Segure minha mão

Capítulo 47


Capítulo 47 — A volta

Luiza

O tempo está passando aqui, estamos em abril. Hoje é aniversário da minha best linda, Vic, mandei uma mensagem para ela e uma foto minha com o Matheus. Como eu queria estar lá agora, abraçar minha amiga e desejar tudo de bom para ela, como eu queria estar lá para ver ele, sentir seu toque, seu beijo... como eu queria.. por mais que aquilo tenha acontecido, Vic sempre me falava dele. Ela me disse que aquilo foi tudo uma armação e sinceramente, no fundo eu quero acreditar, mas eu não consigo. Eu vi aquilo, o problema é que eu preciso dele e no fundo, eu já o perdoei há muito tempo. Estou acabando a faculdade e não há mais nada que me faça ficar aqui, agradeço muito a Sônia, Jean e Nanda, mas assim que eu me formar, volto para o Brasil.

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O tempo passou, chegou junho. Me formei e hoje estou embarcando para o Brasil.

— Sonia, Jean, Nanda, obrigada por tudo! — falei dando um grande abraço em todos, meu menininho segurava minha mão.

— Vou sentir tantas saudades! — Nanda disse, nós tínhamos ficado muito amigas.

— Eu também vou. — falei chorando.

— Luiza, posso recomendar uma coisa? — Sônia pediu.

— Claro. — falei sorrindo.

— Não deixe uma mágoa adolescente ser maior que o amor de uma vida. — ela disse e eu entendi.

— Eu... não sei.

— Quando você chegar, ainda vai ser difícil, você vai lembrar... vai doer outra vez... mas... o amor verdadeiro nunca morre, e se o que você sente por ele não é amor, então eu não sei o que é.

— É amor, mas eu preciso pensar.

— Pense. Depois decida o que achar melhor. — Jean já era um segundo pai para mim.

— Mande notícias e fotos do Matheus. — Nanda disse pegando ele no colo.

— Claro!

— Passageiros do voo seiscentos e noventa, favor dirigir-se ao portão dois. — Uma voz em francês surgiu no alto-falante.

— Chegou a hora. — Falei sorrindo, eu estava tão feliz!

— Se cuida!

— Estaremos sempre aqui se precisar!

— E mande notícias, tanto suas, como do Matheus e da galeria!

— Pode deixar! Adeus. — Falei acenando.

Dessa vez meus passos foram rápidos, eu estava com tanta vontade de chegar ao Brasil, finalmente aquela saudade seria matada, eu iria ver ele, nem que fosse de longe, ia ver o grande amor da minha vida!

Entrei no avião, sentei na poltrona e coloquei os fones de ouvido, dormi todo o caminho praticamente, Matheus também.

Quando escutei a aeromoça dizer que estávamos nos aproximando do aeroporto, meu coração parecia que saltaria pela boca, era sexta-feira. Vic estaria lá nos esperando, contei só para ela e para meus pais.

O avião pousou. Desembarquei, assim que entramos – Matheus e eu – no saguão do aeroporto, eles vieram correndo nos encontrar.

Minha mãe me encheu de beijos, pegou Matheus no colo, meu pai era só carinho com o netinho, Vic me abraçou forte e já se adonou do meu menino.

— Amiga! Que saudades! E o Matheus... nossa como é lindo!

— Filho de quem... — falei e ri.

— Filha... agora você sabe o que é ser mãe. — Minha mãe falou emocionada. — eu queria tanto estar lá...

— Você não estava lá, mas estava no meu coração, mãe, e tenho tudo gravado, o parto, os primeiros passos, a primeira mamadeira, as primeiras coisinhas que ele murmurou... Ele já sabe direitinho o nome de vocês.

— Sério? Oh, meu sobrinho — Vic já se adotou como tia — Qual meu nome?

— Titia Vic — Matheus disse como eu ensinei.

— Ah, fala vovô? — Meu pai pegou Matt no colo.

Eles se encantaram, eu tinha ensinado Matt a falar, titia Vic, vovô, vovó, mamãe e... papai, entre outras muitas coisas que ele já aprendeu. Matt apesar de pequeno, sabia tudo e mesmo ele não entendo, eu mostrava uma foto do Gabriel e dizia que era o papai dele, sempre que ele via a foto reconhecia como “papai”.

