Capítulo 6 - Apollo

Semanas se passaram desde o incidente no círculo. Freyre ainda mantinha o gesso no braço que tinha o osso trincado o que era algo ‘’melhor’’ que quebrado, mais alguns dias e ela se livraria do gesso.

Ela havia se instalado bem na escola, não ficava por baixo de ninguém e a maioria dos alunos preferiam não mexer com ela, o que era bom pois ela podia cuidar de si mesma, e o pensamento com Freyre sendo malvada me fazia sorrir.

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Vivian e ela estavam fieis a amizade que tinham criado, como se fossem amigas por toda vida.

Corbin tinha estabelecido uma rotina com ela, sempre liam os mesmos livros e ele sempre a pedia para ajudá-lo no dever o que fez do meu pai um homem chocado pois Corbin não se socializava muito com as pessoas.

Mas a melhor coisa que estava acontecendo dentro os dias que ela estava em nossa casa, sem dúvidas era a ‘’guerra’’ entre ela e Brian.

Ele teve a terrível ideia de colocar sal em uma das refeições de Freyre, e quando ela correu para beber água para tirar o salgado da boca, bebeu água e bicabornato, trabalho também de Brian.

Eu acho que nunca tinha visto alguém tão puto da vida como ela ficou, e depois disso tínhamos que nos prevenir contra qualquer tipo de brincadeira entre os dois.

Tínhamos chegado da escola há alguns minutos quando ouvi Brian urrar de raiva e descer a escada rapidamente, indo direto para a cozinha.

— Foda-se, cadê aquela caipira? – Ele fala alto.

— Vivian vai trazê-la. – Respondo e reviro os olhos ao perguntar. – Qual foi a dela desta vez?

— A maldita colocou pimenta na minha escova de dente. – Brian xinga quando eu dou uma risada. – Ela vai se arrepender disso.

— Não pode culpá-la desde que foi você quem começou com isso. – Digo em defesa a ela.

A porta se abre em meio a risadas femininas e eu olho alegremente para Freyre, e meu Deus, sua visão nunca se tornava algo comum para mim.

— Você tem um Brian raivoso. – Aviso e ela cai na gargalhada.

— Vivian é melhor se afastar. – Freyre pede para a amiga quando Brian marcha até ela.

Ele tenta segura-la pela cintura mas ela se afasta rindo histericamente.

— Acho que você não tem ideia de como minha está queimando sestra! – Brian fala correndo atrás dela.

— Vai ter que me engolir agora, mauricinho. – Freyre corre fazendo voltas ao redor da mesa e Vivian ri baixinho.

— Você pode esperar lá em cima, Vivian. – Indico e ela me dá um sorriso tímido.

— Tudo bem. – Concorda levando sua bolsa e de Freyre.

Escuto Brian xingar quando ele esbara contra o balcão e derruba alguns copos de vidros, fazendo uma enorme bagunça.

— Boa sorte com isso. – Freyre fala alegremente. – Se quiser diminuir a bronca quando Tobias chegar, diga a ele que entrei em um musical, talvez ajude desde que ele está insistindo que eu deveria participar de alguma coisa na escola.

— Você entrou? – Pergunto surpreso.

— Sim, é sobre fadas ou algo assim. – Ela responde dando de ombros, como se não fosse nada. – Vejo vocês no preparo do jantar, Vivian vai ficar para ele também.

Vejo ela sumir no corredor acima da escada e me junto a Brian para ajudá-lo com a sua bagunça.

— Dá pra ser menos obvio ou patético? – Ele pergunta com uma vassoura e pá nas mãos. – Você quase baba em cima dela, bro, é só vê-la pra isso acontecer.

— Cale a boca se quiser que eu o ajude. – Aviso resmungando.

— Nah, você vai me ajudar de qualquer jeito. – Ele debocha. – Se quer ela por que não admite e a pegue para você antes que outro pegue? E devo dizer que já tem alguns tentando.

— O que você está dizendo? – Questiono parando com a vassoura.

— Sabe aquele cara, Liam, que faz aula de música com ela? – Fala e eu concordo quase o mandando falar de uma vez. – Ele vem chamando ela para sair pelo que soube, mas a sestra sabe ser difícil pelo visto.

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Aperto o maxilar e volto a juntar os cacos.

— Ela pode sair com quem quiser. – Digo e foda-se que aquilo era uma grande mentira.

Eu não queria que ela saísse com ninguém.

— Continue dizendo isso a si mesmo e vai rodar mais que peão. – Brian diz rindo baixo. – Trent adoraria saber que você não se importa também, ouvi Freyre dizer que recebeu uma mensagem dele.

