Heather acorda com a luz do sol em seu rosto. O que é estranho porque eu sempre deixo a cortina fechada. (A.N.: Certo, mas dá uma olhada em volta.). Ela olha ao redor e vê, ao invés de sua combinação preta e vermelha, nas paredes tem uma combinação de azul, dourado e branco, o que a fizera lembrar de que não era seu quarto, e sim o quarto de Herkie. Olhou para o lado e o viu dormindo pacificamente. Ela se aproximou dele e escorou a cabeça no peito dele, o observando enquanto dormia. Durou uns cinco minutos, até que ele acordou.

- Bom dia. – Disse Heather.

- Bom dia. – Respondeu ele, a beijando na testa. – Acordada há muito tempo?

- Não. Observando você dormir. Você fica tão... Sereno. – Comentou ela, com um sorriso de canto.

- Você acha? – Indagou ele, sorrindo. Ela assentiu. – Vem aqui. – Pediu ele, a puxando mais perto e selando os lábios nos dela, um beijo que ela retribuiu com prazer. A sessão de amasso deles foi interrompida por uma batida na porta, que os fez suspirar, frustrados.

- Quem é? – Perguntou Herkie.

- Herkie, é a Fada Madrinha. – A resposta causou pânico no casal, que levantou rapidamente da cama.

- Só um minuto diretora. – Avisou Herkie, levemente tenso. – E agora? — Cochichou ele para Heather.

- Agora, eu coloco minhas roupas e saio pela janela. Que horas são?— Questionou ela.

- São 6:30h.— Ele confirmou, olhando para o relógio. – Por quê?

- Porque assim eu sei que ninguém vai me ver. – Disse ela, enquanto abotoava a camisa. – Essa camisa não é minha.

- Depois você me devolve. Agora você precisa ir. – Afirmou Herkie, abrindo a janela.

- Está bem. Vejo você mais tarde. – Despediu-se com um selinho.

Herkie a ajudou a passar pela janela sem cair, e foi até a porta.

- Desculpe a demora diretora. – Desculpou-se ele. – Bom dia. Em que posso ajudar a senhora?

- Bom dia Herkie. Dia de inspeção surpresa. – Respondeu ela, sorridente.

E não é que isso podia acontecer mesmo?” Pensou ele, com um sorriso torto no rosto.

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Lentamente, Heather tentava manter o equilíbrio no telhado enquanto caminhava até sua janela. Estava quase a alcançando, quando seu pé escorregou, a fazendo cair no jardim dos dormitórios.

- Au. Ainda bem que é cedo. – Suspirou ela.

- Heather? – Chamou uma voz familiar.

- Lonnie! Bom dia, tudo certo? – Cumprimentou Heath.

- Comigo sim, afinal não caí do telhado. O que você fazia ali em cima? – Questionou ela, curiosa.

- Ah, eu... Perdi o sono e decidi limpar a minha janela. – Respondeu Heather, tentando disfarçar.

- Ah, certo. Aqui, deixa eu te ajudar. – Lonnie estendeu a mão, educadamente.

- Obrigada. Espero que eu não tenha quebrado nada. – Comentou Heather, estalando o pescoço. – Desculpe a pressa, mas eu preciso ir. – Concluiu, correndo para o saguão.

- Ok... Garota estranha. Legal, mas estranha. – Lonnie pensou em voz alta.

Heather correu escada acima até o seu dormitório, olhou em direção ao quarto de Herkie, somente para ver a diretora saindo do quarto dele, o que a fez entrar rapidamente no seu. Assim que fechou a porta, ela suspirou aliviada, e recebeu uma mensagem no celular.

*Herk: Adivinha? Era inspeção surpresa. Conseguiu chegar ao dormitório?

Ela se deitou na cama e respondeu.

*Heath: Eu falei que podia ter esse tipo de coisa. Cheguei, mas não antes de cair do telhado. Tudo certo, só a Lonnie me viu, mas consegui enrolar ela.

Assim que enviou a resposta, ela ouviu uma batida na porta.

*Heath: Nos falamos no almoço.

- Quem é? – Perguntou ela, com sua melhor voz de quem fora acordada.

- Heather, é a Fada Madrinha. – Ela ouviu a diretora falar do corredor.

- Ah, só um minuto, diretora. – Pediu ela. Olhou para si e viu que estava com a camisa de flanela de Herkie. Tirou rapidamente, jogando-a no meio de algumas roupas no armário e vestiu uma camiseta de torcedor da escola antes de abrir a porta. – Bom dia diretora. Posso ajudar em algo?

- Bom dia Heather. Dia de inspeção surpresa. – Respondeu a diretora, radiante.

- Claro, entre, por favor. – Assentiu ela.

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Durante o horário de almoço, Heather estava tentando fazer o dever de Bondade Curativa. Hadie a encontrou na mesa do fundo do refeitório, e levou duas bandejas, a sua e uma para ela.

- Sabe, achei que essa aula era fácil. – Comentou ele, largando a bandeja na frente dela. – Imaginei que quisesse comer algo.