Fomos para casa, mas eu decidi que alugaria um apartamento, não queria depender dos meus pais, eu tinha bastante dinheiro economizado, daria para arrumar toda a galeria como eu queria e me manter durante um bom tempo. O espaço da galeria Vic já tinha me ajudado a olhar, era a antiga loja da Mauara, o espaço era grande e seria perfeito para a galeria e o estúdio. O apartamento, meus pais já haviam alugado para mim no ínicio da semana, portanto, se eu quisesse já ia direto para lá, mas decidi ficar um pouco na Vic antes, meus pais me forçaram a deixar o Matt com eles... Já vi que vão ser aqueles avós corujas... Fui para a casa da Vic, ficamos conversando no quarto dela.

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— Como ele está? — perguntei já aflita por notícias do Gabriel.

— Ah, Lu.. você precisa acreditar, ele não fez aquilo!

— Mas...

— Luiza, por favor, abre essa cabeça! Você está deixando o cara que mais te amou na vida e com certeza o único amor de verdade que você vai encontrar escapar por causa de uma mentira! Você já perdeu mais de três anos Luiza! Abra os olhos!

— Eu senti tanta falta dele. — Falei chorando.

— Luiza, você precisa procurar o Gabi, precisa acreditar nele, aquela noite, aquilo foi tudo uma armação!

— Como assim?

— Foi armação, Lu... aquilo nunca aconteceu, a Cecilia... o Marcos... eles fizeram aquilo. Gabriel estava tão bêbado que só acordou no outro dia, ela tirou as roupas dele, foi tudo de caso pensado.

— Mas... — Eu não sabia o que dizer, eu estraguei minha vida, perdi quase quatro anos sem o cara que eu amo por causa de uma mentira?

— O que você vai fazer agora?

— Eu... eu não sei... — falei muito confusa.

— Vai atrás dele!

— Não... eu não posso.

— Por quê?

— Não posso chegar assim, sem mais nem menos e depois de quase quatro anos, dizer que agora acredito nele.

— Mas ele ainda te ama!

— Eu preciso de uns dias pelo menos.

— Você quem sabe, quer que eu guarde segredo não é?

— Quero.

— Ele já chorou tanto, Luiza...

— Eu chorei muito também.

— Desde que você se foi, nós tentamos fazer o Gabriel te esquecer, mas... ele nunca ficou tempo com qualquer menina que fosse.

— Eu também tentei esquecê-lo. Conheci outros homens, mas nenhum, nunca me fez sentir mulher como ele me faz.

— O amor de vocês é mais verdadeiro que qualquer um, superou essa distância toda, mesmo não tendo mais nenhum compromisso entre vocês dois. Você nunca o esqueceu, ele não deixou de pensar em você um dia sequer.

— Eu também não. Matt me ajudou muito, toda vez que olhava meu filho, eu via Gabriel nele.

— Matt é lindo, como vocês dois. — Ela disse sorrindo.

— Tomara que não seja como o pai. — eu falei e nós rimos.

— Já pensou? Você ia ter trabalho...

— Imagina. — Rimos as duas.

Ficamos conversando mais um tempo, Vic não vai dizer nada para ninguém, nem ao Kauã, ninguém além dela e meus pais sabem que eu voltei. Depois liguei para meu pai, ele veio me buscar e nos levou para o apartamento que já estava todo mobiliado.

Arrumei Matt para dormir. O berço dele estava no meu quarto, mas eu peguei ele para dormir comigo é claro.

Sábado. Fiquei sabendo que era a formatura do Gabriel, como eu queria estar lá!

A noite, arrumei o Matt e fui para o salão, Vic tinha me dado o endereço. Entrei na porta do salão e fiquei lá em cima na entrada, ninguém ia reparar em mim ali escondida. Vi o Gabriel e meu coração acelerou tanto que eu achei que fosse saltar, minha vontade era de correr para os braços dele e acabar com aquela saudade. Era dizer que eu o amo, que acredito nele, que ele é tudo para mim. Mas, me controlei. Vi toda a cerimônia e depois fui até a praça, fiquei sentada em um banco com meu filho no colo, ele estava rindo para mim. Meu celular tocou, atendi.