Dou de ombros mesmo odiando o que ele tinha falado, mas Brian queria que eu falasse e confirmasse tudo e então jogaria na minha cara como estava malditamente certo sobre tudo.

Eu teria que lidar com aquilo do meu jeito, lidar com o que sentia por Freyre e com meu melhor amigo e alguns caras da escola a querendo também.

Se ela fosse sair com alguém, seria comigo.

Freyre

Estou no quarto com Viviana desde que voltamos da escola, ela tinha se tornado uma boa amiga, mesmo sobre todos os ataques de ciúmes de Ana.

— Vamos passar novamente? – Ela pergunta sobre o roteiro do musical que eu havia recebido logo que falei com a professora Kimberly.

— Eu estou bem sobre as falas, estou mais nervosa com as músicas. – Respondo mordendo minhas cutículas. – Cantei antes, mas não em algo como isso.

— Ei, você vai se sair bem Frey. – Ela diz, deitada na minha cama. – Você terá mais duas semanas antes da primeira apresentação, não comece a se estressar agora.

— Tudo bem. – Concordo suspirando e me juntando a ela na cama.

Vivian me olha por um momento e sei que ela está querendo me perguntar algo, era muito fácil saber conhece-la.

— Diga e pare de me encarar. – Peço.

— Por que não me contou sobre o que Felipa fez com você na segunda? – Pergunta me deixando surpresa.

— Como soube? – Questiono chocada.

— Ela se gabou disso para as amigas no primeiro horário de terça enquanto você estava na aula de música. – Conta com uma careta. – Ela roubou mesmo suas roupas e jogou no lixo?

— Sim, o que foi uma tremenda burrice. – Falo sorrindo. – Eu consegui recupera-las em menos de dez minutos. Liam a viu enquanto ela ria e gritava meu nome me chamando de vaca parida, então me mandou uma mensagem perguntando o que estava acontecendo e pedi para ele ir até o vestiário levando minhas roupas.

— Você vai se vingar, né? – Vivian pergunta com um sorriso diabólico.

— Sou de escorpião, isso diz muito, é melhor ela se preparar. – Respondo com o mesmo sorriso. – Só não entendo porque ela insiste em perder seu tempo comigo, ela deveria cansar de ser tão patética.

— Isso é obvio né? Felipa tem uma paixão pelos seus D’Luca, correu atrás de Apollo por muito tempo até desistir e partir para Brian, mas nenhum dos dois perdeu seu tempo com ela. – Explica. – Ai você chegou roubando a atenção, não só deles mas também de toda escola, e foi assim que ela te odiou logo cara.

Bufo e saio da cama para pegar um elástico para amarrar o cabelo.

— Eu não pedi por isso, você já deve me conhecer o suficiente para saber que não ligo para atenção nenhuma.

— Ela odeia o fato de você ser linda e diferente. – Continua Vivian.

— Melhor ela ter que aprender a lidar com isso, bater de frente comigo não vai ajudar em nada. Eu realmente não quero me tornar um problema de verdade em sua vida melodramática. – Tiro meu uniforme finalmente e colo um short mais larguinho e uma regata. – E você? Chega de falar de mim, me conte como estão as coisas.

— Não há muito para falar. – Diz e morde o lábio inferior indicando claramente que havia sim.

— Fale logo puta! – Grito e merda, grito alto demais pois em segundos Apollo bate na minha porta.

— Tudo bem ai? – Pergunta e minha santa calcinha aquela voz nunca parava de soar tão quente.

— Sim, já estamos descendo para ajudar no jantar. – Respondo e aponto a acusando. – Vamos descer, mas não pense que vou deixar isso para trás, você vai me contar Vivian.

Ela revira os olhos dramaticamente e se levanta.

— Não sonharia em não te contar, madame Frey.

Aperto sua bunda e ela ri alto descendo a escada ao meu lado. Encontro Tobias e os meninos todos em pé ao redor do balcão, já era previsto aquela cena.

— Estão prontos para fazer o jantar? – Pergunta Brian me dando um olhar perigoso, eu sabia que ele ainda estava bravo comigo, mas o problema era dele.

— Você está muito confiante. – Digo sorrindo docemente para ele. – Venha Vivian, você também vai participar.

— Participar de que? – Questiona confusa.

— Vamos no Jo-Ken-Po para ver quem faz o jantar desde que Freyre se recusou a fazer todos os dias. – Explica Apollo, ele riu tanto quando propus tal brincadeira para nosso problema que pensei que fosse passar mal.

