September Song

I just can't go to sleep


Cair no sono não havia sido difícil visto o dia extensivo que eu havia tido, no entanto, permanecer a noite toda no mundo dos sonhos nunca havia sido uma tarefa fácil para mim. Eu tinha um grande problema familiar, passado de Granger para Granger, chamado insônia. Mamãe aprendeu a lidar com isso com o passar dos anos em Hogwarts, mas não gostava da ideia de pingar algumas gotas de poção do sono em meu chá. Em outras palavras, ela não queria me tornar uma dependente tal como vovô Granger com seus remédios para dormir.

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Sabendo que não haveria outra maneira de voltar a pegar no sono, levantei com o cuidado de não acordar Lily que tinha um sono extremamente sensível. No entanto, pior mesmo era descer sem acordar ninguém. As escadas sempre rangiam e vovó, em quase todas as vezes, me surpreendia na cozinha. Naquela noite não havia sido diferente de todas as outras vezes.

“Deixe que eu faço isto para você.” Disse vovó, me expulsando da cozinha.

“Eu posso fazer...” Tentei protestar.

“Vá descansar, querida.” Ela sorriu de modo que não hesitei em abraça-la. “Tente ler algo para trazer o sono de volta enquanto eu preparo este chá.”

Muitas vezes a inocência de minha avó me surpreendia. A cada ano que passava, mais inocente ela ficava. Esquecia-se coisas simples como onde havia deixado sua varinha ou que ler me tirava ainda mais o sono. Ocasionalmente ela esquecia coisas importantes. Algumas coisas até eram melhor longe de sua memória, como a morte de tio Fred. Para evitar passarmos por momentos complicados com vovó, ás vezes tio George fingia ser seu falecido irmão. Não era bom para ele, mas fazer a mãe sorrir parecia curar as feridas que não cicatrizavam.

Dei um beijo em minha doce Molly, a verdadeira rainha dos Weasley, e me afastei. Havia uma coisa que tinha certeza que me ajudaria a relaxar não somente o corpo, mas também a mente.

Do lado de fora d’A Toca, meu coração encontrava a paz interior com o silêncio que rondava todo o local. Com o calor do verão, o tempo ficava fresco o suficiente para se deitar na grama e observar o céu. A única coisa que me preocupava eram os pequenos gnomos. Aquelas pragas tinham dentes afiados.

Deitada na grama recém-cortada, uma obra de Victoire e Teddy, deixei meus olhos se encantarem para o que havia de mais bonito na noite: o céu estrelado.

“Não consegue dormir, Weasley?” A voz de Scorpius Malfoy me tirou de meu devaneio sobre astronomia e sua importância para os bruxos.

“O que está fazendo acordado a essa hora?” Perguntei ríspida. A última coisa que eu precisava de madrugada era uma discussão.

“Não consigo dormir.” Deu de ombros. “É muito quente lá dentro.”

Como parte de sua natureza narcisista, era óbvio que ele tinha que reclamar de alguma coisa para se sentir melhor.

“Não deveria ter vindo para cá então.” Comentei com uma pitada de irritação na voz.

“Sabe que não estou reclamando.” Ele defendeu. “A mansão Malfoy é enorme e vazia. Isso faz com que o vento circule mais e assim fica mais... Enfim, para ajudar, seu primo fala enquanto dorme.”

“Pensei que estivesse acostumado com isso.”

“Eu estou, mas hoje está pior.” Scorpius respirou fundo. “Alice enviou uma carta dizendo que esse ano iria para Ilvermorny fazer intercâmbio e, apesar dele fingir que está tudo bem perfeitamente, isso reflete nos sonhos dele.”

“Você deveria casar com Albus.” Brinquei. “Conhece ele tão bem quanto a própria mãe dele.”

Para minha surpresa ele também levou na brincadeira, pois estava rindo do comentário.

“Na verdade, Albus e eu já decidimos que vamos assumir nosso romance assim que acabar o sétimo ano.” Brincou enquanto se sentava ao meu lado com sua xícara de chá. “Estou surpreso que só tenha notado nosso relacionamento agora, Weasley. Pensei que fosse mais inteligente.”

Rolei os olhos, ignorando a provocação, e resolvi mudar o assunto. “O que está bebendo?”

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“Chá de camomila com maracujá.” Disse calmo enquanto assoprava a bebida. “Quer um pouco?”

“Não, obrigada.” Respondi educadamente, então me toquei do que estava acontecendo. “Você disse que estava bebendo o que?”

“Chá.” Um sorriso malicioso brotou em seus lábios. “Sua avó pediu que eu trouxesse para você, mas pelo visto a madame não quer. Que falta de respeito pelo mais velho! Fez a pobre senhora Weasley acordar para fazer este maravilhoso chá e faz desfeita dele assim?”

“Você está tomando o meu chá!?” Controlar minha voz estava sendo uma tarefa difícil, mas eu não poderia gritar para acordar a casa toda por causa de uma xícara de chá.

Para me provocar, Scorpius bebeu mais um gole bem lento, como se nada disso estivesse acontecendo.

“Me dê isso!” Tentei puxar a xícara para mim, no entanto, como um bom jogador de Quadribol, seus reflexos foram mais rápidos.

“Vai com calma, Rosinha! Não quero sujar meu pijama novo.”

“Que se dane seu pijama novo! Devolva meu chá seu monte de...” Eu não iria desistir tão facilmente do que me pertencia por direito, mas a cada investida, eu tinha certeza que ele derrubaria tudo.

“Espere!” Seu braço de estendeu entre nós, me afastando e impedindo que eu me aproximasse novamente. “Vamos fazer um acordo e eu te deixo tomar esse negócio...”

“Eu não faço trato com doninhas...” Cruzei os braços, dando a entender que aquela seria minha decisão final. Ele, por seu lado, levantou a sobrancelha duvidando de mim. “O que você quer?”

“Um beijo.”

“Você está brincando não é?” Não havia outra explicação para aquela atitude ridícula. Aquele era Scorpius Malfoy, o garoto que no terceiro ano jurou perante o quadro dos fundadores que jamais beijaria minha pessoa. “Isso é ridículo demais, projeto de comensal... Até para você.”

“Odeio quando me chama assim.” Sua cara feia ao me entregar a xícara me fez sorrir. “Precisa pegar mais leve.”

“Você nunca pega leve comigo.” Dei de ombros, em defesa.

“Tem razão, Sabe-tudo irritante júnior.” Seus olhos rolaram e não se importando com o que viria depois, ele se deitou. “Eu deveria ser mais legal para ver se você para de usar ofensas tão...”

“Eu não...” Não era minha intenção ofender. Ou talvez até fosse, mas não daquela maneira. As vezes eu simplesmente falava mais do que deveria. “Desculpe.”

“Você disse o que?”

“Eu pedi desculpa.”

“Desculpe, eu acho que não ouvi direito.” Ele se aproveitou da situação. “Será que pode repetir?”

“Vá para o inferno, Malfoy.”