Você veio? Era Vic na linha.

— Sim! Meu coração acelerou tanto. Que vontade de correr para os braços dele!

— Estamos indo naquele barzinho agora, aquele onde os meninos sempre jogavam sinuca...

— Ah, eu estou na praça aqui na frente, com o Matt.

— Ok, se quiser falar comigo, me liga, aí eu saio.

— Tá bem. Beijo.

— Beijo.

Desliguei o telefone e fiquei lá brincando com meu filhinho, não demorou muito vi dois carros pararem lá no barzinho, na outra esquina. Vic desceu de um com Diogo, Pati e Kauã, e do carro do Gabriel desceu ele, Lê e Pi, ele caminhou com as mãos nos bolsos, entraram no bar e sentaram em uma mesa. Eu via Gabriel. Meu coração voltou a disparar.

Um tempo depois liguei para Vic, fui até perto do bar com Matt, pude ver bem Gabriel, quanta saudade me deu.

— Luiza! Você não sabe onde o Gabi vai trabalhar! — Vic disse assim que chegou em mim.

— Onde? — perguntei curiosa.

— Na empresa do Pablo, HR casa e companhia.

— Hã? Mas... mas... é do lado da galeria...

— Exatamente. — Ela sorriu, eu sorri mais ainda.

— Mãe, estou com soninho. — Matt esfregou as mãos nos olhos e ficou deitado no meu ombro.

— Aí, que fofo esse meu sobrinho!

— É, fofo e manhoso. — Falei fazendo carinho nele. — Mas já está tarde mesmo, vou ir embora amiga, tchau.

— Tchau.

— Tchau, tia Vic.

— Ah! Tchau, meu lindinho. — ela deu um apertãozinho na bochecha dele e eu fui embora.

Fui para casa com meu Matt, chegamos, fiz a mamadeira dele e depois fomos para a cama. Como foi bom ver o Gabi. Meus olhos estavam cheios de lágrima enquanto eu olhava meu filho, nosso filho, dormir.

Domingo. Acordei, logo Matt acordou também, arrumei ele e fomos para a casa da Vic. Uma coisa não saía da minha cabeça: como será se eu estiver chegando na galeria e ele estiver chegando no trabalho dele? E se ele me ver, o que ele vai fazer? O que eu vou fazer? Meu coração ficava a mil só de pensar nisso.

Cheguei na Vic.

— Amiga! — Ela veio me abraçar e já pegou Matt.

— Oi! — Abracei ela e lhe entreguei Matt.

— Titia Vic! — Ele deu um beijo nela.

— Já dando em cima das mulheres... — Ela falou para mim e nós duas rimos. — Oi meu sobrinho lindo!

— O que vai fazer hoje? — Perguntei.

— Praia, eu acho...

— Toda a turma?

— Não, só eu e o Kauã por enquanto, quer vir? — Ela perguntou animada.

— Não sei.. Acho que vou levar o Matt, mas se Kauã me ver...

— Uma hora ou outra o Gabi vai saber, vocês vão ser vizinhos de serviço Lu, não tem como não se verem um dia.

— Eu sei, mas estou com medo, não sei como agir quando ver ele.

— Ah, amiga, na hora você sabe... eu acho. — Rimos. — Vamos entrar? Depois você vem para a praia comigo e o Kauã.

— Ele está ai?

— Aham.

— Vamos entrar então. — Sorri, peguei Matt e entramos.

— Amor, olha quem está aqui! — Vic disse sorrindo e Kauã me olhou surpreso.

— Luiza? É você mesmo? — Ele disse vindo me abraçar.

— Eu mesma! — Falei enquanto nos abraçávamos.

— Quando você voltou?

— Sexta.

— E por que não avisou? Espera aí... você sabia e não me falou, amor? — Ele fez cara de brabo para a Vic.

— Perdão amor, ela me obrigou a ficar calada. — Ela deu um beijo em Kauã.

— E esse garotinho aí, é meu sobrinho? — Ele perguntou pegando o Matt.

— É sim, esse é o Matheus.

— Vai ser pegador! — Kauã disse rindo.

