri da minha ideia sem cabimento.

Lá no fundo eu sabia o que eu tinha que fazer, mas não queria admitir. Afinal, eu apenas estou agindo como uma humana normal, querendo uma desculpa para não acreditar no que está claro e evidente diante dos meus olhos...

Eu vou ter que procurar-lo.

Ótimo! Agora eu estou com raiva de você Doug.

Olhei em volta, roubei uma blusa de frio dele e sai do quarto com cuidado. Eu não ia no frio, não mesmo. Que ele considere isso uma forma de se desculpar.

Só espero que ele não tenha ido longe, querendo ou não...

Eu estou preocupada.