Sex, Drugs And Problems - IV

Capítulo 87 - Assinado, Ma


O Binho entrou no quarto e me abraçou. Depois veio a Paloma e ficamos nós três no meio do meu quarto abraçados.

Paloma: Minha gatinha tá chutando. - peguei na barriga dela e senti o bebê chutar. - E aí, já escolheu o nome?

Eu: Já. Mas só vou falar quando ela nascer. Vou fazer suspense…

Meu celular tocou. Olívia.

Olívia: Adivinha quem voltou pro Alpha.

Eu: Victor?

Olívia: Nananinanão. Senhorita Mariana Rinaldi. Não aguentou ficar longe das amiguinhas.

Eu: Ah, e você me ligou pra isso?

Olivia: ok, se não foi informação boa, tchau.– desligou.

Eu definitivamente sou cercada de loucos.

Estávamos na sala meia hora depois, vendo um filme quando eu recebi uma mensagem.

Eu não conhecia o número, mas quem mandou a mensagem me conhecia.

Eu: Droga. Acho que sei quem foi que me denunciou.

Binho: Como? Tá escrito aí?

Mostrei a mensagem pra ele e pra Paloma.

Binho: É meio óbvio, não?

Paloma: Totalmente.

Binho: O que você vai fazer, Ná?

Eu: Vou na casa dela, claro. E vou sozinha. Não quero ninguém lá pra testemunhar o que eu vou fazer com a cara dela.

*

A Mariana morava num apartamento não muito longe da minha casa. Eu nunca entrei lá, mas já parei na frente uma ou duas vezes pra buscar e levar a Juliana e graças à isso o porteiro já tinha me visto e eu sabia o número do apartamento. Eu queria subir sem ser anunciada, então fiz minha melhor cara de anjo inocente e toquei o interfone da portaria.

Eu: Eu preciso ir no apartamento 275. Mas eu queria fazer uma surpresa pra Mari porque a gente brigou e eu queria pedir perdão de um jeito especial. Posso?

Porteiro: Ok. Mas há alguns minutos chegou um menino aí. Ela não tá sozinha.

Eu: Tá, ele me ajuda a convencê-la. - ele destravou o portão e eu entrei no prédio. Peguei o elevador e apertei o botão de número vinte, o último andar. Era um prédio visivelmente antigo, mas bem elegante. Bem a cara de uma metidinha da espécie da Mariana.

Parei na frente da porta do 275 e pensei em como eu entraria. Ela provavelmente estaria transando com o tal garoto que chegou há pouco, o que ajudaria a foder mais ainda com o dia dela e me deixaria um pouco alegre. Se a porta tivesse destrancada seria tão fácil. Mexer na maçaneta não custa.

Virei a maçaneta e consegui abrir a porta. Abri um pouquinho e vi o sofá, onde ela tava TRASANDO COM O CAIO?! WHAT?!

Eu nem fiquei tão impressionada por ela estar trasando com o Caio. Mas sim porque ultimamente ela só falava mal dele e que ele era idiota e espalhou pra todo mundo no Facebook que ele tinha herpes genital.

Então eu tive uma ideia perfeita: filmar. Peguei o celular, coloquei pra gravar e o coloquei pra dentro da casa, apontando a câmera num ângulo que pegava bem a cara dela e do Caio. Depois era só armar um jeito muito filho da puta de mostrar aquilo pra escola toda e já era.

Caio: Diz que você é minha vadia. Vai, diz. - que coisa nojenta, meu Deus do céu.

Mariana: Sua, sou sua vadia. Sua putinha.

Dele e de toda a escola, né? Cara, aquilo não podia ser melhor. Bom, podia. Eu podia não ter que presenciar aquilo, mas agora eu tinha a vingança perfeita. Em vídeo. E na melhor hora. Só faltava o plano perfeito.

Saí do prédio correndo e voltei pra casa. No meio do caminho a Catarina me ligou e disse pra eu ir pro hospital.

Cheguei lá e fui direto pro quarto do Fábio. Aquela mesma policial que foi na minha casa tava na porta.

Policial: Você tem um tempo determinado por mim com o garoto. Vai dizer que vai ter que deixá-lo e que não vai poder vê-lo mais. Essa é a última vez que você vê o menino.

Eu: Quê?! Tá maluca?

Policial: Pelo menos enquanto não sai sua sentença.

Entrei no quarto e o Fábio abriu um sorriso quando me viu.