— Imagina... — Eu ri pensando “imagina se puxar ao pai”.

— Mas e o pai dele? — Kauã perguntou.

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— O pai... é... — gaguejei, eu não queria dizer que Gabriel era o pai, não ainda.

— Ai, amor, como você é metido. — Vic disse mudando o assunto e me salvando.

— E aí garotão, bate aqui! — Kauã já estava no sofá ensinando Matt o famoso toque de mão dos meninos.

— Bate aqui! — ele repetiu o que Kauã tinha dito. Rimos.

Almocei ali na casa da Vic e pedi para o Kauã não dizer nada ao Gabriel, ele ficou meio sem jeito, mas acabou prometendo não contar. Falamos da Galeria também e de tarde fomos a praia.

Coloquei uma sunguinha fofa no Matt e entrei com ele no mar, estava bem no raso, ele brincava de pular as ondinhas, um rosto conhecido se aproximou de nós.

— Luiza? É você? — Olhei e logo reconheci. Marcos.

— Não acredito! — Peguei Matt no colo e fui saindo dali, ele pegou meu braço.

— Espera.

— O que você quer, hein? Já não chega ter acabado com minha vida uma vez? Vai me atormentar até quando?

— Mas eu não fiz nada... Só provei a verdade.

— Então você ainda insiste nessa mentira?

— Não é mentira, ele te traiu mesmo, você que não quer aceitar. — Ele disse parecendo brabo.

— Mamãe. — Matt me chamou com carinha de assustado, ele estava no meu colo e escondeu o rosto em mim.

— Mamãe? Você é mãe desse pirralho? — Ele disse como se me zombasse.

— Sou mãe dele sim! Algum problema?

— Nossa, não achei que você fosse esquecer o Gabriel tão rápido. — Ele riu debochado.

Eu o ignorei, virei as costas e saí dali. Ele ainda afirma que Gabriel me traiu, e agora? Eu queria chorar, mas segurei minhas lágrimas, não queria assustar Matt.

Depois disso, falei com Vic e disse que iria embora. Voltei para meu apartamento. Dei banho no meu bebê, depois olhamos TV, dei comida para ele e mais tarde fomos dormir. Já tinha arrumado uma babá para Matt, ela morava no apartamento ao lado do meu e se chamava Liane, seria provisoriamente até eu achar uma creche, como ela estava de férias do serviço dela, se ofereceu para ficar com ele, eu aceitei, eu e ela conversamos um pouco ali em casa, antes de eu ir dormir e ela parecia ser responsável e muito legal, devia ter uns trinta e seis anos por aí e tinha um filho pequeno também, da idade do Matt.

Segunda, acordei, arrumei o Matt e deixei na casa da Liane, fui para a galeria, que já estava quase organizada, as reformas minha mãe organizou na semana antes de eu chegar, não tinha muita coisa para arrumar, hoje era só pôr a decoração e expor meus quadros. A minha primeira exposição, era minha própria vida, desde que vi Gabriel pela primeira vez, até o adeus.

Pintei o nosso primeiro beijo, a pedra grande, dias de praia, o acidente, a primeira declaração, o anel... A propósito, o anel que ele me deu e disse que eu não devia tirar enquanto o amasse ainda está no meu dedo. Não vou tirá-lo nunca. Pintei também o dia em que fui embora, fiz um dia escuro, triste, coloquei toda dor lá.

A galeria já estava organizada, de fora ainda não se via a loja por dentro, ela inauguraria no dia seguinte, saí mais cedo a tarde, quando tudo ficou pronto. Peguei o Matt no apartamento da Liane e fui para o meu.

Terça-feira. Dia da inauguração.

Me arrumei e fui para a galeria, levei meu Matt junto é claro. A inauguração foi um sucesso.

— Parabéns mamãe! — Matt me deu um beijo, após cortarmos a faixa de entrada, Vic também estava ali.

— Parabéns, amiga! Está lindo! — ela disse enquanto as portas da galeria se abriam.

Várias pessoas estavam ali, presentes para a inauguração, muitos porque gostavam de arte e outros por curiosidade mesmo, eram três horas da tarde já. Não cruzei com o Gabriel ainda, mas eu sei que essa hora está perto.