- Oi Hadie. É bem fácil sim, eu que me perdi em pensamentos. – Respondeu ela. – E me esqueci de pegar almoço. Obrigada.

- Sério? Então que bom que eu separei uma bandeja. Já provou batata-frita alguma vez nesses dois meses? É uma maravilha! – Relatou ele, sentado ao lado da irmã e pegando uma.

- Ok, você quer conversar? – Interrogou ela, fechando o caderno. – Você está falando aleatoriedades como sempre faz quando está afim de desabafar ou perguntar algo importante.

- Na verdade, eu passei no seu quarto hoje de manhã bem cedo, mas acho que você não ouviu. – Pontuou ele, pensativo.

- Que horas? – Questionou ela, bebendo um gole do refrigerante.

- Em torno de 6:30h. – Heather se afogou quando ouviu a resposta. – O que foi?

- Nada... Só que é anormalmente cedo para uma conversa. – Afirmou ela, se recompondo.

- Aham... – Ironizou ele, arqueando a sobrancelha. – Sei, vou fingir que não vi você voltando ao dormitório com... – Ela não o deixou finalizar a frase, pois cobriu a boca dele.

- Se você espalhar isso por aí, eu juro que...— Começou ela, mas Hadie a interrompeu.

- Ok, está bem. Segredo guardado. – Respondeu ele rapidamente. – Oi pessoal.

- E aí Hadie. – Cumprimentou Jay. – Hey Heath. Beleza?

- Hey. Tudo tranquilo. O que eu perdi pelos corredores? – Indagou ela.

- Então... – Hesitou Carlos. – Aparentemente Chad descobriu quem deu a ideia para a tática que usamos para virar o placar.

- Sem problemas. O que ele vai fazer? Reunir os seguidores dele e agredir o responsável? – Heather disse sarcasticamente.

De repente, os estudantes se apressam em chegar ao corredor, o que alerta o grupo. Doug entra correndo e aparenta desespero.

- Gente, Chad está com um grupo enorme, e está atrás de você Heather. – Doug alertou.

- Como é que é? – Todos perguntaram. Logo em seguida, decidiram seguir Doug, que voltou apressado para o corredor. Enquanto se aproximavam, eles podiam ouvir alguns gritos, de onde puderam distinguir a voz de Chad.

- Sai da minha frente. Eu sei muito bem que foi ela quem sugeriu que vocês, traidores, me deixassem de fora da partida contra os Corcundas. E agora ela vai pagar. – Prometeu ele, furioso.

- Bom Chad, mas para isso, vai ter que passar por cima do meu cadáver. – Eles reconheceram a voz de Herkie. Cuidadosamente, foram abrindo caminho pelo meio da multidão.

- Isso pode ser arranjado, projeto de deus. – Afirmou Chad, sinalizando para seus companheiros.

Eles estavam em mais ou menos vinte neste grupo, incluindo Chad. Os dezenove restantes agarraram Herkie com uma corda e o amarraram. Enquanto amarrado, eles o seguravam de joelhos, e Chad deu um soco no rosto dele.

- Agora. – Outro soco. – Me diz. – Mais um. – Onde. – E outro. – Ela está. – O último jogou Herkie no chão.

O que Chad não contava, era que Heather vira isto. E que os amigos a estavam segurando. Porém, quando ele começou a chutar Herkie no chão, e deu a ordem para seus seguidores fazerem o mesmo, todos chegaram ao limite e, além de soltá-la, foram para cima dos “capangas”.

- Procurando por mim Chad? – Disse ela, em um tom furioso.

- Sim, está na hor... – Ele se interrompeu quando viu o nível da fúria dela.

As últimas coisas que ele se lembra de ver são punhos flamejantes, e olhos vermelhos.

Assim que Heather o nocauteou, ela correu até Herkie e o desamarrou.

- Hey. Me diz onde dói. – Pediu ela, serenamente.

- Rosto, tórax e era isso. Não foi nada demais. – Respondeu ele, a tranquilizando.

- Hey, Herk! Heath. – Chamou Evie. – Precisam de um apoio aí?

- Vocês se importam de me levar até meu dormitório? – Questionou ele, fracamente.

- Claro. – Respondeu Lonnie. – Mas e quanto a esses vinte inconscientes?

- Carlos. – Suspirou Heather. – Você pode chamar a enfermeira para eles, por favor? A gente vai levar o Herkie para o dormitório.

- Certo. – Confirmou ele, e correu até a enfermaria.

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Jay, Heather, Lonnie e Evie ajudaram Herkie a entrar no dormitório. Ali, ele decidiu sentar na poltrona ao lado de sua cama.

- Bom, algo mais que precise, Herkie? – Perguntou Jay, com a corda usada para amarrar Herkie no pescoço.

- Por minha parte não. – Afirmou ele, tranquilamente.

- Mas pela minha precisa. – Disse Heather. – Vocês acham que conseguem algumas gazes, e talvez uns remédios para dor?

- Pode deixar. – Assentiram os três.

- Ah, Jay, deixe a corda, por favor. – Acrescentou ela, rapidamente.

Jay largou a corda no chão e saiu, junto das garotas.