Eu: Ei, anjo. Eu não vim te dar notícias boas. Eu vou ter que ir embora, meu amor.

Fábio: Por quê?

Eu: Olha só, tem gente ruim que não quer que a gente fique perto, porque eu te levei pra minha casa. Mas você ainda vai fazer a cirurgia e vai ficar bom, tá?

Fábio: Você vai voltar?

Eu: Não sei. Talvez eu não volte. Talvez eu fique longe pra sempre. Mas eu vou tá sempre pensando em você.

A policial entrou no quarto e me olhou feio.

Eu: eu vou ter que ir, meu anjo. Mas olha só, assim que der eu volto - secando umas lágrimas.

Fábio: Pode ir. Se você voltar eu vou saber que você não mentiu.

Eu: Fábio eu te amo, anjinho.

Fábio: Eu também, Naty. - eu o abracei forte, dei um beijo na testa dele e saí, chorando pra caralho. Parei na frente da policial e olhei nos olhoa dela.

Eu: Espero que esteja feliz.

Policial: Não estou. Mas é o meu trabalho.

Dei as costas pra ela e fui procurar a Catarina. A encontrei num corredor falando com um médico e a chamei.

Eu: Quando é a cirurgia?

Catarina: Amanhã. E a administração do hospital recebeu ordens de não te deixar entrar até sair a ordem do juiz.

Eu: Você tá nessa comigo, sua desgraçada.

Catarina: Não. Eu sou a médica do Fábio e eu quem vou fazer a cirurgia dele.

Filha duma puta.

Eu: Você vai pagar por isso, ruiva maldita.

Voltei pra casa e me joguei na cama. Aquele dia não tava nem perto do fim e eu queria morrer. Ignorei a Paloma e o Binho, que ficaram me perguntando por que eu demorei e o que aconteceu com a Mariana.

Eu tinha que dormir. Só assim aquele dia ia acabar logo.

O problema era que eu não conseguia dormir. Então liguei pra Camila e pedi pra ela ir pra minha casa.

Camila: Naty, você tava chorando?

Falei tudo pra ela e chorei ainda mais.

Camila: Vem cá. - ela me puxou me fazendo deitar no colo dela e ficou mexendo no meu cabelo. - Vai ficar tudo bem. Se o Olavo te julgar ele não vai ser ruim. Eu acho que você tem que falar com ele.

Eu: É, acho que eu vou. Amanhã. Cá, dorme aqui?

Camila: Durmo, bebezinha.

Ela ficou mexendo no meu cabelo até que eu dormi. Quando eu acordasse eu ia pra casa do Olavo. Falar com ele sobre o julgamento e… devolver o cartão que o Fábio picotou.

E mais uma vez eu tava com medo.

Eu acho que o medo é um dos piores sentimentos que existem. Porque até o cara mais alto e mais forte do mundo, se tem um pouquinho de medo que seja, começa a se foder em tudo por causa dessa droga desse medo.
Medo… uma palavra pequena com o poder de foder vidas.

Eu acordei cedo naquele dia. O sol nem tava muito forte e, o que indicava que era realmente cedo, era meu relógio mostrar seis e doze da manhã. Droga.

Todo mundo tava dormindo e eu resolvi ir pra Luts. Tinha umas três pessoas andando de skate. Eu só fui pra um canto qualquer e fiquei sentada, olhando pro nada.

?: Madrugou? - olhei pra cima.

Eu: Oi, Teta. - ele sentou do meu lado e deu um soquinho na minha mão. - Eu tô num verdadeiro marasmo.

Teta: Quer desabafar?

Eu: Sei lá, acho que eu tenho falado demais ultimamente.

Teta: Então eu fico aqui com você em silêncio, pode ser? - Assenti e olhei pra frente. Ficamos lá olhando pro nada e ele tirou um cigarro do bolso. Me ofereceu um e acendeu quando eu peguei. - Você quer me contar por que tá chorando agora? - sequei uma lágrima.

Eu: Me entregaram pra polícia. Agora eu vou a julgamento.

Teta: Caralho. E que tipo de crime você cometeu? Tráfico?

Eu: Sequestro. - ele me olhou surpreso - Mas calma, eu não sequestrei ninguém e... por favor, não me peça pra explicar.

Teta: Fica tranquila. Não vou te forçar a nada.

Agradeci e terminei meu cigarro sem falar nada. De repente me deu um surto e eu quis olhar a mensagem de novo.

"Espero que seja presa. Soube que a polícia já foi te visitar. De nada.

Assinado, Ma"