— Amiga, eu acho que a galera vai vir te ver. — Vic disse.

— Ah, sério? Que bom! Eu estou com saudades de todos, só espero que ninguém fique chateado de eu não ter dito que estava de volta.

— Não, ninguém está chateado, é que eu acabei comentando com a Pati, juro que foi sem querer, mas aí ela comentou com a Lê, que falou para o Pi... e o Diogo também sabe... mas eu fiz todo mundo jurar que não ia falar para o Gabriel, eu falei que a vida era sua e você sabia o que fazia, eles concordaram.

— Ah, que bom, melhor assim. — Falei enquanto entravamos na galeria.

As pessoas foram entrando e muitas ficavam horas olhando os quadros, logo que Vic viu o primeiro, ela sabia que representava eu e Gabi.

— Então... sua primeira exposição é com base em que? — Ela perguntou desconfiada.

— No que você acha?

— Acho que é no grande amor da sua vida. — Ela disse séria.

— Eu acho que você está certa. — Confirmei.

— Olha, o pessoal chegou! — Ela disse apontando a porta, a galera estava toda ali, Pati e Lê vieram rápido e nós três nos abraçamos forte.

— Sua vaca! Porque não avisou! — Pati disse fingindo estar braba.

— É verdade! Devia ter contado! — Lê falou.

— Também amo vocês! — falei e nós rimos.

Diogo e Pi também me abraçaram.

— Baixinha! — Pi sorriu.

— Oi, Lu. — Diogo me apertou forte.

— Oi gente! Que saudade! — falei e nós todos nos abraçamos.

— Isso aqui está lindo!

— Claro... fui eu que montei... — Falei rindo, todo riram.

— Esse é o Matheus?! — Pati perguntou já tirando ele dos braços da Vic.

— É, esse é meu Matt. — Falei passando a mão no rosto dele, que estava um pouco assustado com tanta gente.

— Tem cara de pegador. — Diogo riu.

— Também acho! — Pi concordou.

— Vindo de vocês... eu acho que vou ter trabalho. — Falei e ri.

Ficamos um bom tempo conversando ali, mas o pessoal acabou tendo que ir embora. Hoje seria só uma inauguração de amostra, os quadros ainda não estavam a venda, no dia seguinte a loja abriria para compra, eu já tinha três funcionárias contratadas que estavam ajudando a receber as pessoas. Elas que abririam a loja. Eu aproveitaria para ficar com meu filho um pouquinho. Seis horas da tarde nós começamos a fechar a loja, a inauguração foi realmente um sucesso. As pessoas pareciam maravilhadas e, com certeza, voltariam.

Saí da loja as sete em ponto, combinei com as meninas delas abrirem no dia seguinte.

— Vamos, Matt. — Peguei ele do colo de Allana, uma das minhas atendentes.

Ele me deu um beijo e acenou para Allana que já ia indo.

— Mamãe, eu estou com sono. — Ele disse bocejando, o dia havia sido cansativo.

— Já, já chegamos em casa, amor. — Dei um beijo nele, fiz sinal a um táxi e esse veio em minha direção.

Abri a porta do táxi e olhei para a construtora.

Instantaneamente meus olhos encontraram os dele. Meu coração acelerou sem controle. Ele estava parado, sem reação, assim como eu. Nossos olhos se comunicavam de longe, as pessoas passavam no meio de nossos olhares e ninguém tirava nossa atenção. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, eu não consegui segurá-la naquele momento.

O motorista do táxi buzinou.

— Vamos, dona!

Olhei para o motorista, voltei a olhar Gabriel, ele ainda me olhava sem reação. Matt puxou meu cabelo de leve apontando o carro. Entorpecida, entrei.

Dei o endereço ao motorista.

— Você está bem? Parece pálida. — Ele perguntou olhando pelo retrovisor.

— Tu... tudo bem. — Falei com a respiração ofegante. Coloquei a mão na boca e outra lágrima correu.

Como eu queria ter corrido aos braços dele, ter dito que o amo e que aquilo que aconteceu não tem importância, que eu quero esquecer tudo e começar de novo, que é dele que eu preciso e que viver sem ele já não dá mais.