Passei pelas ruas da Corte e percebi que a notícia da condenação de Victor já corria por toda a parte. Fui em direção ao centro comercial e entrei em uma loja que vendia um pouco de tudo. Era como se fosse uma loja de departamentos compacta. Eu já sabia o que dar de presente a Rose e fui ao departamento que vendia aquele artigo. Andei pelas prateleiras e sorri mentalmente ao encontrar. Ela realmente ia adorar isso. Passei no caixa e pedi para embrulharem para presente. Voltei ao meu quarto, e coloquei o pequeno embrulho dentro da minha valise. Ainda faltaria algum tempo para decolarmos, então resolvi ler um pouco.

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E, como sempre, eu estava completamente compenetrado na minha leitura, quando o telefone tocou.

“Belikov?” a voz de Aberta chamou no outro lado da linha “nosso avião já está praticamente pronto para decolar. Conseguimos antecipar um pouco a hora do vôo. Preciso que você encontre Vasilisa e Rosemarie, elas foram vistas indo em direção ao SPA há mais de uma hora.”

Vesti meu casaco e caminhei até o SPA. Uma brisa fria soprava, indicando que a temperatura havia caído ainda mais. Cheguei até a recepção e lá me indicaram o caminho da sala onde Rose e Lissa estariam cuidando das unhas. Não pude deixar de ficar surpreso por Rose se preocupar com suas unhas, diante de toda responsabilidade que a aguardava como guardiã. Lá, uma manicure chamada Eve me disse que elas tinham ido se consultar com uma vidente. Outra coisa que me deixou ainda mais surpreso. Rose não era o tipo de pessoa que se preocupava com seu lado espiritual, ainda que fosse místico. Só poderia ter sido uma idéia de Lissa.

Passei pelos corredores, seguindo mentalmente as instruções do caminho dadas por Eve. Encontrei a sala indicada, mas não havia ninguém na recepção. Então, dei uma batida leve na porta e abri, colocando minha cabeça para dentro. Vi Lissa e Rose sentadas em frente a uma mulher Moroi vestindo preto e coberta de jóias. Ela se chamava Rhonda, como haviam mencionado no salão do SPA.

“Ah, eles disseram que vocês estavam aqui.” Entrei olhando para a vidente, não deixando de me sentir tentado a pedir uma consulta. Ela me olhava com certa indagação e eu lhe dei um breve aceno em respeito “Desculpe interromper, mas eu preciso levar estas duas para o avião.”

Rhonda me olhou, como se pudesse examinar a minha alma. Eu senti calafrio passar pela minha espinha. Eu conhecia bem aquele tipo de olhar. Era igual ao que a minha avó me dava, quando tinha algum pressentimento. Ela também tinha o dom de fazer previsões sobre o futuro e eu cresci aprendendo a respeitar, admirar e, de certa forma, seguir isso. E agora, diante do olhar de Rhonda, eu experimentei novamente a sensação de que tinha algo que eu precisava saber. Algo sério iria acontecer e ela estava enxergando isso naquele momento. Algo que eu não poderia ignorar.

“Não tem nada para se desculpar” ela falou sem tirar os olhos de mim “mas, talvez você tenha tempo para uma leitura”. Seu tom não sugeria uma pergunta e sim quase uma imposição.

Realmente, eu não poderia ignorar isso. Então, puxei uma cadeira que estava ao lado de Rose e sentei em frente a mesa, começando a ficar preocupado com o que viria.

“Obrigado” falei polidamente, sentindo a preocupação tomar conta de mim.

Ela puxou as cartas que estavam dispostas na mesa e começou a embaralhar rapidamente, depois pedindo para que eu cortasse em três partes. Dali, ela tirou três cartas e arrumou na mesa. Eu conhecia bem aquelas cartas. Na verdade, eu conhecia todas as cartas. Eu vi muitas vezes minha avó jogar a sorte para mim e aprendi a ler o significado de todas, juntamente com ela, apesar de não ter o dom para fazer as previsões.

Rhonda mostrou o cavaleiro de paus, a roda da fortuna e o cinco de copas. Ela olhou para as cartas, como se elas fossem um portal para o futuro e depois me olhou profundamente.

“Você irá perder o que mais valoriza. Aprecie isso enquanto você ainda pode” ela então apontou para a carta da roda da fortuna e acrescentou “a roda está girando. Sempre girando.”

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Aquelas palavras dela fizeram com que eu sentisse um calafrio ainda maior passar por mim. Não era uma leitura boa e a roda girar indicaria que seria breve. Eu sabia disso. Eu fiquei olhando para aquelas cartas, tentando buscar uma resposta para aquela previsão. O que eu perderia? O que eu mais valorizava? Fazendo uma breve lista mental, me ocorreu que eu valorizava muito mais coisas do que eu tinha conhecimento. E eu não queria perder nenhuma delas.

Senti que Lissa e Rose me olhavam de forma questionadora e voltei para a realidade que tinha me trazido até aqui. Tínhamos que viajar de volta para a Academia e já estávamos atrasados. Olhei novamente para Rhonda e lhe cumprimentei com um breve aceno “Obrigado.” Ela me devolveu o aceno e nós nos levantamos.

Um damphir que estava na sala nos cumprimentou e disse que a leitura tinha sido por conta dele “Isso valeu a pena” ele falou se dirigindo a Rose “valeu a pena ver você pensar dez vezes sobre o seu destino.”

Obviamente, Rose não estava levando nada daquilo a sério e ridicularizou “Sem ofensas, mas estas cartas não me fizeram saber nada sobre qualquer coisa que fosse”. Ele apenas sorriu em resposta.

Nós já estávamos seguindo para a sala da recepção, quando Lissa voltou para a sala de Rhonda.

“Com licença”

“Sim?” Rhonda respondeu.

“Isso vai lhe soar estranho, mas... hum, você poderia dizer em qual elemento se especializou?”

Uma leve e agradável brisa passou pelo cômodo “Ar. Por quê?”

“Nenhuma razão” respondeu Lissa “Obrigada novamente.”