— Eles estavam achando que só por terem uma mulher em casa agora ficariam sem fazer nada, bem machistas. – Digo a Vivian.

Tobias ri e entra na conversa.

- Foi mais fácil aceitar a brincadeira do que lidar com as brigas. – Ele diz. – Como somos seis hoje os três primeiros que saírem não fazem o jantar, e os três que permanecerem ficam com ele.

Vivian ri e balança a cabeça, como se ao menos a ideia fosse louca demais.

Com sorrisos enormes batemos contra nossas mãos e jogamos, Corbin é o primeiro a sair e ficar livre, Brian o próximo e alegremente soca o ar comemorando seguindo com um tapa na bunda de Apollo.

— Fora da cozinha idiota. – Resmunga Apollo.

— Tudo bem, vamos acabar com isso. – Falo torcendo para ser a próxima a escapar.

E claro, isso não acontece.

— Caprichem no jantar. – Fala Tobias presunçoso.

— Dá pra próxima você não escapa velhote! – Digo para ele que simplesmente ri.

Era estranho que em apenas algumas semanas eu tinha me acostumado tão bem com eles, ainda doía lembrar que meu pai não estava mais ali, mas acho que sempre doeria.

Mas estar ali naquela casa, me manteve ocupada e feliz de certa forma.

— Não posso fazer muito como sabem. – Falo apontando para o gesso em meu braço. – Podem contar os legumes e tudo que precise de uma faca e deixarem na bancada, vou cozinhando o arroz.

Apollo sorri para Vivian que parecia um pouco envergonhada com a situação.

— Mais alguma coisa, chefe? – Ele pergunta sendo o bastardo que era.

— Sim, apenas mais uma. – Digo chegando perto de seu ouvido. – Beije minha bunda.

— Peça-me mais uma vez e eu irei lobinha. – Apollo fala e quase tombo para trás quando ele passa o nariz pelo meu pescoço.

Vivian pigarra alto claramente notando meu choque com a ação de Apollo.

— Eu cortarei os legumes, apenas me mostrem aonde pegá-los. – Vivian tem um sorriso brilhante em seu rosto claramente apreciando a cena.

— Apollo te ajudará com isso. – Digo me afastando dele que sorria como um animal feroz.

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Ele estava me provocando eu sabia disso, mas não sabia se estava gostando daquilo. Mentira, eu gostava, mas não achava certo e essa era a verdade.

Começamos a preparar tudo conversando sobre coisas aleatórias e Vivian volta a me fazer a mesma pergunta que estava fazendo a dias.

— Quando vai me contar como realmente quebrou o braço?

Olho para Apollo em busca de apoio e ele dá de ombros.

— Não dá para mentir pra você, ein? – Sorrio e falo mais baixo. – Quebrei depois de matar aula para correr em um círculo de motocross, lembra que sai da escola depois do professor Renan me dispensar, né? Foi depois daquilo.

— Ela está falando sério? – Vivian pergunta para Apollo.

— Sim, nós a levamos e como ela é mais teimosa que uma mula, acabou quebrando o braço ao cair.

— Não ofenda as pobres mulas. – Exclama Vivian.

— Foda-se vocês dois! – Resmungo com raiva. – Traidora, me lembre de nunca mais deixar você com Apollo, ele é uma má influência pra você.

— Sabe que te amo, Frey. – Vivian ri. – Como esconderam isso do Sr. Tobias?

— Falei que cai no banheiro. – Dou de ombros e ela ri alto.

— Bem você mesmo sair de uma situação assim tão facilmente. – Diz balançando a cabeça.

Seguimos com o jantar conversando, rindo e mandando Brian dar o fora a cada minuto que ele ia perguntar se estava pronto, alegando sua fome de leão. Ações tão naturais e simples como se tivéssemos feito aquilo por várias e várias vezes, como se nos conhecemos por toda vida.

Jantamos e Tobias me deu parabéns pelo musical, depois entreguei mais um dos livros que tinha trazido comigo da fazenda para Corbin, tínhamos feito muito isso e as vezes era chocante me lembrar que mesmo com seu tamanho ele só tinha doze anos e não mais.

Quando Vivian foi embora e Apollo e Brian saíram ‘’furtivamente’’ – para irem até o círculo – subi e fui para o meu quarto me preparar para dormir.

E quando já estava na minha cama, olhando para a foto em minhas mãos, eu chorei novamente. Pois não importava como tinha sido meu dia, no final dele eu me sentia completamente sozinha novamente.