- Heath, eu estou bem agora. Acho que não preciso de remédios para dor. – Confirmou ele.

- Mas eu preciso. – Disse ela, com um sorriso de leve. – Agora, o que você estava pensando? – Interrogou ela, enquanto entrava no banheiro dele, e voltou de lá com um kit de primeiros socorros.

- Como assim? O que você quer dizer? – Falou, confuso.

- Nós dois sabemos que você podia derrubá-los de uma vez só. E ser segurado por uma corda não é do seu feitio. O que aconteceu? – Ela o interrogou, em um tom suave.

- Ah, isso. Olhe para a corda. Onde você a viu antes? – Ele indicou a corda no chão.

Heather olhou novamente para o objeto no chão e pensou um pouco, até que lembrou.

- A corda que foi apresentada na aula de História Encantada. – Ela murmurou, abismada.

- Sim. Até hoje ninguém sabe como, mas ela foi encantada para neutralizar os poderes da pessoa que for amarrada a ela. – Concluiu ele.

- Está bem. Isso explica o porquê de você não ter reagido aos ataques. – Ela atestou. - Mas por que você se colocou no caminho dele? Por que não o deixou vir atrás de mim?

- Essa é fácil. É porque eu te amo. – Ele declarou, sorrindo.

Heather derrubou o kit quando ouviu a resposta.

- O-o que? – Questionou fracamente, enquanto arrecadava o que precisava.

- Você ouviu. – Reafirmou ele, erguendo o rosto dela para que olhasse nos olhos dele. – Eu te amo, e sempre vou te defender, como você me defendeu hoje. – Finalizou, com um sorriso fraco, porém, sincero.

- Cer-certo. – Ela gaguejou, o que fez ele rir. – Vamos... Vamos fazer os curativos porque você precisa descansar.

Ela colocou a gaze com álcool nos cortes, o que o fazia se encolher um pouco, e ela achava engraçado. Em torno de dez minutos, ela finalizara os curativos do rosto dele, e foi verificar o tórax.

- Bom, a sua “prova de amor”, custou uns hematomas bem visíveis e possivelmente uma costela quebrada. – Ela pressionou a região, e vira tudo em ordem. – Não, tudo certo. Só hematomas. Como você está?

- Bem melhor agora. – Respondeu ele, sentando na cama e a puxando junto.

- Que bom. – Comentou ela, e deu um soco no ombro dele.

- Au. Por que você fez isso? – Indagou ele, indignado.

- Nunca mais faça isso. Você me deixou preocupada. – Desabafou ela.

- Own. Eu quase te causei um infarto. – Provocou ele, a abraçando.

- Sim. Da próxima vez, prove o seu amor com flores, me levando a um passeio, ou até mesmo dizendo que me ama. – Ela quase implorou a ele.

- Ok. Agora, por que você precisava de remédio para dor? – Ele perguntou, se lembrando do pedido dela.

- Você já caiu desse telhado? Pode não parecer, mas machuca. – Resmungou ela, esfregando a coluna.

- Não, não caí. Mas eu posso aliviar essa dor. – Insinuou ele, a puxando mais perto.

- Ah, é? E como você vai fazer isso? – Provocou ela, arqueando a sobrancelha e sorrindo de canto.

- Talvez uma massagem. – Ele deu um selinho nela. – Um filme. – Outro. – Dormir de conchinha. – E mais um.

- E por que a gente ainda está aqui? – Questionou ela.

Eles se aconchegaram após a massagem e decidiram assistir uma comédia, abraçados nas cobertas. Durante o filme, Heather olhou para seu namorado, que estava dormindo pacificamente, e pensou em como era sortuda em encontrar alguém tão doce e gentil como Herkie. E, pelo menos agora, ela não podia estar mais feliz.

- Own. Como isso é fofo! – Disse uma voz familiar, em tom debochado.

- Achei que tínhamos concordado que você ia me deixar em paz. – Reclamou Heather. – O que você quer?

- Ora, o de sempre. Saber como anda minha querida filha e sair dessa prisão. – Respondeu o pai de Heather.

- Combinamos que em dois meses eu liberto você. Agora me deixa dormir. – Sussurrou ela.

- Ah, mas onde fica a diversão nisso?— Ele se materializou em frente a ela, que precisou reprimir um grito. – Não se preocupe, só consigo aparecer espiritualmente. Mas veja que gracinha de rapaz você arrumou. – Comentou ele, olhando para Herkie. – O que será que acontece se eu arrancar o coração dele?— Ele pensou e enfiou a mão no peito de Herkie, puxando o coração para fora.

Heather acorda sentindo um aperto no peito. Ela olha para o lado e vê Herkie olhando para ela, preocupado.

- Heath, tudo bem? Você parecia estar tendo um pesadelo. – Ele questionou.

Ao invés de responder, ela o puxou para um abraço, que ele retribuiu contente.

- Não se preocupa. Foi só isso mesmo. Um pesadelo. – Ela o assegurou. – Hey, Herk.

- Sim? – Ele indagou.

- Eu te amo. – E essa é a única coisa da qual ela se lembra antes de tudo escurecer.