Capítulo 25 - Um amor, um coração Final

Voltei para meu quarto com e mente cansada. Depois de uma enxurrada de problemas, ficara feliz em ver eles se resolvendo quase por si só. Entretanto, não podia negar que merecia um descanso após toda essa “novela”.

Depois de uma longa noite de sono, me sentia renovada. Abandonei o meu quarto junto a Rosalya, para nosso café da manhã na cantina. Assim que nos instalamos nas mesas, ela perguntou com cuidado:

– Como está o seu coraçãozinho, amiga?

– Bem melhor. Acho que o que eu sentia não era um sentimento tão verdadeiro quanto eu achava. – Rosa já sabia da minha última conversa com Kentin, por isso fez uma cara desconfiada. – Pode ter certeza que não chegava perto do que você sente por Leigh. – Nós rimos.

– Mas se Kentin estiver no seu destino, você não vai ter como fugir. – A moça a minha frente olhava-me com inocência.

– Duvido muito que ele esteja. Aliás, se estiver, será só como amigo. Acho que chega de amor platônico por um bom tempo.

– Falando em amor platônico... – Segui o olhar de Rosalya até me deparar com Armin que vinha em nossa direção. Soltei um severo olhar de reprovação a ela, que parecia estar se divertindo. O gamer veio sentar-se conosco.

– Olá, Rosalya! – A mesma retribuiu o cumprimento. – Oi, Shiemi. – Seu olhar era terno para comigo.

– Oi, Armin. Como você está?

– Bem. Precisava conversar com você.

– Hum... sobre o quê? – Realmente não fazia ideia do motivo.

Antes que ele dissesse, o sinal anunciando o início das aulas o interrompeu. Ele me olhou indicando que depois conversávamos. Nos despedimos e seguimos rumo às nossas classes.

– O que será que ele quer? – Rosalya disse assim que sentou na carteira ao lado da minha, na aula de matemática.

– Não sei, mas depois de tanta confusão na minha vida, bem que poderia ser algo bom.

– Shiemi, depois de 16 anos de vida, você ainda espera que a vida nos surpreenda com notícias boas? Sonha, amiga!

Após esse efeito “calmante” que Rosa havia depositado em mim, passei o resto do tempo de aula pensando em milhões de assuntos. Nenhum me agradava, claro.

*

Procurava Armin pelos corredores da escola. As aulas já haviam findado, e minha curiosidade aumentara. Ouvi meu estômago fazer seus conhecidos barulhos anunciando minha fome crescente, mas eu precisava falar com o gêmeo de Alexy antes do almoço. Paciência nunca foi meu forte.

Quando caminhava para fora do pátio, senti alguém me cutucar no ombro. Virei, imaginando ser quem eu procurava, no entanto era Viollet. Pela sua expressão tristonha, Alexy já havia quebrado seu coraçãozinho, mesmo que involuntariamente.

– Oi, Shiemi. Desculpa de incomodar, mas você conhece Alexy melhor do que eu. – Sua voz era pouco mais alta que um sussurro, e suas bochechas super vermelhas denunciavam seu nervosismo. Ela subiu o olhar para encontrar com o meu. – Ele me contou uma coisa... É verdade que ele é...

– Sim. – Disse firme, compartilhando logo de sua atmosfera de tristeza quando a vi com os olhos caídos. – Mas você sabe que não é uma escolha dele, né... Ele nasceu assim.

– Eu sei, eu sei. É que eu gostava dele, como você deve ter percebido. – Sorriu sem humor algum.

– Entendo. – Me aproximei dela, pegando em suas mãos. – Não fica assim, Viollet. A vida é muito curta e ao mesmo tempo muito longa para você se entristecer por um amor não correspondido.

– Obrigada, Shiemi. De verdade.

*

Assim que me despedi da pequena moça de cabelos roxos, Armin surgiu em meu campo de visão. Fomos ao encontro um do outro, e ele me indicou um banco no jardim para que nos sentássemos.

– Fala o que você tem para me dizer. – Comecei, ansiosa.

– Deve ter chegado até você que Kentin e eu nos estranhamos. – Ele fez uma cara feia, provavelmente por ser algo que Alexy não deveria ter contado a ninguém. – E eu soube que vocês brigaram por causa disso...

– Não! – Exclamei interrompendo-o. – Não exatamente. Já havia um tempinho que ele estava fazendo coisas que irritavam a mim e aos meus amigos.

– Mas eu fui a gota d’água que fez o copo transbordar. Não negue, eu sei. Apesar de tudo, saiba que eu não queria que vocês brigassem.

– Não venha se sentir culpado por algo que você não fez, Armin. – Apesar da minha leve irritação, me identifiquei nele. Eu provavelmente faria a mesma coisa em seu lugar. – O Kentin errou, e eu só briguei com ele pelos seus próprios erros. – Respirei fundo. – Porém, antes que você continue se sentindo culpado, nós já fizemos as pazes.

O garoto de cabelos negros me olhou com surpresa.

– Dessa eu não sabia.

– Ele veio falar comigo, e decidimos recomeçar do zero. – Sorri.

– Fico feliz por vocês. – Apesar da sentença, ele não parecia muito alegre. Após um silêncio, continuou. – Acho que vocês podem se dar muito melhor agora.

Por um momento senti que Armin estava com ciúmes. Quer dizer, eu sabia que ele gostava de mim, e, no fundo, desejava que esse sentimento continuasse ainda ali.

– Como amigos, talvez. Apenas como amigos. – Sorri para ele, que retribuiu com sinceridade. – Você estava ao meu lado desde o início, né... – Relembrei. – Desde o início, acho que participou de todas as confusões minhas, mesmo que indiretamente.

– E devo ter te metido em outros também. – Ele riu. – Como aquela vez no parque. – Suas bochechas, assim como as minhas, coraram.

– Aquele dia foi realmente surpreendente. – Hesitei antes de continuar. – Mas no bom sentido.

– Isso quer dizer que... você não ficou brava comigo? – Armin parecia surpreso.

– Não, por que ficaria? Foi meu primeiro beijo. – Falei sentindo-me constrangida de repente.

– O meu também. – Ele suspirou. – Você é a primeira garota em quem eu confio de verdade.

Sem agradecer verbalmente, envolvi meus braços ao redor de Armin. Ele demorou um pouco para retribuir, mas assim que o fez, ficamos ali por não sei quanto tempo. Quando nos afastamos, não pude fazer nada a não ser olhar para aqueles belos olhos, que logo se fecharam, dando início a um beijo.

Pela primeira vez em tempos, eu me sentia totalmente feliz.